sábado, 1 de fevereiro de 2025

DA LIBERDADE

 



Amauri Nolasco Sanches Júnior

(bacharelado em filosofia)

O que é liberdade pra você? No sentido mais amplo e profundo da palavra?   (Luna/X)

Minha amiga escreveu esse post a um dois dias e fiquei refletindo sobre o que seria liberdade, mesmo porque, é e sempre foi, objeto do meu estudo. Dentro da filosofia – seja qual for – a liberdade sempre foi uma questão de estudo e muita reflexão dentro de um pensamento logico. Isso porque a liberdade tem a ver com escolhas e responsabilidade, pois, a dinâmica social tende a ser entre aquilo que eu quero (vontade) e aquilo que posso fazer (ato). Em suma, poderemos dizer que o ser humano age por vontade, por racionalidade e por sentimentos dentro dos seus valores. E ai que esta  o paradoxo da filosofia antiga, medieval e moderna.

A antiga via a liberdade como algo que é dinâmico, os gregos na antiguidade, viam a liberdade como o poder se movimentar. Apesar de tudo, para Sócrates (o pai da filosofia ocidental), a liberdade é se autoconhecer, examinar a vida e ver se ela vale a pena ser vivida. Ou seja, a liberdade de pensamento é a liberdade de se filosofar, de olhar para o mundo e para os seus atos como se conhecesse de onde veio sua vontade. Na verdade, a meu ver, seja antiga, medieval ou moderna, a filosofia sempre colocou a liberdade como algo acontecido na vontade.

Daria mil exemplo dessa liberdade – já que passei a vida com deficiência física – de eu ficar em uma entidade beneficente, que não aceitava que tivéssemos autonomia. Em uma ocasião, meu amigo iria se casar e frequentávamos uma oficina abrigada (mesmo ele tendo outras atividades de ganhar dinheiro) e por ser deficiente a coordenadora disse que não poderia ter filho. Claro, um homem que vende bala no farol não tem tanto dinheiro para sustentar um filho, mas e tantos outros que tiveram e conseguiram? Mas, meu amigo fez a vasectomia e não teve filho. Daí temos uma questão: você deixaria sua vontade prevalecer ou só por causa da deficiência acataria um conselho de uma pessoa estranha?

Nesse caso, a renda pode não ser o único fator de temos ou não vontades e desejos. Schopenhauer dizia que a vida está entre a dor e o tedio, se meu amigo se arrependeu – porque ele nunca disse nada sobre isso – ele tem a dor de não ter realizado isso, mas se ele não ligou, ai vem o tedio, pois, ele conseguiu se esvair de responsabilidades. Aí vamos na minoridade humana kantiana de querer sempre um tutor para regular nossas ações. Lembramos que, a vontade é ação ou a consciência do objeto desejado, como, por exemplo, um sorvete de chocolate. Você pode não ter dinheiro para tomar o sorvete (dor), mas se tiver, tomara até encher (tedio). A meu ver, a liberdade do existencialismo (principalmente, da de Sartre), bem interessante.

Sartre dizia que “somos condenados a sermos livres”, ou seja, sempre estamos escolhendo um caminho como Alice ao perguntar para o Gato de Cheshire qual caminho seguir, ela diz não saber, e o gato diz que qualquer caminho serve. Ou seja, uma hora Alice terá que tomar a decisão de um caminho seguir, mas ela terá que tomar essa decisão sozinha e com a vontade de ter (ação) com o ato de potenciar essa vontade. Ter ou não filhos, tomar ou não um sorvete de chocolate tem a ver com a capacidade de se ter escolhas a seguir.

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