sexta-feira, 29 de julho de 2022

Existe um ‘conhecimento seguro’?

  




Há um fenômeno em grupos de filosofia no Facebook – como em outros tipos de formato – em que as pessoas ainda confundem pensamento filosófico com um viés dogmático. Mas, por que isso acontece? primeiro, nossa cultura teve duas origens, uma escolástica (religiosa) do século dezesseis e dezessete, outra é o positivismo (científico) no século dezenove. Pessoas também dizem que o marxismo entrou através dos sindicatos, que pode ser também.

Um dos membros desses grupos escreveu em uma imagem: “A humanidadenão sobrevivera por muito tempo, desprovida de um conhecimento seguro.”. cada um que trilha os caminhos (méthodos) da filosofia, coloca em pauta um problema e esse é um problema legitimo e é um tema discutido dentro da epistemologia (teoria do conhecimento). Mas, o que seria um conhecimento?

Segundo a Wikipédia, o conhecimento vem do termo do latim COGNOSCERE que é o “ato de conhecer”, ou seja, como sua própria origem nos mostra, é o ato ou o efeito de conhecera. Grosso modo, conhecimento seria um esclarecimento daquilo, um saber. Ou melhor, o conhecimento tem dois elementos muito importantes que são: o sujeito (o cognoscente) e o sub-objeto (o cognoscível). Assim, o cognoscente é o sujeito que vai ser capaz de adquirir conhecimento ou o indivíduo que possui a capacidade de conhecer. Já o cognoscível é o objeto que se pode conhecer. A questão é: esse objeto é seguro? Ele existe de fato?

Há infinitos conceitos do conhecimento, mas, existem muito poucas definições definitivas sobre o tema. Mesmo o porquê, como todo mundo que estuda filosofia sabe, que as questões do conhecimento começaram com Sócrates e Platão. Mais com Platão e sua alegoria da caverna, onde a realidade seria sombras refletidas em uma parede. Só que há um problema, a parede é um objeto e será que ela existe? na frase – contém um ar apocalíptico – há uma certa certeza de uma solução que vem muito das religiões, ou seja, há uma verdade e esse conhecimento seguro, é o único caminho para essa verdade e por debater com ele, existiria uma questão de transcender o senso comum. Mas, a ideia, exatamente, de um conhecimento seguro, é do senso comum.

Filósofos ou aqueles que se interessam por pensamentos filosóficos, não deveriam ter “segurança”, porque não há uma segurança e não há uma verdade. Porque, segundo Heráclito e depois Nietzsche, as verdades morais mudam e até mesmo, conhecimentos mudam de ponto. Ontem existia teorias sobre o surgimento da vida, hoje já não existe mais. O conhecimento é uma ferramenta para entender a realidade, mas, quem interage é a dinâmica humana de mudança. 


Amauri Nolasco Sanches Júnior – 46 anos, filósofo (bacharelado), técnico de informática e publicitário e escritor do blog Filosofia sobre rodas

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