Amauri Nolasco Sanches
Júnior
(bacharelado de
filosofia)
: "Só aqui no Twitter que ao invés de comemorarem
uma vitória do Brasil, ficam nessa de 'em quem ela votou?', 'ain mas Lei
Rouanet', 'ain mas ela fez o L'.
(Peter Jordan/X)
Por que as pessoas emburreceram? Minha mãe – uma mulher dona
de casa e que lia livros direto – me incentivou muito ter o hábito da leitura e
entender o mundo na perspectiva da liberdade. Eu e meus irmãos não éramos criados
dentro de religião nenhuma, não éramos criados em ideologias políticas nenhuma (minha
mãe só não gostava de a gente ler coisas de ditadores e virassem exemplo) e
assim, construirmos nosso caráter sem sequer pedir benção para ela. Ela dizia
que o mais importante do que pedir benção, era respeitar nossos pais e nossa família
e cada um tem sua vida, e mesmo assim, somos irmãos e devemos cuidar uns aos
outros.
E como leitora, minha mãe me confessou um dia – eu conversava
com ela direto – que teve aula de filosofia e que gostava de ouvir as histórias
dos filósofos. Mas não conseguia ler filosofia. Porém, gostava de dois
escritores consagrados como clássicos, Sidney Sheldon e Agatha Christie, onde
ganhou a biografia de Sheldon de presente e eu herdei (ainda não li). Fomos “forjado”
nos livros, no rock e no que há de mais intelectualizados que poderíamos ser
criados e ainda, ter uma espiritualidade livre sem se amarrar em nada e ainda
ter a moral e a ética de Jesus (verdadeiramente). A dona Itália (como nossos
amigos o chamavam), odiava fanatismo e tinha medo de um dia nos fanatizamos. E aprendemos
a amar o Brasil (meu irmão não, ele não gosta da cultura brasileira e é um
direito dele).
Minha mãe forjou
pessoas que prestam a atenção naquilo que interessa e aquilo que é bom e belo,
sempre quando eu, brincando, dizia que ela era descendente dos romanos e ela me
respondia: “bela porcaria, um povo que destruía e escravizava”. Essa era minha mãe,
uma mulher que acreditava na liberdade, no respeito ao próximo e sempre ficava
com “a pulga atras da orelha” com a pergunta “Deus existe?”, por outro lado,
era católica não praticante. Eu aprendi mais porque, com minha deficiência, eu
era muito ligada a ela e quando se foi, doente em uma cama de hospital, a
ultima coisa que perguntou para Dona Ilda (nossa diarista) se eu tinha comido. Quando
ouvi um sim, sorriu fechando os olhos.
Talvez, sua única despreocupação foi o caráter dos filhos, universitários,
minha irmã mãe, e a gente ser leitores críticos com um futuro certo de não fanatismo
de nada. Porém, com moral cívica de respeitar as pessoas, de respeitar o ser
humano e ser amante da liberdade. Dizia que a vida de cada um não interessa
para ninguém e odiava fofoca (como meu avô, pai dela). Talvez, a questão de sermos
criados dentro de um ato de leitura, nos fez ver o mundo com mais atenção e sem
ideologias. Fazendo uma analogia como sempre faço, sou um “jedi cinza” da filosofia
política, se preciso ir para a direita eu vou, se eu preciso ir a esquerda, eu
vou. Um libertário de verdade – não os de pé de orelha das redes sociais –
entendem que não se deve ter lado e sempre acreditar no caminho único. O bem-estar
de todo mundo.
por eu sintetizar melhor os livros que eu leio, talvez, eu
entenda melhor que não podemos trocar nossa liberdade por um misero ato de desespero.
Não se trata em um filme ideológico, até o rambo tem ideologia por trás, se
trata da historia do Brasil onde alguns impuseram a vontade que eles achavam certo
e atrasou o Brasil em 20 anos. Morreu só deputado do baixo clero, os excluídos e
tudo que não deveria morrer. Dizer que não sofreu por causa da ditadura é não enxergar
o obvio, inflação alta, economia estagnada, falta de escolaridade e
desenvolvimento (tecnológico e humanas). A questão da corrupção é um modo
cultural característico em países com muita burocracia e muita incapacidade de
enxergar além da subjetividade.
Ainda bem que tive a mãe que tive.
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