segunda-feira, 4 de agosto de 2025

A DIREITA REVOLUCIONÁRIA

 


Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

Nenhuma paixão pode, como o medo, tão efectivamente roubar o espírito da capacidade de agir e pensar.

Edmund Burke

 

Não sou conservador, mas gosto do modo que os conservadores, de verdade, escrevem. Burke, assim como outros como Scruton ou Olavo de Carvalho, são direitos e não fazem muito rodeios o que querem passar. São do tipo de filósofos que gosto de ler. E sim, li muita coisa do Olavo e existem coisas ruins e existem coisas boas, como todos os filósofos (não vou entrar no mérito se era filosofo ou não por causa do diploma). Mas, uma pergunta nos vem a cabeça: manifestações são coisas da direita? Não a direita conservadora de verdade – que, no Brasil, teria que ser católica, imperialista e liberais progressistas – mas a direita bolsonarista (que eu chamo de direita revolucionária) que fazem todo esse carnaval para livrar o Bolsonaro da cadeia. Vocês acham que essas pessoas estão ligando para os velhinhos da Papuda? Claro que não, estão preocupados com seu político de estimação,

No final das contas, essas manifestações não são sobre ideias (principalmente, do conservadorismo) – são sobre sentimentos mal resolvidos. E isso, na essência, é um tipo de sintoma claro de uma democracia emocionalmente doente. Sabemos muito bem que, mesmo com um certo grau de autoritarismo, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, não é de esquerda. Isso enriquece o debate, porque temos muita coisa a ser debatida. Porque isso não impede que muita gente o trate como se fosse – porque hoje, principalmente, nas redes, no Brasil, basta você contrariar o bolsonarismo para ser rotulado como “comunista”, “globalista” ou qualquer outro rotulo da moda (porque aqui tudo vira modinha). É na essência, um empobrecimento do debate público: tudo se torna binário, uma torcida organizada.

Filosoficamente, uma direita conservadora tem características não só de uma defesa a não mudança das instituições – uma ditadura militar não seria um ato conservador – mas a continuação de instituições e uma cultura vigente. Aqui no Brasil, temos festas tradicionais, temos religiões tradicionais e temos uma moral dentro dos limites entre o “tudo pode” com “nada de libertinagem”. O grande problema do Brasil é a homogeneidade das camadas populares que acreditam em uma religião afro, onde evangélicos vão dizer que é do “demônio”. Tradicionalmente, desde sua fundação, o Brasil foi católico e sempre acreditou – pelo menos desde a sua independência – de um liberalismo mais progressista no sentido clássico do progressismo. De outro modo depois do século dezenove, o Brasil absorveu o progressismo positivista de Comte (alguns elementos da filosofia de Marx também, mas é um texto a parte).

Mas o porquê não se enxergam isso? Porque, como tudo, achamos que a grama do vizinho é mais verde, e importamos conservadorismos de plástico. Conservadorismos de famílias de margarina e nunca aceitamos a cultura do Brasil. De um lado isso é culpa de uma cultura avessa a leitura, um povo que não sabe nem mesmo sua historia. E outra confusão é confundir moralidades e moralismo, pois, moralidade e saber quais morais importantes são importantes, moralismo é uma imposição a alguma moral. O brasileiro é moralista no sentido de imposição. Impor não é convencer, impor é aquilo que você acha certo. O que deveria ser certo? O que deve ser errado? O mal ao outro – como violências – são errados, mas a visão moral religiosa depende do que se acredita.

 Mas o Brasil, como nação, nos tempos modernos – quase contemporâneo – e não nos tempos medievais. Mesmo que contemos elementos medievais dentro da nossa cultura, como o elemento escravocrata – que vieram primeiro com os indígenas e depois terminou com os negros africanos – onde ainda hoje é o elemento que não faz nosso país avançar na educação. Aliás, muitas ainda capitanias hereditárias (com suas famílias coronelistas ainda) ainda existem e só estão transvestidas de voto democrático. Na essência, o brasileiro médio nunca chegou a ser democrático e sim, defender seu politico favorito. Herança medievalista. O senhor do feudo tem que ganhar para os vassalos obedecerem. Nada mais.

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