terça-feira, 10 de junho de 2025

UM ANARQUISTA NO SHOPPING

 



A multidão me tirou você
Me atirou pelas ruas, onde vou viver
Apesar dos idiotas eu amo você

 - Apesar Dos Idiotas (Flicts)

 

Quando resolvi fazer esse blog, eu tinha a ideia de escrever ideias beirando o anarquismo como uma resistência de tudo que está ai. Porque, a meu ver, pessoas com deficiência e nem filósofos deveriam ser partidários ou ter lado ideológico dentro do espectro político. Afinal, quem fala de pessoas com deficiência nesses tempos de inclusão social? Quando políticos, sem ter filho ou ter parente com deficiência, fez de políticas públicas para pessoas com deficiência? Ninguém. Minha alma anárquica sempre ansiou por liberdade de escolha, liberdade de expressão e liberdade de escrever e ser o que eu quiser. Um anarquista (com ou sem o capital), não pode ser escravo de cartilhas prontas e nem ser a favor de nada que vem do ESTADO e os seus governantes e quem financia ele – ou se subjuga ao seu poder e financia – é um cúmplice safado dele.

A questão que poderemos começar a discutir é: o que seria a definição de deficiência? Porque, em uma análise muito mais minuciosa, “de” é um artigo de negação e “eficiente” tem a ver com a eficiência de um ato em que se pode fazer. Ou seja, de + eficiente tem a ver com a perda de eficiência no ato de fazer alguma coisa. Ter eficiência é efetivar um ato de andar, por exemplo, pegar algo no alto etc. Por isso que o “de-eficiência” é uma perda de efetividade em membros e o preconceito dessa falta – por causa do seu conceito de doença – se chama de “capacitismo”, porque há uma não capacidade da efetividade dos membros que pensam ser uma doença e não é nada disso. A “de-eficiência” seria algo de muito mais uma condição (no sentido de condicionar o corpo aquela condição) do que uma doença ou um corpo “defeituoso” como uma máquina e deveria ser consertado.

Essa definição tem um porquê importante nessa discussão nesse texto, porque traz um outro foco a realidade da inclusão. Ora, se a de-eficiência é uma condição e nos condiciona a uma perda de algumas capacidades e mesmo assim, somos e temos corpos humano e como animais políticos (sociais), inclusão é um ato político. Eu e minha noiva somos um casal político. Meus amigos são minhas ligações políticas junto com minha família. O que acontece nos prédios dos três poderes em Brasília é a governança do país, mas atos políticos acontecem em todo momento e o brasileiro médio não sabe viver dentro de uma comunidade política. Em um shopping há pessoas que não sabem andar, não sabem que um cachorro dentro de um estabelecimento como este estressa, que comer pipoca e encher o cesto de lixo ate cair é falta de educação e não respeitar o aviso que banheiros de pessoas com deficiência são usados por elas. O brasileiro médio tem preguiça em saber e sente orgulho da burrice que expressa, como, por exemplo, achar que livro é só para estudar.

Por causa de um corpo diferente, no sentido da normalidade social, dará aval para as pessoas não nos enxergarem como humanos que somos? Daí há o discurso libertário no sentido de sair dentro da coletividade (coletivismo irracional), e nos enxergar como indivíduos autônomos que pensam como outras pessoas. Temos que nos impor como seres humanos, pessoas politicas que devem ser enxergadas como seres engajados socialmente. Por que não? Por que não poderemos ser vistos como agentes sociais, que consumimos e por isso, temos capacidade de trabalhar e dizer o que desejamos ou sentimos?

Daí vem a pergunta que sempre me fiz: por que animais tem mais direitos do que pessoas com deficiência? Claro, não sou e nunca serei a favor de tortura e abandono de animais, mas, é injusto que animais tenham muito mais direitos do que humanos com corpos divergentes (adorei esse termo). E ai temos que se aprofundar na questão, pois, quando você prefere animais a humanos, pode ser que você tenha sociopatia. Do mesmo modo, outros tipos de apego, que com certeza, não são empatia com o humano social. Social e socializar, a meu ver, são termos diferentes do que coletivismo irracional. Você conviver e defender o direito de outro ser humano é diferente de ficar em uma fila enorme para pegar um sorvete no méqui, ou até mesmo, filas enormes. Os marxistas iriam dizer que há um fetichismo na questão de ser o sorvete do méqui, mas não é bem assim, há uma escolha e você pode escolher entre aquilo ou outra coisa.

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