sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

FACEBOOK VALENTE

 


Amauri Nolasco Sanches Júnior

(bacharel em filosofia)

 

 

A ideia dessa moçada é: “democracia só pra quem convido pra jantar na minha casa”.

Tenho muito mais medo do Estado do que das plataformas.

(Luiz Felipe Pondé /X)

Somos um povo com uma cultura que se rende a subjetividade, ou seja, como o Pondé disse, uma democracia é só para aqueles que concordam comigo. Na filosofia nos perguntamos: o que é isto? Porque, como filósofos que somos, não podemos ter certezas de nada e nem que sabemos de alguma coisa.  Os estoicos – desde Crisipo – pensavam que nem tudo é o material, mas, o corpo era algo muito chave dentro da realidade. Daí a pergunta que sempre mostra a subjetividade em um modo didático: por que matamos baratas e não borboletas? Qual ideia nos prendem dentro do nojo de uma barata e não de uma borboleta? Afinal, uma borboleta pode pousar em um esterco também.

Corpos são corpos. Tecnicamente – dentro de teorias físicas – a mesma matéria que compõem uma borboleta, também compõem a barata. Mas o que faz uma barata ser barata e uma borboleta ser uma borboleta? Em sua origem, segundo a biologia, insetos vieram dos crustáceos, ou seja, insetos são parentes dos caranguejos e ainda, as baratas já viviam com os dinossauros. Biólogos dizem que, ainda, baratas são parentes dos cupins, sendo assim, de algum modo, baratas evoluíram para serem solitárias e cupins em sociedade. Mesmo assim, matamos cupins e baratas e não borboletas (que pode ter pousado na merda). E qual é a questão aqui? A subjetividade.

Se aceito a democracia só quem eu convido para meu jantar, como disse Pondé, é porque as pessoas ainda são muito passionais (ou como dizem por ai, muito “emocionadas”). Pensam que tudo é um grande “combo” que você compra junto, e se você dizer uma coisa fora desse “combo”, você é do outro lado. Como no exemplo que citei, baratas são baratas e borboletas são borboletas, mas ambas são insetos que podem espalhar bactérias. O medo do ESTADO do Pondé vem do fato que não importa o governo, os mais fracos vão sofrer e vão sempre serem explorados. Não é porque sou libertário que não vou assumir isso.

E é ao que a coisa toma o rumo estoico, porque o ceticismo da realidade se torna um maior desejo de entender ela. Ou seja, os estoicos antigos – os contemporâneos são todos uma “mentira” – achavam o corpo algo do fenômeno da relação entre nós e a realidade. A realidade é o corpo e a alma é o “sopro da vida”. Diferente do platonismo, os estoicos não viam a alma como algo separado do corpo e assim, da realidade. Mas o que seria realidade? a realidade contem meios de se autoimpor dentro do limite do livre-arbítrio? Talvez. Claro que no tempo dos estoicos (verdadeiros), tinham uma noção da liberdade diferente do que temos hoje. Hoje, na modernidade, graças ao cartesianismo e logo depois, a fenomenologia – onde o existencialismo herda alguns aspectos – a realidade depende de outros fatores além da visão de os tatos e a consciência tem a ver com isso.

Por que as pessoas tendem a ter o espírito de rebanho?

Nenhum comentário:

Postar um comentário