domingo, 26 de junho de 2022

Dr Estranho e a realidade nas redes sociais

 




Assisti ao filme do Dr Estranho 2 no Disney +, e o que eu gosto é o quanto esse tipo de filme questiona a realidade. No filme – sempre numa pegada bastante mística e se você não souber, fica mesmo perdido – é mostrada quanto podemos questionar nossa realidade sem usarmos pseudociência e sem misticismo barato de coach. Aliás, detesto livros e vídeos de qualquer tipo de coach, pois, não estão levando o real conhecimento, estão levando um pseudoconhecimento em nome do seu próprio favorecimento. O que acontece – como é, claramente, mostrado no Mito da Caverna de Platão – existem os teóricos que tentam explicar as sombras, mas, elas não deixam de ser sombras para eles porque não querem sair da caverna. Ou num modo mais moderninho, sair da Matrix.

Na essência, a caverna ou a Matrix, tem muito a ver com a nossa realidade das formas e na linguagem que compartilhamos com as informações que essa mesma realidade nos mostra o tempo todo. No filme, se mostra muito a teoria do multiverso – que podemos arriscar que é uma teoria quântica, sem ser coach – onde há uma sabedoria antiga do Livro Negro (black holy), onde se mistura mundo contemporâneo e magias de tradições muito antigas. Para quem lê coisas místicas, como eu, a magia onírica não é novidade e é descrita até mesmo, pelo budismo – pelo menos, a parte mística dele – tibetano e algumas tradições místicas. Aliás, relatos budistas dizem, que o Buda original (Sakiamuni) nasceu no Tibete quando esse pertencia a Índia. O fato é – algumas pessoas não sabem – que todas as religiões têm seu lado exotérico e místico (inclusive, o cristianismo).

A questão é: por que devemos questionar nossa realidade? Como disse num outro texto lá que escrevi no Prensa, a realidade tem dois meios para se manifestar. O primeiro – que foi discutido em exaustão por filósofos e místicos – foi as formas, que o mestre Platão, nos trouxe em forma de mito ou teorema da caverna. Diz o filósofo francês Paul Ricoeur – no livro “Ser, Essência e Substância em Platão e Aristóteles” – citando outros pensadores, que Platão pegou o termo “eidos” da forma popular (senso comum) com o significado <<contorno>> e colocou como “idea” e deu um outro significado, forma. Ora, se “eidos” tem o significado contorno, poderíamos dizer, que as formas são apenas contornos de um objeto? Se sim, então, o que olhamos são apenas formatos de uma realidade e assim, tem certos significados. Mas, no fim das contas, não tem essência nenhuma.

No filme, tanto a Feiticeira Escarlate (um upgrade da Wanda), quanto o Dr Estranho e, por que não, os magos (até mesmo a América), tem facilidade de modificar e mover certos objetos. Ora, muitos já discutiram se algum dia aconteceu ou poderá acontecer, que os seres humanos vão poder mover objetos através da mente. Muitos místicos acham que com bastante treinamento, alguns sujeitos podem fazer isso e até ler outras mentes. Mas, indo além, tem a ver com o mundo metaverso onde poderemos um dia, viver em um outro mundo dentro de uma rede social. poderíamos criar uma outra realidade a não ser, esta? Poderíamos, algum dia, achar meios de viajar em outras realidades? Isso já foi questionado em outras series e filmes – como Fringe e outros – mudando nossa própria realidade? Ou essas realidades iriam se colapsar (como é mostrada no filme)?

Talvez, os estudos de Platão – que a tradição diz que chega as sabedorias egípcias chegando a Índia – ele viu que na forma das coisas, estejam meios de saber como se controla essas formas. Mas, existe um outro problema, se existem formas, existem os nomes que chamamos esses objetos. Chegamos no outro meio de manifestação da realidade, a linguagem. Se existem formas que essas coisas nos mostram, existem nomes que essas coisas se manifestam, também. Símbolos que mantem coerência a realidade. Porém, uma rosa é uma rosa por causa da cor ou a cor vem da rosa? O vinho perde a essência da uva quando fermenta e se torna vinho? Talvez, a questão alquímica de transformação, seja, afinal, uma questão de mudar a linguagem e a forma daquilo. A transformação do objeto por outro – no caso o ouro – é uma questão de mudança de código molecular, do mesmo modo, mudar o algoritmo virtual.

Já repararam que tudo tem um código e através desse código existe a evolução existencial? Um código de uma ave não é o mesmo de um mamífero, e cada mamífero tem o seu. Mesmo assim, a vida e tudo que existe dentro da nossa realidade, tiveram uma mesma origem. e nos perguntamos: por que existem coisas animadas (vida) e outras não animadas? Qual o objetivo disso tudo? E o mais incrível, questões existencialistas recaem – sejam elas ateias ou não – dentro do conhecimento e como evoluímos dentro dos inúmeros recomeços que nosso planeta teve. Mas, esses recomeços foram, sempre, com seres melhorados e muito mais adaptados do que outros, e que, aparece a consciência. A renovação se dá através de informações e melhoramento dessas informações e a consciência – que outros animais podem ter em um outro nível – nos remetem a percepção da realidade e suas mudanças.

A mística, assim como a física teórica, não fala línguas diferentes. Como dois carpinteiros que usam ferramentas diferentes para montar o mesmo modelo de cadeira, a mística e a física, dizem a mesma coisa de maneira diferente. A forma da cadeira é a mesma e o nome “cadeira” é o mesmo. A maneira de construção dessa cadeira que muda.  E se num universo a mesa chamar cadeira e a cadeira chamar mesa? E se em um outro universo eu não tiver deficiência? E posso viajar na maionese, e se em um outro universo Marte ter vida e aqui não? Existem várias possibilidades que podem acontecer, mas, só uma possibilidade pode vingar, ou essas possibilidades dependem da utilidade e da variante mais cotada. Imagina se os neandertais vingassem, será que a evolução humana era a mesma?


 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, filósofo (bacharelado), técnico de informática e publicitário e escritor do blog Filosofia sobre rodas



sábado, 18 de junho de 2022

BeReal e Blade Runner – por que não queremos influenciadores?

 




Nesses dias eu assisti o filme Blade Runner porque eu li o livro de Philip K Dick. Sinceramente, gostei muito mais do livro do que do filme, mas, o filme tem seu lado filosófico. Ridley Scott soube colocar componentes – muito bem colocados – dentro de uma história que foi escrita e gravada a partir de uma outra história. Claro, tiraram muita coisa do livro e fizeram um filme dentro da estética da época – começo dos anos 80 do século passado – e colocaram em 2019 (no livro acontecia em 1992). Por outro lado, tem muitos diálogos interessantes e que mostram uma discussão bastante pertinente dentro da filosofia: a consciência. Uma hora, o protagonista (Dekhard interpretado por Herrison Ford) estava conversando com a androide Pris (Daryl Hannah) e ela diz a frase famosa de Descartes <<penso, logo existo>>.

Essa frase de Descartes tem a ver com nossa consciência a partir do momento que você percebe que pensa. Se eu sinto que percebo a minha existência a partir daquilo que estou pensando, posso duvidar de tudo, menos da minha própria existência. A dúvida é a existência de outros objetos, outras coisas que podem ser ilusões (ou sonhos) e elas podem ser jogos de algum demônio para nos enganar. Quem garante que um copo de Coca-Cola existe? pode ser um sonho. Aliás, todo sonho tem um ar de verdade porque todo sonho tem as mesmas sensações de um mundo real. Um fato de verdade. Mas, em alguns casos, sabemos que estamos sonhando. A realidade acaba sendo apenas um sonho. Ou seja, ter consciência é ter certeza que a realidade tem dois meios de ser percebida: primeiro é pela linguagem de se chegar até o objeto percebido. Segundo, pelo fenômeno de percebemos que nos cerca, assim, percebemos objetos que podem coexistir conosco. O único erro de Descartes – a meu ver – foi achar que só por meio do raciocínio e transformar nós em “máquinas biológicas” (que teve consequências devastadoras), poderíamos sair das ilusões. Mas, não saímos.

Outras cenas icônicas dentro do filme mostram essa visão da frase cartesiana, onde bem no final do filme, Roy Batty (Rutger Hauer), salva o caçador de androides e diz que tudo que viu seria perdido graças a sua morte. A consciência dele da vida, das coisas que viu e das memorias que ficaram disso e, Dekhard, diz que talvez o autômato gostasse da vida. O fato de serem androides já faz a frase de Descartes fazer sentido, a máquina ter consciência de si e da sua existência. Por outro lado, tem um questionamento: onde estaria os sentimentos? Será que não podemos fazer nossas escolhas – certas ou eradas – dentro do que sentimos? Pesquisadores dizem que sim. Graças aos sentimentos sobre aquilo podemos escolher entre uma coisa ou a outra. Não somos mecânicos. Então, o que pode nos influenciar dentro da própria linguagem?

A rede socia francesa BeReal tem a proposta de tirar das redes sociais os influenciadores que, na grande maioria, tem uma pauta definida sobre o que postar. Até porque, descobriram vários influenciadores com esse tipo de pauta. Sinceramente, não vejo nada de errado dentro de “pautas”, mesmo o porquê, muitas vezes você vai postar algo e esquece por causa de outras coisas. A questão é a questão do nome do meu artigo:  por que não queremos influenciadores? Uma música pode te influenciar. Um livro pode te influenciar e por anos, a tevê nos influenciou em informações e não se questionava – assim como ainda não questiona – se aquilo era verdade. Afinal, o que seria verdade ou não verdade? A definição de verdade passa em um julgamento moral – pois, julgamos a partir dos valores que aprendemos.

Aliás, segundo Danilo Gentili – que concordo – temos um povo influenciável e passivo, onde as coisas vão acontecendo e nada é feito. Por que não é feito? Porque se espera um “salvador” da pátria e não se tem nenhum salvador, porque nosso povo – a grande maioria – quer delegar as outros as soluções dos seus problemas. Só que nossos problemas são nossos problemas e nada vai fazer acontecer um milagre para ele desaparecer. Temos uma sociedade que o próprio empresário ou dono de um agronegócio não quer ganhar e investir, quer que o governo dê dinheiro para ele não quebrar (o governo dará com a desculpa que senão o desemprego aumenta).

Acontece que um influencer não construiu nada que existe, nem tem tanto tempo de existência. E como o filme – e talvez o livro – mostra como tudo é feito como negócios, mesmo colocando memorias afetivas em androides para começarem exalar sentimentos. Será mesmo que eram androides ou seres humanos automáticos que não sabem pensar? Um grande mistério que ronda a linguagem e a educação.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, filósofo (bacharelado), técnico de informática e publicitário e escritor do blog Filosofia sobre rodas

quarta-feira, 15 de junho de 2022

Ratanabá e a Amazônia sem lei

 



Assistindo a animação da Netflix a Arcane – baseado no jogo League of Legends – existem um mundo dos acadêmicos e o submundo das pessoas mais pobres e ignorantes (há outros tipos de criaturas também). Mas, quero me ater no momento sobre a parte acadêmica onde um dos personagens – que se alia ao assistente do seu professor que tem deficiência – para continuar uma pesquisa com as pedras azuis que são usadas por magos. A ciência, segundo ele, poderia estabilizar a energia saída da pedra azul e, depois, isso se confirmou. Os acadêmicos não queriam que isso acontecesse por causa dos perigos que essa energia poderia, muito bem, trazer para as pessoas envolvidas. Porém, antes disso, o personagem “muletante” disse uma frase que, pelo menos para mim, ficou impactante: se você quer mudar o mundo não peça permissão.

Claro, podem dizer que isso é fantasia e são histórias de ficção, mas, até mesmo as mitologias do mundo tinham uma certa explicação plausível para tal mito. Ou seja, se trovejava, na Grécia Zeus estava bravo, ou na Escandinávia, Thor estava combatendo o dragão com seu martelo. Hoje sabemos muito bem, graças as pesquisas, que raios ou descargas elétricas na atmosfera é uma descarga elétrica de grande intensidade que ocorre na atmosfera entre regiões eletricamente carregada, e pode dar-se no interior de uma nuvem [1]. Não é Tupã – o deus do trovão na mitologia tupi-guarani – que fica nervoso ou quer avisar de algo. Mesmo assim, de todo modo, mitologias não são mentiras e sim, são narrativas para explicar um fenômeno natural. Ou seja, antes das explicações logicas que começaram com a filosofia, eram essas narrativas que satisfaziam as explicações e amenizavam medos.

Essa história da cidade perdida da Amazônia não é de hoje, essa história sempre li na internet do mesmo modo li que os poderosos são reptilianos, que há uma conspiração para escravizar o ser humano, a Terra é plana e que a civilização egípcia recebeu ajuda extraterrestre para construir as pirâmides. Ora, não vamos saber nunca se essas histórias são ou não verdadeiras, mas, essas histórias são intrigantes e instigam nossa imaginação. Há sim lendas que o povo atlante – da lendária Atlântida – eram de pele vermelha (indígena) e que os índios são esse povo que ficaram vagando pelo continente. Por mais interessante que possa ser essas histórias, até o momento, não há nenhuma evidencia que essas histórias sejam verdadeiras. E aí que está, não ter evidências não quer dizer que é verdade ou não, e sim, só que não acharam provas para se confirmar. Ratanabá não passa de uma lenda. Mesmo o porquê, quem luta para provar que existe é o mesmo que criou o ET Bilú.

Com o desaparecimento do indigenista e do repórter britânico não é uma lenda, é verdade. Essa questão sempre recai em algumas questões que são muito frequentes na região – que há denúncias des dos anos 80, pelo menos – que assolam a região. E claro, se tornou uma questão política graças a polarização, que querendo ou não, sempre vão impor verdades. Não podemos saber, o que sei, que os suspeitos confessaram o crime. Até quando a Amazônia, como terras brasileiras, vai ficar nas mãos de criminosos e será corredor de traficantes? Poderíamos até arriscar – sem medo de errar – que o grande problema do tráfico é a guerra contra as drogas que alimentam poucos como alimentou a máfia nos EUA durante a Lei Seca. E o que parece – e torna o caso bem mais grave – foram traficantes peruanos. Que torna a coisa bem pior.

Nesta história toda, onde vamos parar num Brasil polarizado e degastado dentro disso tudo?

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, filósofo (bacharelado), técnico de informática e publicitário e escritor do blog Filosofia sobre rodas



[1] - Wikipédia 

segunda-feira, 13 de junho de 2022

Filosofia da inteligência artificial





 Desde que o escritor Isaac Asimov escreveu as três leis da robótica – que foi muito analisado quando começaram as pesquisas sobre inteligência artificial – há uma discussão de como a inteligência artificial poderia interferir sobre as diversas camadas sociais. São elas:

 

1.     Um robô não pode ferir um humano ou permitir que um humano sofra algum mal

2.     Os robôs devem obedecer às ordens dos humanos, exceto nos casos em que essas ordens entrem em conflito com a primeira lei

3.     Um robô deve proteger sua própria existência, desde que não entre em conflito com as leis anteriores.[1]

 

Mas, veio o teste de Turing – Allan Turing o pai da computação contemporânea – que diz que:

“Não é difícil de conceber uma máquina de papel que vai jogar um jogo não muito ruim de xadrez. Agora, pegue três homens para um experimento. A, B e C. A e C devem ser péssimos xadrezistas, B é o operador da máquina de papel. ...Duas salas são usadas com algum mecanismo para comunicação de movimentos, e uma partida é disputada por C e A ou, exclusivamente, a máquina de papel. C pode achar difícil afirmar com quem ele está jogando.”[2]

 

Muitos filósofos que discutem ética e discutem a discussão sobre o que aconteceria se uma inteligência artificial – um autômato – poderia ter uma consciência igual o ser humano. Um autômato poderia passar no teste de Turing e se passar como um ser humano, assim, não poderíamos dizer se ele é um ser humano ou um autômato. Mas, e aí? Será que a consciência humana, um dia, poderia abrigar num autômato? É uma discussão ao mesmo tempo interessante e assustadora, pois, se um autômato tiver uma consciência isso mostra que a consciência é replicável. A meu ver – como Stephen Hawking – seria assustador e poderíamos acabar com a raça humana, porque não poderíamos competir com maneiras muito mais rápidas e muito mais eficazes como os autômatos poderiam ser. Poderia facilitar muitas coisas para o ser humano? Sem dúvida. O problema é ir bem além das “facilidades”.

 

Pode uma máquina agir inteligentemente? Pode resolver qualquer problema que uma pessoa resolveria através do raciocínio?

 

 

Muito se tem questionado sobre isso e é uma pergunta, bastante, pertinente. Para responder essas perguntas temos que analisar o que é inteligência e o que seria raciocínio. Mesmo o porquê, a questão da inteligência foi e ainda está sendo discutida por filósofos e por cientistas e há sempre uma quase unanimidade que é uma característica humana. Mas, há uma certa inteligência entre os outros animais – afinal, somos animais também – e o próprio Turing disse um dia, pelo menos está no filme que retrata a vida dele, que se uma coisa pensa diferente, não quer dizer que não pensa. Porque temos como pensamento algo de humano, algo de inventar e construir culturas. Alguns pesquisadores encontraram cultura entre os golfinhos, educação entre algumas espécies de primatas, mostrando que há um diferencial entre níveis de consciência. Então, que nível de inteligência estamos falando?

Raciocinar é complexo. Porque raciocinar tem a ver com o modo que o ser que tem a inteligência e a consciência acha uma razão logica para tal fenômeno. Portanto, para responder se poderemos ter autômatos que raciocinam, temos que supor que essa inteligência artificial possa tomar decisões sozinha. Escolhas que possam determinar sua conduta num fim prático de ajudar ou para resolver – se for o caso – problemas dentro de uma meta. Por isso mesmo, se tem o método – que vem do grego <<méthodos>> que quer dizer <<através de um caminho>> -- de conseguir tal meta.

Se discuti muito sobre isso e existem bastante divergências, mesmo o porquê, essas questões têm outros elementos que podem, sem dúvida nenhuma, ser importantes para separar um autômato de um humano. Pois, existe o fator consciência.

 

Pode uma máquina possuir uma mente, estados mentais e uma consciência, da mesma maneira que os seres humanos possuem? As máquinas podem sentir?

 

Tenho dúvidas se algum dia isso aconteça. Mas, muitos entusiastas da tecnologia, acredita que em algumas décadas – talvez, daqui um século – autômatos sejam iguais seres humanos. Ora, será que sentimentos são estímulos elétricos e químicos? Será mesmo que somos um amontoado de sistemas neurais estimulados por processos químicos e elétricos? Nada se tem certeza quanto a isso – mesmo a inteligência artificial tem-se muitas dúvidas quanto a isso – e ninguém sabe o processo da consciência. Muito ate cogitam até transferirem a consciência numa máquina artificial. Mas a pergunta é: seria a consciência os as memorias de um indivíduo?  Ou seja, são especulações que não fogem das teorias metafisicas que a ciência quis eliminar, mas, que inevitavelmente, ainda cairmos nelas.

O termo consciência pode significar um conhecimento (ter consciência de algo), uma percepção (estar consciente) ou ter honestidade (esse sujeito tem consciência). Mas, também, pode revelar a noção dos estímulos em volta de um indivíduo que podem conformar a sua existência. Por esse motivo pode se dizer que quem está desmaiado ou em coma esta inconsciente. A consciência também é uma qualidade da mente, considerando abranger qualificações tais como subjetividade, senciência, sapiência, e a capacidade de perceber as relações entre si em um ambiente. É um assunto muito pesquisado na filosofia da mente, na psicologia, neurologia e ciência cognitiva.

No livro “Blade Runner: Androides sonham com ovelhas elétricas?” de Philip K. Dick, os caçadores de recompensas tinham que fazer um teste de empatia para saber se o sujeito era ou não um androide. Ou seja, a empatia deveria ser o primeiro critério para diferenciar um ser humano de um autômato e isso é bastante importante.

 

A inteligência humana e a inteligência de uma máquina são idênticas? É o cérebro humano essencialmente um computador?

 

 

Desde Descartes, os pesquisadores estão tratando o ser humano como máquinas biológicas e não é bem assim. Há critérios para sermos seres humanos que se diferenciam de um autômato – sempre com o critério binário que temos ainda na computação atual – porque, diferente do que pensava Descartes e outros, a questão da racionalidade não é um negócio automático e nem um critério para o ser humano ter que escolher. Pesquisas recentes mostram que o ser humano escolhe, também, com os sentimentos e fazem conexões com o que sente com aquele ser ou objeto. Por isso mesmo, um autômato ainda não escolhe e se escolhe, é por causa de uma programação binaria que se tem que fazer. Como aconteceu com o carro automático que atropelou uma moça – se não me engano, foi da Google – porque não é questão de escolher entre parar ou não, mas reconhecer e ter reflexos de empatia e não empatia daquilo.

Um cérebro computacional não sabe diferenciar, ele só vai dizer sim (1) ou o não (0), não existe nem o talvez ou se aquilo é um perigo ou um mero susto. Ai que mora um psicopata, pois, o psicopata não tem empatia e escolhe só no modo racional e frio da situação do seu desejo.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, filósofo (bacharelado)



[1] ASIMOV, Isaac. Eu, Robô. São Paulo: Editora Exped, 1978

[2] Turing 1948

quarta-feira, 8 de junho de 2022

Tiago Leifert não pode votar nulo?







 Uma vez escrevi um texto – no meu blog – que eu disse que as pessoas têm o direito de votar nulo ou não querer votar. Dentro da história da democracia – mesmo nas votações gregas, que se não me engano, até mesmo no julgamento de Sócrates teve abstinências – teve pessoas que não concordavam com nenhum candidato. Por que eu tenho obrigação de achar que um dos dois candidatos devem me representar? Um fez um governo desastroso, e como pessoa com deficiência, tentou colocar novamente as classes especiais e diminuir as cotas das empresas contratarem pessoas com deficiência. Além, claro, de espalhar mentiras na pandemia – que não existem – nas vacinas e outras coisas que não existem. Poderíamos até mesmo desconfiar o porquê de uma pandemia e o porque as vacinas foram entregues tão rápidas, mas, lembramos que a tecnologia avançam e o que era ontem podem não ser hoje. Vivemos uma guerra fria que nem existe mais e se esquecem do real problema do Brasil, ele não progride.

O outro quebrou o Brasil quando era presidente – mesmo ele falando como se nunca fosse presidente – foi conivente com esquemas inteiros de corrupção e deu ao sistema brasileiro muito dinheiro. Ora, cadê o comunismo nisso? Nosso sistema sempre foi alimentado com vantagem porque nossa cultura sempre foi adepta da vantagem e ele só se reprograma para parecer mais honesto, mais patriótico ou mais popular (que se torna populista). Ou seja, temos um sistema viciado em sempre querer ganhar dentro da ignorância e ai que esta o perigo: povo ignorante é pior do que uma bomba atômica. Esse candidato – que dizem ser comunista – fica alastrando a ignorância, ele odeia intelectuais ou livros. O seu partido é igual. O sistema brasileiro construiu uma cultura de se cativar a ignorância e rejeitar a verdadeira filosofia e a ciência. Anda crescendo pessoas que acreditam em absurdos por causa disso.

Quando eu penso em democracia sempre me vem o pensamento de Platão onde ele questiona se podemos colocar qualquer um para pilotar um navio. Ai que esta, estamos no paradoxo da igualdade democrática. Se a maioria escolhe, eu que não concordo, devo aceitar? Numa conotação moral sim, mas, numa conotação ética não. Moralmente, se a maioria eleger Lula ou Bolsonaro, os que não concordam deve aceitar o resultado, mas, e aqueles que não concordam com nenhum dos dois? Devem aceitar serem governados por pessoas que não fazem o que essa minoria acha que deve fazer? Mas, por outro lado, a maioria – pelo menos em tese – concorda com as propostas que apresentaram. E isso já é o bastante para acharmos que a escolha é legitima. Ora, então, qual o problema do voto nulo no segundo turno?

Há uma discussão bastante grande sobre o voto nulo. Porque, para algumas pessoas, o voto nulo sempre vai ser uma isenção dentro de um fator democrático. Porém, tem um outro lado, no momento que você vota nulo, você tem certeza que nenhuma das propostas te conquistaram e você escolheu não votar em ninguém. Esse fenômeno só acontece em países que o voto é obrigatório e não se tem muitas saídas.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, filósofo (bacharelado)




domingo, 5 de junho de 2022

Quem é Carolina?

  


Printei do Almanaque em PDF



Nesses dias, estava lendo um Almanaque de histórias em quadrinhos da Disney – em PDF de 1971 – e vi a propaganda da Carolina, uma revista que virava uma boneca. Eu lembrei que a minha mãe – grande leitora – tinha uma boneca dessas na parede de casa e, queria chamar minha irmã de Ana Carolina. Mas, contava ela, eu tinha uma amiga que chamava Andrea e insisti que o nome da minha irmã fosse Andrea. Existem coisas que relembramos e que trazem outras lembranças. Por outro lado, nos faz pensar na criatividade e nas coisas que eram produzidas – como marketing mais barato – do que agora. Quando você comprava um computador – até pouco tempo atras – você ganhava um CD (Compact Disc) e hoje, você nem usa mais CDs. Progresso ou exploração? Uns vão dizer que é exploração da marca do produto, outro vão dizer que a tecnologia avançou e não precisamos de discos compactos para armazenar dados, tudo se resume nas nuvens.

Hoje, dificilmente, uma criança iria querer uma Carolina, só aquelas que a mãe cultiva certas educações tradicionais brasileiras. Porém, muito raro uma criança não estar em um mundo digital, um mundo que ela pode se interagir e que ela, sem medo de errar, pode se identificar muito mais. será mesmo? Tenho minha própria teoria: porque as pessoas sempre vão ver a realidade das suas vidas como elas viveram desde então. Até ai nenhuma novidade, acontece que muitos que acham – porque não tem certeza – vão ver a realidade como eles estão acostumados verem. Pensei nisso lendo o livro A Hipótese da Simulação de Rizwan Virk, pois, como cientista da computação, faz sentido para ele que podemos ser uma simulação computacional. Por outro lado, ele sempre foi fissurado em videogames. A realidade dele vai ser sempre uma realidade daquilo que ele viveu e sempre vai fazer sentido essa hipótese – que não é dele, mas abraçou a causa – assim como outras hipóteses vão ser aceitas por outras pessoas porque viveram isso.

Veja, não estou relativizando a realidade, longe disso. Estou dizendo que as realidades são construídas – num modo de fenômeno da consciência – dentro de memorias afetivas e dentro dessas memorias afetivas existem um certo conforto de estar lá. Como a propaganda da revista antiga fez eu lembrar da boneca da Carolina da minha mãe – em meados dos anos 80 – onde eu reativei uma memória gostosa e fiquei feliz em reativar, mas, eu sei que o passado são meras lembranças gostosas ou não. A questão é que a grande maioria – grande mesmo – não larga o passado e fica nele por acharem incapazes de viver no meio da tecnologia. Dentro da tradição filosófica chamamos de românticos (que nada tem a ver com amor entre duas pessoas). Na sua essência, a técnica sempre acompanhou o ser humano em sua história evolutiva – aliás, foi isso que nos fizeram sair do nomadismo e sermos agricultores – e nada vai mudar porque sempre a sociedade inventa uma moral nova.

Ter uma memória do passado, a meu ver, tem problema nenhum. O problema é achar que toda mudança vai prejudicar ou é algo que você nem estudou, seja para defender, seja para criticar. Como as críticas do seriado da Netflix, Strange Things, onde acontece nos anos 80 e ali tinha a guerra fria, tinha os preconceitos, tinha outras coisas que não cabe agora. Mas, tinha. E ninguém faz os norte-americanos de bonzinho, mesmo o porquê, o exército americano quer destruir a 11. Também, as coisas não podem ser reduzidas entre concepções binarias como certo ou errado, bem ou mal, direita ou esquerda etc. Isso reduz muito a discussão e pode ater em aspectos que podem mudar conforme aquilo não servir mais. A democracia norte-americana tem a tradição de alternar entre democratas e republicanos, porque isso traz um equilíbrio saudável no regime democrático. O que acontece é que uma nação sem uma escolarização adequada – até meu pai concorda – traz consequências absurdas e governos que acabam com o país. Ideologias são só máscaras para esconder um sistema muito maior.

Eu tenho a tendencia de concordar com Platão, você não elege qualquer um para pilotar um navio. Do mesmo modo, teríamos de sempre eleger aquele preparado para comandar e resolver os problemas que surgem e isso tem nada a ver com direito ou esquerda. Ninguém aqui sabe realmente o que é liberalismo ou é comunista, pois, os liberais não faziam como MBL (Movimento Brasil Livre) fazem, defender a todo custo um capitalismo atrasado onde o patrão sempre quer explorar o empregado ou quer um jardim de pessoas perfeitas e lindas na sua empresa. Assim como, ninguém sabe o que é socialismo/comunista, onde nem mesmo Marx se dizia marxista. Por quê? Por causa das distorções das questões essenciais do capitalismo. Ele mesmo disse que se deveria superar o capitalismo – lembramos que superar não é destruir – e não encher o saco e dizer tantas baboseiras como os marxistas sempre dizem. A questão é muito mais profunda do que meia dúzia de opiniões vagabundas.

Opiniões ou não, a Carolina não existe mais e, paradoxalmente, só ficou uma lembrança dela.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, técnico de informática, publicitário, filósofo da educação e futuro bacharel em filosofia.




@amaurinolascos.ju #costurar com @emersoncosta426limonada #LivreParaSer ##queen ♬ som original - Amauri Nolasco Sanches Junior

sábado, 4 de junho de 2022

O metaverso brasileiro

 





Imaginamos um mundo que caiba dentro daquilo que envolve as nossas crenças. Crenças essas construídas dentro de valores, muitas vezes, dentro daquilo que somos criados. Na maioria das vezes, chamamos de educação. Educação não é o mesmo que escolarização, pois, a escolarização foi feita para expor as crianças dentro da cultura humana e sua histórica construção de instrumentos intelectuais que usamos para a vida do mundo (produzir e na vida social). Educação tem a ver com o caráter e é aprendida no ambiente familiar, onde os valores são importantes dentro de uma certa tradição daquilo que temos como importante.  Ou seja, não precisa ou não adianta a escola ensinar uma coisa e os pais ensinam uma outra coisa. Acontece – como tudo hoje em dia – as discussões ficaram polarizadas e sempre o ser humano joga a culpa no outro. Como disse o filósofo francês Sartre, o inferno sempre é o outro.

Lendo sobre fatos históricos e vendo seriados e documentários, cheguei a conclusão que não importa o governo, a grande parte da população vai ser prejudicada. Seja socialista, fascista, nazista etc. As pessoas nunca serão ouvidas sobre suas necessidades, porque sempre vai ter um “herói” ou um salvador da pátria – que era o nome de uma novela muito famosa – onde vai lhe mostrar uma solução, mas, essa solução é cara demais e a conta sempre vai ser paga pela maioria. Não existe bem e não existe o mal, e sim, existe a ignorância e o conhecimento. Segundo vários cientistas e antropólogos, somos máquinas biológicas que aprendemos com nossos erros e construímos culturas e laços afetivos conforme as convivências que temos. Somos seres adaptáveis. Vivemos em todos os ambientes graças a essa capacidade de aprendizado.

Crenças são construídas dentro daquilo que se acha ser verdade – mesmo que não saibamos o que é a verdade – e construímos bases solidas dentro dos nossos valores. Acontece – e isso eu sinto desde muito garotinho – que algumas dessas crenças são construídas adaptando aquilo que é de fato, com aquilo que se acredita. Chamo isso de gambiarra conceitual. Isso ficou muito claro depois de 2013 com as manifestações e viraram essa polarização, que nada foi, do que a reprogramação de um mesmo sistema. Nada mudou. Só mudou os personagens de uma peça dramática-cômica. Desde muito cedo eu descobri que o Brasil se autossabota e não progride, não há um progresso real porque não se tem um interesse de verdade de melhorar, arrumar, de fazer um outro pais. Tudo gira nas próprias crenças. Chamo de crenças aquilo que se acredita dentro de um escopo maior dentro dos valores aprendido. Ora, somos animais que aprendemos por sermos racionais – não só, claro – mas, aprendemos porque erramos. Errar faz o ser humano prestar atenção naquilo que errou e mudar aquilo em uma outra atitude de acerto.

No Brasil – que parece que agora vivemos uma guerra fria e a mídia alimenta isso – parece que temos uma outra realidade, um outro mundo onde se constrói conceitos que não existem. Tudo vira caso de fanatismo e seguir cegamente. Não é de hoje que temos isso – onde vários comediantes fizeram quadros sobre – nossa cultura tem uma tendencia muito grande de fanatizar tudo. Se sou da direita, tenho o dever de defender a direita nem que eu tenha que esconder a verdade. Assim como na esquerda. E outras coisas também, que na sua essência tem a ver com o gosto e aquilo que nos identificamos.  Se alguém é vegano, por exemplo, é porque tem afinidade de ser isso e é bom para a pessoa. O problema é você achar que o que é bom para você tem que ser para todo mundo, as vezes, não é o gosto do outro e as pessoas tem todo o direito de comer carne. Assim como ter opinião, onde as pessoas têm o direito de terem suas opiniões como queiram. Quem dita regras, na sua essência, são ditadores. Todo ditador, no fundo, tem um ressentimento muito grande. Todo ressentido tem tendencias de não aceitar o “diferente”, pois, suas crenças não podem ser aceitas como verdadeiras.

A pergunta é: o que é a verdade? Esse “o que é” é uma explicação daquilo que deve ser explicado, como “o que é aquilo?” ou “o que é uma uva?”, pois, “aquilo” pode ser um outro objeto ou a uva é uma fruta que fermentada vira vinho. A coisa fica mais complexa quando perguntamos sobre a verdade, porque a verdade não tem uma explicação. A verdade moral pode ser relativa, assim como as verdades objetivas – como o fenômeno consciente do objeto – é concreta por motivos óbvios. Por outro lado, quem garante que uma uva é uma uva? Podemos estar observando um holograma. Ou uma imagem que mostra a uva não sendo uma uva. Quem garante que aquilo é verdade ou mentira? Que aquilo faz parte de um mundo real ou não?

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, técnico de informática, publicitário, filósofo da educação e futuro bacharel em filosofia.




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