quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A herança maldita do PT em São Paulo e o carnaval que não acaba (PCDs não tem UBS)







Amauri Nolasco Sanches Junior

Quem me conhece sabe como eu gosto da verdade e a verdade é que São Paulo está abandonada. Isso fica evidente quando um dos seus maiores símbolos, o Minhocão, está prestes a cair como caiu o viaduto recentemente e como vários outros, estão rachados. Fora que as ruas das periferias da cidade, não estão sendo arrumadas que é uma promessa de campanha do, agora, governador João Dória (PSDB). A questão vai bem mais longe: os serviços pararam completamente, quando Dória saiu da prefeitura deixando um vácuo completo. Mas, isso foi para tampar um buraco eleitoral que o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) colocou como prioridade e que ferrou São Paulo.

Falo isso por causa própria, quando o prefeito do PT (Partido dos Trabalhadores), Fernando Haddad, tirou as entregas de remédio em casa para pessoas com deficiência e idosos e os candidatos do PSDB, deixaram isso como está. Também, que médicos só irão na casa das pessoas com deficiência, se elas forem acamadas. Como disseram no passado e estou concordando, que o PSDB é um PT de gravata. A questão vai muito além de ser de esquerda e direita – que está muito ultrapassado lá fora nos outros países – mas, de ser cidadãos. Por que os médicos não podem ir nas casas de pessoas com deficiência e idosos? Aliás, para analisar política, além de ler as manchetes (que a maioria não lê), tem que se criar o habito de se ler livros sobre a política. Mas, nosso povo tupiniquim, sempre acha que política é uma tremenda partida de futebol, e não é. Porque não quero saber se o prefeito torce para o Corinthians ou não, eu quero saber o porquê – com todos os impostos que pagamos – a UBS do meu bairro, Vila Nova Iorque, tem dia para pegar o remédio, não tem médico e não fazem mais visitas periódicas para medir a minha pressão ou outras coisas. O porquê que a UBS do bairro da minha noiva, Jardim Elba, não fazem o pedido para tratamento psicológico e da cadeira motorizada que ela tem o direito, ainda, ela tem problemas respiratórios e também, tem a bacia deslocada e a médica do posto tem preguiça de assinar um papel. Quem fez o pedido da cadeira motorizada foi a ortopedista do Ambulatório do Sapopemba que entendeu que ela não pode, por causa desses problemas respiratórios, e pelo deslocamento da bacia, ela não pode fazer esforço. Portanto, ela deve ter o direto de uma cadeira motorizada.

A prefeitura está muito mais preocupada com o carnaval e o prefeito, Bruno Covas, está pensando em proibir canudinhos de plásticos. Viadutos caindo, transporte para pessoas com deficiência de má qualidade – as vans do ATENDE+ estão caindo aos pedaços e os ônibus acessíveis, sempre estão quebrados – ruas com buracos, questões administrativas da UBS que não se resolvem, questões que são ignoradas pela prefeitura de São Paulo. Por que se chegou a esse ponto? Porque, muitas vezes, as pessoas com deficiência não querem se envolver na política e se você não se envolver na política, você não muda e nem inclui ninguém. Afinal, o filósofo da antiguidade, Aristóteles, dizia que somos animais sociáveis (ele quis dizer, cidadãos), por causa da nossa racionalidade. Porém, hoje sabemos, que várias ideias de associação cultural que temos, veio muito mais da nossa capacidade de ler símbolos do que uma questão biológica. Apesar que muitos antropólogos, dizerem em pesquisas, que o ser humano por ser um primata, ele é um animal gregário. Assim, quase todos os primatas, são gregários.

Se lemos com bastante atenção Aristóteles, vai perceber que o termo “politikon” – que veio o termo político ou política – na tradução não é político, mas, cidadão. O politikon era aquele que se preocupava com a Polis e com o andamento do povo, já o idiotike, era o egoísta que só queria saber do seu próprio benefício. Como é mostrado na Apologia de Sócrates, que aconteceu na fase final da democracia ateniense, que vários que se achavam politikon, eram, na verdade, idiotike. Talvez, Lenin por ser um estudioso, quis dizer em dizer idiota, esse indivíduo egoísta que só pensa nele, como existiu vários no socialismo também. Como eu disse, isso ultrapassa a questão direita e esquerda, a reflexão tem que ser nua, senão, vai sempre defender um viés ideológico.

Então, nós, pessoas com deficiência, temos um entendimento racional da nossa realidade (somente aqueles que tiveram suas consciências afetadas pela paralisia cerebral mais severa e outras deficiências ou síndromes, que dão uma certa deficiência mental), e, portanto, tem consciência das suas vontades. Na verdade, muitas pessoas com deficiência, são infantilizadas porque se infantilizam, não procuram priorizar o conhecimento e nem a questão política. Mas, como a maioria do povo não lê nada, não condeno as pessoas com deficiência que não fazem.


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