terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O desastre político brasileiro e a política da Filhocracia





Georg von Rosen - Oden som vandringsman (Odin, o Viajante), 1886


Amauri Nolasco Sanches Junior

Odin era a peça chave para a mitologia nórdica (povos da Escandinávia), que trocou um dos seus olhos para obter sabedoria. O que ele tinha de diferente era os filhos. Thor (bem diferente da imagem bonitinha dos quadrinhos da Marvel), matou a própria família e era seu filho mais velho, seu filho que cuidava dos trovões e das batalhas (não à toa, né?). Balder o segundo filho e cuidava da sabedoria e a justiça e era reverenciado por sua beleza. Vidar que era o deus da vingança e Valir era o deus que nasceu para matar o deus cego, Holder por ter matado Balder e cuidava da cultura. Então, Odin era um governante que sempre estava rodeado dos filhos (além das Walkirias), e assim, eles intercediam das decisões do pai. Se pusemos isso hoje em dia, poderemos ver que as questões monárquicas nunca saíram do Brasil. As capitanias hereditárias, as nomeações de filhos em cargos importantes, famílias que mandam no Nordeste há anos. E inventamos uma nova categoria de governo, a Filhocracia.

Não estamos numa monarquia e nem queremos que o Brasil esteja em crise no lado financeiro. O presidente, Jair Bolsonaro (PSL), não é rei e muito menos, rei dos deuses. A questão de ética não pode ser atrelada só na pratica de corrupção, mas, a pratica de esclarecer pontos importantes dentro da governabilidade do país. Portanto, adjetivar pessoas que descordam de comunista ou que estão contra o Brasil, é de uma ignorância total. Eu não sou petista (aliás, não apoio nenhum partido), não sou comunista e não tenho ideologia para salvar a humanidade. O Brasil faz de tudo uma grande religião e ficam colocando presidentes e políticos como “messias” para salvar uma coisa que só mudanças de posturas vão ser arrumadas dentro da nossa cultura. O que os bolsonaristas estão fazendo, só é um petismo invertido e transvestido de direita conservadora. Um liberal não pode ser conservador. Como dizia Sérgio Buarque de Holanda, não temos pessoas conservadoras, temos pessoas atrasadas. O atraso sempre levou o Brasil a ficar com uma política de não modernização, não desenvolvimento e a sempre ficar achando que o passado é melhor. As pessoas que fizeram os melhores programas ou músicas, não fazem mais ou não estão mais entre nós, a “festa acabou” e as luzes foram apagadas. O Brasil tem que sair rápido da idade média.

Mas, para sairmos dessa era medieval brasileira, precisaríamos investir mais em educação e leitura. Os ataques a jornalistas como Carlos Adreazza ou Felipe Moura Brasil, junto com alguns programas da Jovem Pan ou o site O Antagonista, mostram como as pessoas não sabem o que é política e o que se deve ler para ter uma discussão política séria. Não militância como o petismo sempre fez, porque não adianta tirar uma esquerda que só estava atrapalhando o Brasil, e colocar uma direita tão fanática quanto essa mesma esquerda delirante. Uma discussão política é uma discussão que se deve ter o ceticismo de não acreditar em tudo, rejeitar a política da facilidade, porque política não pode ser simplista e um governo não pode mandar pessoas embora sem nenhuma explicação. Claro, que tem nos Twitter da vida, milhares de passadas de pano da atitude do presidente e seu pimpolho twitteiro.

Nós que trabalhamos com a grande mídia e a mídia independente (blog), sabemos que a grande maioria não abre o link da matéria e não estuda a política. Porque acham que o presidente é o rei ou tem preguiça de ler mesmo, porque tem coisas muito mais importante para fazer, como falar mal do vizinho, falar mal do parente ou falar um monte de asneiras no Twitter sem embasamento nenhum. Um desastre qualquer discussão política aqui e a ignorância impera categoricamente. Mas, o que esperar de um povo que não abre um link da matéria?


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