Amauri Nolasco Sanches
Junior
Santo Agostinho dizia: “É preciso compreender aquilo em que
cremos”. A questão é: será que os religiosos sabem o que creem? Será que um cristão
sabe dos princípios da sua própria religião? A maioria, não. Santo Agostinho,
sem exagero, é o pilar principal da teologia cristã dentro dos dois ramos do
cristianismo: católico e protestante. A Igreja Apostólica Católica Romana, por
estar começando na época e ter na figura de Agostinho de Hipona (que era bispo),
um dos pilares da construção de uma teologia mais solida (que pertenceu a patrística,
que quer dizer, o pais da igreja). No protestantismo, Martin Lutero era monge
agostiniano que voltou aos princípios do cristianismo primitivo, onde se
preocupavam menos com imagens e mais com o conhecimento das pregações do mestre
Jesus.
As palavras de Santo Agostinho são palavras interessantes,
pois, nos remetem ao conhecimento daquilo que você segue como crença. Antes de
tudo, compreender e achar respostas daquilo que cremos como uma verdade – que dentro
da própria filosofia, estamos sempre a busca da verdade. Ora, o próprio Jesus disse
que devemos conhecer a verdade, porque ela vai nos libertar. Porém, só nos
resta perguntar: libertar do que? Segundo o evangelho de João, Jesus estava
falando com seus discípulos e ele dizia da palavra dele, em acreditar,
verdadeiramente, de tudo que ele tinha dito e se isso acontecesse, eles e
todos, iriam ser verdadeiramente, seus discípulos. Mas como acreditar? Fazendo um
exame dentro de si mesmo. Vários pensadores e mestres espirituais, disseram a
mesma coisa com palavras diferentes. Sócrates, por exemplo, dizia que deveríamos
conhecer a si mesmo, assim como na Índia, Buda Gautama dizia que tudo que pensarmos
se realiza. A religião, quando examinamos etimologicamente, é uma religação como
o divino. O que a espiritualidade verdadeiramente, não concordaria, porque em essência,
nós já estamos ligados com a divindade.
No evangelho está que Jesus disse que a primeira pedra da
sua igreja seria em Pedro. Ora, igreja vem do grego “ekklesia” que quer dizer,
comunidade. Antigamente, no cristianismo primitivo, não ficava em prédios fechados
e sim, em comunidades abertos com estudos dos evangelhos. Hoje – que começou na
idade média com a igreja como teologia fechada – são prédios fechados com suas
particularidades teológicas de cada vertente cristã. O que essas vertentes
pregam? O materialismo. Não se tem mais a religação com o divino, um estudo dos
evangelhos e nem a pregação aos ensinamentos (verdadeiros) de Jesus, mas, pregação
sobre política, o que é ou não do demônio, e o mais trágico, pregação do que a
sociedade ou não, deve assistir. Não lembro, nos quatro evangelhos, nenhuma
fala de Jesus sobre esse moralismo todo. Nem que se tem que dar dinheiro para a
igreja (dizimo), e nem que se você orar ou rezar, o Eterno vai te dar objetos
ou interferir em situações. Acho eu, que ainda estamos num país laico.
Primeiro, implicaram com um desenho que ia estrear na Netflix
chamado “Super Drags” (que está na parte adulta). Estreou, não vi nada. Pessoalmente,
eu não gostei, mas, não por causa das drags, e sim, que é mal produzido e as
pautas do roteiro, são confusas. Mudam muito rápido. Porém, eu vi o grande
problema, colocar um vilão pastor com uma medalha nazista. E quando falamos
para um filósofo que há um problema, a probabilidade de uma ou muitas
possibilidades possíveis, então, a tentação é grande. Esse problema pode ser que
é um desenho para entreter que nem para crianças é, porque começa a ser uma visão
fanática de uma coisa que nem interessa para a maioria. Temos uma
religiosidade, hoje em dia, de feed food (comida rápida ou algo rápido), que você
passa uma hora ou duas horas de igreja. Será que isso ajudará a espiritualidade
do sujeito?
Segundo, um pastor – não sei que cargas d`água – viu o vídeo
do Felipe Neto jogando um jogo thrash de deuses lutando entre si, e um desses
deuses, aparece Jesus Cristo. Felipe Neto mata Jesus no jogo e mata o último, que
seria o Eterno. Minha visão é o mesmo do primeiro problema, porque ele não está
ensinando, é um entretenimento com um vídeo, ele não está doutrinando ninguém. Em
um outro vídeo ou no mesmo, não me lembro, ele explica como ele vê o Eterno e é
a mesma que a minha, senão, não haveria livre-arbítrio. E daí? Não estamos num
país laico (que aceita todas as religiões)? A questão não é diferente daqueles
sujeitos fundamentalistas dentro do islã, que doutrina seus fiéis para morrerem
em bombas explodindo a si mesmo. Você inventa uma situação e acaba com o
trabalho de alguém, só porque a sua crença tem que ser a verdade absoluta.
O que podemos tirar disso, espiritualmente? Nada. Porque não
tem nada de espiritual ficar perseguindo, usando suas crenças, por uma moral
totalmente, humana. Muito pelo contrário, Jesus defendeu sempre os pecadores e
o mais notável dos relatos, é da mulher adultera. Acho que hoje, há uma adesão muito
mais de uma “moda” do que, realmente, seguir algo que se acredita de verdade. Mas,
isso não é o problema, o problema é a tentativa de querer impor a sua crença para
os outros, que não quer esse tipo de crença e pelo que li de Lutero, que mesmo não
sendo protestante eu leio e admiro, não gostaria também. Porque qualquer religião
desse porte, é um chamado em acreditar naquilo, um chamado em achar algo que
toque dentro do seu coração. Como tenho as minhas convicções espirituais. E por
que não tenho convicções religiosas?
Não tenho convicções religiosas por entender que além de
limitar em uma só visão, a religião não tem mais a religação com o Eterno, como
era antigamente. Ainda eu uso o termo “eterno” para ter uma referência só –
como não uso o termo “deus”, por terem deturbado o termo e por ter usado para
outros fins a não ser, a procura espiritual – porque para mim, tudo se refere
ao divino. Porém, a minha espiritualidade não pode ser uma procura externa e
sim, interna. Como dois grandes mestres que sigo e respeito muito, Buda Gautama
e Cristo Jesus. O material não importa, o conhecimento te levara a verdade e a
verdade, seja ela qual for, sempre vai te libertar. O agora que importa.
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