quinta-feira, 10 de maio de 2018

Olavo de Carvalho e a Filosofia Brasileira





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Descrição: um desenho caricatura, com fundo branco, figuras de filósofos da ordem da esquerda para a direita (Berkeley, Schoopenhauer, Borges e Spinoza). Estão abraçados.  
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Não temos uma cultura filosófica porque, como povo católico e avesso ao sucesso – ironicamente, os protestantes (evangélicos) daqui, herdaram esse pensamento – e tem ele como uma falta de humildade, achamos que todos que sabem demais são “metidos” a saber demais. Mas aí está uma questão interessante: quem sabe e tem o dever de passar esse conhecimento deve esconder esse conhecimento? Porque há uma onda religiosa muito grande aqui, não temos muito uma cultura de questionamento, porque está ligado em duas linhas: uma, é a linha da falta de humildade; duas, é a linha que questionar gera conflitos. Nós sabemos em que circunstancias nosso povo não quer conflito, não é? Há sempre uma perda de alguma “vantagem” ou o desprezo total, e pelo que vi, nosso povo odeia ser desprezado ou olharem de “cara feira”.

Diante de tudo isso, não temos uma tradição filosófica e se temos filósofos, ou foram bastante metafísicos ou foram numa linha literária bastante interessante (Machado de Assis foi um deles). Agora, com esta crise política, alguns nomes aparecem dentro do cenário nacional como filósofos, uns chamados de mediáticos, outros de apenas professores. Como disse, não temos uma tradição filosófica e quem, realmente estuda filosofia, sabe que desde Platão, os filósofos eram pessoas que ensinavam e tinham suas escolas filosóficas. Acontece que alguns não fazem uma leve distinção em uma palestra e uma sala de aula (alguns acham que as redes sociais são as salas de aula de universidade, que ninguém pode descordar ou dar a sua opinião), então, esses filósofos começam a falar coisas polêmicas (para chamar a atenção) e começam a falar o que o povo gosta de ouvir. Basicamente, são palavrões e baixaria (falou mal ou da esquerda ou da direita, vira o sábio aqui). A sabedoria é muito mais do que misero vídeo falando um monte de asneira sem a menor lógica.

Sinceramente, acho que muitos desses filósofos são muito bons nas suas áreas, mas, quando a questão é política (porque transformamos a política em religião), se começa a haver coisas estranhas e sem o menor sentido. Como a filósofa Marilena Chauí odiar a classe média (sendo ela uma membra da classe média alta), ou a filósofa Marcia Tiburi juntar Reich e Mercuse, e fazer uma tese que todo mundo que quer a prisão do ex-presidente Lula, tem sérios problemas sexuais. Mesmo que a filósofa Chauí tivesse falado de um símbolo da ostentação de uma classe que não é rica e nem é pobre, mas, é a classe que consome e é onde se tem mais arrecadação de impostos, não faz nenhum sentido. Porque o partido que ela tanto apoia, cavou o seu próprio tumulo político por causa da sua gana de se perpetuar no poder. No caso da filósofa Tiburi, a questão da atitude fascista ser ou não, uma questão sexual, é meio uma questão pessoal dela de ironizar uma situação séria e ela como uma filósofa, sabe que o ex-presidente não foi preso à toa. É uma questão de ética (presumo que ela leu sobre).

Ética não tem a ver com a honestidade somente, aliás, a honestidade deveria ser um dever do homem que busca a virtude, porque a virtude tem a ver com a máxima não faça com os outros o que você não quer que faça com você mesmo. O ex-presidente gostaria de ser roubado? Claro que não. A questão é muito mais profunda do que isso, porque tem a ver com a verdadeira filosofia. Etimologicamente, filosofia vem de dois termos gregos helênicos, (philia) que quer dizer “amigo” ou “amizade” – seria uma tradução, mais ou menos – e o termo (sophia) que quer dizer “sabedoria”. Na verdade, diz a lenda (historicamente, ainda há uma discussão), que Pitágoras forjou “philosophós” e que seria, mais ou menos, um “amigo da sabedoria” ou “amante da sabedoria”. Na minha visão – todo filósofo tem a sua visão própria – a filosofia deveria ser traduzida como amigo da busca da sabedoria, é um amigo que procura ela. Ora, como podemos achar essa sabedoria se somos presos em ideologias políticas ou religiosas? Como podemos encontrar essa sabedoria se devemos escolher um lado? Podemos ser livres para escolher, mas quem não tem nenhuma ideologia de estimação ou ídolo político ou de qualquer outra coisa, não pode ter um pensamento próprio.

Mas o problema não é só a esquerda (que poderíamos refletir em um outro texto depois), há problemas dentro da direita (que também, poderíamos refletir em um outro texto mais profundamente), que não deixa seus filósofos (defensores de uma direita mais liberal) não refletirem direito. Há fenômenos filosóficos – vamos dizer assim – que vieram dentro do “pacote” virtual e um desses fenômenos, é o filósofo Olavo de Carvalho que tem muitos artigos publicados e tem muitos livros também publicado (eu estou devendo um artigo sobre o Jardim das Aflição) e que é o ícone da direita. Acontece, que quando você se prende em convicções engessadas dentro de um só pensamento, o mundo e as ideias ficam bastante limitadas. Principalmente, quando não se respeita uma análise dentro da moral da época que aquele escrito foi escrito. Certamente, se as obras marxistas tivessem sido escritas hoje – talvez nunca a Rússia tivesse saído do czarismo e ainda era um país, totalmente, ruralista – elas seriam muito diferentes do que é, por causa do começo do capitalismo. As análises do Olavo não são ruins, elas só não respeitam sincronicidade dentro da obra – uns conjuntos de fatos que levaram a obra como é – que depende de uma análise moral e política, para serem analisadas.

Primeiro o comunismo ruiu e os poucos países que ficaram socialistas, estão abrindo para o capital. Um dos aspectos do socialismo não deu certo foi a falta de liberdade para escolher o que é melhor para si e para sua família, depois, que o poder seduz bastante e você está à frente de uma grande nação, faz muita diferença. As ditaduras (sejam que lado for), foram começadas assim, o poder fez com que as pessoas achassem serem donas do poder com o outro. O capitalismo não é o paraíso – o capitalismo leva as pessoas a ficarem vaidosas – e nem defendo um capitalismo que ao invés de fazer as pessoas serem mais libertas de fazerem o que quiser, camufladamente, manipula a massa. Isso é fato. Não é porque tenho várias críticas ao socialismo, que eu vou defender um outro sistema que prega a liberdade, mas, você compra ou consome o que eles querem. Claro, fazem parecer que eu fiz a escolha, mas, vamos ser sinceros, eu só compro, ou só consumo, porque é mostrado várias vezes. Por que uma música como o funk faz tanto sucesso? Ou algum chocolate faz tanto sucesso? Pessoas como nós – eu e você leitor – podemos ser seletivos e comprar o que temos vontade, mas, a verdade, que a grande massa não tem essa seletividade.

Se eu não defendo nenhum lado, posso fazer uma crítica melhor. O caso do filósofo Olavo de Carvalho – segundo uma análise bastante crítica – não faz sucesso com sua filosofia, que aliás, é notório dentro de uma base mínima de estudos até, interessantes em alguns casos (como a filosofas que mencionei antes). A grande popularidade do Olavo é a crítica severa dele com o PT (Partido dos Trabalhadores), pois, a população não entende a filosofia desses professores. Na verdade, as questões filosóficas nunca são pensadas por ninguém e ninguém nunca saberá distinguir uma opinião por um pensamento. Qual a essência primordial do mundo? A realidade não é nada mais, do que uma construção daquilo que escolhemos e fazemos o que escolhemos. Quando bebo um copo d´água, a minha realidade dentro daquele momento, é aquele ato. Nada mais do que isso. Se a realidade um dia foi capitalismo contra comunismo – basicamente os EUA contra a URSS – isso teve um fim com a queda do Muro de Berlim e ponto, o resto é só conversa de quem quer acreditar nessa narrativa e com essa narrativa, fazem sua fama. O ser humano prefere narrativas verdadeiras ou “fantásticas”?

Uma pergunta – que ao meu ver, deveria ser uma pergunta de todos os filósofos – que achei interessante, está no livro Ensaios Céticos do filósofo Bertrand Russell (1872-1970) que é: (Pode o Homem ser Racional?). Vendo a filosofia do Olavo de Carvalho e as milhares de teorias da conspiração que, não só ele, traz, fica difícil responder se realmente o homem pode ser considerado um ser racional. O ser é uma totalidade do ser enquanto individuo, como aquilo que é enquanto é. A grosso modo, podemos dizer, que o ser humano é um humano e ser racional é o homem racional, que raciocina a sua realidade a partir do seu entendimento da sua própria realidade. Termos e comunicações são só o comunicado desse entendimento e dizer aquilo que se entende como realidade, pois, questionar não é “jogar” qualquer ideia no ar e dizer o que você acha. O achismo (que Platão chamaria de mera opinião o “doxa”), não tem base lógica e tem bases das crenças que foram construídas dentro da educação que se recebeu. Não é à toa que somos um povo escatológico, amamos tragédias, amamos velório, amamos parar para ver acidentes. Então, essas teorias do fim do mundo, essas teorias de tragédias hollywoodianas, fazem maior sucesso aqui. Mas, são meras opiniões. São meros achismo.


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