Duas notícias que eu fiz que me fizeram repensar muito a ética:
uma foi o radialista chamar a Ivete Sangalo de “vagabunda”, e a outra é as
muitas imagens associadas a bebê Alice. Podemos fazer a seguinte pergunta: se
pode esperar ética de um povo que não tem estudo nenhum? Poderíamos responder
que não, pois, através do conhecimento que se pode passar aquilo que se pode e
aquilo que não pode ser feito. Mas, afinal, o que deve ser olhado como certo ou
errado? Nem tudo é relativo. Matar, por exemplo, pode ser considerado algo
errado porque você está violando a vida de outro e privando do direito de viver
(primordial dentro dos direitos humanos). Cadê a ética nesse caso?
Minha mãe sempre me ensinou que mesmo que uma mulher tiver
um comportamento ou ser uma prostituta, nunca deveríamos chamar ela de “vagabunda”.
Demorei para entender que esse xingamento era o pior xingamento para a mulher –
por causa da nossa moral – pois, são mulheres (como um estereotipo de vender o próprio
corpo para ganhar dinheiro) que não tem compromisso porque vendem o corpo. Um filósofo
colocaria a questão: se o corpo é uma propriedade do próprio individuo, será que
é imoral vender ele para obter ganhos? O grande publico diria que sim, pois,
mesmo que o corpo seja da mulher, existem ponto morais que não podem ser
ignorados. Esses pontos morais são muito mais religiosos do que sociais.
A questão é muito além daquilo que é a questão moral, pois,
a questão moral tem a ver com a ética. A ética, dentro da filosofia, seria uma
ferramenta que mediaria a questão moral dentro de um questionamento muito mais
amplo. Seria, moralmente, aceito um homem chamar uma mulher de “vagabunda” porque
ofendeu ele dizer para o Bolsonaro “tomar no cu”? A questão é: precisava fazer
tudo isso? Poderia ter dito que aquilo que eles fizeram no show dela – Sangalo e
o público – era não aceito por ser tratar de um presidente da república e não precisaria
xingar a cantora baiana de “vagabunda”. Ser uma coisa só pode ser percebida no
seu próprio conceito, conceitos que são construídos a partir de vários valores
que recebemos. Desde os gregos, seres humanos educam a próximas gerações segundo
a cultura que somos inseridos e desde Platão, quem não tem uma educação solida
tem tendencia de desrespeitar os outros. Ou seja, pessoas mal-educadas tendem a
impor suas posições porque são levadas a adoração de um ídolo, um alicerce
dentro dos seus valores. Porem, quais valores podemos esperar de um povo que não
sabe ouvi aquilo que não se concorda? Por que tende ofender o outro sem fazer ofensas?
Porque somos um povo passional, nossa história não nega isso.
Não se avalia as coisas de uma maneira racional, de uma
maneira não “apaixonada”. Não à toa, a nossa sociedade não gosta das pessoas
que não tomam um lado, que não tem uma religião específica, pois, as pessoas
querem uma definição para ficarem e acharem meios de tentarem te ofender. Aí tem
um outro lado, porque se eu me ofender, estou dizendo que a pessoa está certa e
ela consegue o que ela quer. Claro, no caso da Ivete Sangalo, ela poderia tomar
medidas judiciais contra o radialista, mas, em um momento particular não precisamos
ficar nervosos.
No caso do bebê Alice – a menininha do comercial do Itaú – onde
depois do comercial com a Fernanda Montenegro virou meme, a coisa fica mais
dentro da ética. Daí eu pego a pergunta do site Universa (UOL) para juntos raciocinar:
É permitido criar memes com a imagem de uma criança? Na reportagem que eu
escrevi, eu coloco o que o advogado especialista na área diz, mas aqui vou tentar
dar uma racionalizada segundo a filosofia. Alice não pode se defender porque é
uma criança de 2 anos e não tem juízo para saber distinguir a realidade, portanto,
isso fica a cargo da sua mãe e da justiça. Uma imagem fora de contexto pode
acarretar traumas psicológicos no futuro, dependendo como ela vai lhe dar com a
situação. Qual seria o valor – do mesmo modo do radialista – fazer um meme para
fazer uma gracinha de adversários políticos ou religiosos? Isso não seria uma espécie
de assédio moral? Alice pode crescer sem nem perceber ou lembrar que um dia fez
um comercial com a Fernanda Montenegro, mas, as imagens vão ficar nas redes
social. A situação parecida da coreana que virou meme e é só uma criança.
Longe de mostrar um caminho, devemos ver que a redes sociais
se tornaram políticas e nocivas, que poderiam conter bastante conteúdo informativo,
mas, que não pode ter solução visível.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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