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A Apoteose de Homero. Jean-Auguste Dominique Ingres. 1827 – Óleo sobre tela (386 x 515 cm) – Localização: Museu do Louvre |
Muito se tem perguntado sobre o que deveria ser a filosofia
em si mesmo, e como bacharel de filosofia, deveria saber, afinal. Li em algum
lugar que, quando se pergunta a um físico o que seria física, o físico sabe,
pois, o físico tem que saber as estruturas moleculares de um objeto e as fórmulas
e cálculos do especo e tempo. Mas, e um filosofo? Sabe o que seria a filosofia?
Porque, muitos traduzem o termo grego – que na verdade são dois –
“philosophia" em amor ou amizade ao saber, mas, vou muito mais a fundo. A
meu ver, filosofia é um meio onde poderemos destacar a racionalização da
realidade sem subterfúgio de modelos de símbolos mitológicos ou conceituais de
outra natureza. E nem estou dizendo se existem ou não, mas, nem sempre
poderemos explicar através desses refúgios. Ou seja, filosofia é uma ferramenta
racional de curadoria aquilo que acreditamos (como nossos valores e nossas
crenças) e fazer dele um “farol” dentro da escuridão da ignorância.
Mas o que seria ignorância? A etimologia do termo já nos
dará uma ideia muito valida que é ignorar. Se você ignora uma realidade ou um
objeto – que não conhecemos – então, somos ignorantes sobre aquilo. Muitas
vezes, somos ignorantes de aspectos muito simples como um misero inseto, ou que
escorpiões, por exemplo, são aracnídeos. Aliás, tem uma amiga que nem sabia o
que seria um escorpião. Existem pessoas que expõem algumas questões que não
sabem, pois, temos a cultura do dar opinião em tudo. Eu, particularmente, tenho
a tendencia de concordar com Platão: opinião não é conhecimento. Para Platão,
existia dois tipos de conhecimento: o doxa e a episteme. O doxa são as coisas
que sabemos e fazemos uma vaga e dizemos como preconceitos ou o que
acreditamos, enquanto a episteme, é o conhecimento mais profundo sobre algum
assunto.
Por que as pessoas acham que filosofia tem a ver só com
reflexão? A fome, a corrupção entre outras coisas, são matéria filosófica
porque tem a ver com ética e se há um filósofo que começou tudo sobre ética: Aristóteles.
Para começar, embora tenha sabedorias em outras regiões, a filosofia – como pensamento
envolvendo o “logos” – é grega e já no início do termo (com Pitágoras), tem a essência
grega. Portanto, a ética com seu espírito de união entre cultura, língua e a alma
de um povo é tão grego quanto ocidental. E digo isso gostando de muitas
sabedorias e espiritualidades orientais. O que acontece é que, ter elementos
que colaboram com a filosofia grega não quer dizer sua origem.
Dito isso, indo muito mais afundo, as questões politicas não
estão longe de cair dentro da rainha-mãe filosofia. Economia é aristotélica, liberalismo
nasce com Locke e Adam Smith assim como, o socialismo/comunismo foi Marx com
Engels. As ciências começaram com Tales em Mileto (hoje Turquia) e evoluíram para
um geneticista mapear o genoma. Enquanto Tales dizia que tudo vinha da agua, Aristóteles
dizia que tudo tinha uma essência, Darwin disse que tudo vinha da evolução de
vidas infinitas durante milênios. A física veio de Galileu e Newton, mas já pensada
por vários filósofos.
Dizer como meu amigo Miranda lá no X:
Será meditando que enfrentaremos as dúvidas que pairam
sobre nós, livres do fanatismo, seja religioso ou político. Assim fazendo,
sentiremos a necessidade de enfrentar a realidade escapando da ilusão. Da minha
parte, assumo e me desculpo pela insistência de lutar cotidianamente contra a
corrupção que grassa em nosso País e por considerar intolerável a existência de
uma polarização eleitoral entre dois populistas corruptos, apoiados
irrefletidamente pelos que cultuam estas personalidades.
E assim poderíamos perguntar: o que é ilusão? Platão dizia
que a matriz de todas as coisas ficava no mundo das ideias, Aristóteles discordando
do seu mestre, colocou essência nas coisas e disse que no bloco de granizo havia
um potencial de virar uma estátua. E assim, poderemos ver isso hoje, como uma ilusão
usada para dizer que existe um outro objeto perfeito e que estamos sempre com
uma essência. A meu ver, pode existir somente a continuação da consciência e
somos o que se precisa ser como o filme Avatar. Ainda, esse pequeno pedaço do
texto dele, diz muito de ética, razão e nos tira muito da ilusão ideológica. É quase
um manifesto estoico. Mas há um problema: a realidade esta imposta e não tem
como fugir. A razão que disse no outro texto, tem a ver muito mais com outras questões
em enxergar a realidade e sair da “Matrix” das ideologias e narrativas.
O que é a política? Essa é a questão.
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