sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

SOU UM BOLSONARISTA DO LULA



Amauri Nolasco Sanches Júnior

(Bacharel em Filosofia)

 

Uma das melhores coisas que já fiz na minha vida foi contratar um psicoterapeuta. E isso tem ajudado a entender certas nuances do comportamento humano – através do meu e das pessoas em minha volta – e uma das coisas que fico bastante perplexo é a capacidade do brasileiro médio tem de se auto enganar que existe uma verdade. Não existe “verdade” no sentido de uma realidade universal moral, mas existem varias percepções daquilo que é certo ou aquilo que é errado. Matar alguém é errado em muitas ideologias morais (e religiosas), pois, você tira a vida do outro que é uma propriedade dele e só ele pode decidir (até, se fomos bastante rigorosos, a falência do corpo é uma decisão celular nossa) se deve ou não morrer. Assim como o estupro, você viola o corpo do outro como propriedade privadas.

Somos contingentes porque somos criaturas sempre em mudanças e tudo no universo é assim. Hoje o sol existe em todo seu esplendor, mas amanhã pode não existir mais por razões adversas e isso não esta ao nosso controle. Os estoicos sabiam disso quando dizia que, tem coisas que não estão no nosso controle e mesmo com os avanços da ciência, isso não pode ser esquecido. Poderemos, mais ou menos, fazer os cegos enxergarem com óculos especiais, mas não é uma visão nítida e natural. Poderá, porventura, ser um sombreamento dos objetos dentro da realidade percebida. A meu ver – porque sou muito crítico nessas patifarias entre cibernética e deficiência – que isso só é uma eugenia tecnológica para forçar todo mundo a ser e a parecer padrão. A sabedoria cristã – que está longe de pastor picareta – diz que não existe duas folhas iguais.

O conhecimento não poderia ser usado para manobrar pessoas sem esse mesmo conhecimento. Conhecer é aprender, ter consciência (saber que aquilo existe) daquilo que não se pode negar como existente. Se vejo uma árvore, por exemplo, estou vendo uma historia que começa com a semente eclodindo em brotinho e se cria camadas de casca e nascimento e morte de folhas que alimentam sua estrutura (e animais herbívoros). Mas, isso é só uma verdade objetiva, pois verdades objetivas são reais conosco aqui na terra e sem nós aqui na Terra. Então, estamos dizendo que existem verdades subjetivas e verdades objetivas? Sim, estou. Verdades objetivas é um mundo que não poderemos controlar e está além da nossa compreensão, mas esta lá independente daquilo ser percebido por nós ou não (aquilo que não muda). E tem nossa verdade subjetiva que são o julgamento psicoperceptível (que podem mudar ao longo da vida), que são construídos por conceitos que são entre valores que recebemos na educação familiar, como também, visões predominantes da moral social.

Política tem a ver com o bem comum dentro da questão administrativa da nação ou distritos (Estados ou municípios). Ate mesmo porque, tem a ver com a etimologia do termo que remonta a Grécia antiga. Quando Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) disse que somos “zoo politikon”, esse “politikon” queria dizer gregário ou social, muito mais do que politico do modo moderno e pós-moderno. Ou seja, para o filosofo (como o chamavam os filósofos árabes na idade média), somos animais sociais por sermos racionais e poderemos fazer e agir conforme nossas escolhas. Associou as abelhas e as formigas – que hoje sabemos, são gregárias por conta  de reações químicas e genéticas muito mais do que racionalidade – e remontou uma ideia que durou muitos séculos. Mas, política não é moralidade.

Como vimos nos parágrafos anteriores, a moralidade tem a ver com a questão da subjetividade dentro das crenças e valores que um povo ou comunidade, trazem. Não matar, por exemplo, é uma coisa que é universal: não podemos achar que podemos privar o outro da vida que lhe pertence. Poderemos até indagar de onde a vida veio – já que existem coisas que são vivas e coisas que não são vivas – mas, não podemos privar do direito a dignidade daqueles que não fizeram nada para pedirem isso. Matar, violentar, trair etc., fica na questão moral porque tem a ver com convivências sociais dentro do convívio social. Mesmo assim, trair alguém tem muito a ver muito mais com modos subjetivos, do que com questões objetivas. Porque tem a ver com o privado.

Ai que esta o ponto: por que tanta confusão entre aquilo que é privado e aquilo que é publico no Brasil? A vida sexual e privada das pessoas são das pessoas – que elas são ou escolhem – e até a religião, é uma coisa privada e de foro íntimo (mesmo que essas religiões materialistas herdeiras de Roma e da Judeia, são mais aberrações do que a busca da espiritualidade verdadeira). Do modo público é a obediência de leis que infringem incomodar e privar o outro, respeitar o ir e vir das pessoas e não causar acidentes (que podem ser um tipo de violência).


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