Lembro que quando eu era um garotinho nos anos 80, acreditávamos
em heróis que passavam nas novelas e esses heróis sempre nos davam referência
daquilo que deveríamos seguir dentro da sociedade. Gozado, que assistia os
filmes de heróis – o que eu mais gostava era o Superman – e imaginava eu
protegendo quem amava e encontrar um grande amor. Me chamaram de romântico – na
época não entendi – mas aquilo era o meu ideal de mundo, pois, sempre via que
as pessoas sentem que existem significados. Nós não julgávamos as pessoas e nem
tinha como saber, só tínhamos a mídia para saber as informações (só agora tenho
uma biografia do Superman e como foi criado e o porquê foi criado).
Saber de uma verdade não quer dizer que sabemos da verdade
de fato, mesmo o porquê, a imprensa especula para melhor vender ou ter mais
cliques hoje em dia. Vivemos em total anomia. O termo quer dizer, entre outras
coisas, aquilo que não tem mais regras ou leis, até mesmo, ter algum
significado. Porque as pessoas, cada vez mais, estão com suas próprias regras e
essas regras nem sempre são tão sociais. Por isso mesmo, o sociólogo Sigmund
Bauman, começou a dizer que o mundo pós-moderno é um mundo líquido. Por causa
da facilidade que os encontros e os desencontros acontecem, pois, o mundo está
muito louco e esta um mundo que não tem mais significado.
Platão, em sua alegoria da caverna, dizia que lá havia os teóricos
das sombras, aqueles que teorizavam o que seriam as sombras. Mas, não eram os
que encontraram a verdade, a realidade de fato, porque não saíram da caverna. Porque
ainda teriam as correntes. Muitos explicaram as correntes como ideologias, religiões
etc. Prefiro algo bem mais simples: as correntes são conceitos dentro da
realidade da nossa visão e não aquilo que é. Heráclito – filósofo da physys –
dizia que a água muda cada vez que você entre num rio. Já Parmênides – outro filósofo
da physys – diz que o ser é o que é e ele não muda. Ai vale uma explicação: o
ser para os gregos dessa época, era tudo que existia naquele momento, ou seja,
esse teclado que faz eu escrever esse texto é um ser. Portanto, para Parmênides,
o teclado não muda. Mas, se ele cair no chão e quebrar? Se ele apagar as letras?
Há ai, uma mudança do estado de novo para um estado de velho, ou seja, o tempo
faz o serviço de desgastar o ser.
Talvez, poderemos dizer que algumas coisas demoram para
mudar e outras coisas mudam muito rápido. O amor de verdade – de mãe e pai ou
amor em alguém que dure – tem um significado eterno e pode eternizar um
sentimento. Talvez, ainda, o termo “amor de verdade” seja um termo errado e não
explica várias coisas. A meu ver – falando em amor romântico – se você separou
depois de muito pouco tempo e se separa mesmo (seja qual tempo for), não era
amor, era só um tesão qualquer. Nada contra o tesão, porque o tesão ajuda o querer
a outra pessoa, mas, não só isso alimenta a relação dos dois em dado momento. E
o amor acontece uma vez só.
Por causa, exatamente, na questão de não se acreditar nada
mais em nada, as pessoas acham que não existe amor nenhum. Pior do que isso, as
pessoas acham aquilo que não sabem, não estudaram ou não são especialistas. Não
são, não entendem ironias, não entendem memes, não entendem alegorias e isso é
muito mal. Nietzsche iria colocar como um niilismo negativo, isso é uma visão de
mundo onde as pessoas não sabem ou não querem ver que existem coisas que não dominamos,
não sabemos se existem ou não e o outro você não domina, não tem como dominar. Uma
unanimidade sempre foi e sempre será burra. Sempre será desonesta e sempre será
tola.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
(filósofo/escritor/TI/publicitário)
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