domingo, 5 de janeiro de 2025

O FETO ESTOICO

 



Amauri Nolasco Sanches Júnior

(bacharel em filosofia)  

Pois se uma pessoa volta a própria atenção para suas escolhas acionais e suas ações, ela conseguirá conquistar a possibilidade de prevenção. Se, no entanto, ela desviar a atenção de suas escolhas racionais para coisas que não estão sob seu poder, procurando evitar o que é controlado por outros, ficará então agitada, temerosa e instável.

EPICTETO, DISCURSOS, 2.1.12

Nesse último sábado (4), o influenciador Thiago Negri (primo rico) postou em suas redes sociais o feto abordado pela sua mulher, Maisa Cardi, que tecnicamente, seria seu filho. Daí poderíamos perguntar: qual o limite das pessoas de quererem obter engajamento e likes? Essa pergunta tende a uma reflexão mais elaborada dentro das questões de ética (caráter) e da moral (socialização), e isso o estoicismo pode nos orientar em um caminho muito parecido com o budismo: não se importar com aquilo que não se pode mudar. Você não pode mudar as pessoas, e se essa pessoa não te agrada, parem de seguir ou ver seus conteúdos. Aliás, deixei de seguir um monte de pessoas.

Além disso há uma questão além disso: a arte de dizer não. na filosofia – não os modernos e pós-modernos que começaram a ter viés políticos – sempre temos que dizer não e sempre temos que analisar as coisas mais profundamente. Afinal, como disse Platão, o conhecimento não é mera opinião, porque conhecer algo não é só uma forma de passividade e sim, uma forma de interação entre a realidade e nossa consciência. E a filosofia – como meio de racionalidade da realidade e meio de encontrar a verdade – tem que ser desvinculada da questão emocional e questões de direita e esquerda. Como o rock. O rock como meio da contracultura, não pode ficar refém de ideologias e de religiões (que acho, o gospel um gênero não-rock).

Por isso mesmo devemos dizer não. E sabemos que uma das coisas mais difíceis de fazer na vida é dizer um não, pois tudo vida uma desculpa e ficamos meios sem graça de “nadar contra mares”. Acontece que, marés são para aqueles que não sabem nadar, não sabem escolher as melhores formas de viver a vida e escolher aquilo que mais agrada ou esta direto nos seus valores. E dizer não para certas emoções também requer muita firmeza, muita audácia de ser mais logico nas suas decisões. Esse “tudo tenho que ter opinião”, gera um desgaste de ideias, você não cria mais. Você é levado ao extremo da idiotice.

Talvez se não tomarmos cuidado – como certas polemicas – serão sempre as imposições que vão controlar nossas vidas. Então, quando ver um post como o do Primo Rico (me deu nojo, olha que já vi de tudo), perceba que o poder do “não” está em nossas mãos e não vializar qualquer coisas e qualquer assunto. Um “não, muito obrigado!”, “não, não vou ficar preso a isso” e “não, simplesmente não posso nesse momento”, não te fara pessoas solitárias. Na verdade, muito antes de estudar as filosofias estoicas eu já discutia em vários textos o poder do “não”. Os cínicos antigos, também tinham tal prática.

 A pergunta de ouro (como diziam antigamente) é: por que eu tenho que comentar certos assuntos dentro das redes sociais?

Nenhum comentário:

Postar um comentário