sábado, 7 de outubro de 2023

Rebelde Estudioso

 

 





A persistência é o melhor caminho do êxito.

Charles Chaplin

 

 

Uma das milhares de frases e pensamentos que eu cunho, um deles, é que o maior meio para ser um rebelde é estudar e buscar o conhecimento. Porque, com o conhecimento, isso nada tem a ver com conotações politicas ou religiosas – no sentido das ciências politicas ou das teologias da vida – mas, nossa natureza intrínseca de sempre procurar saber. A questão aristotélica sempre foi uma incógnita para mim, porque como somos animais que temos sede de saber, ao mesmo tempo, existem pessoas que não querem saber e se orgulham disso? Saber é sair da minoridade, como disse Kant, porque é sair das questões banais e se aprofundando da realidade. Mas, como diria Cassirer, o homem se aprisiona do tempo (passado, presente e futuro) porque temos a necessidade de simbolizar tudo.

Porém, mesmo que conceituamos a realidade, estamos nela e não dará para perceber fora dela. Esse saber pode ser definido como conhecimento adquirido por meio de um estudo, de experiencia e de reflexão. Pode abranger um conjunto de informações, habilidades e compreensões que uma pessoa pode adquirir ao longo da vida. Mostrando que, na verdade, somos animais curiosos. Por causa da nossa ascendência primata? Talvez. Por sermos animais curiosos temos sede de saber e de parecer que gostamos de saber – como uma curiosidade inata que pode ser explicada em explicações espiritualistas – e que temos essa sede por uma certa necessidade. Indo muito mais além de Aristóteles, temos necessidade de saber. Mas, ao mesmo tempo, uma pergunta vem a cabeça: por que existem pessoas que não se interessam?

Medo. Tudo que o ser humano teme, ele rejeita por natureza e uma dessas varias coisas são o conhecimento. Ora, muitos pensadores colocaram em questão se o discurso de algumas outras pessoas – em discursos políticos ou não – poderiam fazer essas pessoas sentirem medo de conhecer e sentir medo daquilo que elas desconhecem. Uma frase de uma musica do Legião Urbana é bastante enigmática, pois, “o medo de sentir medo” sempre rondou varias áreas do pensamento humano. Afinal, como diria Mestre Yoda (Star Wars): o medo traz o ódio, o ódio traz o lado escuro da FORÇA. Ou seja, tudo que podemos odiar sempre é algo que ignoramos e assim, estamos falando entre conhecimento e ignorância. Então, essa “sede do saber” aristotélico é a necessidade de sair da ignorância e acaba caindo inevitavelmente, na questão socrática-platônica do “conheça-te a ti mesmo” como uma “sede de saber”. Uma necessidade.

Mas, sobre a ignorância e o conhecimento, os filósofos budistas têm uma interessante resposta na filosofia oriental (como os yogis na filosofia hindu). O interessante é que o ocidente pensa – pelo menos, quem não estudou o budismo e o hinduísmo a fundo – que a ilusão e a “morte” do ego, tem a ver com o esquecimento do EU que somos. Não é nada disso. Os budistas falam que tudo que conhecemos tem um nome e esse nome é condicionado em nossa mente, mas, na verdade, os objetos são meras coisas que interagimos com elas. Uma maçã é só uma maçã porque aprendemos a chamar de maçã, mas, é só um fruto que nos alimenta e que comemos para saciar nossa fome. Só isso que devemos esperar da maçã. Assim como nosso EU (EGO), é apenas aquilo que fazem de nós como uma “caixinha” que devemos ficar, mas, só devemos esperar algo de nós aquilo que somos. Ou seja, conhecer a nós mesmo e ficar no momento presente.

Há uma discussão muito grande dentro da academia e até entre filósofos, ate que ponto a filosofia enquanto pensamento grego teve influencia oriental. Porque o pensamento simbólico (como conceitos) já era realidade entre eles e ate mesmo, há uma leva de pensadores que dizem ser Pitágoras era, ne verdade, o Buda Sakiamuni – por causa do seu surgimento repentino e seu sumiço – o que não vejo tão correlação. Mas, tem alguns pensamentos, como de Heráclito, que poderíamos até dizer ter uma ligação entre aquilo que flui dentro do tempo. Ou seja, o sofrimento do ser humano só é o apego dele sobre coisas que só são conceitos e não tem tanta importância, porque ou vão apodrecer ou vão morrer. Se você não come uma banana, ela não vai esperar você a comer, ela vai apodrecer sem você querer ou não. Para os filósofos budistas (e para Buda histórico e até mesmo, para Jesus), tudo que está dentro da linha do tempo morre ou falece como se o tempo engolindo seus filhos. Nascemos nele para sofrer doenças – muitas vezes – e para ter alegrias, porque a grande parte da humanidade, vive na ilusão no apego a bens materiais e não buscam o conhecimento.

Voltamos a questão aristotélica metafisica do conhecimento. Uma pergunta epistemológica (como a frase do filosofo) não pode faltar: o porquê conhecemos e o porquê construímos conhecimento? Será mesmo por causa da nossa necessidade de conceituar as coisas?

 

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior

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