domingo, 19 de novembro de 2023

O MENINO AUTISTA DA RIACHUELO E A VIOLÊNCIA CONTRA PCDs

 



Amauri Nolasco Sanches Junior 



Dia 17 de novembro circula um vídeo onde uma mãe pede para gravar um vídeo e denuncia uma agressão contra ela e seu filho dentro de uma loja Riachuelo na Bahia (segundo relata o apresentador Marcos Mion, pai de um autista e ativista dos direitos do autismo). segundo ela, a lojista depois de atendê-la com seu filho, teria gritado “não me mande mais essas bombas” e se revoltou pedindo respeito. Logo depois da repercussão, a lojista foi demitida e gravou um vídeo dizendo não se referir a mãe e a criança, mas, o outro cartão que não é a Riachuelo. Como o youtuber Diego Rox - que também tem um filho autista - o que vimos foi a dor da mae que explodiu naquele momento que, sem muito esforço para entender, deve ter ouvido muito na vida por causa do seu filho. 

No começo desse ano, escrevi um artigo sobre cachorrinhos poderem ir em shoppings e PCDs não, em um modo provocativo para a reflexão. Mas, pelo que vimos no video - quando vamos mesmo no shopping e existem vendedoras que nos tratam diferentes mesmo - não esta muito fora de uma verdade, já que pessoas com deficiência não podem sair sem antes aguentar cara feia. Aliás, existe um paradoxo muito sério - que irei tratar em um outro texto - que quando saio com minha noiva pais de crianças com deficiência nos olham com cara feia, como se não quisessem que seu filho visse dois cadeirantes namorando. 

Em meu  livro “Clube das rodas de aço: Tratado do Capacitismo” eu destaco na primeira linha que “Um deficiente não nasce deficiente e sim, se torna deficiente pelas imagens (estereótipos) que a sociedade o dará.”. Mostrando - como a filosofa feminista-existencialista Simone de Beauvouir - que ha uma imagem normativa imposta que trata o deficiente como inferior e quem não tem deficiência como seres superiores. O capacitismo - como teoria - tenta estudar o fenômeno do pré-conceito como um discurso implantado como norma para mão-de-obra social. 

Num modo linguístico - onde se estuda a língua e sua normatividade - o sufixo nominal “-ismo”, de origem grega, constrói termos que designam conceitos de ordem geral, por exemplo, alcoolismo, ou pode servir como formar substantivos e adjetivos que exprimem ideias de doutrinas religiosas, sistemas políticos, fenômenos linguísticos e literários, ou terminologias científicas. Dai vem o termo “capacitismo” colocando o termo capaz-ismo, mostrando uma atitude de exclusão por causa da sua condição corporal entre aquilo que é normativo e aquilo que não é normativo. O que seria algo excluído em um corpo incluído socialmente? 

A meu ver, igualdade não é o mesmo de equidade. Do mesmo modo, exclusão e inclusão não é o mesmo de aceitação, pois, nascemos já inclusos dentro de uma sociedade e isso não muda. Aceitar a condição humana é uma questão de humanismo, deveria ser uma condição de ver o outro como um igual e deixar esse estereótipo para lá. Primeiro, por causa de uma visão médica (medicalismo) em que o corpo tem que ser “arrumado” para caber na normalização, porque para sermos felizes temos que andar etc. Depois, segundo eu vejo, ha uma relativisação do preconceito (capacitismo) ora quando contam uma história triste, ora quando é a família, ora quando é conhecido etc. 


Ou lutamos ou não. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário