sábado, 23 de fevereiro de 2019

O passado que não me deixa e é o motivo de ditaduras





Imagem relacionada

Amauri Nolasco Sanches Junior


Quem acompanha meus textos sabem que sempre coloquei como maior problema da humanidade era o romantismo. Dentro da filosofia, chamamos o romantismo como uma crítica (analise) muito exagerada contra as tecnologias e o progresso da humanidade. Algo como: que criança tem que jogar bola na rua, que criança tem que brincar de carrinho de rolimã, jogar futebol de botão, temos que ler livros de papel (que é um luxo ter grandes obras da filosofia e da literatura pelo preço), que a minha psicóloga era o chinelo e essas asneiras que transformam a rede social como muros pichados de periferia. Por outro lado, o romantismo também alimenta ditaduras como da Venezuela, que podemos analisar a partir de uma ideologia que Nicolás Maduro acredita, que é um chavismo delirante e que não existe (Bolívar era muito rico para ser socialista). Mas, essas brincadeiras foram boas? Sim. Mas o progresso veio e novas formas de brincadeiras e de jogos, vieram junto, e nem por isso, as pessoas perderam a convivência social (claro, que existem pessoas que se trancam e merecem atenção e tratamento).

As pessoas se apegam a segurança do passado onde eram apenas seres que brincavam e tinham a preocupação de estudar, mas, o prazer daquilo fica gravada no nosso inconsciente. Eu sempre achei, talvez, que as pessoas negam a realidade onde vivem e ficam com a imagem, muitas vezes, de um romantismo que fica no intuito de uma imagem de filme como do Woody Allen. A questão sempre foi em criar vínculos ideológicos e religiosos que nos opõe ao progresso e uma crítica acirrada da tecnologia ou de novas formas de consumo – minha única crítica é o fato das filas intermináveis de coisas que se pode comprar em um outro local ou mais tarde – e assim, ser contra um progresso social mais abrangente. Ai que confundiram as coisas, pois, uma análise filosófica e intelectual, não pode ser só a análise de fatos dentro de uma bolha que o pessoal acha que é o meio intelectual. Eu posso comer em um Habbib`s e não deixar de ser um filósofo que faz críticas ao capitalismo, como posso acreditar que o ESTADO nos escraviza, e ser contra governos socialistas. Como já vi anarquistas apoiando pessoas, como o italiano Cesare Batiste, que acho que é mais do que evidente que ele matou pessoas e colocou uma numa cadeira de rodas.

A questão é criar toda uma caixinha para analisar só um lado da literatura, só um lado da filosofia e só um lado das ideologias (as religiões nem se fala). Porque não gostam da sua realidade. Porque é chato você trabalhar, é chato não poder mais ficar sozinho (existem pessoas que não suportam ficar sozinhas e toda hora estão numa balada, mesmo casadas), toda hora precisam fugir de si mesmo. Eu sou muito criticado por analisar a questão em outros vieses e nunca num só viés, porque não existem só livros, não existe só TV, existem pessoas que fazem vídeo no YouTube que sim, tem conteúdos bem interessantes. Ou, que pode ser analisada num texto filosófico sobre o assunto tratado pelo youtuber. Por que não? Por que não posso analisar ideias que não são tão “intelectuais”? Pior que são as mesmas pessoas que criticam as bolhas ideológicas e bolhas religiosas, mas, que criam várias bolhas intelectuais que acham que é a verdade e não é. Aliás, a busca da verdade (alethéia), sempre impulsionou os filósofos a analisar a mesma realidade.

Mas o que motivou a escreveu esse texto? Uma postagem de uma colega orkutiana (do falecido Orkut), que postou uma imagem que traz uma parte do “O Paradoxo do Nosso Tempo, do comediante de stand-up, ator e autor norte-americano, George Carlin. Não sabemos se o texto é dele mesmo, mas, quem olha o texto como um todo verifica um “paternalismo” quase religioso, como se as pessoas não pudessem ou não escolhessem se querem fumar, se querem tomar um porre, se quem ou não amar, ou querem odiar e correr com seu carro. Eu analiso como um texto muito moralizante para um comediante e ator, porém, talvez, fosse dele mesmo. Duas questões devem ser analisadas: uma é que o autor (no caso, Carlin), analisa os efeitos como as causas. Fumar é o efeito de pegar um cigarro e fumar, beber é o efeito da vontade daquela bebida. A vontade de cada ser humano não pode ser ignorada e muitas pessoas, ainda acham, que esses desejos são efeitos de uma alienação. Por exemplo, somos muito mais “bombardeados” com propagandas do Mcdonald de que de outros fest-food e existem pessoas – como eu mesmo – que não comem lá e não gostam dos seus lanches. Você pode dar cem mil para uma pessoa e ela poupar, e dar para outra, e ela gastar tudo.
Mas o principal do texto – que estava na figura – é essa parte:


Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.


Por que digestão lenta? Será uma analogia ou é literal? Nossa intolerância sempre era restrita aos bairros de periferia, porque temos redes sociais para emitir a nossa opinião. só que, nesse ponto, eu sou muito platônico. Porque acho que opinião não é conhecimento, é só um achismo que, muitas vezes, não tem lógica nenhuma. Porém, grandes homens não podem ter caráter pequeno (ai você desconfia se é mesmo do Carlin, porque isso é coisa de senso comum bem ralo), porque o bem sempre vem com o conhecimento (não do estudo acadêmico). E o próximo é que as pessoas têm lucros grandes e as relações vazias. Será que é pelo lucro alto ou pela própria educação que recebe que a mãe já ensina para a filha, que o cara tem que ganhar bem? Ou os homens que se aproveitam das mulheres que tem fama e dinheiro? Não é uma questão de caráter?

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.

Nada a ver. A questão de ter dois empregos não colabora com o divórcio e sim, a intolerância de ter ou não um diálogo. Criamos uma cultura de que o casamento é uma prisão, mas, só pode ser uma prisão quando você casa por obrigação. Acho eu que ninguém casa por obrigação, mesmo se a mulher tiver gravida, o homem casa por vontade. E existem vários barracos que tem lares despedaçados.


Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".


Sim. As viagens ficaram mais rápidas por causa da melhoria da tecnologia, as fraldas ficaram descartáveis por causa da pratica e da mesma tecnologia. A moral ser descartável, mostra que nem sempre uma moral pode ser eterna. Na idade média um homossexual seria acusado de práticas pecadoras e queimado na figueira – assim, tinha milhares de padres que eram homossexuais – e hoje, é algo meio abominável. Pessoas com deficiência eram queimados e mortos, por não servir para a sociedade, hoje, existem pessoas com deficiência que trabalham. Mulheres menstruadas estavam fadadas a não entrarem a nenhum templo e eram isoladas. Ou seja, a própria sociedade de adquiri um conhecimento, renova a sua moral e vai sempre procurar aquilo que é o bem e o bom, evoluindo a consciência. A última parte é só olhar no Twitter, muitas rapidinhas (pela geração que coita muito, mas não transa), muitos cérebros ocos porque as pessoas não abrem um simples link e lê a matéria (muitas vezes comentam só o título). A burrice é extrema.

Portanto, um trabalho intelectual (que pode ou não, ser filosófico), não pode ser restrito só em analisar coisas de cunho intelectual. Existe um mundo muito mais amplo.



Nenhum comentário:

Postar um comentário