quinta-feira, 21 de junho de 2018

Avisei e ninguém leu: Marcia Tiburi é candidata a governadora do Rio pelo PT









Eu escrevi no dia 31 de maio, uma matéria (link: aqui), que mostrava que a filósofa – Platão iria dizer sofista – Marcia Tiburi estava sendo convidada a concorrer ao governo do RJ pelo PT (Partido dos Trabalhadores). Ninguém deu atenção. Todo mundo preferiu dar atenção a notícias idiotas e sem sentido na época. Na verdade, os eleitores hoje, não se dedicam ler nada e sim, se dedicam a só se basear em memes e hashtag como se isso fosse relevante como uma base eleitoral. Para mim, acima de tudo e mesmo sendo anarco-libertário (já que vai demorar bastante para temos uma consciência mais avançada de governamos a si mesmo), acho que quem governa tem que, acima de tudo, gostar de onde nasceu e está governando.

Na essência duas coisas não aconteceram no Brasil: uma, não aconteceu uma modernização no Brasil e não há esperança que um dia modernizamos. Porque nosso povo tem medo do novo, nosso povo se sente muito confortável com resoluções menos dinâmicas e tirar de uma vez, esse governo inchado que só atrapalha o progresso e as resoluções urgentes. Duas, não temos uma consciência republicana e nem mesmo, uma consciência democrática. Não se aceita que as outras pessoas pensam, porque o que elas pensam não fazem parte da sua crença. Isso mesmo. São apenas crenças e você não sabe da verdade e nem o íntimo de ninguém, você só pode supor que tal candidato é honesto.  Você não pode legitimar uma pedalada fiscal, porque os outros presidentes assim fizeram e se fizeram, deveriam também serem alvo de investigação. Cadê o PT na época que não denunciou tal esquema? Aliás, ampliando a pergunta, onde estavam esses empresários candidatos nos 13 anos de governo petista que não li nenhuma palavra sobre o desastre dos governos?

Antes de dizer a minha opinião sobre essa candidatura, já que sou formado em filosofia (no curso que me formei foi filosofia da educação que tem muito mais responsabilidade), devo explicar o que seria um filósofo. Quando Pitágoras – a um dois mil e quinhentos anos atrás – formou o termo filósofo (philosophós), por ser chamado de sábio, ele quis dizer que era apenas um amigo da sabedoria e não um sábio. Para mim, um filósofo estuda todas as coisas sem distinção de nada e sem julgamento de valor de ninguém, porque ele está acima do senso comum dentro de um conhecimento a mais. Ele deve, acima de tudo, aceitar a sua ignorância de não saber de tudo e sempre querer procurar a verdade (aletheia) e a virtude (aretê). Isso começa com dois períodos: Tales de Mileto com a “phisys” (que hoje chamamos de ciência) e de Sócrates de Atenas com a “aretê” e a verdadeira sabedoria “alithiní sophia”. Na verdade, a filosofia nasce do espanto e da percepção que a explicação mitológica não era suficiente para o surgimento de tudo (a procura de um “arké”), mas, não podemos definir a mitologia como uma mera crença, apenas, uma explicação rudimentar daquilo. O nascimento da filosofia como uma destruição da mitologia, foi uma crença muito enraizada do filósofo iluminista que tinha um certo ranço com a igreja católica.

Na modernidade já se tem um outro olhar na filosofia. A ciência toma o lugar da filosofia – mas, é importante ressaltar que ainda os filósofos da ciência são sim importantes e não, a filosofia não morreu – para se investigar a origem de tudo e o porquê a realidade existe. A filosofia ontológica e existencialista, investiga o homem que se prende dentro da sua liberdade em nome de um conforto, de um espetáculo que querem olhar para não olharem para suas realidades medíocres e confusas. Quem viu o primeiro filme da trilogia Matrix, sabe muito bem que existe o Cypher que mesmo saindo da Matrix – uma realidade virtual – quer voltar a essa realidade, e mesmo sabendo ser uma realidade virtual, ainda sim, quer disfrutar dessa realidade. O Cypher é o alienado, o cara que não quer a verdade, quer viver na sua zona de conforto. Nosso povo são os muitos como o Cypher, não procura nenhuma informação, se baseiam numa realidade que dão a ele como memes (figuras que imitam a realidade) ou hashtags prontas para lutar a realidade deles e não a realidade de fato. Um filósofo não pode ter crenças que limitam a irem além do conhecimento comum e esse conhecimento, vai além de qualquer propósito. Um filósofo não pode ser católico, um filósofo não pode ser espirita, não pode ser protestante, não pode ser marxista e nem liberal, porque senão, ele não pode investigar o que se determinou a investigar. Para investigar a ética e a moral, tem que se investigar “nu” sem nenhuma crença e sem nenhuma ideologia.

O próprio Marx ao escrever ao seu genro disse que não era marxista. Na realidade, os marxistas só são pessoas que interpretam a filosofia de Marx na sua própria visão, que no mais, não sabia nem mesmo da onde iria dar. Mesmo o porquê, morreu antes mesmo de se aprofundar mais. Na minha visão, Marx era uma pessoa que diríamos hoje, um sindicalista e não um filósofo. Eu, mesmo sendo anarco-libertário, tenho certas críticas ferozes aos libertários sobre vários temas, ao contrário de certos marxistas. O que quero dizer na realidade, é que não podemos investigar nada, se não desvinculamos de ideologias, crenças e morais que prestamos a investigar. Isso não é insentão – como dizem por aí – isso é ser coerente naquilo que se quer mudar.

A nossa realidade política está na mudança e a esquerda não quer mudar – esse papo de progressismo é furado, porque não se pode ser progressista com uma filosofia do século dezenove – quer um Estado cada vez mais grande, cada vez mais controlador e cada vez mais, estatizado. Por outro lado, temos uma direita também que quer o velho, quer soluções fáceis e que sejam rápidas. Soluções rápidas demográficas como a do Bolsonaro (link: aqui), ou uma moral de igualdade igual daquela que o menino quase não pode comer uma refeição que o comerciante queria pagar para ele (link: aqui). A questão não é a palhaçada que o Fantástico faz todo domingo com o quadro “Que Brasil nós queremos”, mas, discuti com argumentos maduros, argumentos de realidade e não aquilo que estamos vendo espelhados nas nossas crenças ideológicas.  

Vamos a professora Tiburi. Não vou usar os mesmos argumentos que todos usam, que ela é a favor de bandido, que ela é favor disso ou daquilo. Mas, eu vou começar com isso de “filósofa”. Sinceramente, até hoje eu não vi nenhum dito “filósofo” daqui, produzir nada além de promover estudos de filósofos que já são consagrados. É importante, mas, não pode ser levado a sério o bastante de serem chamados de filósofos. São no máximo, sofistas como Protágoras, Górgias, entre outros. Platão, que viveu trezentos anos antes de Cristo e que era discípulo de Sócrates, dizia que o filósofo é amante da procura da verdade e só saberíamos a realidade, pelo diálogo. Pelo que vi no episódiodo líder do MBL (Movimento Brasil Livre) Kim Kataguiri – que também tenho uma crítica ao movimento por usar a pauta moralista para ganhar visibilidade – que a professora Marcia Tiburi, não é apta a um diálogo como um “filósofo” faria. Existe duas ironias nisso: uma é ela ter um livro: “Como conversar com um fascista” e a outra (ironia), é ela, numa entrevista à Revista Fórum, usar essa mesma frase de Marx: “os filósofos, até hoje, se limitaram a interpretar o mundo. Cabe agora, transformá-lo”. O mais estranho, é ela dizer que traz essa frase desde menina que reforça a necessidade de uma pergunta: por que não quis dialogar com o líder do MBL, se acredita tanto nessa frase?

A vida não é um experimento, há coisas que não podemos experimentar. Mas, devemos sempre a examina e avaliar se estamos seguindo aquilo tudo como a nossa ética manda. Não adianta você escrever um livro que já tem o nome “como conversar” e não exercitar aquilo que escreveu, soa como demagogo, soa como ilógico e até mesmo, imoral. Perdeu uma grande chance de mudar o mundo, mudar a visão de algumas pessoas sobre a imagem liberal (conservador?) do Kim Kataguiri. Por isso que os 4 chamados filósofos (Barros Filho, Pondé, Karnal e Cortella) “pop”, são reais filósofo, porque debatem com quem for. Essa é a essência da filosofia, não é achar que você vai mudar alguém, mas, vai despertar o espanto e a crítica. O problema, que eu vi na professora Tiburi (posso chamar de sofista), que ela fez do seu feminismo uma religião e as religiões são apenas crenças de uma visão idealizada. O verdadeiro feminismo é a igualdade, o verdadeiro feminismo é defender a mulher de violências machistas e desumanas. Assim como, não podemos usar os diretos humanos para defender aqueles que escolheram o caminho da antiética de fazer mal ao outro por causa de um objeto. Se temos que usar os direitos humanos para defender bandidos, temos que usar para defender também, as vítimas.

Com certeza, quando Platão idealizou um governante filósofo – que muitos defendem que ele era a favor de uma tirania – ele idealizou, em cima do teorema da caverna, alguém que levaria as relações humanas dentro de uma realidade muito mais elevada. Gente como a professora Tiburi são pessoas despreparadas que não podem pisar em uma sala de governo, porque, a situação do Brasil, não é uma questão de classes – porque o Brasil tem um grande histórico sim, de desigualdade – mas, uma questão de limitação dessa podridão. Ética e uma moral (não moralismo barato), são os verdadeiros empreendimentos, que vão levar o progresso. O Brasil pede uma modernização, não o populismo, mas, uma solução. O Rio de Janeiro está falido, a única solução é um governo forte, ético e sem amarras ideológicas de guerrinha de ensino médio.

E outra coisa, como todo petista, ela usa as pessoas com deficiência como palanque político. Uma pergunta que não quer calar: onde estava o PT que não fechou abrigos que amarram as pessoas com deficiência (link: aqui)? A ONG internacional viu em três principais Estado, como SP, RJ e BA. E não eram abrigos novos e sim, abrigos que existiam nos dois governos do PT e que existiam a muito tempo. Então, para mim, isso não é uma filosofia e é retorica e retorica já faz parte de oradores. É isso.

Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News 

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