sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

O PRECONCEITO E A FILOSOFIA





Amauri Nolasco Sanches Junior


A realidade (como verdade) tem duas posições: uma verdade tem o aspecto de ser imanente (existe independente da nossa consciência) e a verdade subjetiva (as nossas crenças). Nitidamente podemos ver que atos de preconceito tem a ver com as verdades subjetivas - contendo crenças - não só crenças religiosas, mas crenças dentro das visões fanáticas. O influencer Renato Cariani não esta sendo julgado porque é ou não envolvido com vendas ilegais, mas porque tem uma foto com o ex -presidente Jair Bolsonaro (PL). Assim como Jojo Toddynho - vítima de racismo porque não aceitou um presente - não vai se defendida pelo movimento negro porque disseram que ela é bolsonarista.

Assim como outras celebridades não vão ser defendidas - e não sao - porque sao lulopetistas ou votaram no presidente Luiz Inacio Lula da Silva (PT) com os dizeres: “faz o L”. As pessoas não sabem, mas, essas atitudes são de preconceito. E o filósofo Michel Foucault (1926 - 1984) disse - em um livro que não li - que o racismo (preconceito em um modo geral) tem a ver com a dominação coletiva. Quando a Jojo ouviu “esses negros são arrogantes!”  foi uma frase de cunho racista de trezentos anos de escravidão e um discurso para “normalizar” cada ato, e não enteressa se apoia A ou B, continua sendo racismo. 

Mas e o capacitismo? O capacitismo é uma visão de normalidade do corpo excluindo pessoas deficientes dentro da sociedade, pois, não está dentro da normalidade. Daí entra a verdade imanente e a subjetiva, porque a verdade imanente vai se impor com a existência do corpo deficiente independente daquilo que você acha ou não. A incapacidade dele são crenças dentro de um discurso de normalidade que antigamente, talvez, fizesse até sentido de um modo prático, mas, hoje não faz nenhum sentido. Com a tecnologia transcendendo o corpo - como capaz e incapaz - o momento de quebra de paradigma é agora. 

Muitas pessoas colocam o capacitismo como ignorância - como a esquerda gosta de ser didática e adotou esse discurso - mas, pelo que eu vejo, não é muito a verdade. Li uma notícia que alunos com transtornos do espectro autistas do curso de psicologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) foram vítimas de capacitismo no Centro de Filosofia de Ciências Humanas (CFCH), onde o curso é dado. Ora, na teoria - principalmente no que se refere a Immanuel Kant (1724-1804) - o preconceito seria como uma opinião ou concepção pré-formada sobre algo ou alguém, geralmente baseada em estereótipos e generalizações. Ou melhor, o que vimos no exemplo acima, mas no exemplo capacitista tem a ver da ideia medicalista (vide positivista do especialista) que o autista é um paciente, não pode ser um deles. 

Kant argumenta, que o preconceito é uma forma de ignorância e deve ser combatido através da busca do conhecimento e da formação do senso crítico. Segundo o filósofo, a educação é fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Será mesmo? Possivelmente. Mas, há uma pergunta muito importante: porque o brasileiro, mesmo com o “conhecimento”, não muda de comportamento? Quando entramos em uma universidade - como eu já entrei presencialmente - os alunos gostam das mesmas músicas como todo mundo, gostam dos mesmos programas, os rapazes discutem mulheres e carros etc. Por isso mesmo eu coloquei conhecimento entre aspas, pois, a educação brasileira não tem conhecimento de informação. 

Não à toa, nos vários banheiros femininos foram vandalizados com várias frases que são contra o direito das pessoas com autismo estudarem e exercerem psicologia. Frases como: “Autista Psicólogo é ridículo!”, “Autista nesse curso é ridículo”, “fora autista” e “Ninguém quer ser atendido por um autista” (sic), são contra até mesmo, dentro do que se diz sobre a ética. Na filosofia, ética (ETHOS) tem a ver com o estudo de assuntos morais ou modo de ser e de agir dos seres humanos. A ética na filosofia quer descobrir o que faz motivar cada um a agir em determinada maneira, se diferencia também o que significa o bom e o mau, e o mal e o bem. A meu ver, a questão ética vai muito mais além de meros estudos sobre a moral - que a grande maioria brasileira sempre relativiza - mas, um ponto a seguir dentro da prática cotidiana. Ou seja, os cursos dão o técnico, mas não dão a ética. 

Além do mais, se é para pensar como todo mundo pensa, a meu ver, nem eu faria o ensino médio.


Nenhum comentário:

Postar um comentário