segunda-feira, 25 de dezembro de 2023

A METAFÍSICA DOS INFLUENCERS

 








Amauri Nolasco Sanches Junior 



Em uma ida ao shopping, poderemos ver várias filas em vários estabelecimentos que nos fazem questionar: o porque as pessoas aceitam uma fila? Claro, em um modo muito mais técnico, digamos assim, é o modo de organização de um local para o atendimento. Mas, e se esse local - como quiosques do Méqui - tiver bastante? Por que não optar por outros quiosques com sorvetes diferentes? Muitas marcas poderosas - com inúmeras propagandas - condicionam a vontade (ou de pessoas acríticas ou crianças) da grande massa. Ou seja, as pessoas estão dentro do “efeito manada” onde influenciadores e páginas transvestidas de fofocas atuam. 

Sou filósofo, mas tenho diploma de publicidade e sei a questão do efeito manada como algo parecido dentro de uma boa propaganda. Porque, indo muito mais a fundo, uma propaganda é uma imagem e um roteiro. Nada diferente dentro do jornalismo que vemos. Acontece que perfis do tipo da Choquei - que se envolveu um suicidio de uma moça por causa de notícia falsa - tem a ver com isso de divulgação de imagem de artistas (por encomenda, como sempre teve na mídia)  e com o “asssassinato de reputação”. O famoso cancelamento. Poderíamos colocar como uma “coisa orquestrada”, mas, além do que todo mundo está dizendo - afinal, se eu quisesse pensar ou agir como todo mundo, não teria feito nem o ensino médio - temos que olhar no prisma da filosofia. 

No caso da propaganda do “Méqui”, ha um estimulo de se consumir aquele sorvete, aquela “casquinha”. Mas, se a pessoa tiver um pouco de discernimento  vai escolher a casquinha do “muuu” que não é conhecida, porque eu gosto de sorvete e não ligo para marcas. Posso tomar um milkshake da Cacau Show - que dizem que financia esse tipo de página - ao invés de tomar do “Méqui”, porque gosto mais. Por que isso acontece? Porque eu sei dos meus gostos e sei das minhas vontades, eu controlo elas ao meu bel prazer porque eu tenho conhecimento delas. A meses não como no “méqui”, assim como não faço o que a maioria faz. A questão de eu ler e estudar - assimilar, o que não acontece com a maioria - tem a ver em ver o mundo além daquilo que nos condicionam. 

Eu gosto da filosofia budista no que consiste em rever conceitos, pois, dentro de qualquer filosofia, tem-se em mente que o filósofo pode rever um conceito ou construir outros. A algum tempo eu discuti com um rapaz que não entendeu a questão da cena da colher no filme Matrix e meteu Kant no meio. A questão da colher é uma questão de imagem condicionada de algo concreto, pois, a colher é um objeto transitório entre os seres que sabemos que existem e o meu conceito da colher. Se a colher passar por um processo de reciclagem, ela vai se tornar algo diferente. Ou, a colher poderia ser outra coisa. 

Daí entramos nos influenciadores. Há uma diferença entre os influenciadores (uma espécie de novo publicitário) e criador de conteúdo. Eu, por exemplo, sou criador de conteúdo por escrever em um blog e, às vezes, gravar alguns vídeos no Kwai. Mas não mudo os comportamentos de ninguém ou influencia ninguém a comprar nada (a não ser meus livros). O influenciador tem a ver de influenciar a opinião ou o comportamento por causa de um interesse de determinada corporação. Agencias como a Mind8, agenciam muitas paginas de fofoca e pessoas famosas para “gatilhar” essas pessoas famosas, mas existem influenciadores menores ganhando com jogos de azar ou sorteios de apartamentos sem verificações de onde é esse apartamento. 

Ai cairmos no exemplo do sorvete do “méqui” de novo. Assim como existem outros sorvetes que podemos comprar, existem pessoas muito mais relevantes que podem agregar muito mais a nossa vida. Por que vou querer saber da vida dos outros ou que tal influenciador está na Disney? Pior ainda, por que eu vou querer seguir pessoas que mostram ir em baladas? Metafisicamente - no que se diz respeito a Teoria da Realidade - tem a ver com nossas emoções de querer algo que só vai olhar. A maioria das moças que têm Onlyfans, por exemplo, nunca vão chegar a ganhar “fortunas” por causa do site, assim como existem influencers menores que nunca vão entrar na Mind8 (da Preta Gil). A maioria dos homens seguem mulheres que não existem - tudo não passa de fantasias e uma falta dentro de si - assim como, ir hatear alguém pode dar visualização para uma vida medíocre. O ídolo também passa por esse processo. 

O que é um ídolo? Um ídolo é aquele que é eleito por nós como uma imagem, representação ou pessoa que é adorada como se fosse tratada como uma divindade. Quando as pessoas olham um quiosque do “méqui” elas não estão vendo a instituição McDonald 'se sim uma representação (poderemos chamar de  méqui) daquilo que muitas décadas vem sendo feito, como páginas (digamos assim) tuitando fofocas (nada agrega). Na verdade, essa representação não existe, comer um lanche ou um sorvete, só vai mostrar um pseudo-status de representação de importância. Mas, que importância? Qual seria a importância subliminar comer no Méqui? 

Talvez, o que chamo de Paradoxo da Fila, tenha a ver com a representação daquilo que temos que esperar, mas, se torna um paradoxo porque várias formas desse mesmo estabelecimento esta no mesmo espaço. 


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