quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

O GLOBO DE OURO TERRORISTA

 





Amauri Nolasco Sanches Júnior

(bacharelado de filosofia)

: "Só aqui no Twitter que ao invés de comemorarem uma vitória do Brasil, ficam nessa de 'em quem ela votou?', 'ain mas Lei Rouanet', 'ain mas ela fez o L'.

(Peter Jordan/X)

Por que as pessoas emburreceram? Minha mãe – uma mulher dona de casa e que lia livros direto – me incentivou muito ter o hábito da leitura e entender o mundo na perspectiva da liberdade. Eu e meus irmãos não éramos criados dentro de religião nenhuma, não éramos criados em ideologias políticas nenhuma (minha mãe só não gostava de a gente ler coisas de ditadores e virassem exemplo) e assim, construirmos nosso caráter sem sequer pedir benção para ela. Ela dizia que o mais importante do que pedir benção, era respeitar nossos pais e nossa família e cada um tem sua vida, e mesmo assim, somos irmãos e devemos cuidar uns aos outros.

E como leitora, minha mãe me confessou um dia – eu conversava com ela direto – que teve aula de filosofia e que gostava de ouvir as histórias dos filósofos. Mas não conseguia ler filosofia. Porém, gostava de dois escritores consagrados como clássicos, Sidney Sheldon e Agatha Christie, onde ganhou a biografia de Sheldon de presente e eu herdei (ainda não li). Fomos “forjado” nos livros, no rock e no que há de mais intelectualizados que poderíamos ser criados e ainda, ter uma espiritualidade livre sem se amarrar em nada e ainda ter a moral e a ética de Jesus (verdadeiramente). A dona Itália (como nossos amigos o chamavam), odiava fanatismo e tinha medo de um dia nos fanatizamos. E aprendemos a amar o Brasil (meu irmão não, ele não gosta da cultura brasileira e é um direito dele).

 Minha mãe forjou pessoas que prestam a atenção naquilo que interessa e aquilo que é bom e belo, sempre quando eu, brincando, dizia que ela era descendente dos romanos e ela me respondia: “bela porcaria, um povo que destruía e escravizava”. Essa era minha mãe, uma mulher que acreditava na liberdade, no respeito ao próximo e sempre ficava com “a pulga atras da orelha” com a pergunta “Deus existe?”, por outro lado, era católica não praticante. Eu aprendi mais porque, com minha deficiência, eu era muito ligada a ela e quando se foi, doente em uma cama de hospital, a ultima coisa que perguntou para Dona Ilda (nossa diarista) se eu tinha comido. Quando ouvi um sim, sorriu fechando os olhos.

Talvez, sua única despreocupação foi o caráter dos filhos, universitários, minha irmã mãe, e a gente ser leitores críticos com um futuro certo de não fanatismo de nada. Porém, com moral cívica de respeitar as pessoas, de respeitar o ser humano e ser amante da liberdade. Dizia que a vida de cada um não interessa para ninguém e odiava fofoca (como meu avô, pai dela). Talvez, a questão de sermos criados dentro de um ato de leitura, nos fez ver o mundo com mais atenção e sem ideologias. Fazendo uma analogia como sempre faço, sou um “jedi cinza” da filosofia política, se preciso ir para a direita eu vou, se eu preciso ir a esquerda, eu vou. Um libertário de verdade – não os de pé de orelha das redes sociais – entendem que não se deve ter lado e sempre acreditar no caminho único. O bem-estar de todo mundo.

por eu sintetizar melhor os livros que eu leio, talvez, eu entenda melhor que não podemos trocar nossa liberdade por um misero ato de desespero. Não se trata em um filme ideológico, até o rambo tem ideologia por trás, se trata da historia do Brasil onde alguns impuseram a vontade que eles achavam certo e atrasou o Brasil em 20 anos. Morreu só deputado do baixo clero, os excluídos e tudo que não deveria morrer. Dizer que não sofreu por causa da ditadura é não enxergar o obvio, inflação alta, economia estagnada, falta de escolaridade e desenvolvimento (tecnológico e humanas). A questão da corrupção é um modo cultural característico em países com muita burocracia e muita incapacidade de enxergar além da subjetividade.

Ainda bem que tive a mãe que tive.

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