Amauri Nolasco Sanches
Junior
Toda a polêmica da deputada Ana Caroline Campagnolo (SC),
que disse para alunos filmarem os professores doutrinarem os alunos sobre o
comunismo (como se existisse ainda uma Guerra Fria no mundo), me fez refletir
sobre o assunto. Buda – que era o príncipe, Sindarta Gautama, e viveu no Tibe (que
era território da India), 500 anos Antes de Cristo – disse: “O conflito não é
entre o bem e o mal, mas entre o conhecimento e a ignorância.”. Exato. Não
existe bem e mal, existe o conhecimento e a ignorância. Se a maioria dos jovens
vão para a esquerda (socialista), é porque não tem um contraponto de autores de
direita conservadora e nem capacidade intelectual, para passar esse contraponto
que não passa de um outro lado do pendulo.
Acontece, que deveriam separar o que é escola (do ensino
fundamental a um ensino médio), e o que é universidade. Na escola, podemos
dizer que ter uma certa ideologização (que não existe em grande escala), pode
convencer muitas crianças e jovens a seguir as ideologias. Mas na universidade,
as pessoas são bem “grandinhas” para saber se quer ou não seguir aquilo. E tem
outra coisa, o que seria essa doutrinação? E quando tiver uma aula de URSS que
tem que ensinar o que é socialismo? Existe a diferença de doutrinar e ensinar,
porque vão bloquear na escola e se vai aprender em outro lugar. Daí que se
chega no conhecimento e a ignorância. O conhecimento, seria o ato de ter a
percepção ou ter a compreensão por meio da razão (logos), ou até mesmo, ter a
compreensão por causa de alguma experiência. Eu sei que apertar a tecla certa
para escrever um texto, porque aprendi a escrever e compreendi como juntar as
letras e então, eu tenho o conhecimento de escrever. A ignorância é um estado de quem não tem o
conhecimento, não tem cultura, por falta de um estudo, por falta de uma
experiência ou falta de uma pratica. Existe muitas pessoas, que são ignorantes
de dirigir um carro, de mexer num celular, num computador e por aí vai.
O que Buda fala é bem simples – os filósofos gregos antigos
também diziam – é que o mal é sempre ignorar aquilo que não se pode ver por
alguma ilusão, as trevas são essa ilusão que não deixa o indivíduo enxergar
algo mais amplo. O conhecimento budista é o conhecimento bem parecido com o
conhecimento platônico – que o filósofo Platão vai expor isso no teorema da
caverna, onde a realidade são sombras do verdadeiro conhecimento – há uma
realidade além daquela que enxergamos, mas, não é tudo inexistente e sim, tudo transitório.
Um dia esse computador vai quebrar e vou ter que comprar outro computador, mas,
o conhecimento de usar o computador fica. O conhecimento faz parte do ser, o
outro objeto não faz parte, tudo é passageiro e tudo vai se acabar um dia e se
apegar aquilo, é mera ignorância. o apego a um objeto ou a uma pessoa é a ignorância
da lei do universo onde tudo é impermante, porque podemos estar em companhia de
uma pessoa hoje, amanhã não estamos. E isso se aplica em tudo. O conhecimento não pode ser restrito a uma só linha,
mas, tem que ser uma informação mais ampla.
Não podemos dizer que uma escola pode ficam sem alguma
coisa, pois, a escola tem que ter liberdade por causa do conhecimento que os
professores passam. Claro, que deve ter professores que passam, às vezes,
algumas coisas ideológicas partidárias, mas, não é uma regra. Acontece, que deveríamos
olhar mais na grade curricular do que a parte ideológica, porque há matéria que
“engordam” muito mais do que ajudam a entender aquela matéria. Um teorema
cartesiano, por exemplo, ajuda a entender a matemática? Onde poderíamos usar a
Formula de Baskara no dia a dia? A questão vai muito além do que um cuidado da
juventude ser ou não comunista, mas, porque o jovem vira comunista e de
esquerda, porque o ensino não entra no mundo dele. Imaginamos numa aula de
filosofia (que logicamente, será tirada), um professor dará uma aula sobre Kant
no século dezoito, dizer coisas que não fazem sentido num jovem com 16 a 17
anos. Ai que o marxismo ganha (não estou defendendo o marxismo, ok?). Agora
imaginamos uma aula de Marx e os marxistas – Marx disse que nunca foi um marxista
– onde há guerras de classes, há uma certa exploração do pobre, seria mais
perto do mundo de alguns jovens. Não estou dizendo que o marxismo está certo. Mas,
a narrativa marxista está mais perto do mundo desse jovem do que uma certa
meritocracia que defende a direita, onde existe valores nobres e etc.
Não que não se deve ter valores nobres de respeito um do
outro, isso até o anarquismo (real) defende, mas, o método que isso é passado é
muito menos atraente. Um jovem de 17 anos, que a família, muitas vezes, não incentiva
a leitura, não incentiva a cultura, não incentiva assistir coisas mais cultas –
há famílias que desde criança incentivam a dançar funk carioca – não vai se interessar
por Kant, por exemplo. Ou que nem sabem escrever correto no Facebook, porque
ensinaram para ele que não ter conhecimento e não ligar para esses valores
(porque são valores burgueses e de riquinho, sendo que riquinho é burro tanto
quanto), ele é um resistente do sistema que oprime a sua entrada da sociedade. Ser
“resistência” (que é o nome do blog para ser resistência disso tudo que está
ai), é ter conhecimento de ser resistência, porque sem o conhecimento não pode ter
carga o bastante para ter uma resistência boa. Essa resistência de hoje é só de
uma visão e não do sistema como um todo, como um ESTADO que não conseguem
resolver questões sociais. O problema não é à esquerda ou ser comunista, mas, a
ignorância de só enxergar uma ideologia ou um pensamento.
Acho que não é uma prioridade e essa professora que defende,
deveria dar o exemplo e não usar camisetas do Bolsonaro, né?
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