domingo, 7 de fevereiro de 2021

O barril da Karol Konká

 


Fonte: aqui


Estamos numa crise moral. Não estou falando do moralismo, mas da moral que tanto Kant enfatizou em suas análises sobre a epistemologia. Pois, como nosso povo confunde milhares de termos e definições, também confundem moral com moralismo. Moralismo, a meu ver, tem a ver com a imposição daquilo que alguma religião ou ideologia costuma acreditar ser o certo. Ai cabe uma ressalva. Porque você fazer um alerta, não quer dizer que você tenha que “cagar” regra, quer dizer que você tem uma visão da moral que pode ser verdadeira ou não. Por exemplo, as pessoas que são evangélicas, cansam de dizer que o Facebook tem pornografia por conta de mulheres de biquini, sendo que pornografia não é isso. Pornografia vem de “pornos” que é prostituta em latim, com "graphô" que é escrever e gravar, ou seja, eram o que as casas de prostituição faziam no muro aos arredores para mostrar que ai haviam prostitutas. Há provas que mulheres de biquini são prostitutas? Claro que não. Há mulheres que querem expor o corpo que é delas e tem todo o direito de expor, o que não quer dizer que isso é pornografia e sim, que isso é um direito. Até mesmo, vai contra a própria individualidade que o próprio cristianismo inventou.

A moral é muito mais complexa do que a pauta tradicionalista, que o brasileiro transformou em conservadora (até a segunda página, como tudo aqui). Moral é uma ética social que há um consenso dentro de uma questão que há um consenso, como matar alguém ou roubar. Por milhares de anos – desde quando foram criadas as sociedades – a sociedade criou um consenso que matar era errado, pegar algo que não é seu, é errado e foi um avanço moral e faz parte da tradição moral. Podemos dizer, que a espiritualidade (que muitos chamaram de Deus), deram a Moisés os mandamentos e esses mandamentos confirmam que matar, roubar e trair, eram morais universais. Você ter vontade não quer dizer que você pode fazer aquilo, mesmo o porquê, duma forma lógica, matar é privar o outro de seu direito de viver. A vontade sempre acaba em tédio, como diria Schopenhauer. Porque podemos ter uma mulher que é casada com outro, mas só somos felizes, segundo o filósofo, até possuímos o que desejamos e quando temos, cairmos no tédio. E sempre buscamos a primeira sensação que nunca volta. Seja na bebida, nas drogas, nas mulheres ou homens, seja em qualquer coisa. Se cai no tédio.

O tédio é a constatação do que Nietzsche disse em que não existe verdade absoluta, e muito menos, fatos eternos. O brasileiro tem uma mania muito enraizada por aqui, em ser nostálgico, porque procura aquela sensação de prazer do mesmo modo que tinha ao ser criança ou assisti a primeira vez aquilo. Não vai ter. Como costumo dizer, o brasileiro tem que aprender que o show acabou, as cortinas abaixaram e as luzes foram apagadas. O prazer pode ser pequenas coisas muito simples, sem baladas estratosféricas, ou encher a cara de cerveja. O tédio invadiu nossa sociedade. Porque todo mundo tem a sua verdade e que aquilo não é absoluto e sim, relativo. A questão é: exstem verdades que não pode ser alteradas ou contestadas, como a Terra sr redonda (ela é achatada nos polos), cairmos e se machucamos se pularmos de cima de uma árvore, o Sol vai brilhar amanhã e que existe sim, determinações morais universais que são essenciais para a boa harmonia social.

Agora imagine um menino trancado dentro de um barril e comendo as próprias fezes que tinha feito no próprio barril. Imagine um politico (governador no caso) discutindo com um comentarista de terceira categoria numa rádio tradicional. Agora, imagina três mulheres negras, vindas da periferia e que humilhando um rapaz bissexual, uma nordestina e ainda, exclui uma outra moça branca por ser branca. A questão é: o porquê o menino comendo a própria merda teve menos importância do que o governador que debateu com um comentarista politico e um programa que não agrega em nada a nossa cultura? Essa é a crise moral. Se tem tanta defesa do menino que fez filme com a Xuxa – só porque ela fez duras críticas ao presidente e seu governo – mas, por outro lado, notícias como do menino trancado em um barril tem menos repercussão. É o lado patológico do ser humano, que para defender uma pauta, devemos esconder os contra e assim, não ter uma discussão saudável. Se defender a família – como eu defendo – é, moralmente, a base da sociedade, mas se deve admitir que existem falhas socioeconômicas, falhas educacionais, falhas de fazer entender que família e filhos, não é um experimento social, é uma responsabilidade. E que você tem que criar os filhos com amor e respeito, e acima de tudo, respeito daquilo que ele é na essência e não fazer dele uma extensão da sua própria vontade.

Se um menino num barril não sensibiliza uma sociedade ao ponto de não abrir uma notícia, como eu posso acreditar se essa sociedade se solidariza com um bissexual no programa BBB? Como assim o menino é menos do que um programa popular? Aliás, o BBB21 serviu, exatamente, o tão demagogo é o discurso da esquerda lacradora e que abraça árvore e que, sim, com uma má educação, o oprimido sempre vai querer oprimir.


Amauri Nolasco Sanches Junior

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