quarta-feira, 30 de maio de 2018

Por que não sabemos tomar conta da gente?




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Essa greve dos caminhoneiros nos ensinou bastante coisas que estão enraizadas dentro da nossa cultura. A primeira coisa é que não sabemos ter opiniões próprias, discutimos política copiando e colando nas redes sociais. Não expressamos nenhuma opinião. Não pensamos por si mesmo. Sempre temos que seguir um guru, seguir um grupo ou seguir uma ideologia. As pessoas vão viajar, vão em algumas igrejas, seguem algumas ideologias, não porque querem, mas, porque o outro segue. A questão vem de séculos de movimentos que ficam puxando o país por um interesse qualquer. Nunca o povo daqui se sentiu povo brasileiro porque não sabemos ser um povo republicano democrático, somos um povo que exigimos que a nossa ideologia governe. Isso está bem nítido nas camadas das discussões políticas.


Isso começa quando há a colonização portuguesa aqui. Os colonos e depois, quem nascia aqui, não tinha um sentimento de nacionalidade, eram portugueses na América. Isso não mudou quando Pedro I dá o grito nas margens do rio Ipiranga, mesmo independente e com uma identidade nacional (entenda-se, Estado brasileiro), os cidadãos eram chamados de portugueses no Brasil, não se sentiam brasileiros e queriam que fossem reconhecidos como europeus. Isso nos faz entender o porquê não se sentimos brasileiro, porque, ainda achamos que somos europeus e que não temos vínculo nenhum daqui. Isso se agrava – e vamos ver mais adiante as consequências – quando a escravatura termina e vem trabalhadores europeus para enriquecer, porque houve uma promessa de enriquecimento, e voltarem para suas origens. Isso agravou a nossa não identidade brasileira.




Tenhamos os negros abandonados e que não se sentiam daqui. Tínhamos, a elite que era latifundiária e que detinha toda a produção, que se sentia europeia e não brasileira. E tínhamos uma república – que Deodoro da Fonseca foi um traidor do imperador Pedro II programou por imposição de algumas bases ruralistas -  que nunca foi uma república de verdade, porque logo depois se teve uma ditadura do vice-presidente de Deodoro, Floriano Peixoto. Aliás, a proclamação da república foi um golpe militar contra o império – diferente de nações como os Estados Unidos que foram civis que proclamaram. Mas, numa analise muito mais minuciosa, nunca tivemos uma república de verdade, porque, exatamente, ainda pensamos que somos meros europeus em busca de oportunidade e voltaremos a Europa novamente. Não vamos, porque, somos brasileiros.

Como não acreditamos em nenhuma solução, porque sempre queremos uma solução de iniciativa do outro. O outro tem responsabilidade, o cidadão tem que ser o outro, o ético tem que ser o outro, quem deve resolver é o outro. Várias pessoas não pensam que elas, ao pensarem assim, estão sendo antiética. Tanto a ética (caráter), quanto a moral (os costumes), não são construídos só na questão individual, mas, há uma construção social de uma moral mais justa. A justiça nunca pode ser imposta, mas, se haver provas e documentos que isso possa ser mostrado, ela tem que ser realizada. Mas, a imposição, só vai machucar e eliminar outras pessoas que podem ser inocentes. Quando você é a favor de uma ditadura ou tortura, você está dando aval a coisas que podem ser feitas em qualquer um.


Outra característica que se mostrou nessa greve dos caminhoneiros, é que muitos brasileiros, tem um medo irracional de falta de alguma coisa e o egoísmo generalizado. Essas pessoas acham que suas vidas têm que ter viagens, tem que ter carros, tem que ter suas vidas e não querem ser cidadãos (politikon). Qual nação tem mais filas? Aliás, a natureza da fila é uma natureza emergencial, porque, eu imagino, que não se tem uma emergência de tomar sorvete ou comer um lanche. Já vi brigas por causa de brinquedos, ovos de pascoa, vagas que deveriam ser uma coisa preferencial as pessoas com deficiência. Porque não se sentem cidadãos brasileiros, se sentem fora da sociedade e o que é bizarro, só porque você não concorda com a maneira magica que poderíamos ter uma outra sociedade. É isso mesmo. O egoísmo dessas pessoas, vem da alienação de uma população que não quer mudar, uma questão de pensar só em si mesmo, e ainda, acha que a vida é o carro. Eu não saí nesse último final de semana, porque não houve vans acessíveis, e não saí nem xingando os caminhoneiros e nem fiquei frustrado, porque é uma maneira madura de encarar a situação.

Outro fenômeno que vimos nessa greve – não estou fazendo nenhum juízo de valor – na questão da intervenção militar. Tem um vídeo, bastante interessante, do Olavo de Carvalho que explica que a intervenção de 1964, levou dois anos. Quem pede ou quem é a favor, esquece ou não sabe, que o cenário político na época, era outra posição. Em 1964 teve uma intervenção militar, porque já era para ter essa intervenção em 1955, e outra, a questão da intervenção tinha a ver com o perigo comunista (que isso era um medo norte-americano por ter uma questão estratégica). Tinha a renúncia do presidente Jânio Quadros (que blefou e errou gravemente, como estratégia política), e a política progressista do, então, presidente João Goulart (Jango), que incomodou algumas classes da elite que o chamou de comunista. E outra coisa, quem acredita (porque é uma crença) que foi o povo, é um ingênuo como já sabemos que são, politicamente, que o povo pediu. Quem fez o processo foi o congresso e o Supremo. A prova cabal disso é agora, se o povo pedisse iria acontecer.


Muitos que participaram dessa intervenção militar de 64 eram veteranos que participaram da segunda guerra mundial. Muitos generais eram contra a política varguista (Jango foi ministro de Vargas), e viam como políticas que eram contra o Brasil. O Estados Unidos apoia, porque eram uma política que era vista como comunista. Já teve a revolução cubana que levou o perigo de haver misseis nucleares na ilha e tinha o perigo, de determinar o comunismo em toda a américa latina. E outra coisa, que a esquerda erra, há diferença de uma intervenção militar e golpe militar. Em 64 teve intervenção militar e em 65 teve o golpe. A ditadura, na verdade, só começa em 68 com o AI-5. E, sim, tinha torturas. E sim, tinha censura. E sim, se matava até crianças. A inflação piorou e teve sim, corrupção. E o bom, é que os generais de hoje têm uma outra consciência. Eles participaram e viveram a ditadura, e sabem o que aconteceu.

Diante disso tudo, podemos colocar uma questão importante: o que seria a verdade? Até quanto o ser humano aguenta a verdade? Porque quando você diz a verdade (aletheia) e falar o que quisermos (parresía), que é consequência de um modo de vida. Isso, é um exercício (ascese) que pode permitir a capacidade de viver conforme seus preceitos. Quais são os nossos preceitos? Quais são os parâmetros da verdade?

Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News

quinta-feira, 24 de maio de 2018

A pós-verdade e o culto da personalidade




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Amauri Nolasco Sanches Junior

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Havia, nos anos 90 do século passado, onde vivi minha adolescência, uma música que era de um conjunto de rock chamado Living Color (Cor Viva), que se chamava “The Cult of Personalotty” (O Culto da Personalidade). Se você olhar ela de um modo dentro da filosofia, vamos ver que está falando ao culto que o ser humano (seja de que cor, ou etnia pertença), faz da personalidade e os meios que ele usa para isso. Na primeira frase dessa música já dará uma boa introdução do que se trata a música: “Look in my eyes, what do you see?” (Olhe nos meus olhos, o que você vê?), daí vem a resposta, O Culto da Personalidade. E, se nos anos 90 já havia uma crítica severa a isso – que claro, tem uma crítica racista por trás dessa música – imagine hoje, com um crescimento da internet, o aparecimento das redes sociais como o Facebook, Instagram e outras (que se pode compartilhar fotos), que personifica esse culto.

Na primeira frase da música já dará uma discussão bem interessante. Começa com: “Look in my eyes” (Olhe nos meus olhos), que significa olhar na alma das pessoas e quando as pessoas não te olham fixo, são só “personagens”. Você vê uma foto de um Osho (Rajneesh Chandra Mohan Jain [रजनीश चन्द्र मोहन जैन]), você enxerga uma profundidade em seu olhar que mostra sua sinceridade. Outras pessoas podem ser mencionadas dentro dessa mesma linha, pois, a questão de olhar dentro dos olhos de uma pessoa passa a ser um olhar para o que é a pessoa, e de maneira nenhuma, é um pensamento místico (metafisico). Logo depois vem a pergunta: “what do you see?” (o que você vê?), como se você vai ver a verdade de uma pessoa é ou não é, aquilo que se mostra. E vem a resposta: “The Cult of Personalitty” (O Culto da Personalidade). Se você ver uma personalidade famosa (que seria diferente de uma pessoa pública, famosa), você vai reparar que ela nunca olha fixo, nunca vai olhar nos olhos de uma pessoa e dizer quem realmente é. O exemplo que eu usei do Osho é bem interessante, porque, se vimos uma palestra dele ou de um outro da mesma linha do que a dele, as falas são bastante pausadas e o olhar é bastante fixo. Porque, não há um personagem ali, é o que é. Se pegamos pessoas como o ditador Benito Mussolini – mencionado na música – não olhava fixo, porque era uma personalidade (e não uma pessoa), porque não era seu verdadeiro eu, não tinha uma intenção verdadeira; ela se torna um personagem definido com aquilo que se espera naquele momento. Como a figura de John Kennedy – também citado na música – onde também, é uma personalidade na política e não uma pessoa política, porque seu olhar não é fixo, não tinha o mesmo brilho e penetração. 

Por que eu estou citando isso? Toda pós-verdade é uma tentativa de culto da personalidade, porque sempre é um discurso de seguir uma ideologia ou uma personalidade. Assim, personalidade é um personagem, pessoa como ser um individual, é aquilo que é. Um ídolo só é isso, um culto a aquele personagem que não é realidade e sim, uma imagem que você cria. Então, tanto a frase inicial – da primeira frase da música – tanto a pergunta que ela traz, é a questão que fazemos daquele personagem naquela situação. O problema não é o que Mussolini fez no seu governo – poderíamos, se estender a todos os imperadores e ditadores dentro da história humana – mas, o problema é a imagem que os italianos fizeram dele de “salvador” da Itália na época. No mesmo modo, a imagem do Kennedy que os norte-americanos fizeram dele na época (como fizeram do Trump e se arrependeram).

Quando Nietzsche diz que vai destruir os ídolos, ele coloca um combate dentro da imagem que fazem daquela personalidade. A fantasia metafisica do salvador daquele individuo, transvestida em uma sociedade, que o outro vai salvar e não o próprio. Se fomos mais a fundo, a ideia nietzschiana da quebra do ídolo – como um indivíduo que te mostrara o caminho – com um martelo (poderíamos até associar esse martelo ao do deus Thor, mas, é um pensamento bastante profundo que ficara num outro texto só do filósofo alemão), faz um eco, bastante interessante, no budismo. Enquanto Nietzsche vai dizer que o “ubermerch” destrói os seus ídolos, Buda Sakiamuni, diz que se você encontrar um buda na sua frente, mate-o. qual a ideia disso? Não ter “muletas” conceituais, fazem o ser humano indagar muita coisa e até, o culto à personalidade.

O pensamento de Buda, certamente, remete a não se precisar de mestres para entrar no “nirvana”. O estado de nirvana, é um estado de gozo e felicidade eterna, que todos os seres, segundo os ensinamentos de Buda Sakiamuni, um dia irão experimentar. Mas, irão experimentar o estado de iluminação, só aqueles que segurem os preceitos da sua senda e respeitar a do outro. Acho, depois de estudar bastante, total semelhança entre Buda Sakiamuni e Jesus Cristo. Jesus deixou bem claro – que a igreja romana e a reformada, por motivos bastantes óbvios, escondem – que tudo que ela fazia, algum dia, poderemos também fazer e nos chamou de deuses (passagem nunca citada). A questão é: as grandes mentes da humanidade, tiveram ou não, um mestre?

Porque, na minha avaliação, mesmo que muitos podem descordar, a filosofia começa com a morte (ou cicuta). Existe uma “arké” e existe uma “anima”. A primeira era a origem sobre tudo e a segunda, é a origem quem nós somos. Quando abro o Instagram, por exemplo, fico imaginando o que a pessoa da foto estava pensando na hora da foto, no momento que quer se mostrar diante o público. Os pré-socráticos, deram grandes contribuições para a ciência física e biológica – tanto que os elementos como origem são confirmados e sem eles, não haveriam nada – mas, o “conheça-te a ti mesmo” socrático, teve grande papel na ontologia (o ser enquanto ser), que teve origem também, em Parmênides. As pessoas que cultuam a personalidade conhecem a si mesmo? Será que a pós-verdade, não é a manipulação daquilo que se tem como ídolo? A falta de um critério e uma crítica mais apurada dos fatos, faz com que essas pessoas acreditem que há ainda uma guerra fria, que há ainda um grande plano comunista em andamento, e que há um mundo hostil que querem nos escravizar. Mas a filosofia da existência mostra que fazemos escolhas e que não há nenhum significado a nossa existência, além do que damos a ela.

Mas será mesmo que a existência de tudo não há nenhum significado real e plausível? Será que o único significado da nossa existência é postar foto e ganhar curtidas? Não. A filosofia contemporânea errou em tratar a questão metafisica, como uma coisa secundaria. O iluminismo – que herdou o racionalismo cartesiano – se esqueceu que a realidade tem muitos pontos que a lógica e a racionalidade, não alcançam e isso é um problema. Porque você não pode analisar um culto da personalidade (como essência humana do ser e do existir), sem olhar panoramicamente, todos os ângulos possíveis. Um ponto é apenas um ponto, o ato político ético tem a ver com os fatos culturais que esse ato político traz junto de uma educação (educare). Educação, além de ter a ver com a moral e com a ética, ainda, tem a ver com uma cultura e vamos enxergar isso além de um ato lógico ou racional. O ato antiético nunca é um ato lógico ou racional, por tender para si mesmo e assim, passionalmente, favorecer a si mesmo. a corrupção começa quando você só coloca uma realidade, mas, não sabemos sequer se existe uma realidade mesmo.

A pós-verdade e as notícias falsas (Fake News), só existem porque tem publico e as pessoas consomem esse tipo de notícias. Sua bolha ideológica, não deixa você ter uma visão mais ampla. O culto da personalidade tem a ver com isso, a bolha ideológica, a vaidade de ter pessoas que te admiram, não pelo que você é, mas, a imagem que você tem para elas. Por isso eu disse que o problema não é o que Mussolini fez no seu governo, mas, a imagem dos italianos construíram em torno dele. Mas, existe uma diferença entre Mussolini e Kenedy? Nenhuma. Existe diferença entre a imagem de um Getúlio Vargas e um Lula? Nenhuma. A questão não é o que o governante faz, mas, o aval de se deixar levar e se legar a ser governado. Ai sim, quando fizemos esse tipo de questionamento, vamos ter outra consciência.



domingo, 20 de maio de 2018

Por que o Lula tem uma esteira e José Dirceu não tem?



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Amauri Nolasco Sanches Junior
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Calma aí. Não sou petista e nem estou defendendo o Dirceu, que voltou a Papuda. A questão é: a justiça não deveria ser igual a todos? Por que esse tanto cuidado com o ex-presidente Lula e não aos outros também? Só para começar, o ex-presidente não deveria estar ainda nas instalações da polícia federal e ir, para uma prisão. Por que será essa “proteção” que estão dando ao Lula? Lógico, que o medo de uma “convulsão” social, ainda paira dentro da polícia federal, que por razões obvias, não quer esse tipo de situação. Mas, é um tanto estanho que uns tenham regalias diversas – como ir preso com o próprio carro e não algemado – e outros irem preso num camburão, algemado e sem direito nem sequer de uma “esteira” (antes que venham encher o saco, estou sendo um pouco irônico).
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Quando pensamos em igualdade, pensamos em um termo que quer dizer que todos em uma sociedade, gozam do seu direito a ter uma igualdade de direito. Se um senhor roubar um pacote de bolacha no mercado, não seria diferente de um deputado ou qualquer político, roubar milhões dentro de uma empresa estatal. A questão é que, numa democracia podemos tender a defender posições e essas posições tem a ver com as ideologias que acreditamos e temos como importante, porque a discussão gira em torno de crenças. Você acredita que aquilo é verdade, acreditamos que os nossos “ídolos” são verdadeiros “santos” ou “heróis”. Não eu que não tenho ídolos por entender que todos são seres humanos e são fadados ao erro, não interessa o que fez ou o que nos deu, deu ou fez por pura vontade ou obrigação do cargo. Se o ex-presidente fez algumas ações de benefício, não foi mais que a obrigação dele fazer isso.

Acontece que temos uma educação, que temos que ficar agradecendo e cultuando figuras políticas por toda a vida por causa das resoluções que só são obrigações do próprio cargos. Seja de direita, seja de esquerda. Não tenho lado ideológico, uma por ser filósofo e sempre defendi que filósofos não deveriam ter lado ideológico para fazer uma análise imparcial. Depois, eu sou simpatizante da anarquia (que tenho serias críticas também, dos novos anarquistas), e sempre pensei que um bom anarquista não poderia estar envolvido em nenhum lado (nem esquerda e nem direita) e muito menos, votar. E, portanto, não tenho ídolos e tenho como base a afirmação de Nietzsche, que não existem fatos e sim, interpretações. Os fatos são o acontecido, as interpretações sempre vão vim das crenças de cada um.

Poderia interpretar os últimos acontecimentos políticos do Brasil com bastante generalizações, mas, prefiro sempre ver os acontecimentos no “alto de uma montanha”. Ou seja, isso depende da narrativa de um discurso, um é ex-ministro da Casa Civil da Presidência, o outro é um ex-presidente da república federativa brasileira; que seria apenas um cargo, mas, no termo jurídico, não é bem assim. Um ministro está abaixo de um presidente, mesmo que esse ministro, fizer muitas coisas além do presidente da república. Mas, quando se perde um foro privilegiado (numa analise bem superficial), as pessoas voltam a ser pessoas jurídicas e podem ser processadas por crimes. Seja de uma Petrobras, seja um pacote de bolacha. Além da narrativa do discurso, tem a ver com a ética.

Temos que esclarecer que o prefixo ex só há se lhe darem a conotação como ex, ou seja, poderíamos colocar como antigo ministro ou o antigo presidente. Portanto, são só termo. O prefixo ex vem do latim que exprime as ideias de “separação, extração e afastamento”. Ora, o substantivo que segue o prefixo, tem o significado que alguém foi, porém, já não é. Ou seja, o ex-presidente não é mais presidente, o ex-ministro já não é mais ministro, portanto, não tem mais cargos importantes. Mesmo assim, há uma narrativa dentro do ex ou dentro do ato que está em torno, tanto do ex-presidente, como do ex-ministro, como todo um conjunto de atos e populismo dentro de um governo fugaz e inútil. Não adianta dar dinheiro, dar uma vida, mais ou menos, digna, e não dar uma estrutura em volta dessas pessoas para continuar essa dignidade.


Gosto da expressão de Platão, que um político é aquele que está acima (como sabedoria), e desce para governar aqueles que estão lá embaixo, são os verdadeiros políticos. Mas, se vier de baixo para cima – como sabedoria e conhecimento – pode, além de visar um interesse qualquer, pode vir a oprimir aqueles que quer salvar. Foi assim nos inúmeros impérios e nas inúmeras, ditaduras. O verdadeiro político é aquele que quer que o governado progrida, seja prospero em espiritualidade e em todos os sentidos, e não pense só nos bens seus e sim, um vem mais geral. Então, para o filósofo grego, a questão política vai muito além do que mera maneira de fazer política, mas, são pessoas que mostram o rumo de uma nação. Pode soar como idealista, mas, quando se estuda a verdadeira filosofia (como uma amizade ao saber), temos conhecimento para saber o que é melhor ou não. Será que está visão de Platão pode será colocada nos dias de hoje? Acho que sim. 


segunda-feira, 14 de maio de 2018

Racionalidade humana




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René Descartes (1596-1660) e John Locke (1632-1704)
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Estou lendo um livro do Bertrand Russell (1872-1970), chamado “Ensaios Céticos” e no quarto capitulo, o nome já é uma pergunta: “Pode ser o homem um ser racional? ”.  Nesse capitulo, Russel fala que o homem seria mais harmonioso se fosse racional e menos parcial, pois, as guerras são a parcialidade de uma cultura. Não acho. O erro do filósofo britânico em achar que a racionalidade – como a maioria dos filósofos modernos e contemporâneos – salvaria a humanidade, foi acreditar que a racionalidade humana, poderia ser uma espécie, de “messias” da alma (no sentido filosófico). Por que? Porque a construção de personalidade do ser humano não implica só o lado racional, porque, pelo menos ao meu ver, até mesmo dentro da ética, envolve os sentimentos (que chamamos afetos). Esse erro começa com Descartes.

Descartes nos levaria ao seu cogito (pensar), graças a sua máxima, “eu penso, logo eu existo”, ele separa o pensamento com o sentir, dizendo que o ser humano é uma máquina. Só que poderíamos ir muito mais longe: porque Descartes não escreveu só o Discurso ao Método, e sim, muitas outras obras importantes. Uma delas – não me lembro qual – ele evoca o res cogitans (coisa pensante) e o res extensa (coisa existente), como meio de definir uma realidade a partir de nós mesmos. Só que quando você, mesmo com um objeto, percebe a realidade isso tem a ver com aquilo que se sente e não só aquilo que se raciocina. Quando você ama uma pessoa ou um animal de estimação, você não está só “pensando”, você está sentindo. Mas, não podemos dizer que Descartes (Cartesios), esteja errado como um  todo, mesmo o porquê, no tempo em que viveu, se um filho morresse era apenas mais um filho e era uma época muito fria. Por outro lado, Descartes disse que ele pensava, logo ele existia, porque ele queria imputar uma dúvida ultra cética. Porque a dúvida era o meio para se chegar a uma conclusão: se só eu existo, se só posso afirmar que eu existo, toda a realidade não existe? Outra dúvida, não menos importante: por que devo acreditar cegamente, na ciência e duvidar da existência de Deus? Por que não posso duvidar de tudo? Afinal, se tenho que duvidar das questões religiosas por não ter nenhuma prova que há uma consciência onipotente, onisciente e onipresente, que tenha uma presença concreta, uma pesquisa cientifica, pode muito bem, ser uma mentira. Os fatos da guerra do Iraque comprovam isso.

Eu posso duvidar que esse texto exista, porque, na verdade, esse texto só é códigos binários sendo processados. Um fato curioso (e não menos, filosófico), o conceito universal de várias religiões ou fatos da física, remontam esse código binário. Na religião egípcia (Horus, Isis e Osiris), na religião hindu (Brahma, Shiva e Shakti), a religião judaico-cristã (Deus, Adão e Eva) e na física (Energia, massa e gravidade). Ou seja, tudo no universo começa de um princípio e gera o 0 e o 1. E isso não pode ser encarado como uma metafisica, já que tem base matemática e a matemática, até onde eu sei, é uma ciência exata. Portanto, esse texto tem a mesma probabilidade de existência de uma meia no meu pé, segundo a dúvida cartesiana. Na verdade, a dúvida de Descartes é a busca do “agora”, porque estou pensando (mesmo que eu imagino o futuro), posso dizer que estou focado na minha existência e a minha existência, está mais do que limitada no agora. Talvez, a dúvida cartesiana do sonho e da realidade (se estamos sonhando ou vendo a realidade acordados), seja uma dúvida daquilo que eu posso ser e o que eu sou, ou seja, a virtualização da minha vontade (a potencialização do que posso me tornar) e aquilo que eu “penso” ser.

Então, podemos dizer que a dúvida cartesiana é uma dúvida da questão da realidade, do que seria a realidade enquanto observamos ela. Ora, tanto a lei da relatividade einsteiniana, quanto a física quântica (que de algum modo, Einstein ajudou a descobrir), nos dizem que a realidade depende de quem está olhando. A física quântica – que mostrou que Deus sim, joga dados – vai bem mais longe, as partículas hora se comportam como ondas, hora se comportam como átomos e isso intriga os cientistas e voltamos a máxima cartesiana, onde não há como saber se a realidade é realidade, ou a realidade é algo que construirmos com os conceitos. A racionalidade é um meio, mas, nunca um fim, pois, nem mesmo sabemos o que é a realidade e seus meios de existir, são.

Só a racionalidade não faz um ser humano melhor, porque só um meio de o homem entender o que está havendo, mas, de haver um equilíbrio entre o pensar e o sentir.  O equilíbrio entre o pensamento e o sentimento, faz do homem um humano e faz ser harmonioso com os outros seres humanos, o afasta da barbárie. Por que? Porque temos que se colocar no lugar do outro, porque não adianta só estarmos pensando – como ato de raciocínio – e não sentir o outro, não sentir a nossa presença. Russell, argumenta que as guerras são irracionais, que a maioria delas, são por causa das religiões (questões de fé), e que as religiões são matérias da passionalidade. Será? A questão vai muito mais longe do que meras analises rasas de acadêmicos – que aceitam filosofias que nada ajudam o ser humano a questionar – que acham que muitas filosofias que falam do ser (como entidade transcendental da realidade), são misticismo. O próprio Russell, em seus textos do livro, fala do “élan vital” de Bergson (que não li nada ainda), apenas, um pensamento místico. Porém, sabemos que há (dentro da psicologia e dentro da psicanalise), um impulso que assegura o ser humano de continuar a viver e aguentar os problemas da vida. Freud chamou esse impulso como uma negação da morte, porque fugimos da morte e essa fuga, faz nós vivermos plenamente. Ainda, Russell se esqueceu da Vontade de Poder de Nietzsche ou a Vontade de Espinosa, onde o impulso de transcender a questão humana, foi sempre a questão primordial do ser humano. Afinal, a filosofia (philosophia), não nasceu só de um ato racional (a mitologia, de alguma maneira, só pode existir de uma racionalidade mística dos fenômenos naturais), ela nasce do espanto da existência, não só humana, mas a existência da própria realidade.

Como já disse nos muitos escritos, a filosofia contemporânea errou em colocar problemas do ser – como eu penso e eu existo – como mera existência ocasional, que pode ser um erro grave e pode levar ao irracionalismo, porque não teríamos uma questão moral para se apoiar. Por mais que possamos descordar de alguns pontos morais da sociedade, isso não quer dizer, que a questão não tem um lado humanizador. A filosofia deve ser vista como uma ferramenta (tecné), de questionar a realidade e isso não se faz com verdades já prontas. Se eu acreditar cegamente que o homem chegou a lua (acreditar cegamente sem questionar), ou que os acusados de corrupção são inocentes, vamos acreditar em verdades prontas. O problema sempre foi o conhecimento manipulado das academias (desde a igreja romana estava à frente delas), onde as sociedades não querem a sabedoria plena do TODO. Você não pode dizer que só o lado racional fara o ser humano um ser harmonioso, tem que ter um conjunto de tudo.







quinta-feira, 10 de maio de 2018

Olavo de Carvalho e a Filosofia Brasileira





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Descrição: um desenho caricatura, com fundo branco, figuras de filósofos da ordem da esquerda para a direita (Berkeley, Schoopenhauer, Borges e Spinoza). Estão abraçados.  
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Não temos uma cultura filosófica porque, como povo católico e avesso ao sucesso – ironicamente, os protestantes (evangélicos) daqui, herdaram esse pensamento – e tem ele como uma falta de humildade, achamos que todos que sabem demais são “metidos” a saber demais. Mas aí está uma questão interessante: quem sabe e tem o dever de passar esse conhecimento deve esconder esse conhecimento? Porque há uma onda religiosa muito grande aqui, não temos muito uma cultura de questionamento, porque está ligado em duas linhas: uma, é a linha da falta de humildade; duas, é a linha que questionar gera conflitos. Nós sabemos em que circunstancias nosso povo não quer conflito, não é? Há sempre uma perda de alguma “vantagem” ou o desprezo total, e pelo que vi, nosso povo odeia ser desprezado ou olharem de “cara feira”.

Diante de tudo isso, não temos uma tradição filosófica e se temos filósofos, ou foram bastante metafísicos ou foram numa linha literária bastante interessante (Machado de Assis foi um deles). Agora, com esta crise política, alguns nomes aparecem dentro do cenário nacional como filósofos, uns chamados de mediáticos, outros de apenas professores. Como disse, não temos uma tradição filosófica e quem, realmente estuda filosofia, sabe que desde Platão, os filósofos eram pessoas que ensinavam e tinham suas escolas filosóficas. Acontece que alguns não fazem uma leve distinção em uma palestra e uma sala de aula (alguns acham que as redes sociais são as salas de aula de universidade, que ninguém pode descordar ou dar a sua opinião), então, esses filósofos começam a falar coisas polêmicas (para chamar a atenção) e começam a falar o que o povo gosta de ouvir. Basicamente, são palavrões e baixaria (falou mal ou da esquerda ou da direita, vira o sábio aqui). A sabedoria é muito mais do que misero vídeo falando um monte de asneira sem a menor lógica.

Sinceramente, acho que muitos desses filósofos são muito bons nas suas áreas, mas, quando a questão é política (porque transformamos a política em religião), se começa a haver coisas estranhas e sem o menor sentido. Como a filósofa Marilena Chauí odiar a classe média (sendo ela uma membra da classe média alta), ou a filósofa Marcia Tiburi juntar Reich e Mercuse, e fazer uma tese que todo mundo que quer a prisão do ex-presidente Lula, tem sérios problemas sexuais. Mesmo que a filósofa Chauí tivesse falado de um símbolo da ostentação de uma classe que não é rica e nem é pobre, mas, é a classe que consome e é onde se tem mais arrecadação de impostos, não faz nenhum sentido. Porque o partido que ela tanto apoia, cavou o seu próprio tumulo político por causa da sua gana de se perpetuar no poder. No caso da filósofa Tiburi, a questão da atitude fascista ser ou não, uma questão sexual, é meio uma questão pessoal dela de ironizar uma situação séria e ela como uma filósofa, sabe que o ex-presidente não foi preso à toa. É uma questão de ética (presumo que ela leu sobre).

Ética não tem a ver com a honestidade somente, aliás, a honestidade deveria ser um dever do homem que busca a virtude, porque a virtude tem a ver com a máxima não faça com os outros o que você não quer que faça com você mesmo. O ex-presidente gostaria de ser roubado? Claro que não. A questão é muito mais profunda do que isso, porque tem a ver com a verdadeira filosofia. Etimologicamente, filosofia vem de dois termos gregos helênicos, (philia) que quer dizer “amigo” ou “amizade” – seria uma tradução, mais ou menos – e o termo (sophia) que quer dizer “sabedoria”. Na verdade, diz a lenda (historicamente, ainda há uma discussão), que Pitágoras forjou “philosophós” e que seria, mais ou menos, um “amigo da sabedoria” ou “amante da sabedoria”. Na minha visão – todo filósofo tem a sua visão própria – a filosofia deveria ser traduzida como amigo da busca da sabedoria, é um amigo que procura ela. Ora, como podemos achar essa sabedoria se somos presos em ideologias políticas ou religiosas? Como podemos encontrar essa sabedoria se devemos escolher um lado? Podemos ser livres para escolher, mas quem não tem nenhuma ideologia de estimação ou ídolo político ou de qualquer outra coisa, não pode ter um pensamento próprio.

Mas o problema não é só a esquerda (que poderíamos refletir em um outro texto depois), há problemas dentro da direita (que também, poderíamos refletir em um outro texto mais profundamente), que não deixa seus filósofos (defensores de uma direita mais liberal) não refletirem direito. Há fenômenos filosóficos – vamos dizer assim – que vieram dentro do “pacote” virtual e um desses fenômenos, é o filósofo Olavo de Carvalho que tem muitos artigos publicados e tem muitos livros também publicado (eu estou devendo um artigo sobre o Jardim das Aflição) e que é o ícone da direita. Acontece, que quando você se prende em convicções engessadas dentro de um só pensamento, o mundo e as ideias ficam bastante limitadas. Principalmente, quando não se respeita uma análise dentro da moral da época que aquele escrito foi escrito. Certamente, se as obras marxistas tivessem sido escritas hoje – talvez nunca a Rússia tivesse saído do czarismo e ainda era um país, totalmente, ruralista – elas seriam muito diferentes do que é, por causa do começo do capitalismo. As análises do Olavo não são ruins, elas só não respeitam sincronicidade dentro da obra – uns conjuntos de fatos que levaram a obra como é – que depende de uma análise moral e política, para serem analisadas.

Primeiro o comunismo ruiu e os poucos países que ficaram socialistas, estão abrindo para o capital. Um dos aspectos do socialismo não deu certo foi a falta de liberdade para escolher o que é melhor para si e para sua família, depois, que o poder seduz bastante e você está à frente de uma grande nação, faz muita diferença. As ditaduras (sejam que lado for), foram começadas assim, o poder fez com que as pessoas achassem serem donas do poder com o outro. O capitalismo não é o paraíso – o capitalismo leva as pessoas a ficarem vaidosas – e nem defendo um capitalismo que ao invés de fazer as pessoas serem mais libertas de fazerem o que quiser, camufladamente, manipula a massa. Isso é fato. Não é porque tenho várias críticas ao socialismo, que eu vou defender um outro sistema que prega a liberdade, mas, você compra ou consome o que eles querem. Claro, fazem parecer que eu fiz a escolha, mas, vamos ser sinceros, eu só compro, ou só consumo, porque é mostrado várias vezes. Por que uma música como o funk faz tanto sucesso? Ou algum chocolate faz tanto sucesso? Pessoas como nós – eu e você leitor – podemos ser seletivos e comprar o que temos vontade, mas, a verdade, que a grande massa não tem essa seletividade.

Se eu não defendo nenhum lado, posso fazer uma crítica melhor. O caso do filósofo Olavo de Carvalho – segundo uma análise bastante crítica – não faz sucesso com sua filosofia, que aliás, é notório dentro de uma base mínima de estudos até, interessantes em alguns casos (como a filosofas que mencionei antes). A grande popularidade do Olavo é a crítica severa dele com o PT (Partido dos Trabalhadores), pois, a população não entende a filosofia desses professores. Na verdade, as questões filosóficas nunca são pensadas por ninguém e ninguém nunca saberá distinguir uma opinião por um pensamento. Qual a essência primordial do mundo? A realidade não é nada mais, do que uma construção daquilo que escolhemos e fazemos o que escolhemos. Quando bebo um copo d´água, a minha realidade dentro daquele momento, é aquele ato. Nada mais do que isso. Se a realidade um dia foi capitalismo contra comunismo – basicamente os EUA contra a URSS – isso teve um fim com a queda do Muro de Berlim e ponto, o resto é só conversa de quem quer acreditar nessa narrativa e com essa narrativa, fazem sua fama. O ser humano prefere narrativas verdadeiras ou “fantásticas”?

Uma pergunta – que ao meu ver, deveria ser uma pergunta de todos os filósofos – que achei interessante, está no livro Ensaios Céticos do filósofo Bertrand Russell (1872-1970) que é: (Pode o Homem ser Racional?). Vendo a filosofia do Olavo de Carvalho e as milhares de teorias da conspiração que, não só ele, traz, fica difícil responder se realmente o homem pode ser considerado um ser racional. O ser é uma totalidade do ser enquanto individuo, como aquilo que é enquanto é. A grosso modo, podemos dizer, que o ser humano é um humano e ser racional é o homem racional, que raciocina a sua realidade a partir do seu entendimento da sua própria realidade. Termos e comunicações são só o comunicado desse entendimento e dizer aquilo que se entende como realidade, pois, questionar não é “jogar” qualquer ideia no ar e dizer o que você acha. O achismo (que Platão chamaria de mera opinião o “doxa”), não tem base lógica e tem bases das crenças que foram construídas dentro da educação que se recebeu. Não é à toa que somos um povo escatológico, amamos tragédias, amamos velório, amamos parar para ver acidentes. Então, essas teorias do fim do mundo, essas teorias de tragédias hollywoodianas, fazem maior sucesso aqui. Mas, são meras opiniões. São meros achismo.


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sexta-feira, 4 de maio de 2018

Discurso de ódio e o discurso da verdade





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Descrição: um desenho com um céu azul com desenhos de uma cidade de cor branca com traços pretos e uma mão de cor branca e traços pretos levantada. Acima dessa mão está escrito: "Posso Falar". 

Todo mundo nos dizem que a verdade é uma realidade, nos mostram os dicionários e realmente, um dos sinônimos de verdade é realidade. Com a nova perspectiva da nova física – estudos físicos que saíram nos últimos cinquenta anos – nos mostram que a realidade depende de quem olha, o que pensa ou que faz. Um sujeito que vai pensar só no dinheiro, vai ver a realidade numa perspectiva do dinheiro e dos vários modelos econômicos. Se o sujeito desconfia das pessoas, ele sempre vai dizer que no mundo não há ética e sim, interesse. Freud viu isso como uma espécie de espelho, tudo que você crítica no outro, está dentro de você. Então, a verdade não é definitiva como algo concreto e único, mas, sempre vai mudando conforme a realidade vai sendo construída. Afinal, como disse o filósofo, Alan Watts, não somos resultado do Big Bang, e sim, estamos no processo ainda do Big Bang.

Hoje com essa polarização, estamos vivendo verdades prontas que não deveria ser pronta. As realidades tendem a serem construídas a partir da narrativa de um discurso e quando essa narrativa já carrega o ódio – sendo de esquerda ou de direita – ela começa a gerar cada vez mais ódio e com o ódio, você não raciocina. A genecologia desse tipo de discurso sempre vem do medo, esse medo é gerado pela imposição de duas correntes. Toda tensão que é gerada, gera um curso circuito. E podemos pegar um exemplo da esquerda e um exemplo da direita, como a filósofa Marcia Tiburi não querer debater (somente concede entrevistas da linha do seu pensamento), assim como, quem segue o pensamento do Bolsonaro (nitidamente, um candidato da direita), sempre escrever, “bolsonaro2018”.

Primeiramente, não acho que filósofos deveriam escolher lados, porque filósofos deveriam enxergar tudo “em cima de uma montanha”. Lógico, que temos um caminho ideológico e espiritual, mas, um filósofo não pode pensar ou agir como os “acorrentados” da caverna que só enxerga as sombras (leiam sobre o Mito da Caverna). Um filósofo é aquele que deixou de enxergar o mundo como todo mundo enxerga, e a atitude da Marcia, é uma atitude de extremo senso comum. Por que o Kim Kataguiri é considerado fascista? Ela tanto defende a palavra fascista, mas se esquece que quando você começa a discursar e tomar uma atitude sem o menor critério o que o outro está dizendo, além de ser preconceito é uma atitude fascista. O fascismo, desde Mussolini, sempre pregou que os seus seguidores deveriam destruir o discurso do outro que se opõem daquilo que está se falando. E o ex-presidente Lula, tem provas suficientes para ser preso, o impeachment da ex-presidente Dilma, foi legitimo e dentro dos transmites legais de uma democracia. E tem outra, todos os “golpes de Estado” que existiram no Brasil e no mundo, não foram “comprozinhos” para tirarem ninguém do governo, foi tanque de guerra na frente do palácio do governo.



No caso da direita temos o Bolsonaro e seus asseclas (chamados de bolsominios por causa da animação “Meu malvado favorito”), começam a postarem dizeres automáticos. Costumo dizer que o discurso de uns seguidos do Bolsonaro, não difere de um discurso de um seguidor do Lula, porque ambos os discursos são discursos que querem “calar” o outro, querem alimentar a polarização. Enquanto quem apoia o Bolsonaro prega um discurso autoritário, um discurso militarista dos tempos antigos, sendo que, o mundo muda e as coisas mudam. Os seguidores do Lula acham que o candidato que for eleito tem total carta branca para fazer o que é melhor para o partido (um ato de corrupção, nunca é benéfico para a própria nação, tanto as Republica, quanto ao Império Romano, ruíram por causa desse mal), e nada seguraria eles para a tomada de um poder de 20 anos. Como um dia sonhou também o PSDB (que chamo de PT de gravata).

O pior que se você faz uma crítica ao Bolsonaro, além de encherem os comentários da hastag “#bolsonaro2018”, ainda te chamam de esquerdista, “mortadela” entre outras coisas. Do mesmo modo, as pessoas que defendem o Lula chamam seus críticos de golpistas, fascistas, e por vai. O discurso não se diferencia entre um lado e do outro, porque não há nenhum critério racional em uma análise além do senso comum. O senso comum só é uma opinião simples e sem critério.

Mas o que seria um discurso? Afinal, toda fala oratória que se vê na internet pode ser chamada de discurso. Mas, discurso é um conjunto de termos que levam seu pensamento, levam o pensamento alheio e que traz uma linha de raciocínio. O discurso de ódio são uma linha de raciocínio sem nenhum critério e se não há critérios, são meros julgamentos de uma verdade que só existem dentro da crença que é alimentada diante dos valores que se recebeu. Ou, existem discursos demagogos e hipócrita, que podem trazer ao mesmo tempo, termos que todo mundo concorda, mas, na pratica, nada disso a pessoa acredita ou faz. Não adianta ser favor de ser um conservador e estar num terceiro casamento – os evangélicos são cheios dessa falácia, mas, caso o companheiro ou companheira, não digam o que gostam de ouvir ou gostam de ver, logo se divorciam. Na verdade, sou a favor do divórcio só no caso de violência física e psíquica, fora isso, é mimi de gente mimada – ou são a favor das minorias, mas ferram as poucas coisas que essas minorias conquistaram. Cadê a socialização da sua própria riqueza? A questão segue sem a menor solução.

O filósofo alemão, Nietzsche (1844-1900), tem uma frase que gosto muito que vou parafrasear, não existem fatos eternos e nem verdades absolutas. O tempo muda conforme a humanidade vai deixando culturas, tecnologias e espiritualidades (que poderíamos chamar de religiosidades) que não servem mais, que não são importantes mais para a sua própria evolução (espiritual e corporal). Então, a vida passa e fatos, que de alguma maneira são verdades, também passarão de alguma maneira. O que vale um ídolo se esses ídolos passarão? Por que seguir um lado ideológicos se esses lados, também passarão?

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