Amauri Nolasco Sanches
Júnior
Por que, nós com deficiência, temos que sempre em estar nas
tutelas dos médicos e dos fisioterapeutas para, até mesmo, comprar uma simples
cadeira de rodas? Sempre temos que que ter laudos médicos para tudo (empregos, concursos,
escolas etc.)? temos uma cultura positivista. O positivismo nasce na França no
século dezenove e é um pensamento filosófico e foi muito usado no século vinte.
Foi desenvolvida pelo filósofo Auguste Comte e defendia que o conhecimento científico
era o único conhecimento valido. Ou seja, qualquer pensamento supersticioso,
religioso e teológico, num modo geral, não deve ser levado em consideração,
pois – segundo o positivismo – não podem contribuir para o desenvolvimento da
humanidade. Assim sendo, o positivismo, vai valorizar a ciência o materialismo
e o mundo humano em contraponto a metafisica e ao mundo espiritual.
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Podemos dizer que o pensamento positivista esta dividido em
duas vertentes: uma vertente seria a vertente cientifica e busca sempre
efetivar uma divisão das ciências, e do outro a orientação psicológica, linha
teórica da sociologia que vai investigar toda a natureza humana existente. Será
mesmo que vai investigar a natureza humana através da psicologia ou na
metafisica? Pois, hoje em dia, as filosofias materialistas – o positivismo,
existencialismo e o socialismo/comunismo – estão sendo questionadas no mundo
filosófico (mesmo que neguem alguns) por causa da forma que olham o ser humano.
Nós, que temos deficiência, segundo essas filosofias (menos o existencialismo
que é muito mais profundo), não teríamos utilidade dentro da sociedade e a
parte humana (que para elas é irrelevante) fica num segundo plano.
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O socialismo científico (assim como uma parte do
liberalismo) gira em torno da economia e como o ser humano desenvolve dentro de
uma sociedade industrial. Mas, há um problema – que muitos acham ser um
humanismo, mas é uma análise muito simplista – o ser humano não é só sociedade
e não é só economia (embora, dependa dela para a sobrevivência). Há outros
fatores que formam o ser humano, como o caráter. Uma deficiência, por exemplo,
forma um caráter ou é parâmetro para dizer se aquela pessoa tem ou não caráter?
Claro que não. Desde os gregos, a educação vem sendo uma grande colaboradora
para moldar o caráter do ser humano, pois, educação vem do latim “educare” que
vem do grego “ethos” que muito antigamente, queria dizer casa. O caráter seria
nossa casa? O que somos?
A pergunta mais primordial da filosofia é: o que somos? Porque,
antes mesmo de achar respostas do que ganhamos e do que queremos ser – dentro
da sociedade capitalista – a pergunta mais importante é o que somos, daí, você
pode definir o que se acredita. Acreditar é você usar sua definição de mundo
(que muitos chamam de intuição), é diferente da fé que usa só a esperança para
definir o que se espera, pois, acreditar tem a ver com a subjetividade de uma
realidade, fé é imaginar o que poderá ser ou não. Quando você começa a conhecer
a si mesmo – como forma de um autoexame – você pode acredita sim numa realidade
a partir dos valores que foi ensinado a você. A questão é: será que isso esta
mesmo te fazendo enxergar a realidade como ela é mesmo?
Se o termo grego (ethos) a questão era determinar o modo
espiritual que o povo grego via a sua sociedade e os seus costumes – um grego,
naquela época, era um grego de verdade – o termo latino (educare) era para
mostrar aos mais jovens a realidade. Como os romanos viviam e como era ser um
romano. Ou seja, os costumes se era para seguir e ser regra (muito embora, nem
todo mundo seguia). Então, quando você diz ser ético e moral – ética é de foro íntimo
e moral é de foro social – você está dizendo sobre educação e você aceitar o
outro como ele é e não criar regras subjetivas morais, tem a ver com educação.
Daí você pode dúvida do modo tecnocrata com que o
positivismo trata de modo bem científico – muito parecido como fundamentalistas
religiosos – a ciência de um modo geral. Eu quero fazer filosofia, por que vou
fazer técnico de informática numa escola técnica? Quero estudar arte ou sociologia,
por que enchem as escolas técnicas de cursos de tecnologia? Educação,
tecnicista positivista, pois não se pensa mais em vocação, não se pensa mais o
trabalho intelectual e ai entre as pessoas com deficiência. Por quê? Porque poderíamos
ter um trabalho intelectual muito mais proveitoso (quem gosta, claro), para
melhorar a imagem social de pessoas que sofrem, pessoas que não são uteis para
a sociedade. Daí, além do positivismo de Comte, temos o materialismo de Marx
que vem ao encontro da pratica. Mesmo o porquê, os filósofos marxistas acham
que o trabalho intelectual é coisa de burguês.
Um lado temos o pensamento tecnicista do positivismo, por
outro lado, temos o materialismo histórico da prática e nunca do trabalho
intelectual marxista. Ou seja, numa síntese disso poderemos dizer que tudo que não
for útil se deve ter tirado da sociedade, não há espaço para “máquinas com
defeito”. Claro, que o capitalismo absorveu isso muito rápido, pois, ele se
molda conforme tudo aquilo que lhe deixa ativo. Ainda mais, o capitalismo atrasado
da América Latina. O que acontece aqui? Tudo é o médico. Se queremos trabalhar,
temos que ter um laudo médico. Se queremos casar, um especialista vai dizer e
se existem secretarias de pessoas com deficiência, na maior parte, são médicos e
tecnocratas que cuidam dessas secretarias. Atrapalhando e deixando tudo nas mãos
de um tecnocrata que nada tem de prático nos cuidados das pessoas com deficiência.
Num modo geral, somos escondidos debaixo do tapete.
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