Amauri Nolasco Sanches
Júnior
(bacharelado em
filosofia)
O que é liberdade pra você? No sentido mais amplo e
profundo da palavra? (Luna/X)
Minha amiga escreveu esse post a um dois dias e fiquei
refletindo sobre o que seria liberdade, mesmo porque, é e sempre foi, objeto do
meu estudo. Dentro da filosofia – seja qual for – a liberdade sempre foi uma questão
de estudo e muita reflexão dentro de um pensamento logico. Isso porque a
liberdade tem a ver com escolhas e responsabilidade, pois, a dinâmica social
tende a ser entre aquilo que eu quero (vontade) e aquilo que posso fazer (ato).
Em suma, poderemos dizer que o ser humano age por vontade, por racionalidade e
por sentimentos dentro dos seus valores. E ai que esta o paradoxo da filosofia antiga, medieval e moderna.
A antiga via a liberdade como algo que é dinâmico, os gregos
na antiguidade, viam a liberdade como o poder se movimentar. Apesar de tudo,
para Sócrates (o pai da filosofia ocidental), a liberdade é se autoconhecer,
examinar a vida e ver se ela vale a pena ser vivida. Ou seja, a liberdade de
pensamento é a liberdade de se filosofar, de olhar para o mundo e para os seus
atos como se conhecesse de onde veio sua vontade. Na verdade, a meu ver, seja
antiga, medieval ou moderna, a filosofia sempre colocou a liberdade como algo
acontecido na vontade.
Daria mil exemplo dessa liberdade – já que passei a vida com
deficiência física – de eu ficar em uma entidade beneficente, que não aceitava
que tivéssemos autonomia. Em uma ocasião, meu amigo iria se casar e frequentávamos
uma oficina abrigada (mesmo ele tendo outras atividades de ganhar dinheiro) e
por ser deficiente a coordenadora disse que não poderia ter filho. Claro, um
homem que vende bala no farol não tem tanto dinheiro para sustentar um filho,
mas e tantos outros que tiveram e conseguiram? Mas, meu amigo fez a vasectomia e
não teve filho. Daí temos uma questão: você deixaria sua vontade prevalecer ou só
por causa da deficiência acataria um conselho de uma pessoa estranha?
Nesse caso, a renda pode não ser o único fator de temos ou não
vontades e desejos. Schopenhauer dizia que a vida está entre a dor e o tedio, se
meu amigo se arrependeu – porque ele nunca disse nada sobre isso – ele tem a dor
de não ter realizado isso, mas se ele não ligou, ai vem o tedio, pois, ele
conseguiu se esvair de responsabilidades. Aí vamos na minoridade humana kantiana
de querer sempre um tutor para regular nossas ações. Lembramos que, a vontade é
ação ou a consciência do objeto desejado, como, por exemplo, um sorvete de
chocolate. Você pode não ter dinheiro para tomar o sorvete (dor), mas se tiver,
tomara até encher (tedio). A meu ver, a liberdade do existencialismo (principalmente,
da de Sartre), bem interessante.
Sartre dizia que “somos condenados a sermos livres”, ou
seja, sempre estamos escolhendo um caminho como Alice ao perguntar para o Gato
de Cheshire qual caminho seguir, ela diz não saber, e o gato diz que qualquer
caminho serve. Ou seja, uma hora Alice terá que tomar a decisão de um caminho
seguir, mas ela terá que tomar essa decisão sozinha e com a vontade de ter (ação)
com o ato de potenciar essa vontade. Ter ou não filhos, tomar ou não um sorvete
de chocolate tem a ver com a capacidade de se ter escolhas a seguir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário