quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Escola sem partido e o conhecimento e a ignorância






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Amauri Nolasco Sanches Junior

Toda a polêmica da deputada Ana Caroline Campagnolo (SC), que disse para alunos filmarem os professores doutrinarem os alunos sobre o comunismo (como se existisse ainda uma Guerra Fria no mundo), me fez refletir sobre o assunto. Buda – que era o príncipe, Sindarta Gautama, e viveu no Tibe (que era território da India), 500 anos Antes de Cristo – disse: “O conflito não é entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância.”. Exato. Não existe bem e mal, existe o conhecimento e a ignorância. Se a maioria dos jovens vão para a esquerda (socialista), é porque não tem um contraponto de autores de direita conservadora e nem capacidade intelectual, para passar esse contraponto que não passa de um outro lado do pendulo.


Acontece, que deveriam separar o que é escola (do ensino fundamental a um ensino médio), e o que é universidade. Na escola, podemos dizer que ter uma certa ideologização (que não existe em grande escala), pode convencer muitas crianças e jovens a seguir as ideologias. Mas na universidade, as pessoas são bem “grandinhas” para saber se quer ou não seguir aquilo. E tem outra coisa, o que seria essa doutrinação? E quando tiver uma aula de URSS que tem que ensinar o que é socialismo? Existe a diferença de doutrinar e ensinar, porque vão bloquear na escola e se vai aprender em outro lugar. Daí que se chega no conhecimento e a ignorância. O conhecimento, seria o ato de ter a percepção ou ter a compreensão por meio da razão (logos), ou até mesmo, ter a compreensão por causa de alguma experiência. Eu sei que apertar a tecla certa para escrever um texto, porque aprendi a escrever e compreendi como juntar as letras e então, eu tenho o conhecimento de escrever.  A ignorância é um estado de quem não tem o conhecimento, não tem cultura, por falta de um estudo, por falta de uma experiência ou falta de uma pratica. Existe muitas pessoas, que são ignorantes de dirigir um carro, de mexer num celular, num computador e por aí vai.

O que Buda fala é bem simples – os filósofos gregos antigos também diziam – é que o mal é sempre ignorar aquilo que não se pode ver por alguma ilusão, as trevas são essa ilusão que não deixa o indivíduo enxergar algo mais amplo. O conhecimento budista é o conhecimento bem parecido com o conhecimento platônico – que o filósofo Platão vai expor isso no teorema da caverna, onde a realidade são sombras do verdadeiro conhecimento – há uma realidade além daquela que enxergamos, mas, não é tudo inexistente e sim, tudo transitório. Um dia esse computador vai quebrar e vou ter que comprar outro computador, mas, o conhecimento de usar o computador fica. O conhecimento faz parte do ser, o outro objeto não faz parte, tudo é passageiro e tudo vai se acabar um dia e se apegar aquilo, é mera ignorância. o apego a um objeto ou a uma pessoa é a ignorância da lei do universo onde tudo é impermante, porque podemos estar em companhia de uma pessoa hoje, amanhã não estamos. E isso se aplica em tudo.  O conhecimento não pode ser restrito a uma só linha, mas, tem que ser uma informação mais ampla.

Não podemos dizer que uma escola pode ficam sem alguma coisa, pois, a escola tem que ter liberdade por causa do conhecimento que os professores passam. Claro, que deve ter professores que passam, às vezes, algumas coisas ideológicas partidárias, mas, não é uma regra. Acontece, que deveríamos olhar mais na grade curricular do que a parte ideológica, porque há matéria que “engordam” muito mais do que ajudam a entender aquela matéria. Um teorema cartesiano, por exemplo, ajuda a entender a matemática? Onde poderíamos usar a Formula de Baskara no dia a dia? A questão vai muito além do que um cuidado da juventude ser ou não comunista, mas, porque o jovem vira comunista e de esquerda, porque o ensino não entra no mundo dele. Imaginamos numa aula de filosofia (que logicamente, será tirada), um professor dará uma aula sobre Kant no século dezoito, dizer coisas que não fazem sentido num jovem com 16 a 17 anos. Ai que o marxismo ganha (não estou defendendo o marxismo, ok?). Agora imaginamos uma aula de Marx e os marxistas – Marx disse que nunca foi um marxista – onde há guerras de classes, há uma certa exploração do pobre, seria mais perto do mundo de alguns jovens. Não estou dizendo que o marxismo está certo. Mas, a narrativa marxista está mais perto do mundo desse jovem do que uma certa meritocracia que defende a direita, onde existe valores nobres e etc.

Não que não se deve ter valores nobres de respeito um do outro, isso até o anarquismo (real) defende, mas, o método que isso é passado é muito menos atraente. Um jovem de 17 anos, que a família, muitas vezes, não incentiva a leitura, não incentiva a cultura, não incentiva assistir coisas mais cultas – há famílias que desde criança incentivam a dançar funk carioca – não vai se interessar por Kant, por exemplo. Ou que nem sabem escrever correto no Facebook, porque ensinaram para ele que não ter conhecimento e não ligar para esses valores (porque são valores burgueses e de riquinho, sendo que riquinho é burro tanto quanto), ele é um resistente do sistema que oprime a sua entrada da sociedade. Ser “resistência” (que é o nome do blog para ser resistência disso tudo que está ai), é ter conhecimento de ser resistência, porque sem o conhecimento não pode ter carga o bastante para ter uma resistência boa. Essa resistência de hoje é só de uma visão e não do sistema como um todo, como um ESTADO que não conseguem resolver questões sociais. O problema não é à esquerda ou ser comunista, mas, a ignorância de só enxergar uma ideologia ou um pensamento.

Acho que não é uma prioridade e essa professora que defende, deveria dar o exemplo e não usar camisetas do Bolsonaro, né?

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