Amauri Nolasco Sanches
Junior
Quem me conhece sabe como eu gosto da verdade e a verdade é
que São Paulo está abandonada. Isso fica evidente quando um dos seus maiores símbolos,
o Minhocão, está prestes a cair como caiu o viaduto recentemente e como vários outros,
estão rachados. Fora que as ruas das periferias da cidade, não estão sendo
arrumadas que é uma promessa de campanha do, agora, governador João Dória
(PSDB). A questão vai bem mais longe: os serviços pararam completamente, quando
Dória saiu da prefeitura deixando um vácuo completo. Mas, isso foi para tampar
um buraco eleitoral que o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira)
colocou como prioridade e que ferrou São Paulo.
Falo isso por causa própria, quando o prefeito do PT
(Partido dos Trabalhadores), Fernando Haddad, tirou as entregas de remédio em
casa para pessoas com deficiência e idosos e os candidatos do PSDB, deixaram
isso como está. Também, que médicos só irão na casa das pessoas com deficiência,
se elas forem acamadas. Como disseram no passado e estou concordando, que o
PSDB é um PT de gravata. A questão vai muito além de ser de esquerda e direita –
que está muito ultrapassado lá fora nos outros países – mas, de ser cidadãos. Por
que os médicos não podem ir nas casas de pessoas com deficiência e idosos? Aliás,
para analisar política, além de ler as manchetes (que a maioria não lê), tem
que se criar o habito de se ler livros sobre a política. Mas, nosso povo
tupiniquim, sempre acha que política é uma tremenda partida de futebol, e não é.
Porque não quero saber se o prefeito torce para o Corinthians ou não, eu quero
saber o porquê – com todos os impostos que pagamos – a UBS do meu bairro, Vila
Nova Iorque, tem dia para pegar o remédio, não tem médico e não fazem mais
visitas periódicas para medir a minha pressão ou outras coisas. O porquê que a
UBS do bairro da minha noiva, Jardim Elba, não fazem o pedido para tratamento psicológico
e da cadeira motorizada que ela tem o direito, ainda, ela tem problemas respiratórios
e também, tem a bacia deslocada e a médica do posto tem preguiça de assinar um
papel. Quem fez o pedido da cadeira motorizada foi a ortopedista do Ambulatório
do Sapopemba que entendeu que ela não pode, por causa desses problemas respiratórios,
e pelo deslocamento da bacia, ela não pode fazer esforço. Portanto, ela deve
ter o direto de uma cadeira motorizada.
A prefeitura está muito mais preocupada com o carnaval e o
prefeito, Bruno Covas, está pensando em proibir canudinhos de plásticos. Viadutos
caindo, transporte para pessoas com deficiência de má qualidade – as vans do
ATENDE+ estão caindo aos pedaços e os ônibus acessíveis, sempre estão quebrados
– ruas com buracos, questões administrativas da UBS que não se resolvem, questões
que são ignoradas pela prefeitura de São Paulo. Por que se chegou a esse ponto?
Porque, muitas vezes, as pessoas com deficiência não querem se envolver na política
e se você não se envolver na política, você não muda e nem inclui ninguém. Afinal,
o filósofo da antiguidade, Aristóteles, dizia que somos animais sociáveis (ele
quis dizer, cidadãos), por causa da nossa racionalidade. Porém, hoje sabemos,
que várias ideias de associação cultural que temos, veio muito mais da nossa
capacidade de ler símbolos do que uma questão biológica. Apesar que muitos antropólogos,
dizerem em pesquisas, que o ser humano por ser um primata, ele é um animal gregário.
Assim, quase todos os primatas, são gregários.
Se lemos com bastante atenção Aristóteles, vai perceber que
o termo “politikon” – que veio o termo político ou política – na tradução não é
político, mas, cidadão. O politikon era aquele que se preocupava com a Polis e com
o andamento do povo, já o idiotike, era o egoísta que só queria saber do seu próprio
benefício. Como é mostrado na Apologia de Sócrates, que aconteceu na fase final
da democracia ateniense, que vários que se achavam politikon, eram, na verdade,
idiotike. Talvez, Lenin por ser um estudioso, quis dizer em dizer idiota, esse indivíduo
egoísta que só pensa nele, como existiu vários no socialismo também. Como eu
disse, isso ultrapassa a questão direita e esquerda, a reflexão tem que ser
nua, senão, vai sempre defender um viés ideológico.
Então, nós, pessoas com deficiência, temos um entendimento
racional da nossa realidade (somente aqueles que tiveram suas consciências afetadas
pela paralisia cerebral mais severa e outras deficiências ou síndromes, que dão
uma certa deficiência mental), e, portanto, tem consciência das suas vontades. Na
verdade, muitas pessoas com deficiência, são infantilizadas porque se
infantilizam, não procuram priorizar o conhecimento e nem a questão política. Mas,
como a maioria do povo não lê nada, não condeno as pessoas com deficiência que não
fazem.
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