Na lógica – que aprendi quando eu fiz programação no curso
de TI – existe aquilo que é considerado verdadeiro e aquilo que é considerado
falso. A meu ver, dentro da filosofia não tem muita importância por causa das
circunstâncias que estamos vivendo essa realidade. O que consideramos o que é
verdadeiro ou falso, em tudo que observamos, depende de um contexto e isso é
bastante interessante. Entre duas linhas de um mesmo fenômeno – não existe
consciência sem um objeto – existe aquilo que é verdadeiro (que possivelmente,
estamos considerando aquilo a verdade) e aquilo que é falso (que consideramos
ser uma mentira).
No mundo da informática, isso nos dará como base mestra para
construirmos algoritmos que vão dizer para um computador se aquilo tem que
acontecer (v), e aquilo que não pode acontecer (f). Por exemplo, um loop não
pode acontecer, porque não haverá estabilidade para eu escrever esse texto pelo
fato de não sair nem do modo de ligar o programa. Do mesmo modo, a linguagem da
programação tem que ser clara e saber direcionar o processador a calcular essa
linguagem para o 0 e o 1. Se for (V) então é 1, se for (F) é 0. A meu ver, esse
argumento do que é verdadeiro e o que é falso só serve na informática.
Se você está vendo um garoto batendo em um adulto e não
enxerga um contexto, em um modo racional, não se tem como julgar esse tipo de
situação. E se o menino tem autismo? E se a moça da loja fez uma coisa para o
garoto? Claro, existem coisas que podemos dizer que, se for um garoto autista o
porquê de ele não estar acompanhado é muito importante e o autismo não é
desculpa para ser mal educado. Mas, será que um vídeo desses terá total verdade
dos fatos? Porque estamos na era que tudo se torna verdade, tudo se torna
objeto de julgamento e isso é bastante perigoso.
Chagamos a pós-verdade como um conceito que pode descrever
um cenário em que os fatos têm menos importância em uma formação de opinião
publica do que apelo emocionais e suas próprias crenças. talvez, poderíamos
dizer que Platão teria razão em dizer que opinião (doxa) não seria o
conhecimento, pois o conhecimento é racional e a opinião é emocional. Ou seja,
os fatos ficam em segundo plano quando é uma verdade factual dando daquilo que
as pessoas escolhem (ou querem) acreditam. Esse fenômeno pode ser visto, especialmente,
na política e nas redes sociais, onde pode haver narrativas que são construídas
para reforçar ideologias, muitas vezes ignorando ou distorcendo os fatos.
Indo além do obvio, mas a pós-verdade sempre existiu como
manipulação da informação e as redes sociais só repetem o que sempre vimos na
TV. Ou melhor, o telejornal como fonte única de informação, construía uma
narrativa onde o meio de comunicação poderia construir um discurso onde
poderíamos acreditar. A verdade poderia ser manipulável – e ainda é – mas,
poderíamos chegar ao conceito de má-fé de Sartre. Mesmo que a pós-verdade e a
má-fé tenham pontos em comum, há diferenças bastante sutis dentro do prognóstico
de um discurso predominante. Já que a pós-verdade engana por causa da
construção narrativa do discurso, a má-fé (podemos dizer assim) pode ser o
sujeito se enganar para sempre evitar em assumir a sua responsabilidade diante
da opinião. Você sabe que políticos enganam, mas continua a escolher um deles.
No entanto, poderemos ver que existe uma ligação entre os
dois conceitos bastante interessante, muitas pessoas que propaga m pós-verdade podem
estar agindo de má-fé consigo mesmas, acreditando em algo porque isso as
conforta ou reforça sua visão de mundo, mesmo que os fatos digam o contrário. Mesmo
porque, em um ambiente de pós-verdade, a má-fé pode ser um mecanismo pedagógico
que impede as pessoas de confrontarem a realidade. Elas não podem ver a verdade
porque acreditam que estão levando a verdadeira realidade dos fatos, distorcendo-a
conforme suas crenças.
Nenhum comentário:
Postar um comentário