Eu escrevi no dia 31 de maio, uma matéria (link: aqui), que
mostrava que a filósofa – Platão iria dizer sofista – Marcia Tiburi estava
sendo convidada a concorrer ao governo do RJ pelo PT (Partido dos
Trabalhadores). Ninguém deu atenção. Todo mundo preferiu dar atenção a notícias
idiotas e sem sentido na época. Na verdade, os eleitores hoje, não se dedicam
ler nada e sim, se dedicam a só se basear em memes e hashtag como se isso fosse
relevante como uma base eleitoral. Para mim, acima de tudo e mesmo sendo
anarco-libertário (já que vai demorar bastante para temos uma consciência mais
avançada de governamos a si mesmo), acho que quem governa tem que, acima de
tudo, gostar de onde nasceu e está governando.
Na essência duas coisas não aconteceram no Brasil: uma, não
aconteceu uma modernização no Brasil e não há esperança que um dia
modernizamos. Porque nosso povo tem medo do novo, nosso povo se sente muito
confortável com resoluções menos dinâmicas e tirar de uma vez, esse governo
inchado que só atrapalha o progresso e as resoluções urgentes. Duas, não temos
uma consciência republicana e nem mesmo, uma consciência democrática. Não se
aceita que as outras pessoas pensam, porque o que elas pensam não fazem parte da
sua crença. Isso mesmo. São apenas crenças e você não sabe da verdade e nem o íntimo
de ninguém, você só pode supor que tal candidato é honesto. Você não pode legitimar uma pedalada fiscal,
porque os outros presidentes assim fizeram e se fizeram, deveriam também serem
alvo de investigação. Cadê o PT na época que não denunciou tal esquema? Aliás,
ampliando a pergunta, onde estavam esses empresários candidatos nos 13 anos de
governo petista que não li nenhuma palavra sobre o desastre dos governos?
Antes de dizer a minha opinião sobre essa candidatura, já
que sou formado em filosofia (no curso que me formei foi filosofia da educação
que tem muito mais responsabilidade), devo explicar o que seria um filósofo. Quando
Pitágoras – a um dois mil e quinhentos anos atrás – formou o termo filósofo
(philosophós), por ser chamado de sábio, ele quis dizer que era apenas um amigo
da sabedoria e não um sábio. Para mim, um filósofo estuda todas as coisas sem
distinção de nada e sem julgamento de valor de ninguém, porque ele está acima
do senso comum dentro de um conhecimento a mais. Ele deve, acima de tudo, aceitar
a sua ignorância de não saber de tudo e sempre querer procurar a verdade
(aletheia) e a virtude (aretê). Isso começa com dois períodos: Tales de Mileto
com a “phisys” (que hoje chamamos de ciência) e de Sócrates de Atenas com a
“aretê” e a verdadeira sabedoria “alithiní sophia”. Na verdade, a filosofia
nasce do espanto e da percepção que a explicação mitológica não era suficiente
para o surgimento de tudo (a procura de um “arké”), mas, não podemos definir a
mitologia como uma mera crença, apenas, uma explicação rudimentar daquilo. O
nascimento da filosofia como uma destruição da mitologia, foi uma crença muito
enraizada do filósofo iluminista que tinha um certo ranço com a igreja
católica.
Na modernidade já se tem um outro olhar na filosofia. A
ciência toma o lugar da filosofia – mas, é importante ressaltar que ainda os
filósofos da ciência são sim importantes e não, a filosofia não morreu – para
se investigar a origem de tudo e o porquê a realidade existe. A filosofia
ontológica e existencialista, investiga o homem que se prende dentro da sua
liberdade em nome de um conforto, de um espetáculo que querem olhar para não
olharem para suas realidades medíocres e confusas. Quem viu o primeiro filme da
trilogia Matrix, sabe muito bem que existe o Cypher que mesmo saindo da Matrix
– uma realidade virtual – quer voltar a essa realidade, e mesmo sabendo ser uma
realidade virtual, ainda sim, quer disfrutar dessa realidade. O Cypher é o
alienado, o cara que não quer a verdade, quer viver na sua zona de conforto.
Nosso povo são os muitos como o Cypher, não procura nenhuma informação, se
baseiam numa realidade que dão a ele como memes (figuras que imitam a
realidade) ou hashtags prontas para lutar a realidade deles e não a realidade
de fato. Um filósofo não pode ter crenças que limitam a irem além do
conhecimento comum e esse conhecimento, vai além de qualquer propósito. Um
filósofo não pode ser católico, um filósofo não pode ser espirita, não pode ser
protestante, não pode ser marxista e nem liberal, porque senão, ele não pode
investigar o que se determinou a investigar. Para investigar a ética e a moral,
tem que se investigar “nu” sem nenhuma crença e sem nenhuma ideologia.
O próprio Marx ao escrever ao seu genro disse que não era
marxista. Na realidade, os marxistas só são pessoas que interpretam a filosofia
de Marx na sua própria visão, que no mais, não sabia nem mesmo da onde iria
dar. Mesmo o porquê, morreu antes mesmo de se aprofundar mais. Na minha visão, Marx
era uma pessoa que diríamos hoje, um sindicalista e não um filósofo. Eu, mesmo
sendo anarco-libertário, tenho certas críticas ferozes aos libertários sobre
vários temas, ao contrário de certos marxistas. O que quero dizer na realidade,
é que não podemos investigar nada, se não desvinculamos de ideologias, crenças
e morais que prestamos a investigar. Isso não é insentão – como dizem por aí –
isso é ser coerente naquilo que se quer mudar.
A nossa realidade política está na mudança e a esquerda não
quer mudar – esse papo de progressismo é furado, porque não se pode ser
progressista com uma filosofia do século dezenove – quer um Estado cada vez
mais grande, cada vez mais controlador e cada vez mais, estatizado. Por outro
lado, temos uma direita também que quer o velho, quer soluções fáceis e que
sejam rápidas. Soluções rápidas demográficas como a do Bolsonaro (link: aqui),
ou uma moral de igualdade igual daquela que o menino quase não pode comer uma
refeição que o comerciante queria pagar para ele (link: aqui). A questão não é
a palhaçada que o Fantástico faz todo domingo com o quadro “Que Brasil nós queremos”, mas, discuti com argumentos maduros, argumentos de realidade e não
aquilo que estamos vendo espelhados nas nossas crenças ideológicas.
Vamos a professora Tiburi. Não vou usar os mesmos argumentos
que todos usam, que ela é a favor de bandido, que ela é favor disso ou daquilo.
Mas, eu vou começar com isso de “filósofa”. Sinceramente, até hoje eu não vi
nenhum dito “filósofo” daqui, produzir nada além de promover estudos de
filósofos que já são consagrados. É importante, mas, não pode ser levado a
sério o bastante de serem chamados de filósofos. São no máximo, sofistas como
Protágoras, Górgias, entre outros. Platão, que viveu trezentos anos antes de
Cristo e que era discípulo de Sócrates, dizia que o filósofo é amante da
procura da verdade e só saberíamos a realidade, pelo diálogo. Pelo que vi no episódiodo líder do MBL (Movimento Brasil Livre) Kim Kataguiri – que também tenho uma
crítica ao movimento por usar a pauta moralista para ganhar visibilidade – que
a professora Marcia Tiburi, não é apta a um diálogo como um “filósofo” faria. Existe
duas ironias nisso: uma é ela ter um livro: “Como conversar com um fascista” e
a outra (ironia), é ela, numa entrevista à Revista Fórum, usar essa mesma frase
de Marx: “os filósofos, até hoje, se limitaram a interpretar o mundo. Cabe
agora, transformá-lo”. O mais estranho, é ela dizer que traz essa frase desde
menina que reforça a necessidade de uma pergunta: por que não quis dialogar com
o líder do MBL, se acredita tanto nessa frase?
A vida não é um experimento, há coisas que não podemos
experimentar. Mas, devemos sempre a examina e avaliar se estamos seguindo
aquilo tudo como a nossa ética manda. Não adianta você escrever um livro que já
tem o nome “como conversar” e não exercitar aquilo que escreveu, soa como
demagogo, soa como ilógico e até mesmo, imoral. Perdeu uma grande chance de
mudar o mundo, mudar a visão de algumas pessoas sobre a imagem liberal
(conservador?) do Kim Kataguiri. Por isso que os 4 chamados filósofos (Barros
Filho, Pondé, Karnal e Cortella) “pop”, são reais filósofo, porque debatem com
quem for. Essa é a essência da filosofia, não é achar que você vai mudar
alguém, mas, vai despertar o espanto e a crítica. O problema, que eu vi na
professora Tiburi (posso chamar de sofista), que ela fez do seu feminismo uma
religião e as religiões são apenas crenças de uma visão idealizada. O
verdadeiro feminismo é a igualdade, o verdadeiro feminismo é defender a mulher
de violências machistas e desumanas. Assim como, não podemos usar os diretos
humanos para defender aqueles que escolheram o caminho da antiética de fazer
mal ao outro por causa de um objeto. Se temos que usar os direitos humanos para
defender bandidos, temos que usar para defender também, as vítimas.
Com certeza, quando Platão idealizou um governante filósofo
– que muitos defendem que ele era a favor de uma tirania – ele idealizou, em
cima do teorema da caverna, alguém que levaria as relações humanas dentro de
uma realidade muito mais elevada. Gente como a professora Tiburi são pessoas
despreparadas que não podem pisar em uma sala de governo, porque, a situação do
Brasil, não é uma questão de classes – porque o Brasil tem um grande histórico
sim, de desigualdade – mas, uma questão de limitação dessa podridão. Ética e
uma moral (não moralismo barato), são os verdadeiros empreendimentos, que vão
levar o progresso. O Brasil pede uma modernização, não o populismo, mas, uma solução.
O Rio de Janeiro está falido, a única solução é um governo forte, ético e sem
amarras ideológicas de guerrinha de ensino médio.
E outra coisa, como todo petista, ela usa as pessoas com deficiência
como palanque político. Uma pergunta que não quer calar: onde estava o PT que não
fechou abrigos que amarram as pessoas com deficiência (link: aqui)? A ONG
internacional viu em três principais Estado, como SP, RJ e BA. E não eram
abrigos novos e sim, abrigos que existiam nos dois governos do PT e que
existiam a muito tempo. Então, para mim, isso não é uma filosofia e é retorica
e retorica já faz parte de oradores. É isso.
Amauri Nolasco Sanches Junior – formado em filosofia pelo FGV e também publicitário e técnico de informática e escritor freelance no jornal Blasting News
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