sábado, 10 de novembro de 2018

Fui expulso de um grupo de filosofia por filosofar – tratado da liberdade




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Na cidade-estado de Atenas (hoje capital da Grécia), mais ou menos, trezentos anos antes de Cristo, existia um homem careca, com o nariz achatado e barbudo, chamado Sócrates. Sócrates foi chamado de sábio pelo oraculo de Delfos, que era o oraculo do deus Apolo, e não se conformou, porque achava que existiria um homem mais sábio do que ele em Atenas. Filho de uma parteira, achava que as ideias eram como o trabalho da sua mãe, que deveria fazer o parto delas nos outros e demos o nome de maiêutica, que quer dizer, parto. Eram perguntas que deveriam conter respostas, mas, que incomodou muitas pessoas e essas pessoas condenaram Sócrates por esse ato infame. Como ele ousa desmascarar aqueles que se mostravam conhecedores de tudo? Como um misero cidadão do baixo “clero”, tem a audácia de desmascarar os grandes guardiões da democracia ateniense? Foi condenado por algo que não fez a morte. Foi condenado a beber cicuta e morreu assim. Sócrates nos mostra que nem sempre as pessoas que se acham amantes da liberdade, do conhecimento ou até mesmo, se acham humanistas, são tolerantes com as ideias alheias.

Num grupo de filosofia, eu vi uma pergunta que me chamou a atenção e sempre me chamava a atenção, que o dono do grupo – num sentimento de paternidade, tipo xuxando – sempre colocava a pergunta: “Vamos filosofar? ” e aquilo me intrigava (como intrigaria qualquer filósofo). Se estamos num grupo de filosofia, nós vamos ou não filosofar? Lógico que a resposta é óbvia, mas, quem fez a pergunta pode responder que é uma figura de linguagem para chamar atenção. Mas, a pergunta vinha num fundo alaranjado, já poderia chamar muita atenção. Se estamos num grupo de filosofia, claro, que vamos filosofar e esse filosofar faz parte da pergunta que veio depois. A pergunta era:

Vamos filosofar? Existe consciência sem materialismo? Justifique:

A resposta foi simples e objetiva. Sempre estamos a filosofar, mas, remete a algo que está sempre nos intrigando. A consciência, por exemplo, pode chegar, nesse caso, com a pergunta: “vamos filosofar? ”. Porque se estamos num grupo de filosofia, nós vamos filosofar e, portanto, temos consciência disso. Ora, a consciência é a construção de um fenômeno de um objeto que não é o eu e sim, o outro. Mas, eu sei que aquilo te a sua imagem é um termo que podemos chamar aquele objeto. No caso, filosofar. Porém – continuando porque fui expulso antes de continuar – o filosofar passa a ser objeto de minha atenção, materializando um objetivo, porque minha realidade agora é filosofar e estou livre em aceitar essa realidade, ou não aceitar essa realidade. A consciência não pode existir sem a ideia do objeto e o objeto nos faz pensar. Mas, para filosofar, tem que ter uma certa liberdade e se não tivermos liberdade, não podemos dar respostas e nem perceber nossa realidade.

Muitos estudantes de filosofia ou professores, ficam amarrados em uma ideia e não enxergam o TODO. Porque você começa a perguntar coisas obvias e essas coisas começam a ser banalizadas, como, graças a esses grupos que ficam xuxando (expressão minha), que ficam com perguntas de ensino médio. Muitas pessoas que estão ali, são professores ou estudantes, não são alunos da moderação. Por outro lado, por que não posso filosofar a pergunta “vamos filosofar? “?  Ele (o moderador), como tantos outros, não entendem que todo filósofo escolhe um problema para resolver e esses problemas ele mesmo escolhe. Se não se tem liberdade de escolha, não se tem o filosofar e se não tem filosofar, nós não podemos filosofar. O mais engraçado é que sujeitos assim, ficam gritando nas universidades ou na internet, contra o fascismo. Quer coisa mais fascista do que obrigar a pessoa a responder o que você quer ou não deixar a pessoa explicar o porquê da resposta e expulsar ela?

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