Amauri Nolasco Sanches Junior
Quem acompanha meus textos sabem que sempre coloquei como
maior problema da humanidade era o romantismo. Dentro da filosofia, chamamos o
romantismo como uma crítica (analise) muito exagerada contra as tecnologias e o
progresso da humanidade. Algo como: que criança tem que jogar bola na rua, que criança
tem que brincar de carrinho de rolimã, jogar futebol de botão, temos que ler
livros de papel (que é um luxo ter grandes obras da filosofia e da literatura
pelo preço), que a minha psicóloga era o chinelo e essas asneiras que
transformam a rede social como muros pichados de periferia. Por outro lado, o
romantismo também alimenta ditaduras como da Venezuela, que podemos analisar a
partir de uma ideologia que Nicolás Maduro acredita, que é um chavismo
delirante e que não existe (Bolívar era muito rico para ser socialista). Mas,
essas brincadeiras foram boas? Sim. Mas o progresso veio e novas formas de
brincadeiras e de jogos, vieram junto, e nem por isso, as pessoas perderam a convivência
social (claro, que existem pessoas que se trancam e merecem atenção e
tratamento).
As pessoas se apegam a segurança do passado onde eram apenas
seres que brincavam e tinham a preocupação de estudar, mas, o prazer daquilo fica
gravada no nosso inconsciente. Eu sempre achei, talvez, que as pessoas negam a
realidade onde vivem e ficam com a imagem, muitas vezes, de um romantismo que
fica no intuito de uma imagem de filme como do Woody Allen. A questão sempre
foi em criar vínculos ideológicos e religiosos que nos opõe ao progresso e uma crítica
acirrada da tecnologia ou de novas formas de consumo – minha única crítica é o
fato das filas intermináveis de coisas que se pode comprar em um outro local ou
mais tarde – e assim, ser contra um progresso social mais abrangente. Ai que
confundiram as coisas, pois, uma análise filosófica e intelectual, não pode ser
só a análise de fatos dentro de uma bolha que o pessoal acha que é o meio
intelectual. Eu posso comer em um Habbib`s e não deixar de ser um filósofo que
faz críticas ao capitalismo, como posso acreditar que o ESTADO nos escraviza, e
ser contra governos socialistas. Como já vi anarquistas apoiando pessoas, como
o italiano Cesare Batiste, que acho que é mais do que evidente que ele matou
pessoas e colocou uma numa cadeira de rodas.
A questão é criar toda uma caixinha para analisar só um lado
da literatura, só um lado da filosofia e só um lado das ideologias (as religiões
nem se fala). Porque não gostam da sua realidade. Porque é chato você trabalhar,
é chato não poder mais ficar sozinho (existem pessoas que não suportam ficar sozinhas
e toda hora estão numa balada, mesmo casadas), toda hora precisam fugir de si
mesmo. Eu sou muito criticado por analisar a questão em outros vieses e nunca
num só viés, porque não existem só livros, não existe só TV, existem pessoas
que fazem vídeo no YouTube que sim, tem conteúdos bem interessantes. Ou, que
pode ser analisada num texto filosófico sobre o assunto tratado pelo youtuber. Por
que não? Por que não posso analisar ideias que não são tão “intelectuais”? Pior
que são as mesmas pessoas que criticam as bolhas ideológicas e bolhas religiosas,
mas, que criam várias bolhas intelectuais que acham que é a verdade e não é. Aliás,
a busca da verdade (alethéia), sempre impulsionou os filósofos a analisar a
mesma realidade.
Mas o que motivou a escreveu esse texto? Uma postagem de uma
colega orkutiana (do falecido Orkut), que postou uma imagem que traz uma parte
do “O Paradoxo do Nosso Tempo, do comediante de stand-up, ator e autor norte-americano,
George Carlin. Não sabemos se o texto é dele mesmo, mas, quem olha o texto como
um todo verifica um “paternalismo” quase religioso, como se as pessoas não pudessem
ou não escolhessem se querem fumar, se querem tomar um porre, se quem ou não amar,
ou querem odiar e correr com seu carro. Eu analiso como um texto muito
moralizante para um comediante e ator, porém, talvez, fosse dele mesmo. Duas questões
devem ser analisadas: uma é que o autor (no caso, Carlin), analisa os efeitos
como as causas. Fumar é o efeito de pegar um cigarro e fumar, beber é o efeito
da vontade daquela bebida. A vontade de cada ser humano não pode ser ignorada e
muitas pessoas, ainda acham, que esses desejos são efeitos de uma alienação. Por
exemplo, somos muito mais “bombardeados” com propagandas do Mcdonald de que de
outros fest-food e existem pessoas – como eu mesmo – que não comem lá e não gostam
dos seus lanches. Você pode dar cem mil para uma pessoa e ela poupar, e dar
para outra, e ela gastar tudo.
Mas o principal do texto – que estava na figura – é essa
parte:
Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.
Por que digestão lenta? Será uma analogia ou é literal? Nossa
intolerância sempre era restrita aos bairros de periferia, porque temos redes
sociais para emitir a nossa opinião. só que, nesse ponto, eu sou muito platônico.
Porque acho que opinião não é conhecimento, é só um achismo que, muitas vezes, não
tem lógica nenhuma. Porém, grandes homens não podem ter caráter pequeno (ai você
desconfia se é mesmo do Carlin, porque isso é coisa de senso comum bem ralo), porque
o bem sempre vem com o conhecimento (não do estudo acadêmico). E o próximo é
que as pessoas têm lucros grandes e as relações vazias. Será que é pelo lucro
alto ou pela própria educação que recebe que a mãe já ensina para a filha, que
o cara tem que ganhar bem? Ou os homens que se aproveitam das mulheres que tem
fama e dinheiro? Não é uma questão de caráter?
Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.
Nada a ver. A questão de ter dois empregos não colabora com
o divórcio e sim, a intolerância de ter ou não um diálogo. Criamos uma cultura
de que o casamento é uma prisão, mas, só pode ser uma prisão quando você casa
por obrigação. Acho eu que ninguém casa por obrigação, mesmo se a mulher tiver
gravida, o homem casa por vontade. E existem vários barracos que tem lares despedaçados.
Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".
Sim. As viagens ficaram mais rápidas por causa da melhoria
da tecnologia, as fraldas ficaram descartáveis por causa da pratica e da mesma tecnologia.
A moral ser descartável, mostra que nem sempre uma moral pode ser eterna. Na
idade média um homossexual seria acusado de práticas pecadoras e queimado na
figueira – assim, tinha milhares de padres que eram homossexuais – e hoje, é
algo meio abominável. Pessoas com deficiência eram queimados e mortos, por não servir
para a sociedade, hoje, existem pessoas com deficiência que trabalham. Mulheres
menstruadas estavam fadadas a não entrarem a nenhum templo e eram isoladas. Ou seja,
a própria sociedade de adquiri um conhecimento, renova a sua moral e vai sempre
procurar aquilo que é o bem e o bom, evoluindo a consciência. A última parte é só
olhar no Twitter, muitas rapidinhas (pela geração que coita muito, mas não transa),
muitos cérebros ocos porque as pessoas não abrem um simples link e lê a matéria
(muitas vezes comentam só o título). A burrice é extrema.
Portanto, um trabalho intelectual (que pode ou não, ser filosófico),
não pode ser restrito só em analisar coisas de cunho intelectual. Existe um
mundo muito mais amplo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário