quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Moro agora é comunista?






Amauri Nolasco Sanches Junior

No blog não posso desenhar. Mas, vamos lá. Qual a questão principal da democracia? Não é uma unanimidade – já que Nelson Rodrigues alertava que as coisas unanimes são burras -  porque as unanimidades, costumam ser ditaduras e que só tem um viés. Você ter revolta com nossa política, tudo bem, mas, ter desprezo a imprensa ou a cultura desprezada, dai é preocupante. A maioria dos brasileiros tem uma aversão a cultura e a leitura, não temos capacidade de entender o que um post de Twitter quer dizer, não se sabe nem o porquê estão chamando fulano de comunista ou outras coisas similares. Mas, o comunismo em si mesmo, não é a obra principal de Marx e nem foi tentada em nenhum país. Porque, para comunidades serem comunistas, teriam que passar por um socialismo que seria, uma educação para o povo, de tirar todo o desejo de coisas supérfluas. Mais ou menos, voltaríamos a comunidades locais sem um governo central para regularizar o que temos ou não temos que fazer. Mas, por outro lado, joga toda a culpa no objeto. Vou dar um exemplo de um socialista nato.

Quando eu ia na Oficina Abrigada da AACD, tínhamos muito pouca coisa para fazer a não ser bater um papo e um dos motoristas do escolar, naquele tempo não tinha as vans acessíveis da prefeitura, se aproximou e ouvindo a conversa, de caras que apostam rachas com seus carrões, disse que é culpa do capitalismo que faz o carro mais veloz. Ora, anos se passaram e ainda lembrava daquilo, se fosse hoje, eu diria que é uma questão muito mais moral. Por que? Porque o cara sabe se ele correr a 160 por hora numa avenida, ele pode perder o controle, ele pode atropelar alguém, ele pode bater num outro veículo e se arrebentar e matar o outro que não tem nada a ver com isso. Ter ou não um carro veloz, não te obriga a apostar corridas dentro de avenidas na cidade, e por outro lado, é uma escolha do sujeito. Porém, Karl Marx viveu em um outro capitalismo e numa outra coisa dentro do mundo do proletariado. E nem era a tese principal, a tese principal de Marx era o materialismo histórico. Ou seja, o próprio ser humano tende a fazer a história do mundo (com todas as suas construções cultuais).

Voltamos a democracia. A democracia que temos hoje são democracias representativas, ou seja, votamos em um representante para nos representar e fazer leis que são regras gerais. Muito diferente da democracia ateniense (grega antiga), que eram democracias diretas que faziam com que, decidissem festas entre outras coisas. O que há em diferente além disse nas democracias de um ou de outro? Os direitos humanos. Não basta ter um sistema de voto, mas, ter um sistema que garanta o direito do cidadão a ter uma certa liberdade. Por isso mesmo, muitas pessoas dizem que o governo venezuelano de Nicolás Maduro não é uma democracia, porque esse governo não garante o básico e também, as liberdades do povo venezuelano, foram podadas. Porque, dentro da política contemporânea, ao mesmo tempo que houve uma certa liberdade do indivíduo tomar algumas decisões, houve várias ditaduras que varreram várias vidas. O socialismo se mostrou que não se pode subir ao poder, o poder seduz.

Ora, por que eu fiz a pergunta se Moro tinha virado comunista? O caso do Ministro Sérgio Moro não é o único caso – de indicar uma especialista que tem um viés progressista – mas, muitos outros casos que não param o Twitter. como a discussão do ministro da educação (colombiano e indicado pelo Olavo de Carvalho), em cantar ou não o hino nacional, filmar ou não as crianças cantando, que pensaram que estávamos questionando o hino e nada disso, estávamos questionando a filmagem. A própria deputada estadual, Janaina Paschoal, alertava que esses fanáticos que seguem Bolsonaro, poderiam virar petistas dos avessos. E não é mesmo? Os petistas não sabem o que é fascista, os bolsonaristas não sabem o que é comunista. Temos uma falta de educação por causa do déficit do ensino fundamental, que não incentiva (nem a família) a leitura. Minha família, principalmente, minha mãe, que sempre incentivou a leitura. Além disso, graças ao meu pai, eu tive contato com a filosofia (fora, que ele tinha um livro de Freud que foi o começo das minhas leituras). Portanto, mesmo as pessoas acharem que eu não sei nada por causa da minha deficiência (que existe isso sim), eu li muito e me orgulho disso sim. Claro, que eu tenho um limite de conhecimento, mas, eu leio as matérias antes de comentar. As pessoas não leem nem mesmo, os poucos caracteres de um Twitter, imagine um texto.

Mas, não, Moro não é comunista.



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

A herança maldita do PT em São Paulo e o carnaval que não acaba (PCDs não tem UBS)







Amauri Nolasco Sanches Junior

Quem me conhece sabe como eu gosto da verdade e a verdade é que São Paulo está abandonada. Isso fica evidente quando um dos seus maiores símbolos, o Minhocão, está prestes a cair como caiu o viaduto recentemente e como vários outros, estão rachados. Fora que as ruas das periferias da cidade, não estão sendo arrumadas que é uma promessa de campanha do, agora, governador João Dória (PSDB). A questão vai bem mais longe: os serviços pararam completamente, quando Dória saiu da prefeitura deixando um vácuo completo. Mas, isso foi para tampar um buraco eleitoral que o PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira) colocou como prioridade e que ferrou São Paulo.

Falo isso por causa própria, quando o prefeito do PT (Partido dos Trabalhadores), Fernando Haddad, tirou as entregas de remédio em casa para pessoas com deficiência e idosos e os candidatos do PSDB, deixaram isso como está. Também, que médicos só irão na casa das pessoas com deficiência, se elas forem acamadas. Como disseram no passado e estou concordando, que o PSDB é um PT de gravata. A questão vai muito além de ser de esquerda e direita – que está muito ultrapassado lá fora nos outros países – mas, de ser cidadãos. Por que os médicos não podem ir nas casas de pessoas com deficiência e idosos? Aliás, para analisar política, além de ler as manchetes (que a maioria não lê), tem que se criar o habito de se ler livros sobre a política. Mas, nosso povo tupiniquim, sempre acha que política é uma tremenda partida de futebol, e não é. Porque não quero saber se o prefeito torce para o Corinthians ou não, eu quero saber o porquê – com todos os impostos que pagamos – a UBS do meu bairro, Vila Nova Iorque, tem dia para pegar o remédio, não tem médico e não fazem mais visitas periódicas para medir a minha pressão ou outras coisas. O porquê que a UBS do bairro da minha noiva, Jardim Elba, não fazem o pedido para tratamento psicológico e da cadeira motorizada que ela tem o direito, ainda, ela tem problemas respiratórios e também, tem a bacia deslocada e a médica do posto tem preguiça de assinar um papel. Quem fez o pedido da cadeira motorizada foi a ortopedista do Ambulatório do Sapopemba que entendeu que ela não pode, por causa desses problemas respiratórios, e pelo deslocamento da bacia, ela não pode fazer esforço. Portanto, ela deve ter o direto de uma cadeira motorizada.

A prefeitura está muito mais preocupada com o carnaval e o prefeito, Bruno Covas, está pensando em proibir canudinhos de plásticos. Viadutos caindo, transporte para pessoas com deficiência de má qualidade – as vans do ATENDE+ estão caindo aos pedaços e os ônibus acessíveis, sempre estão quebrados – ruas com buracos, questões administrativas da UBS que não se resolvem, questões que são ignoradas pela prefeitura de São Paulo. Por que se chegou a esse ponto? Porque, muitas vezes, as pessoas com deficiência não querem se envolver na política e se você não se envolver na política, você não muda e nem inclui ninguém. Afinal, o filósofo da antiguidade, Aristóteles, dizia que somos animais sociáveis (ele quis dizer, cidadãos), por causa da nossa racionalidade. Porém, hoje sabemos, que várias ideias de associação cultural que temos, veio muito mais da nossa capacidade de ler símbolos do que uma questão biológica. Apesar que muitos antropólogos, dizerem em pesquisas, que o ser humano por ser um primata, ele é um animal gregário. Assim, quase todos os primatas, são gregários.

Se lemos com bastante atenção Aristóteles, vai perceber que o termo “politikon” – que veio o termo político ou política – na tradução não é político, mas, cidadão. O politikon era aquele que se preocupava com a Polis e com o andamento do povo, já o idiotike, era o egoísta que só queria saber do seu próprio benefício. Como é mostrado na Apologia de Sócrates, que aconteceu na fase final da democracia ateniense, que vários que se achavam politikon, eram, na verdade, idiotike. Talvez, Lenin por ser um estudioso, quis dizer em dizer idiota, esse indivíduo egoísta que só pensa nele, como existiu vários no socialismo também. Como eu disse, isso ultrapassa a questão direita e esquerda, a reflexão tem que ser nua, senão, vai sempre defender um viés ideológico.

Então, nós, pessoas com deficiência, temos um entendimento racional da nossa realidade (somente aqueles que tiveram suas consciências afetadas pela paralisia cerebral mais severa e outras deficiências ou síndromes, que dão uma certa deficiência mental), e, portanto, tem consciência das suas vontades. Na verdade, muitas pessoas com deficiência, são infantilizadas porque se infantilizam, não procuram priorizar o conhecimento e nem a questão política. Mas, como a maioria do povo não lê nada, não condeno as pessoas com deficiência que não fazem.


sábado, 23 de fevereiro de 2019

O passado que não me deixa e é o motivo de ditaduras





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Amauri Nolasco Sanches Junior


Quem acompanha meus textos sabem que sempre coloquei como maior problema da humanidade era o romantismo. Dentro da filosofia, chamamos o romantismo como uma crítica (analise) muito exagerada contra as tecnologias e o progresso da humanidade. Algo como: que criança tem que jogar bola na rua, que criança tem que brincar de carrinho de rolimã, jogar futebol de botão, temos que ler livros de papel (que é um luxo ter grandes obras da filosofia e da literatura pelo preço), que a minha psicóloga era o chinelo e essas asneiras que transformam a rede social como muros pichados de periferia. Por outro lado, o romantismo também alimenta ditaduras como da Venezuela, que podemos analisar a partir de uma ideologia que Nicolás Maduro acredita, que é um chavismo delirante e que não existe (Bolívar era muito rico para ser socialista). Mas, essas brincadeiras foram boas? Sim. Mas o progresso veio e novas formas de brincadeiras e de jogos, vieram junto, e nem por isso, as pessoas perderam a convivência social (claro, que existem pessoas que se trancam e merecem atenção e tratamento).

As pessoas se apegam a segurança do passado onde eram apenas seres que brincavam e tinham a preocupação de estudar, mas, o prazer daquilo fica gravada no nosso inconsciente. Eu sempre achei, talvez, que as pessoas negam a realidade onde vivem e ficam com a imagem, muitas vezes, de um romantismo que fica no intuito de uma imagem de filme como do Woody Allen. A questão sempre foi em criar vínculos ideológicos e religiosos que nos opõe ao progresso e uma crítica acirrada da tecnologia ou de novas formas de consumo – minha única crítica é o fato das filas intermináveis de coisas que se pode comprar em um outro local ou mais tarde – e assim, ser contra um progresso social mais abrangente. Ai que confundiram as coisas, pois, uma análise filosófica e intelectual, não pode ser só a análise de fatos dentro de uma bolha que o pessoal acha que é o meio intelectual. Eu posso comer em um Habbib`s e não deixar de ser um filósofo que faz críticas ao capitalismo, como posso acreditar que o ESTADO nos escraviza, e ser contra governos socialistas. Como já vi anarquistas apoiando pessoas, como o italiano Cesare Batiste, que acho que é mais do que evidente que ele matou pessoas e colocou uma numa cadeira de rodas.

A questão é criar toda uma caixinha para analisar só um lado da literatura, só um lado da filosofia e só um lado das ideologias (as religiões nem se fala). Porque não gostam da sua realidade. Porque é chato você trabalhar, é chato não poder mais ficar sozinho (existem pessoas que não suportam ficar sozinhas e toda hora estão numa balada, mesmo casadas), toda hora precisam fugir de si mesmo. Eu sou muito criticado por analisar a questão em outros vieses e nunca num só viés, porque não existem só livros, não existe só TV, existem pessoas que fazem vídeo no YouTube que sim, tem conteúdos bem interessantes. Ou, que pode ser analisada num texto filosófico sobre o assunto tratado pelo youtuber. Por que não? Por que não posso analisar ideias que não são tão “intelectuais”? Pior que são as mesmas pessoas que criticam as bolhas ideológicas e bolhas religiosas, mas, que criam várias bolhas intelectuais que acham que é a verdade e não é. Aliás, a busca da verdade (alethéia), sempre impulsionou os filósofos a analisar a mesma realidade.

Mas o que motivou a escreveu esse texto? Uma postagem de uma colega orkutiana (do falecido Orkut), que postou uma imagem que traz uma parte do “O Paradoxo do Nosso Tempo, do comediante de stand-up, ator e autor norte-americano, George Carlin. Não sabemos se o texto é dele mesmo, mas, quem olha o texto como um todo verifica um “paternalismo” quase religioso, como se as pessoas não pudessem ou não escolhessem se querem fumar, se querem tomar um porre, se quem ou não amar, ou querem odiar e correr com seu carro. Eu analiso como um texto muito moralizante para um comediante e ator, porém, talvez, fosse dele mesmo. Duas questões devem ser analisadas: uma é que o autor (no caso, Carlin), analisa os efeitos como as causas. Fumar é o efeito de pegar um cigarro e fumar, beber é o efeito da vontade daquela bebida. A vontade de cada ser humano não pode ser ignorada e muitas pessoas, ainda acham, que esses desejos são efeitos de uma alienação. Por exemplo, somos muito mais “bombardeados” com propagandas do Mcdonald de que de outros fest-food e existem pessoas – como eu mesmo – que não comem lá e não gostam dos seus lanches. Você pode dar cem mil para uma pessoa e ela poupar, e dar para outra, e ela gastar tudo.
Mas o principal do texto – que estava na figura – é essa parte:


Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta; do homem grande de caráter pequeno; lucros acentuados e relações vazias.


Por que digestão lenta? Será uma analogia ou é literal? Nossa intolerância sempre era restrita aos bairros de periferia, porque temos redes sociais para emitir a nossa opinião. só que, nesse ponto, eu sou muito platônico. Porque acho que opinião não é conhecimento, é só um achismo que, muitas vezes, não tem lógica nenhuma. Porém, grandes homens não podem ter caráter pequeno (ai você desconfia se é mesmo do Carlin, porque isso é coisa de senso comum bem ralo), porque o bem sempre vem com o conhecimento (não do estudo acadêmico). E o próximo é que as pessoas têm lucros grandes e as relações vazias. Será que é pelo lucro alto ou pela própria educação que recebe que a mãe já ensina para a filha, que o cara tem que ganhar bem? Ou os homens que se aproveitam das mulheres que tem fama e dinheiro? Não é uma questão de caráter?

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas chiques e lares despedaçados.

Nada a ver. A questão de ter dois empregos não colabora com o divórcio e sim, a intolerância de ter ou não um diálogo. Criamos uma cultura de que o casamento é uma prisão, mas, só pode ser uma prisão quando você casa por obrigação. Acho eu que ninguém casa por obrigação, mesmo se a mulher tiver gravida, o homem casa por vontade. E existem vários barracos que tem lares despedaçados.


Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral descartáveis, das rapidinhas, dos cérebros ocos e das pílulas "mágicas".


Sim. As viagens ficaram mais rápidas por causa da melhoria da tecnologia, as fraldas ficaram descartáveis por causa da pratica e da mesma tecnologia. A moral ser descartável, mostra que nem sempre uma moral pode ser eterna. Na idade média um homossexual seria acusado de práticas pecadoras e queimado na figueira – assim, tinha milhares de padres que eram homossexuais – e hoje, é algo meio abominável. Pessoas com deficiência eram queimados e mortos, por não servir para a sociedade, hoje, existem pessoas com deficiência que trabalham. Mulheres menstruadas estavam fadadas a não entrarem a nenhum templo e eram isoladas. Ou seja, a própria sociedade de adquiri um conhecimento, renova a sua moral e vai sempre procurar aquilo que é o bem e o bom, evoluindo a consciência. A última parte é só olhar no Twitter, muitas rapidinhas (pela geração que coita muito, mas não transa), muitos cérebros ocos porque as pessoas não abrem um simples link e lê a matéria (muitas vezes comentam só o título). A burrice é extrema.

Portanto, um trabalho intelectual (que pode ou não, ser filosófico), não pode ser restrito só em analisar coisas de cunho intelectual. Existe um mundo muito mais amplo.



sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Não responderam minha enquete, porque não gostam da verdade (Lulistas e Bolsonaristas)




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Amauri Nolasco Sanches Junior

Em muitos textos que escrevi no meu blog (esse mesmo), eu disse que sou. uma pessoa bastante cética e por isso mesmo, eu não tenho ídolos. Eu tenho uma visão bem mais ampla do cenário político – mesmo que me chamaram de militarista (poxa, um anarquista que só quer saber da verdade?) – e que não tenho vinculo nenhum político e então, posso buscar a verdade. Nesse intuito de buscar a verdade eu fiz uma enquete que ninguém respondeu, porque eu pergunto a verdade que os gregos chamavam de alethéia.  Afinal, até mesmo Jesus Cristo disse que deveríamos conhecer a verdade, pois, ela vai nos libertar.

Um povo que não lê nada, um povo que idolatra políticos (bolsominion), um povo que santifica formas ideológicas (esquerdista show) ou um povo que repete o que os outros falam (o povo papagaio), não pode querer que o Brasil melhore. E pasmem! Existe pessoas que justificam a corrupção dizendo que político não é de ferro, ele pode sim cair na tentação de se corromper sem culpa. Mas, como estava dizendo no meu Twitter, isso vem desde o Pero Vaz de Caminha, que ao escrever e descrever sobre o Brasil para o rei de Portugal, fez menção a um parente desempregado. Mas, cadê a verdade? Cadê o sistema que pode descobrir a verdade? Não sei.


quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

Pessoas com Deficiência levadas a serem massa de manobra da esquerda




Amauri Nolasco Sanches Junior

Sou cético e não acredito em ídolos. Quem me conhece sabe que as minhas críticas são, exatamente, por causa que eu não tenho nenhum ídolo. Mesmo o porquê, eu uso a máxima de Nietzsche, que não há fatos eternos e nem verdades absolutas. E meu ceticismo me faz pesquisar algumas coisas que viralizam, como um bom jornalista amador, as fontes são importantes. Como no caso de uma carta aberta da antiga direção do CONADE (Conselho Nacional das Pessoas com Deficiência), que estavam dizendo que os conselheiros iriam perder o poder. A questão é: que poder tem o CONADE que em toda a sua história – que começou no governo FHC – nunca fiscalizou sequer as empresas para cumprir a lei de cotas? Ainda mais: nós sabemos que muitas famílias de pessoas com deficiência do nordeste brasileiro, acorrentam seus filhos por causa da vergonha de ter um filho assim. Sabemos que o CONADE não fiscaliza as cadeiras de rodas que não são dadas para as pessoas com deficiência em cidades distantes. Então, para que serve o CONADE afinal? Para que serve os conselhos e movimentos que não servem para nada a não ser, para serem massa de manobra de partidos de esquerda?

Claro, que ministros como a Damares Alves que só falam asneiras (é incrível o festival de asneiras do Ministério do Bolsonaro), se deve sempre desconfiar. Mas, também desconfio de pessoas que vão perder seus cargos e ficam se esperneando como baratas que são envenenadas e estão morrendo, assim, a esquerda burra age. Ainda mais, quando os conselheiros colocam a lei como argumento (aqui). Ora, duas coisas temos que ter em mente para ser coordenador de um movimento e um conselheiro. Primeiro, você tem que ser uma pessoa que pode não ter nenhum diploma (não sou a favor da ditadura do academismo militante), mas, tem que estudar sobre política e sobre ideólogas, ou seja, você tem que ler matérias de jornal, você tem que ler livros. A maioria das pessoas, acho eu, sabem ler, porque adoram ler porcarias na internet. Segundo, tem que aprender sobre leis que temos direito, não vale ficar repetindo o que os outros dizem ou que os outros pensam. Na verdade, o pessoal não aprende nada nos movimentos (que se dizem apartidários mais apoiam o PSOL e se dizem ecumênicos, mas, estão atrelados na igreja católica) e quando vão no conselho, não sabem nem o porquê estão lá. São os idiotas uteis que tanto Lenin disse na revolução russa. Dizendo isso, posso garantir que o governo não pode fechar nada e nem extinguir nada sem antes mudar a lei. Os conselhos não podem ser extintos porque estão assegurados por lei. Não estamos num governo de exceção (procura no Google).

No blog Viver sem Limites (aqui), diz que a ministra Damares garante que o CONADE vai permanecer ativo, mas teve atividades suspensas por causa de reajustes dos ministérios nesse novo governo. Essa nota – que o blog veiculado ao jornal Estadão traz em sua matéria – traz também a assinatura da secretaria nacional dos direitos das pessoas com deficiência, Priscila Gaspar, que pede a mesma compreensão dos conselheiros, já que os outros governos também tiveram essa compreensão. Na própria nota a ministra e a secretaria dizem que a autonomia dos Conselhos Nacionais (de toda a Federação) é de total conhecimento do atual governo (Bolsonaro), que primara a defesa da mesma, sempre se empenhando ainda mais em possibilitar o âmbito do exercício da mesma. Ou seja, se deve calcular o quanto de dinheiro se dará para fazer as reuniões e a recolocação dos ministérios.

O fato é um só: estão usando as pessoas com deficiência como massa de manobra para fazer uma oposição burra que não faz nenhum sentido. Porque a esquerda brasileira, não faz oposição, faz pirraça como crianças mimadas. O CONADE nunca me respondeu  meus e-mails porque dizem eles, os casos são dos conselhos municipais. Só que os conselhos municipais estão preocupados em fazer manifestações que reinam a ignorância e a fofoquinha desses partidos de ideologias do século dezenove. Então, para que temos que ter conselhos se esses não tem poder nenhum? No mesmo modo, as Secretarias dos direitos das pessoas com deficiência que não tem poder nenhum. Não tem punição e nem fiscalização da lei de cotas – nem em concursos públicos – UBSs que não funcionam e não tem médico, o transporte está péssimo (o ATENDE+ está caindo aos pedaços), as cadeiras de rodas compradas pelo SUS demoram bastante e etc. Onde está esses conselhos que eu não vejo? Só vejo quando o governo não é de esquerda e as manifestações imperam.

Como disse, não podemos confiar cegamente num governo olavista e que existe várias formas de intriga, mas, desconfio bastante também desses conselhos e movimentos.



terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

O desastre político brasileiro e a política da Filhocracia





Georg von Rosen - Oden som vandringsman (Odin, o Viajante), 1886


Amauri Nolasco Sanches Junior

Odin era a peça chave para a mitologia nórdica (povos da Escandinávia), que trocou um dos seus olhos para obter sabedoria. O que ele tinha de diferente era os filhos. Thor (bem diferente da imagem bonitinha dos quadrinhos da Marvel), matou a própria família e era seu filho mais velho, seu filho que cuidava dos trovões e das batalhas (não à toa, né?). Balder o segundo filho e cuidava da sabedoria e a justiça e era reverenciado por sua beleza. Vidar que era o deus da vingança e Valir era o deus que nasceu para matar o deus cego, Holder por ter matado Balder e cuidava da cultura. Então, Odin era um governante que sempre estava rodeado dos filhos (além das Walkirias), e assim, eles intercediam das decisões do pai. Se pusemos isso hoje em dia, poderemos ver que as questões monárquicas nunca saíram do Brasil. As capitanias hereditárias, as nomeações de filhos em cargos importantes, famílias que mandam no Nordeste há anos. E inventamos uma nova categoria de governo, a Filhocracia.

Não estamos numa monarquia e nem queremos que o Brasil esteja em crise no lado financeiro. O presidente, Jair Bolsonaro (PSL), não é rei e muito menos, rei dos deuses. A questão de ética não pode ser atrelada só na pratica de corrupção, mas, a pratica de esclarecer pontos importantes dentro da governabilidade do país. Portanto, adjetivar pessoas que descordam de comunista ou que estão contra o Brasil, é de uma ignorância total. Eu não sou petista (aliás, não apoio nenhum partido), não sou comunista e não tenho ideologia para salvar a humanidade. O Brasil faz de tudo uma grande religião e ficam colocando presidentes e políticos como “messias” para salvar uma coisa que só mudanças de posturas vão ser arrumadas dentro da nossa cultura. O que os bolsonaristas estão fazendo, só é um petismo invertido e transvestido de direita conservadora. Um liberal não pode ser conservador. Como dizia Sérgio Buarque de Holanda, não temos pessoas conservadoras, temos pessoas atrasadas. O atraso sempre levou o Brasil a ficar com uma política de não modernização, não desenvolvimento e a sempre ficar achando que o passado é melhor. As pessoas que fizeram os melhores programas ou músicas, não fazem mais ou não estão mais entre nós, a “festa acabou” e as luzes foram apagadas. O Brasil tem que sair rápido da idade média.

Mas, para sairmos dessa era medieval brasileira, precisaríamos investir mais em educação e leitura. Os ataques a jornalistas como Carlos Adreazza ou Felipe Moura Brasil, junto com alguns programas da Jovem Pan ou o site O Antagonista, mostram como as pessoas não sabem o que é política e o que se deve ler para ter uma discussão política séria. Não militância como o petismo sempre fez, porque não adianta tirar uma esquerda que só estava atrapalhando o Brasil, e colocar uma direita tão fanática quanto essa mesma esquerda delirante. Uma discussão política é uma discussão que se deve ter o ceticismo de não acreditar em tudo, rejeitar a política da facilidade, porque política não pode ser simplista e um governo não pode mandar pessoas embora sem nenhuma explicação. Claro, que tem nos Twitter da vida, milhares de passadas de pano da atitude do presidente e seu pimpolho twitteiro.

Nós que trabalhamos com a grande mídia e a mídia independente (blog), sabemos que a grande maioria não abre o link da matéria e não estuda a política. Porque acham que o presidente é o rei ou tem preguiça de ler mesmo, porque tem coisas muito mais importante para fazer, como falar mal do vizinho, falar mal do parente ou falar um monte de asneiras no Twitter sem embasamento nenhum. Um desastre qualquer discussão política aqui e a ignorância impera categoricamente. Mas, o que esperar de um povo que não abre um link da matéria?


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

PC. Siqueira apagou seu Twitter, não vou apagar o meu não







Amauri Nolasco Sanches Junior

Outro dia, estava vendo um vídeo do PC. Siqueira enquanto eu fazia uma pesquisa para o meu novo livro, e fiquei ouvido ele falar o porquê tinha deletado o seu Twitter. Achei os motivos dele, motivos irrelevantes e só mostram como a geração dos anos 90 em diante, é uma geração que não pode ser frustrada. Sim. Vivemos em um mundo que não se pode frustrar o outro com um “não” ou um “não concordo com você”. Não é só no vídeo do PC que eu vi isso, eu quase fui expulso de um grupo e uma colega foi expulsa, por causa que discordávamos de um ponto de vista do namoro virtual e do romantismo. O nome do grupo é “Amizade Sem Fim”. Será? Amizade foi muito discutido pelo filósofo grego Aristóteles, que segundo dizia, era um amor mais verdadeiro. Amizade sem fim presume uma amizade sem interesse nenhum.

Certamente, minha veia filosófica, me faz ser um cara bastante cético enquanto tudo. Porque enquanto existem alguns que se ensurdecem com as trombetas do fanatismo e se cegam com a luz dos seus ídolos, eu não tenho ídolos e mantenho o ceticismo político e religioso, bem aguçado. Aliás, fui irônico (como um bom filósofo socrático), e disse no meu Twitter que espero não ser condenado a beber cicuta (foi o veneno que condenaram Sócrates, filósofo ateniense, a beber e morrer por causa disso). Eu sempre sou contra o que a maioria assistia, sempre achei chato banda da moda, filme da moda e ídolos da moda. Hoje em dia, com a carga de filosofia que eu tenho porque gosto de ter, me faz ser ainda mais, um ser seletivo daquilo que eu gosto e daquilo que eu critico. Até as coisas que eu gosto, tenho minhas críticas. Como a série Origin do YouTube Prime, que mesmo eu gostando da história e dos efeitos bem produzidos, ainda, tem várias falhas e que faz a história ser chata em alguns momentos.

Aceitar tudo é uma, tremenda, burrice. Como disse o escritor e ensaísta, Nelson Rodrigues, toda a unanimidade é burra. Burra no sentido de teimosia daquilo que sabe estar errado e ainda, acredita ser certo. Eu gosto do Twitter porque me faz ver opiniões mais diversas e por eu não ter nenhum viés ideológico ou defendo alguém, não me causa nada, porque nada mais me cega. O espanto nessa questão é que as pessoas sempre querem ser as certas, porque a bondade de querer o bem e lutar contra o governo Bolsonaro (pelas falas do passado dele), se neutralizam quando você não ouve o outro lado e começa a querer que o outro concorde com você. PC não é diferente, ele é igual todo mundo, ele demonstrou isso apagando sua conta no Twitter. Esse papo furado de “conteúdo toxico”, só é uma desculpa para não ver que aquilo que estava fazendo, era errado e que não pode ser frustrado. Por que apagar algo que usava tanto e eis que de repente, você apaga porque cansou do “conteúdo toxico”? Por que que quando interessava o “conteúdo toxico” servia? Não estou fazendo acusação nenhuma, mas, é um ponto importante da discussão.

O que me incomoda nesta história é que temos uma geração que não sabe argumentar e não quer procurar meios para isso. É muito fácil expulsar. É muito fácil não querer saber o porquê o outro disse aquilo, é muito mais fácil apagar sua rede social e não se frustrar. Claro, se você posta fotos e uma pessoa te agride ou fala coisa que você não gostou – como assédio, como injuria racial e etc – você tem todo o direito de fazer o bloqueio, mas, se a pessoa deu somente a sua opinião e só porque você não gostou, vai lá e bloqueia, você não tem argumento. Ou não quer argumentar. Já pensaram se Sócrates não quisesse argumentar a resposta que o outro dava? Não teríamos a filosofia e o pensamento que o ocidente foi construído, porque ele quis achar a virtude dentro do oposto. Qual a graça de argumentar com pessoas que tem o mesmo viés ou a mesma opinião que você? Nenhuma. Concordo com a Pitty, quando ela fala que nem sempre anda com seus iguais, nem sempre faz coisa legais, se dá bem com os inocentes, mas, com os culpados ela se diverte mais. Ou seja, nos divertimos mais com as opiniões contrarias.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Olavismo cultural – o preconceito velado ou explicito









Amauri Nolasco Sanches Junior

Num dia desses, eu fui com a minha noiva no shopping que sempre vamos, mas, uma coisa vem me incomodando nesses últimos tempos que vem me chocando, o aparecimento cada vez mais do preconceito. Ora, pessoas passam no nosso lado com cara de nojo, pessoas passam onde estamos, pessoas passam na nossa frente sem olhar e ainda, pessoas se incomodam com o aviso sonoro do triciclo que estava usando e é fornecido pelo shopping. Mas um caso me chamou atenção – da minha noiva também – nós estávamos esperando a van do ATENDE +, conversando e olhando a loja da Besni (bastante conhecida), quando – não sabemos se a senhora avisou o lojista ou não, mas, temos serias suspeitas que sim – o lojista saiu da loja e perguntou algo para ver se a gente se tocava (de que eu não sei). Foi quando minha noiva deu uma resposta em atravessado e disse que sim, estávamos olhando e que ela iria comprar o tênis para mim. A senhora entrou rapidamente e o lojista também, o coitado pensou que eu e ela iriamos comprar lá, porém, não compramos. E não foi nem a primeira e nem a última demonstração de preconceito dentro do shopping center e dentro de qualquer lugar que nós vamos, porque as pessoas não gostam do diferente.

A questão do preconceito contra pessoas como eu e minha noiva, ou pessoas tidas como minorias, são a demonstração como as pessoas não analisam que todos são seres humanos e merecem respeito. Aliás, isso é a essência da educação. O que é preconceito? Preconceito é qualquer opinião ou sentimento que não tem nenhum exame crítico. Ou é um sentimento hostil, assumindo em consequência da generalização apressada de uma experiência pessoal ou imposta pelo meio (que pode ser através da mídia) e também, tem a ver com a intolerância. Ou seja, se você vê um cadeirante e viu que um não pode andar ou que um não tem consciência do que está fazendo, todos serão iguais e não é bem assim. A falta de conhecimento e a falta de interesse em adquirir esse conhecimento, não pode ser confundido com a ignorância. Você tem internet, tem meios de pesquisar no Google. Mas também, entre “messias” e corruptos barbudos, a ignorância anda sendo exaltada e pode ser um indicio de perigo contra a intelectualidade que nem sempre apoiou a esquerda progressista ou de outra vertente. Aliás, não existe só a esquerda marxista (vulgo comunista). Mas, o filósofo Olavo de Carvalho, não vê isso, porque só leu aquilo que ele achou que deveria ler e estudar, assim, criando uma bolha intelectual com as suas crenças.

Ora, podemos questionar se ele é ou não um filósofo, pelas suas crenças, mas, nunca pelo diploma que ele tem. Por que? Porque as universidades brasileiras não têm formado profissionais decentes e muitos menos, filósofos. Sempre formaram professores de filosofia por causa da nossa formação cultural lusa-católica onde a intelectualidade era pecado – que na verdade, era uma alienação religiosa para o povo não ir atrás de conhecimento para não questionar as decisões do rei – e não viam ou não vê, o filósofo como um sujeito (porque independe de gênero) importante dentro da cultura e dentro da política como um questionador. A nossa cultura brasileira, vê o filósofo como um sonhador, uma pessoa que fica idealizando e não faz nada de concreto. Mas, será que a população tem ideia o que seria a realidade? Não. Mas o Olavo de Carvalho começa a mostrar sua fragilidade quando não abre seu leque de leitura, quando sequer, menciona filósofos contemporâneos. Porque, quem realmente, sabe e estudou filosofia, sabe que a filosofia tem três pilares (pode haver ramos, mas, existe três pilares só), a origem (arké), a ontologia e a epistemologia (o estudo do ser enquanto ser e a teoria do conhecimento) e a existência (de Nietzsche a Sartre). Ate, alguns filósofos afirmam que a filosofia começa em Sócrates, Platão e Aristóteles que todo o resto é apenas uma nota de rodapé.

E o que tem a ver o Olavo de Carvalho com o preconceito? Esse nome que eu dei para o meu artigo é um contraponto da teoria do Olavo de Carvalho, que há um marxismo cultural implantado dentro das culturas. Para esclarecer – porque a esquerda já se apropriou do nome do meu blog para a palhaçada que estão fazendo – eu sou contra a teoria de classes de Karl Marx, e ainda, não acho que o fator econômico é o fator decisivo para a pobreza e a riqueza. Existem pessoas pobres que ficaram ricas e pessoas ricas que ficaram pobres. Acontece, que os dois contrapontos que predominam nossa discussão política (pelo menos os marxistas e os liberais) vieram da filosofia de Rousseau. Porque até então, não tinha uma discussão se era legitimo a propriedade privada e a não propriedade privada. O filósofo genovês, disse que aquele que fincou a primeira cerca no terreno e disse que aquilo é dele, era um usurpador. E nessa discussão se gerou os liberais que defenderam o cara da cerca, e os que deram razão a Rousseau e disseram que realmente, ele roubou aquilo. Aliás, o filósofo anarquista (que junto com Bakunin idealizou o anarquismo moderno), Proudhon usou essa frase de Rousseau para legitimar a usurpação do cara da cerca e ainda dizer, que ninguém tem o direito de mandar num outro ser humano.

Mas até aí, as questões do proletariado e do capitalista industrial, eram questões de propriedade e o direito do trabalhador que não podia – pelo que ganha – comprar o que produzia, então, Marx escreveu a teoria da mais valia, que de certo modo, tem seu sentido. Mas, outras coisas não fazem nenhum sentido e o que dizem, porque eu não li a carta, que Marx teria escrito para seu genro que não era marxista. Por que? Porque Marx só sistematizou o estudo sobre o capitalismo que começava na época e que levou ao filósofo, explicar o fenômeno dos camponeses virem para as cidades para trabalharem nas fabricas. E que isso, gerou uma desigualdade bem maior e é o estudo da desigualdade e não da pobreza. Os marxistas pegaram a teoria e os estudos de Marx, e ampliaram a discussão e disseram que o problema era a guerra de classes e que, hoje com essa nova esquerda, levaram a discussão para a minoria. Bom, a guerra de classes dita por Marx, era uma maneira (talvez, pegando uma carona em Hegel, já que Marx foi hegeliano), era para explicar que existia o senhor e o escravo e esse senhor pagava menos o escravo e o junto, era o senhor pagar o que o produto produzido valia e era vendido. Vamos dar um exemplo: se eu produzo um carro de R$ 24 mil numa montadora, eu deveria ganhar o equivalente daquilo que estou produzindo e isso, vai poder eu comprar o carro. Até aí, tudo bem, mas, a questão é: será que a maioria que trabalha numa montadora não sabe disso? Ou será que o trabalhador vende sua mão de obra ao capital?

Sem saber tudo isso, caros, não vão poder nem apoiar e nem fazer crítica ao socialismo/comunista. Acontece, que todo esse estudo de Marx e toda a essência de suas teorias, foram ampliadas e foram transferidas para o que chamaram, de minorias. Dos outros estudos eu não vou discutir – talvez, eu vou discuti em meu novo livro – mas, para explicar o preconceito, só a minoria vai ser o bastante. Qual o problema? Você separar por setores, essas minorias perdem a sua força. Como existem pessoas com deficiência negras e homossexuais – sim, nós pessoas com deficiência, temos desejo sexual – existem pessoas com deficiência índias ou caboclas, existem homossexuais negros e com deficiência e enfim, não tem como separar por setores uma coisa que é uma minoria só. Para Marx, não existia homossexuais, não existia pessoa com deficiência, não existia as mulheres, só existia homens trabalhando (algumas mulheres trabalhavam na Inglaterra). O que se criou – e isso se viu nos países socialistas – uma separação dos trabalhadores e pobres (proletariado), para não cobrar o que os governos não estavam fazendo o que deveriam (como não fez e só ficaram socialistas).

Por que isso tem a ver com o preconceito? As questões sobre o proletariado sempre foram questões jogadas para a esquerda, mas, que pode ser um problema nos dois lados e que há uma discussão mais ampla. Por que? Voltando a mesma tecla, que a questão da educação deve ser bastante importante, porque na escola você convive com o diferente, aprende aquilo que é importante. Se você não convive, você passa a achar que o outro é uma coisa que só está ali porque ideologias defendem aquilo e não defende. Podemos ver que o marxismo (vulgo comunismo) não tem nada a ver com isso, porque o marxismo é uma teoria econômica e não uma teoria social. Assim como, o liberalismo, o libertarianismo, e coisas afins. Economistas são muito ruins quando explicam partes sociais e se embananam.

Olavo de Carvalho ensina o preconceito quando não lê autores importantes e acha que sabe aquilo que não sabe, como se fosse um grande pensador. No livro, O Jardins das Aflições, ele coloca Epicuro como um teórico do prazer desmedido, que é uma grande falácia, porque Epicuro sempre defendeu o prazer equilibrado. Se aquilo que você está comendo te faz ter prazer, coma, mas se tua fome te satisfaça você deve parar, porque você começa a sofrer. Na verdade, Epicuro segue a formula de Aristóteles do equilíbrio e da racionalidade. Com isso, ele demonstra que traz dentro da sua filosofia, o preconceito da igreja cristã que Epicuro ensinava o prazer desmedido. Parou o curso só porque mencionaram Nietzsche. Nega os autores contemporâneos que não fazem parte do seu escopo religioso e tudo mais. Não é isso que vimos? Pessoas mostrando cartazes dizendo que basta ler a bíblia e não precisa estudar. Não é porque as universidades brasileiras estão uma porcaria, que o sujeito não vai estudar.

Como contei no começo do texto, a questão do preconceito vem se arrastando e tem a ver com a educação. No mais, vou aprofundar no meu novo livro em breve. Aguardem.


sábado, 2 de fevereiro de 2019

Pessoas com deficiência que renegam a sua deficiência e renegam as outras pessoas com deficiência




Amauri Nolasco Sanches Junior

A questão das pessoas com deficiência é uma questão bem complexa e merece uma boa reflexão, porque somos uma parcela significativa da população nacional. Segundo alguns filósofos políticos e analistas, democracia não era bem o poder do povo ou liberdade plena, porque “demo” em grego, tanto poderia significar povo, como poderia significar, distrito. Então, ao invés de achar que é o poder do povo e liberdade irrestrita, é um poder distrital. Porque tem sua lógica, se é o poder do povo, por que se deve ter substitutos do povo governando? Por que o próprio povo, em assembleias, não pode tomar decisões? Claro, diante de todos os regimes que não deram certo (foram um desastre), a democracia, ainda sim, é o melhor que se pode ter atualmente. E, se queira ou não, o mundo contemporâneo, as pessoas com deficiência são cidadãos e são o povo. E as pessoas com deficiência, com as várias aberturas e uma parcela de acessibilidade (que não é ideal), podem ser políticos e defender as várias pautas que temos.

Cada um sabe as dificuldades que se encontram dentro da vida. Mas, algo me chamou atenção e vem me incomodando faz um tempo. As pessoas com deficiência que negam a luta e negam os movimentos – que a grande maioria só serve para partido político se sobrepor – mas, por outro lado, querem usar as mesmas acessibilidades conquistadas por outras pessoas com deficiência que não negaram a pauta. Por que estou dizendo isso? Por causa de uma reportagem do site Boletim da Liberdade que ao que parece, é um boletim liberal. Que além de trazer uma “bola fora” do deputado do partido NOVO, Paulo Ganime, do Rio de Janeiro, ainda, contém vários erros que são fáceis de achar.

Primeiro, o jornalista que fez a matéria (que não tem a assinatura de quem escreveu), não se atentou o significado de portador, porque se ele porta a escoliose, ele pode não portar essa escoliose. Por outro lado, a escoliose é uma curvatura da coluna cervical que se curva para um dos lados do tronco, dependendo da rotação das vertebras. Ela pode vim com a deficiência, mas, não pode ser uma deficiência e não pode deixar de portar (pode ser amenizada). Além do mais, o boletim não diz a deficiência do deputado que é um erro, porque não está divulgando o porquê a repórter perguntou aquilo para o deputado. Depois, restou a dívida em que plataforma os internautas acharam que a repórter tentou vitimizar o Ganime, pois, existe várias plataformas e nem o porquê esses internautas disseram isso. Mas, resta outras questões: esses internautas são os mesmos que param nas vagas destinadas as pessoas com deficiência? Será que são os internautas que reclamam quando o ônibus para pegar um cadeirante no ponto? Será que são as pessoas que não deixaram o motorista do ônibus ajudar o cadeirante caído? Claro, são os mesmos que doam e choram com o Teleton.

 A repórter da TV Câmara perguntou: “Deputado, a gente vê que o senhor tem uma deficiência. O senhor defende essa bandeira? ”. Não houve nenhuma vitimização, houve uma constatação dos fatos. Visivelmente, ele tem uma deficiência e não pode negar isso, tentativa de vitimização a gente vê no Teleton.

Daí houve a resposta do deputado: “Não, nem um pouco. Não tem nada a ver com a minha bandeira. Nunca militei nessa área. Fui executivo de empresas, sempre trabalhei na parte financeira, com gestão de projetos. Resolvi, em 2017, voltar ao Brasil após cinco anos fora para ser candidato pelo NOVO. É a primeira vez que o novo tem um candidato a deputado federal. Tivemos também candidato à presidência. Conseguimos eleger oito deputados e eu sou do Rio de Janeiro. Minhas pautas são relacionadas ao que acredito que é prioridade para o Brasil e para o Rio de Janeiro: segurança pública e desenvolvimento econômico. ”. Vale uma análise.

Primeiro, o deputado Ganime, disse que não era nem um pouco sua bandeira e não tinha nada a ver, mas, o mais importante é que nunca militou nessa área. Quem, num país sem acessibilidade, não sem tem saúde e tratamento de reabilitação, que não tem transporte e trabalho não “militou nessa área”? Segundo o site do partido NOVO, o deputado é formado em engenharia e economia, sempre trabalhou na área do setor privada com um grande crescimento profissional do Rio de Janeiro, França e EUA. Você já pode ver – só dá uma pesquisa no Facebook dele – que ele estudou em universidades particulares. Ora, vencer na vida por causa dos seus méritos, não tem nada de errado, às vezes, existem pessoas que não precisou da lei de cotas. Porém, pessoas que tem locomoção e pessoas que tem uma deficiência mais leve, são mais fáceis de conseguirem ter emprego. Existem amigos meus que conseguiram vencer e progredir na vida que é sim a pauta dele, porque tem consciência que existem outras pessoas com deficiência que não conseguiram e tem dificuldades. Isso se chama empatia e é um sentimento humano.

Agora, que ele queira atuar na segurança pública (que já ficou uma pauta que quase todos os deputados e políticos defendem, um pouco clichê), e no desenvolvimento econômico, certo. Mas que deixasse bem claro na sua campanha, que dissesse como a senadora do PSDB, Mara Gabrilli, deixou bem claro em sua campanha, que essa pauta ele não defende. Então, não aceite as acessibilidades e as facilidades nas empresas e no congresso ele tem, se ele é contra. Estudar e trabalhar para quem tem dinheiro é fácil, e quem não tem?