Amauri Nolasco Sanches Junior
Na cidade-estado de Atenas (hoje capital da Grécia), mais ou
menos, trezentos anos antes de Cristo, existia um homem careca, com o nariz
achatado e barbudo, chamado Sócrates. Sócrates foi chamado de sábio pelo
oraculo de Delfos, que era o oraculo do deus Apolo, e não se conformou, porque
achava que existiria um homem mais sábio do que ele em Atenas. Filho de uma
parteira, achava que as ideias eram como o trabalho da sua mãe, que deveria
fazer o parto delas nos outros e demos o nome de maiêutica, que quer dizer,
parto. Eram perguntas que deveriam conter respostas, mas, que incomodou muitas
pessoas e essas pessoas condenaram Sócrates por esse ato infame. Como ele ousa
desmascarar aqueles que se mostravam conhecedores de tudo? Como um misero cidadão
do baixo “clero”, tem a audácia de desmascarar os grandes guardiões da
democracia ateniense? Foi condenado por algo que não fez a morte. Foi condenado
a beber cicuta e morreu assim. Sócrates nos mostra que nem sempre as pessoas
que se acham amantes da liberdade, do conhecimento ou até mesmo, se acham
humanistas, são tolerantes com as ideias alheias.
Num grupo de filosofia, eu vi uma pergunta que me chamou a atenção
e sempre me chamava a atenção, que o dono do grupo – num sentimento de
paternidade, tipo xuxando – sempre colocava a pergunta: “Vamos filosofar? ” e
aquilo me intrigava (como intrigaria qualquer filósofo). Se estamos num grupo
de filosofia, nós vamos ou não filosofar? Lógico que a resposta é óbvia, mas,
quem fez a pergunta pode responder que é uma figura de linguagem para chamar atenção.
Mas, a pergunta vinha num fundo alaranjado, já poderia chamar muita atenção. Se
estamos num grupo de filosofia, claro, que vamos filosofar e esse filosofar faz
parte da pergunta que veio depois. A pergunta era:
Vamos filosofar? Existe consciência
sem materialismo? Justifique:
A resposta foi simples e objetiva. Sempre estamos a
filosofar, mas, remete a algo que está sempre nos intrigando. A consciência,
por exemplo, pode chegar, nesse caso, com a pergunta: “vamos filosofar? ”. Porque
se estamos num grupo de filosofia, nós vamos filosofar e, portanto, temos consciência
disso. Ora, a consciência é a construção de um fenômeno de um objeto que não é
o eu e sim, o outro. Mas, eu sei que aquilo te a sua imagem é um termo que
podemos chamar aquele objeto. No caso, filosofar. Porém – continuando porque
fui expulso antes de continuar – o filosofar passa a ser objeto de minha atenção,
materializando um objetivo, porque minha realidade agora é filosofar e estou
livre em aceitar essa realidade, ou não aceitar essa realidade. A consciência não
pode existir sem a ideia do objeto e o objeto nos faz pensar. Mas, para
filosofar, tem que ter uma certa liberdade e se não tivermos liberdade, não podemos
dar respostas e nem perceber nossa realidade.
Muitos estudantes de filosofia ou professores, ficam
amarrados em uma ideia e não enxergam o TODO. Porque você começa a perguntar
coisas obvias e essas coisas começam a ser banalizadas, como, graças a esses
grupos que ficam xuxando (expressão minha), que ficam com perguntas de ensino médio.
Muitas pessoas que estão ali, são professores ou estudantes, não são alunos da moderação.
Por outro lado, por que não posso filosofar a pergunta “vamos filosofar? “? Ele (o moderador), como tantos outros, não entendem
que todo filósofo escolhe um problema para resolver e esses problemas ele mesmo
escolhe. Se não se tem liberdade de escolha, não se tem o filosofar e se não tem
filosofar, nós não podemos filosofar. O mais engraçado é que sujeitos assim,
ficam gritando nas universidades ou na internet, contra o fascismo. Quer coisa
mais fascista do que obrigar a pessoa a responder o que você quer ou não deixar
a pessoa explicar o porquê da resposta e expulsar ela?
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