Amauri Nolasco Sanches
Júnior
(bacharel em filosofia)
A ideia dessa moçada é: “democracia só pra quem convido
pra jantar na minha casa”.
Tenho muito mais medo do Estado do que das plataformas.
(Luiz Felipe Pondé /X)
Somos um povo com uma cultura que se rende a subjetividade,
ou seja, como o Pondé disse, uma democracia é só para aqueles que concordam
comigo. Na filosofia nos perguntamos: o que é isto? Porque, como filósofos que
somos, não podemos ter certezas de nada e nem que sabemos de alguma coisa. Os estoicos – desde Crisipo – pensavam que
nem tudo é o material, mas, o corpo era algo muito chave dentro da realidade.
Daí a pergunta que sempre mostra a subjetividade em um modo didático: por que
matamos baratas e não borboletas? Qual ideia nos prendem dentro do nojo de uma
barata e não de uma borboleta? Afinal, uma borboleta pode pousar em um esterco
também.
Corpos são corpos. Tecnicamente – dentro de teorias físicas –
a mesma matéria que compõem uma borboleta, também compõem a barata. Mas o que
faz uma barata ser barata e uma borboleta ser uma borboleta? Em sua origem,
segundo a biologia, insetos vieram dos crustáceos, ou seja, insetos são
parentes dos caranguejos e ainda, as baratas já viviam com os dinossauros. Biólogos
dizem que, ainda, baratas são parentes dos cupins, sendo assim, de algum modo, baratas
evoluíram para serem solitárias e cupins em sociedade. Mesmo assim, matamos
cupins e baratas e não borboletas (que pode ter pousado na merda). E qual é a
questão aqui? A subjetividade.
Se aceito a democracia só quem eu convido para meu jantar,
como disse Pondé, é porque as pessoas ainda são muito passionais (ou como dizem
por ai, muito “emocionadas”). Pensam que tudo é um grande “combo” que você
compra junto, e se você dizer uma coisa fora desse “combo”, você é do outro
lado. Como no exemplo que citei, baratas são baratas e borboletas são
borboletas, mas ambas são insetos que podem espalhar bactérias. O medo do
ESTADO do Pondé vem do fato que não importa o governo, os mais fracos vão sofrer
e vão sempre serem explorados. Não é porque sou libertário que não vou assumir
isso.
E é ao que a coisa toma o rumo estoico, porque o ceticismo da
realidade se torna um maior desejo de entender ela. Ou seja, os estoicos
antigos – os contemporâneos são todos uma “mentira” – achavam o corpo algo do fenômeno
da relação entre nós e a realidade. A realidade é o corpo e a alma é o “sopro
da vida”. Diferente do platonismo, os estoicos não viam a alma como algo
separado do corpo e assim, da realidade. Mas o que seria realidade? a realidade
contem meios de se autoimpor dentro do limite do livre-arbítrio? Talvez. Claro que
no tempo dos estoicos (verdadeiros), tinham uma noção da liberdade diferente do
que temos hoje. Hoje, na modernidade, graças ao cartesianismo e logo depois, a
fenomenologia – onde o existencialismo herda alguns aspectos – a realidade
depende de outros fatores além da visão de os tatos e a consciência tem a ver
com isso.
Por que as pessoas tendem a ter o espírito de rebanho?
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