Sociedade hipócrita, pessoas
fúteis, egoístas e interesseiras.
Khan Alniz
Amauri Nolasco Sanches Júnior
Poderiam dizer que a deficiência poderia me incomodar, porém,
a questão da deficiência tem uma outra terminologia e entendimento, dentro da
questão ótica do corpo, para mim. Por outro lado, muitos deficientes vem me
incomodando bastante com atitudes que não ajudam a acessibilidade e a aceitação
da deficiência dentro de uma ótica maior social – até mesmo uma maior aceitação
do corpo com deficiência – que ainda vê a deficiência ou como uma doença, ou
como um mal a ser purgado por pecados de antepassados ou alguma coisa que tenha
feito em uma outra vida. Nesse contexto,
diríamos que o caráter de um indivíduo não pode ser medido por sua cadeira de
rodas (ou outro aparelho ou deficiência), porque tem a ver com o que você é
dentro de um contexto maior.
Artigos acadêmicos mais sofisticado – não menos analítico –
começaria essa análise dizendo o conceito de preconceito em Foucault. Claro, em
matéria de preconceito e normalidade, poderemos encaixar muito bem a questão da
normalidade social que o filosofo francês Michel Foucault (1928-1984) tanto
investigou. Na verdade, Foucault fez uma investigação sobre a discriminação dentro
de uma ótica muito abrangente – até mesmo com uma vasta pesquisa da idade média
– e que poderemos, porventura, usar nesse artigo que abortara o corpo com
deficiência e mostrar que uma coisa é ter um corpo com deficiência, outra coisa
é ter atitudes para ganhar ainda mais evidencia dentro da ótica singular. Mas,
eu alguns aspectos não poderemos concordar, porque segundo o filosofo, há
dentro de qualquer preconceito, um discurso de controle governamental que
quer o controle da grande massa. Mas, o que poderia interessar, por exemplo, um
preconceito de pessoas de outra etnia se acontecera um aumento substancial da
questão da mão de obra? Podemos colocar diante da análise de Foucault, talvez,
uma percepção da cultura europeia e o ressurgimento, ora sim ora não, de
movimentos reacionários de propagação de um passado inexistente.
O discurso do preconceito e da discriminação – em vários
períodos históricos – são culturais e se são culturais, tendem a abarcar ate
mesmo o discurso político. Mas, nos deparamos em uma ótica diferente, quando
vimos que o aspecto do nascimento do antissemitismo como uma “intriga” de
industriais burgueses fizeram para eliminar a concorrência (como os fetos da
Pepsi ou o hamburger de minhoca do McDonald) e que culminou em última análise
no holocausto nazista. Daí a análise foucaultiana é certa e deve ser adotada,
mas, com a deficiência é algo diferente. Poderemos dizer, que a essência ou a
raiz do pensamento capacitista vem de uma crença que existem pessoas superiores
(pessoas com o estereotipo normativo) e outras inferiores (com o estereotipo
não normativo), que são hierarquizadas de acordo com certas habilidades físicas
ou laborais (de trabalho).
Muitas vezes, esse capacitismo resulta em uma inclusão ou
ate mesmo, assedio moral e sexual, e indo além, a morte. Existe a famosa história
que Hitler ao assinar o decreto da eliminação de pessoas com alguma deficiência
chorou, não faz desse decreto algo suave. Mas, mostra, que havia – e de algum
modo ainda há – uma visão preconceituosa que as pessoas com deficiência são
“sofredoras” e que só é feliz com a perfeição. Isso é alimentado desde a
pré-história, quando o ser humano era nômade e muitas pessoas no mesmo clã não
poderiam ser aceitas, ou se fosse pela deficiência (como forma de atrasar o
clã), velhice (como forma de lentidão do clã) ou doentes (como a parada
frequente do clã). Em uma análise profunda, as questões da pré-história são de
fato, enterradas em um passado distante e deveriam ficar lá como o resto dos
preconceitos que ainda assombram a sociedade.
Se poderemos dialogar com Foucault diante do discurso dominante
de ainda achar que o corpo com deficiência não é um corpo funcional, com a
filosofia da diferença de Giles Deleuze (1925-1995). A filosofia da diferença
proposta por Deleuze apresenta uma abordagem crítica e inovadora em relação às
tradições filosóficas que priorizam a identidade em detrimento da diferença.
Essa perspectiva nos desafia a repensar as formas estabelecidas de nos relacionarmos
com o mundo, com os outros e conosco mesmos, permitindo-nos acolher a diferença
e afirmar as singularidades. Além disso, essa filosofia também se configura
como uma crítica à visão tradicional que tende a estabelecer identidades fixas
e categorias rígidas.
Se essa filosofia (da diferença) tem a configuração como uma
“critica a visão tradicional de mundo”, então, podemos afirmar, que a filosofia
da diferença de Deleuze tem a ver com o único. Mas – que podemos concordar com
ele – não é uma visão identitária dentro de um prognostico do preconceito. Mesmo
assim, a visão da deficiência é quebrada dentro da questão máxima do
capacitismo. Mas tem um outro lado.
Se a sociedade tem uma certa visão do corpo com deficiência como
algo incapaz ou sofredor, por outro lado, existem pessoas com deficiência que
aproveitam da deficiência. Como dissemos antes, uma cadeira de rodas (ou outro
tutor de locomoção) não pode ser métrica nenhuma para ser colocado como se a
pessoa tem caráter ou não. Sempre temos que lembrar que a raiz dos termos
caráter tem a ver com ETHOS que é, segundo Werner Jaeger, o espírito do mundo
grego. Muito recentemente, ETHOS passou a ser tratado coimo o espírito de uma nação
ou povo (até mesmo, época). Ou seja, quando dissemos que depende do caráter de
um indivíduo, devemos nos focar naquilo que a cultura traz. Mas, o que a nossa
cultura nos traz como educação? Se submeter a grande maioria ou a instituições para
conseguirmos algumas coisas? Nos ensinam que as leis são para os outros e não para
si também?
A questão da Leandrinha – como de todos os influencers com
os sem deficiência – tem a ver com o gosto do publico e como o publico reage em
certas atitudes. Porque sabemos – com certeza – que somos criados desde a infância
(desde os anos 80 do século passado), com a visão que vídeo tem que ter entretenimento
e não modos educacionais. Muito poucas visualizações tem vídeos de coisas
relevantes e que tenha certa relevância, seja dentro de qualquer mídia social. O
nosso Instagram – onde eu escrevo coisas de filosofia e alguns pensamentos – não
tem curtidas porque não se submetemos a modas passageiras e coisas afins.
Portanto, por mais que sabemos que há sim um capacitismo
muito grande, Leandrinha só é produto de uma cultura do “maria-vai-com-as-outras”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário