quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Mamacita Casagrande

 




Eu me lembro até hoje a Copa de 1986, quando o Brasil foi eliminado pela Itália e o pênalti que o Zico jogou para fora e depois culpou o joelho. Ora, então, de uma forma lógica, quem chutou errado aquela bola foi o joelho do Zico e não foi decisão dele, pois ele culpou o joelho e a culpa foi o joelho. Pois bem, eu tinha 11 anos de idade e fiquei decepcionado com o futebol e nunca mais torci para alguma coisa ligada a ele até hoje, pois, o “joelho” do Zico é o grande culpado. Nem mesmo o Corinthians – eu adorava a imagem do Sócrates – escapou do mesmo ceticismo futebolístico. E nessa seleção estava Casagrande no auge da “democracia corintiana”, onde se pedia a redemocratização do país através da paixão do brasileiro, o futebol. Eu, sinceramente, não acho que o futebol brasileiro se redimiu do “joelho” do Zico na Copa de 94 e nem que houve mesmo, aquilo tudo que disseram na Copa de 98. Talvez, seja meu olhar cético que tenha gravado que eu sempre vou me decepcionar, se eu acreditar em alguma coisa. 

Já o vólei dos anos 90 – hoje eu não sei – feminino nos deu várias medalhas de ouro e várias vitórias (junto com o basquete) que o futebol deixou de nos dar nesses anos. E a Ana Paula Henkel trouxe várias medalhas e vitórias e ainda, até hoje, é ainda reconhecida como “Ana Paula do Vólei” e ela e outras, passaram a me mostrar outros esportes – incluindo o Senna na F1 – que possamos sentir orgulho além do “futebol mercenário”. A questão aqui é muito mais uma questão opinativa do que moral, porque tem a ver de confundir opinião com conjuntura politica. Casagrande é um cara que foi moldado dentro da ideia da direita que apoia a ditadura militar, pois quem acredita numa liberdade verdadeira democrática tem que ser de esquerda e se a favor da revolução. A briga entre os dois é uma briga politica, ideológica e inútil, pois em matéria de trazer alguma coisa para o Brasil, a Ana Paula ganha, até mesmo, no modo que ela estuda e comenta. Mesmo que você não concorde com que ela diz – como eu não concordo – você tem que reconhecer que ela fala melhor e escreve melhor do que o “Mamacita” Casagrande. 

Não gosto do jeito que o Casagrande escreve. Parece que ele juntou um monte de tuite e colocou no blog do Globo Esporte, e nem mesmo, aquilo é uma carta. Se eu recebesse uma carta daquela eu acharia que ou o cara estava “alterado”, ou ele estava com poucas ideias e pegou várias postagens do twitter e fez a carta. Mas, vamos falar sério, qual jogador de futebol articula direito as palavras e sabe se expressar direito? Peçam para qualquer jogador de futebol escrever um texto corrido – sem ter que apelar a um monte de tuite – para ver o que sai dali. Nada. Jogadores são bem parecidos com soldados, aprendem de forma mecânica e não sabem sair daquilo que se aprendeu, ou seja, ele não sabe além daquilo que foi condicionado. E então – mesmo eu não concordando com nenhum dos dois, alias – entre ler um texto da Ana Paula e do Casagrande, eu prefiro ler um texto da Ana Paula. 

Mesmo o porquê, na história da filosofia – aqui eu abro o leque, pois é uma análise filosófica – há uma grande diferença em dar uma opinião (doxa) de algo, e argumentar algo com o conhecimento (episteme) daquilo. Quando o Casagrande diz que: <Ana Paula Henkel, defensora dos violentos, dos antidemocráticos, das armas e de tudo que é ruim em nossa sociedade.> ele está expressando uma opinião daquilo que ele acredita dentro da sua crença ideológica. Veja. O que temos de conhecimento que sim, ela é de direita e sim ela apoiou o Trump (já que ela mora nos Estados Unidos da América) e quem viu o programa Pingos nos Is, da rádio Jovem Pan, sabe que eles estavam analisando a decisão do STF (Superior Tribunal Federal) que é ilegal e vai contra a Constituição. Não a fala do deputado Daniel Silveira. A fala dele deveria ser analisada na Câmara dos deputados federais, que deveriam, cassar ou não ele. A questão vai muito além do que essa análise fraca do Casagrande de achar que houve um golpe contra a Dilma Rousseff e que tiraram o PT (Partido dos Trabalhadores ) do poder porque não queriam o povo no poder, pois, até mesmo os governos de esquerda, quem sempre mandou no Brasil foi os coronéis. Os mesmos que sempre financiaram o futebol – politica do pão e circo – onde o Casagrande sempre participou. Houve um esquema de corrupção, houve punição e houve o impeachment que levou a saída do PT do poder executivo. 

Então, não venham querer me convencer que opinião é o mesmo que argumento, pois não é. E tem mais, isso tudo discutido é apenas uma mera crença, são coisas que estão dentro do que o Casagrande acha ser a verdade. Mas, qual a verdade? Será mesmo que a direita toda brasileira é fascista? Será que toda a esquerda brasileira é comunista? Só acho que se deveria estudar mais e opinar de menos. Sigamos no país da Conká


Amauri Nolasco Sanches Júnior




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