quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Jô Soares e o limite do humor

 



Os humoristas Jô Soares e Chico Anysio, durante entrevista em São Paulo, em 5 de maio de 1985.



Como disse no meu Instagram, cresci vendo Jô Soares e cresci rindo dele das piadas. Seja no humor, seja no seu programa diário de entrevista – o talk show Programa do Jô – sempre me lembrava das entrevistas e fiquei conhecendo varias pessoas através dele. em alguns momentos poderíamos dizer que ele era um pouco chato, mas, ele tinha que direcionar as entrevistas para onde se deveria estar as entrevistas. Meu pai me conta varias historias como que o Jô tentou emagrecer e ficou doente, que enteados do Jô trabalhavam na Praça é Nossa – apresentado por Carlos Alberto de Nobrega que é amigo dele – e que o Jó já teve um Gordini. Quem se lembra como era um Gordini vai dar risada e imaginar um Jô- Soares dentro de um carro tão pequeno.

Talvez, por anos, tenha protegido seu filho que tinha autismo – no caso dele, bastante rigoroso – e não mostrava ele. Raras são as fotos com seu filho, que se foi vítima de câncer. Existem pessoas que não gostam de falar da sua vida privada, que muitas vezes, não tem nada de errado e até é uma forma de preservar a integridade familiar. Afinal, o que interessa se o filho dele tem ou não deficiência? O que interessa ou não se a pessoa é isso ou assado?

Podemos analisar a geração do Jô de humoristas – como o Chico Anysio, Costinha, Ari Toledo entre outros – como uma geração que teve que aprender a fazer humor não explicito. Ou seja, um humor que tinha que mostrar a crítica que se queria passar, mas, que não poderia ser claro por causa das pessoas que cuidavam dessas censuras. E, além do mais, muitos não entendiam as sutilezas ali apresentadas como críticas políticas e sociais. Não tinha palavrões, mas tinha um duplo sentido. Não tinha malicia sensual, mas, sempre tinham mulheres seminuas nos programas. Até mesmo o seriado Chaves, que na época que vinculavam o programa, o Mexico passava pelo mesmo problema.

As piadas hoje, tem um ar de crítica acida porque o mundo mudou, muitas pessoas, querendo ou não, luraram pela liberdade e a democracia. E sabemos muito bem, que as ditaduras militares existiam interesses geopolíticos que tinham a ver com a Guerra Fria – socialismo VS capitalismo – e que EUA não queriam os comunistas no lado deles (América latina). Hoje, se pode ofender muito mais pessoas do que se ofendia antigamente – e nem tinha redes sociais – porque hoje se tem mais liberdade de se dizer o que quiser.

Mas, existiria um limite para o humor? A meu ver, existiria um bom senso de se ter em ter lugar para dizer, e se tem o bom senso de dizer o que se quer. Condenar ou não, fica a cargo da justiça e as pessoas que se sentirem ofendidas. E tenho certeza de que o Jô concordaria com isso, pois, hoje se censura quem não concordamos, amanhã pode censurar quem gostamos ou a nós mesmos.

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