quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

PC. Siqueira apagou seu Twitter, não vou apagar o meu não







Amauri Nolasco Sanches Junior

Outro dia, estava vendo um vídeo do PC. Siqueira enquanto eu fazia uma pesquisa para o meu novo livro, e fiquei ouvido ele falar o porquê tinha deletado o seu Twitter. Achei os motivos dele, motivos irrelevantes e só mostram como a geração dos anos 90 em diante, é uma geração que não pode ser frustrada. Sim. Vivemos em um mundo que não se pode frustrar o outro com um “não” ou um “não concordo com você”. Não é só no vídeo do PC que eu vi isso, eu quase fui expulso de um grupo e uma colega foi expulsa, por causa que discordávamos de um ponto de vista do namoro virtual e do romantismo. O nome do grupo é “Amizade Sem Fim”. Será? Amizade foi muito discutido pelo filósofo grego Aristóteles, que segundo dizia, era um amor mais verdadeiro. Amizade sem fim presume uma amizade sem interesse nenhum.

Certamente, minha veia filosófica, me faz ser um cara bastante cético enquanto tudo. Porque enquanto existem alguns que se ensurdecem com as trombetas do fanatismo e se cegam com a luz dos seus ídolos, eu não tenho ídolos e mantenho o ceticismo político e religioso, bem aguçado. Aliás, fui irônico (como um bom filósofo socrático), e disse no meu Twitter que espero não ser condenado a beber cicuta (foi o veneno que condenaram Sócrates, filósofo ateniense, a beber e morrer por causa disso). Eu sempre sou contra o que a maioria assistia, sempre achei chato banda da moda, filme da moda e ídolos da moda. Hoje em dia, com a carga de filosofia que eu tenho porque gosto de ter, me faz ser ainda mais, um ser seletivo daquilo que eu gosto e daquilo que eu critico. Até as coisas que eu gosto, tenho minhas críticas. Como a série Origin do YouTube Prime, que mesmo eu gostando da história e dos efeitos bem produzidos, ainda, tem várias falhas e que faz a história ser chata em alguns momentos.

Aceitar tudo é uma, tremenda, burrice. Como disse o escritor e ensaísta, Nelson Rodrigues, toda a unanimidade é burra. Burra no sentido de teimosia daquilo que sabe estar errado e ainda, acredita ser certo. Eu gosto do Twitter porque me faz ver opiniões mais diversas e por eu não ter nenhum viés ideológico ou defendo alguém, não me causa nada, porque nada mais me cega. O espanto nessa questão é que as pessoas sempre querem ser as certas, porque a bondade de querer o bem e lutar contra o governo Bolsonaro (pelas falas do passado dele), se neutralizam quando você não ouve o outro lado e começa a querer que o outro concorde com você. PC não é diferente, ele é igual todo mundo, ele demonstrou isso apagando sua conta no Twitter. Esse papo furado de “conteúdo toxico”, só é uma desculpa para não ver que aquilo que estava fazendo, era errado e que não pode ser frustrado. Por que apagar algo que usava tanto e eis que de repente, você apaga porque cansou do “conteúdo toxico”? Por que que quando interessava o “conteúdo toxico” servia? Não estou fazendo acusação nenhuma, mas, é um ponto importante da discussão.

O que me incomoda nesta história é que temos uma geração que não sabe argumentar e não quer procurar meios para isso. É muito fácil expulsar. É muito fácil não querer saber o porquê o outro disse aquilo, é muito mais fácil apagar sua rede social e não se frustrar. Claro, se você posta fotos e uma pessoa te agride ou fala coisa que você não gostou – como assédio, como injuria racial e etc – você tem todo o direito de fazer o bloqueio, mas, se a pessoa deu somente a sua opinião e só porque você não gostou, vai lá e bloqueia, você não tem argumento. Ou não quer argumentar. Já pensaram se Sócrates não quisesse argumentar a resposta que o outro dava? Não teríamos a filosofia e o pensamento que o ocidente foi construído, porque ele quis achar a virtude dentro do oposto. Qual a graça de argumentar com pessoas que tem o mesmo viés ou a mesma opinião que você? Nenhuma. Concordo com a Pitty, quando ela fala que nem sempre anda com seus iguais, nem sempre faz coisa legais, se dá bem com os inocentes, mas, com os culpados ela se diverte mais. Ou seja, nos divertimos mais com as opiniões contrarias.


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