quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Olavo de Carvalho e a Matrix

 




 

O que é real? Como você define o “real”?

Se você está falando sobre o que você pode sentir, o que você pode cheirar, o que você pode saborear e ver, o real são simplesmente sinais elétricos interpretados pelo seu cérebro.

(Matrix)

 

Em algum lugar, disseram que a realidade é relativa. A relatividade tem seu limite. Quando Nietzsche disse que não existe verdades absolutas, ele não disse que em modo geral, não existem verdades dentro do que se costuma dizer, universais. Ele disse das verdades morais. Eu posso dizer se aquilo ou não seja verdade? Posso. Mas nem tudo que não vimos, não existe ou existe de forma que caiba no nosso conceito. Talvez, uma das bases de existir a filosofia seja aquilo que definimos como real, como uma realidade que percebemos dentro daquilo que vivemos.

Claro, as questões da percepção das coisas, tem fenômenos fisiológicos como descrito na frase, como sentir, como cheirar, saborear e ver que são interpretações graças a sinais elétricos, dentro do nosso cérebro. Mas, existem outros fatores que podem ser, igualmente, importantes. As pessoas se importam muito mais com a imagem – como simbolização daquilo que nos afeta – do que aquilo que é real, aquilo que está além da imagem subjetiva do objeto analisado. A realidade passa como ponto moral daquilo – dentro do nosso juízo – que acreditamos ser certos ou errados. Mas, e quando crenças reagem com a verdade? Será que a verdade tem seu ponto – construir um mundo seu – moral dentro do seu caráter subjetivo?

Olavo de Carvalho tinha suas crenças que se confundia com a filosofia que ele achava ter entendido, mas não entendeu. Nunca achou que a filosofia moderna tenha – além da antiga e a medieval – alguma serventia dentro da crença católica que tinha. Isso é muito ruim. Mesmo os filósofos cristãos – sempre lembrando que Kant era protestante – sempre criticou e analisou suas crenças (mesmo os medievais) e colocou em análise racional. Claro que, o ser humano não é feito só de decisões e pensamentos racionais, mas um filósofo só pode ser medido como filósofo, quando se analisa as suas crenças. Essas que são construídas a partir das construções morais.

Construções morais são imagens que construirmos dentro de crenças que nos ensinaram a anos, socialmente e familiarmente. Talvez, o grande desejo de Olavo era ser reconhecido como um filósofo – que, a meu ver, era apenas um intelectual – o problema é que ele nunca entendeu que aquele mundo da guerra fria tinha acabado, construiu um inimigo e fez um mito. Bolsonaro só é mais um igual o Lula, onde a patente de militar, não pode ser confundida com caráter. O brasileiro tem a mania de colocar instituições como balizas morais e não são, o que constrói uma educação (não escolarização) são bases morais universais e que visam uma ação direta. Ou seja, desde da Grécia, depois Roma, a educação era uma construção de cidadãos que poderiam cuidar da polis e ter satisfação de viver ali. Mas, parece que a nossa cultura desenvolveu o “jeitinho”, pois sempre se quer levar e explorar o outro para ganhar.

Por isso, a realidade só pode ser verdade dentro das máximas de uma consciência que sabe que tudo é temporário, que tudo não pode ser levado como verdade sem pesquisar, racionalmente.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior 

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