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quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Olavismo cultural – o preconceito velado ou explicito









Amauri Nolasco Sanches Junior

Num dia desses, eu fui com a minha noiva no shopping que sempre vamos, mas, uma coisa vem me incomodando nesses últimos tempos que vem me chocando, o aparecimento cada vez mais do preconceito. Ora, pessoas passam no nosso lado com cara de nojo, pessoas passam onde estamos, pessoas passam na nossa frente sem olhar e ainda, pessoas se incomodam com o aviso sonoro do triciclo que estava usando e é fornecido pelo shopping. Mas um caso me chamou atenção – da minha noiva também – nós estávamos esperando a van do ATENDE +, conversando e olhando a loja da Besni (bastante conhecida), quando – não sabemos se a senhora avisou o lojista ou não, mas, temos serias suspeitas que sim – o lojista saiu da loja e perguntou algo para ver se a gente se tocava (de que eu não sei). Foi quando minha noiva deu uma resposta em atravessado e disse que sim, estávamos olhando e que ela iria comprar o tênis para mim. A senhora entrou rapidamente e o lojista também, o coitado pensou que eu e ela iriamos comprar lá, porém, não compramos. E não foi nem a primeira e nem a última demonstração de preconceito dentro do shopping center e dentro de qualquer lugar que nós vamos, porque as pessoas não gostam do diferente.

A questão do preconceito contra pessoas como eu e minha noiva, ou pessoas tidas como minorias, são a demonstração como as pessoas não analisam que todos são seres humanos e merecem respeito. Aliás, isso é a essência da educação. O que é preconceito? Preconceito é qualquer opinião ou sentimento que não tem nenhum exame crítico. Ou é um sentimento hostil, assumindo em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio (que pode ser através da mídia) e também, tem a ver com a intolerância. Ou seja, se você vê um cadeirante e viu que um não pode andar ou que um não tem consciência do que está fazendo, todos serão iguais e não é bem assim. A falta de conhecimento e a falta de interesse em adquirir esse conhecimento, não pode ser confundido com a ignorância. Você tem internet, tem meios de pesquisar no Google. Mas também, entre “messias” e corruptos barbudos, a ignorância anda sendo exaltada e pode ser um indicio de perigo contra a intelectualidade que nem sempre apoiou a esquerda progressista ou de outra vertente. Aliás, não existe só a esquerda marxista (vulgo comunista). Mas, o filósofo Olavo de Carvalho, não vê isso, porque só leu aquilo que ele achou que deveria ler e estudar, assim, criando uma bolha intelectual com as suas crenças.

Ora, podemos questionar se ele é ou não um filósofo, pelas suas crenças, mas, nunca pelo diploma que ele tem. Por que? Porque as universidades brasileiras não têm formado profissionais decentes e muitos menos, filósofos. Sempre formaram professores de filosofia por causa da nossa formação cultural lusa-católica onde a intelectualidade era pecado – que na verdade, era uma alienação religiosa para o povo não ir atrás de conhecimento para não questionar as decisões do rei – e não viam ou não vê, o filósofo como um sujeito (porque independe de gênero) importante dentro da cultura e dentro da política como um questionador. A nossa cultura brasileira, vê o filósofo como um sonhador, uma pessoa que fica idealizando e não faz nada de concreto. Mas, será que a população tem ideia o que seria a realidade? Não. Mas o Olavo de Carvalho começa a mostrar sua fragilidade quando não abre seu leque de leitura, quando sequer, menciona filósofos contemporâneos. Porque, quem realmente, sabe e estudou filosofia, sabe que a filosofia tem três pilares (pode haver ramos, mas, existe três pilares só), a origem (arké), a ontologia e a epistemologia (o estudo do ser enquanto ser e a teoria do conhecimento) e a existência (de Nietzsche a Sartre). Ate, alguns filósofos afirmam que a filosofia começa em Sócrates, Platão e Aristóteles que todo o resto é apenas uma nota de rodapé.

E o que tem a ver o Olavo de Carvalho com o preconceito? Esse nome que eu dei para o meu artigo é um contraponto da teoria do Olavo de Carvalho, que há um marxismo cultural implantado dentro das culturas. Para esclarecer – porque a esquerda já se apropriou do nome do meu blog para a palhaçada que estão fazendo – eu sou contra a teoria de classes de Karl Marx, e ainda, não acho que o fator econômico é o fator decisivo para a pobreza e a riqueza. Existem pessoas pobres que ficaram ricas e pessoas ricas que ficaram pobres. Acontece, que os dois contrapontos que predominam nossa discussão política (pelo menos os marxistas e os liberais) vieram da filosofia de Rousseau. Porque até então, não tinha uma discussão se era legitimo a propriedade privada e a não propriedade privada. O filósofo genovês, disse que aquele que fincou a primeira cerca no terreno e disse que aquilo é dele, era um usurpador. E nessa discussão se gerou os liberais que defenderam o cara da cerca, e os que deram razão a Rousseau e disseram que realmente, ele roubou aquilo. Aliás, o filósofo anarquista (que junto com Bakunin idealizou o anarquismo moderno), Proudhon usou essa frase de Rousseau para legitimar a usurpação do cara da cerca e ainda dizer, que ninguém tem o direito de mandar num outro ser humano.

Mas até aí, as questões do proletariado e do capitalista industrial, eram questões de propriedade e o direito do trabalhador que não podia – pelo que ganha – comprar o que produzia, então, Marx escreveu a teoria da mais valia, que de certo modo, tem seu sentido. Mas, outras coisas não fazem nenhum sentido e o que dizem, porque eu não li a carta, que Marx teria escrito para seu genro que não era marxista. Por que? Porque Marx só sistematizou o estudo sobre o capitalismo que começava na época e que levou ao filósofo, explicar o fenômeno dos camponeses virem para as cidades para trabalharem nas fabricas. E que isso, gerou uma desigualdade bem maior e é o estudo da desigualdade e não da pobreza. Os marxistas pegaram a teoria e os estudos de Marx, e ampliaram a discussão e disseram que o problema era a guerra de classes e que, hoje com essa nova esquerda, levaram a discussão para a minoria. Bom, a guerra de classes dita por Marx, era uma maneira (talvez, pegando uma carona em Hegel, já que Marx foi hegeliano), era para explicar que existia o senhor e o escravo e esse senhor pagava menos o escravo e o junto, era o senhor pagar o que o produto produzido valia e era vendido. Vamos dar um exemplo: se eu produzo um carro de R$ 24 mil numa montadora, eu deveria ganhar o equivalente daquilo que estou produzindo e isso, vai poder eu comprar o carro. Até aí, tudo bem, mas, a questão é: será que a maioria que trabalha numa montadora não sabe disso? Ou será que o trabalhador vende sua mão de obra ao capital?

Sem saber tudo isso, caros, não vão poder nem apoiar e nem fazer crítica ao socialismo/comunista. Acontece, que todo esse estudo de Marx e toda a essência de suas teorias, foram ampliadas e foram transferidas para o que chamaram, de minorias. Dos outros estudos eu não vou discutir – talvez, eu vou discuti em meu novo livro – mas, para explicar o preconceito, só a minoria vai ser o bastante. Qual o problema? Você separar por setores, essas minorias perdem a sua força. Como existem pessoas com deficiência negras e homossexuais – sim, nós pessoas com deficiência, temos desejo sexual – existem pessoas com deficiência índias ou caboclas, existem homossexuais negros e com deficiência e enfim, não tem como separar por setores uma coisa que é uma minoria só. Para Marx, não existia homossexuais, não existia pessoa com deficiência, não existia as mulheres, só existia homens trabalhando (algumas mulheres trabalhavam na Inglaterra). O que se criou – e isso se viu nos países socialistas – uma separação dos trabalhadores e pobres (proletariado), para não cobrar o que os governos não estavam fazendo o que deveriam (como não fez e só ficaram socialistas).

Por que isso tem a ver com o preconceito? As questões sobre o proletariado sempre foram questões jogadas para a esquerda, mas, que pode ser um problema nos dois lados e que há uma discussão mais ampla. Por que? Voltando a mesma tecla, que a questão da educação deve ser bastante importante, porque na escola você convive com o diferente, aprende aquilo que é importante. Se você não convive, você passa a achar que o outro é uma coisa que só está ali porque ideologias defendem aquilo e não defende. Podemos ver que o marxismo (vulgo comunismo) não tem nada a ver com isso, porque o marxismo é uma teoria econômica e não uma teoria social. Assim como, o liberalismo, o libertarianismo, e coisas afins. Economistas são muito ruins quando explicam partes sociais e se embananam.

Olavo de Carvalho ensina o preconceito quando não lê autores importantes e acha que sabe aquilo que não sabe, como se fosse um grande pensador. No livro, O Jardins das Aflições, ele coloca Epicuro como um teórico do prazer desmedido, que é uma grande falácia, porque Epicuro sempre defendeu o prazer equilibrado. Se aquilo que você está comendo te faz ter prazer, coma, mas se tua fome te satisfaça você deve parar, porque você começa a sofrer. Na verdade, Epicuro segue a formula de Aristóteles do equilíbrio e da racionalidade. Com isso, ele demonstra que traz dentro da sua filosofia, o preconceito da igreja cristã que Epicuro ensinava o prazer desmedido. Parou o curso só porque mencionaram Nietzsche. Nega os autores contemporâneos que não fazem parte do seu escopo religioso e tudo mais. Não é isso que vimos? Pessoas mostrando cartazes dizendo que basta ler a bíblia e não precisa estudar. Não é porque as universidades brasileiras estão uma porcaria, que o sujeito não vai estudar.

Como contei no começo do texto, a questão do preconceito vem se arrastando e tem a ver com a educação. No mais, vou aprofundar no meu novo livro em breve. Aguardem.


quinta-feira, 27 de dezembro de 2018

Além da direita a esquerda – a modernização de um Brasil feudal

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O fim do Regime Monárquico e a Primeira República






Amauri Nolasco Sanches Junior

Estou lendo o livro do Luiz Philippe de Orleans e Bragança, “Por que o Brasil é um País Atrasado? ” e me fez refletir em um ponto: sejam autores liberais ou comunistas, eles não pensam além dessas ideologias. Assim, concordo com o professor Paulo Ghiraldelli Jr, que deu uma interessante aula sobre isso em um dos seus vídeos. Diz ele que tudo começa com Rousseau (esquecemos as mazelas pessoais do filósofo), quando ele analisa a questão da propriedade privada. O filósofo genovês nos diz que todos eram felizes e contentes até um cercar um determinado território e disse que aquilo era dele, começou a perpetuar o egoísmo e a discórdia. A propriedade privada estava começando. Analisando o que Rousseau disse, poderíamos dizer que a terra para ser sua tem que ser sua, não deveríamos pagar por nada e nem ao governo. Os comunistas vão dizer que é errado ter uma terra só sua e que a terra é de todos, os liberais clássicos, defendem que o mínimo de regulamentação do governo, vai fazer com que a terra seja sua por natureza.

Porém, essa colocação de Rousseau vai fundar várias filosofias que vão até o anarquismo. O anarcocapitalismo e um outro nome para o ultra liberalismo e tem a ver um pouco, com a direita radical, pelo menos, no Brasil. A questão é, que o próprio anarquismo prega uma base de não regulamentação de nada, pois, pressupõem uma autoconsciência do ser humano em se voluntariar socialmente. O interessante que todos os avatares (enviados divino), disseram isso e é a base da filosofia socrática de conhecer nossa própria natureza. Todos têm o direito de fazerem o que desejar e todos convivem em harmonia em sociedade. Embora eu goste e sou propagador dessa ideia, devo confessar que hoje com a consciência de rebanho, as sociedades humanas ou iriam se matar, por motivos óbvios e diversos, ou iriam escolher um novo líder. Até construíram um “deus” rei que manda e desmanda, porque quer se sentir amparado, é inseguro em suas colocações e em pensamentos.

Ora, essa insegurança vem da culpa que a religião traz como base do pecado, porque somos servos do “deus-rei”. O próprio bisavô do Luiz Philippe, Dom Pedro II, por intrigas religiosas com o Barão de Mauá, fizeram o Brasil não construir estradas de ferro. Países liberais tem seu Estado completamente, laico e sem nenhuma interferência religiosa. Sem as estradas de ferro, a escoação da produção dos centros industriais, fizeram do Brasil um pais estagnado em estradas rodoviárias que são limitadas. Nunca houve um plano de modernizar o Brasil. Mesmo no período do império, como defende Luiz Philippe, o Brasil poderia ser liberal na economia, mas, não era liberal no governo e tem uma distorção até hoje defendida pela direita (os evangélicos), que são liberais na economia e conservadores nos costumes. Ainda, quando você vai explica essas “distorções”, eles dizem que o liberalismo de direita brasileiro é diferente. Mas, na essência, tudo que cai dentro do Brasil, é distorcido. O comunismo, o liberalismo, o anarquismo, o nazismo (que tem mestiços sendo nazistas, que é uma incógnita grande), a luta ecológica, o veganismo, o vegetarianismo e outras vertentes, ficaram com cara de adaptação de boteco. Ser liberal é ser liberal, ser conservador é ser conservador.

Outro problema aqui no Brasil é que tudo vira uma grande religião. Proteger animais – como apoio 100% - não quer dizer tratar um cachorro como um ser humano e levar ele num shopping, por exemplo. Ou achar que se deva acolher animais que pessoas largam na rua, ou proteger todos os animais domésticos da cidade. Porém, não acho que se deve matar um cachorro a paulada, como aconteceu no Carrefour, só porque o mercado iria receber figurões da alta cúpula. Essa proteção deveria ser das tartarugas que estão em alto-mar e engolem plástico, que leões são caçados na África, que animais amazônicos são deportados para fora do país. Defender cachorrinho é fácil, encher o saco com poste desnecessário é fácil, defender as baleias que eu quero ver., mas, o que dizer desses jovens que não arrumam nem mesmo, seus quartos e querem arrumar o mundo? A questão é bem simples: a distorção vem sempre da educação e da escolarização do brasileiro.

Para explicar a educação, tenho que explicar uma outra coisa. Quando uma lei aparece, diferente do que prega os liberais como Luiz Philippe, não é um complô contra o mercado, é uma regulamentação imposta porque há uma necessidade social de reeducação de hábitos. Claro, que seria ótimo que pudéssemos ser livres para fazer o que quiséssemos, mas, existem ainda, pessoas que não são virtuosas. Existem empresários que não querem pagar o que é justo. Existem empresários que olham sua aparência, sua cor, como você se veste, se você tem brinco, se você tem tatuagem, se você fala bem. Seria um ideal e não o real. Muitos liberais radicais, como os anarcocapitalistas podem me dizer, que as empresas são deles e eles fazem o que quiserem. Porém, não é bem assim. A pergunta é: você quer idealizar uma empresa transformando ela em um “desfile de moda” ou você quer uma empresa que te dê lucro? Por isso, entrando na minha condição da deficiência para dar um exemplo prático, aparecem leis como das cotas para pessoas com deficiência em empresas. Seria mostrar que a questão da aparência, muitas vezes, não tem a ver com a questão da produtividade e ainda, temos empresários – como a maioria do povo brasileiro – que ainda acha, que a perfeição é uma grande qualidade, uma virtude. Mas, nem sempre é assim.

Mas, por que não temos essa ética de olhar além das aparências? Porque, ainda, somos educados com a ética religiosa. O ideal da perfeição seria o divino e o real, o imperfeito que reduz ao limitado, o tosco. As empresas de tecnologia já contratam pessoas de condições diversas, porque as suas matrizes são de fora. Porque a parte governamental dos outros países sabem, que a educação e a escolarização, são a base de um pais bem mais desenvolvido. Com a escolarização seria – sem ideologias ou coisas afins – uma base para temos uma sociedade diferente, porque formaria pais melhores que iriam educar seus filhos dentro de uma ética bem mais social. Não existe bem ou o mal, mas, existe o conhecimento e a ignorância. O conhecimento te dará a base para esclarecer que o importante é você viver em harmonia, viver sem brigar, sem achar que o outro tem alguma obrigação com as tuas escolhas. Afinal, as escolhas são suas. Você é prisioneiro das suas próprias escolhas, e está fadado a colher seus resultados. Portanto, sem a escolarização de verdade: matemática, português, filosofia e retorica (porque nossos jovens não sabem nem sequer se expressar), dará as bases de uma cidadania solida e concreta, sem idealizações de perfeição e uma sociedade ideal.

Em nenhum momento, pelo menos ainda não li, eu não vi isso no livro do Luiz Philippe de defender a educação. Logo o seu bisavô que adorava a ciência e o positivismo. Sem a escolarização não tem nem o liberalismo, não tem nada de modernização e só vamos ser uma sociedade feudal. Nas sociedades feudais, a questão do estudo era restrita só a igreja, tinham reis que nem sabiam ler e escrever. Um dos maiores, Carlos Magno, não sabia nem assinar seu nome. Porque para a igreja católica, o conhecimento tinha a ver com a vaidade e só os virtuosos – no caso, os párocos – eram dignos disso. No Brasil, há muito disso e nós vimos em memes no Facebook, como o importante não é estudar é ler a bíblia, que quem está filosofando nas redes sociais é porque tomou no cu, entre outras coisas, que refletem o culto a ignorância. Fora, claro, que pagamos impostos igual os vassalos pagavam aos senhores de terras. Como podemos nos modernizar? Como sair de um atraso ainda acreditando em “salvadores”?