quarta-feira, 5 de janeiro de 2022

Bolsonaro e o analfabetismo funcional

 




Não podemos negar que há um grande déficit na educação – não só do Brasil – mas de forma geral. As pessoas começaram a serem neuróticas e acharem que o mundo é uma grande conspiração que muitos, espionam as pessoas e tem as informações da sua vida. Claro que tem as informações, por que será que existem CPF (Cadastro de Pessoas Físicas)? Todos os departamentos financeiros procuram se você não tem um nome sujo, ou que você não tem ficha suja. Mas, a sensação de que temos uma vida privada é só uma sensação, nada mais.

Com as redes sociais as pessoas acham que sabem muito mais do que sabem, já comentam só de olhar o nome da matéria. Quem em sã consciência pode comentar uma notícia só pelo nome? Isso mostra como as pessoas estão apressadas em comentar e receber uma curtida e se errar, dane-se, o importante é a curtida. Isso mostra como as pessoas estão cada vez mais analfabetas funcionais, como se elas saibam de alguma coisa que as outras pessoas não saibam, não tenham noção das besteiras que estão dizendo. Não acho que tanta informação tenha melhorado a humanidade – mesmo o porquê, as pessoas estão negando coisas básicas por não ter estudo nenhum – mas, deixou ela muito mais neurótica por não ter filtro. Não se teve uma educação de se ter uma visão crítica, uma visão se aquela informação faz sentido.

Muitos acham que encontrara a realidade. Mas, será mesmo que sabemos o que é a realidade? Muitos podem dizer que a realidade é tudo que vimos ou tocamos, mas a realidade é muito mais do que vimos e tocamos e ter a ver com a linguagem. Eu posso ver minha bolinha antiestresse na minha frente, porém, posso estar enganado se essa bolinha existe ou não. Outro exemplo é esse texto, posso ver esse texto, você pode ler esse texto, mas não podemos tocar esse texto até imprimimos ele. Aristóteles – filósofo grego da antiguidade – diria que ele tem potencialidade de existir de verdade, pois, como disse, poderíamos imprimir ele. Então, a realidade não existe? Será que sonhos são realidades e as realidades são sonhos? É a indagação cartesiana – de Rene Descartes – que podemos estar sonhando sendo que as sensações são iguais (realmente, temos as mesmas sensações). Se você acha que vê a realidade, pode ser, que você vê a realidade das narrativas que contam.

Como escritor e filósofo – também publicitário e programador – narrativas são histórias para te convencer daquilo que querem convencer. Um exemplo bastante popular – acho que até hoje – e quem estuda é escravo do sistema e é nerd, quem não estuda é que é o rebelde da resistência. Só que não é bem assim, hoje sabemos – pelo menos quem tem senso crítico – que as pessoas que não estudam ou lê, são muito mais fáceis de manipular. Você não ler uma manchete porque não colabora com que você acredita e sem falar que, em muitos casos, a ansiedade de ter curtidas é muito mais forte. Como dar crédito a um povo desses? Como achar que um povo que faz do político um ídolo, tudo acaba em religião e dar opiniões apaixonadas, pode escolher nossos governantes?

A realidade é muito mais complexa do que meia dúzia de frases prontas que só são frases de carimbo de pensamento. Sócrates não disse “sei que nada sei” como Maquiavel não disse “os fins justificam os meios”, mas as pessoas sempre vão repetir porque alguém disse que eles disseram e não disseram. Dizer ou não dizer são conjunturas de linguagem dentro de um ponto de convergência da realidade e o que você acredita, ou seja, não adianta dizer que eles não disseram aquilo, pois, não vão acreditar. Por quê? Por causa da crença. Um ateu tem a crença de um crente, assim como um religioso pode se fanatizar ao ponto de distorcer aquilo. No fundo, Sartre tem razão em dizer que somos presos em nossa própria liberdade.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior

(05/01/2022)




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