sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

Brasileiro e a ética de chamar mulher de ‘vagabunda’ e fazer meme de criança

 





Duas notícias que eu fiz que me fizeram repensar muito a ética: uma foi o radialista chamar a Ivete Sangalo de “vagabunda”, e a outra é as muitas imagens associadas a bebê Alice. Podemos fazer a seguinte pergunta: se pode esperar ética de um povo que não tem estudo nenhum? Poderíamos responder que não, pois, através do conhecimento que se pode passar aquilo que se pode e aquilo que não pode ser feito. Mas, afinal, o que deve ser olhado como certo ou errado? Nem tudo é relativo. Matar, por exemplo, pode ser considerado algo errado porque você está violando a vida de outro e privando do direito de viver (primordial dentro dos direitos humanos). Cadê a ética nesse caso?

Minha mãe sempre me ensinou que mesmo que uma mulher tiver um comportamento ou ser uma prostituta, nunca deveríamos chamar ela de “vagabunda”. Demorei para entender que esse xingamento era o pior xingamento para a mulher – por causa da nossa moral – pois, são mulheres (como um estereotipo de vender o próprio corpo para ganhar dinheiro) que não tem compromisso porque vendem o corpo. Um filósofo colocaria a questão: se o corpo é uma propriedade do próprio individuo, será que é imoral vender ele para obter ganhos? O grande publico diria que sim, pois, mesmo que o corpo seja da mulher, existem ponto morais que não podem ser ignorados. Esses pontos morais são muito mais religiosos do que sociais.

A questão é muito além daquilo que é a questão moral, pois, a questão moral tem a ver com a ética. A ética, dentro da filosofia, seria uma ferramenta que mediaria a questão moral dentro de um questionamento muito mais amplo. Seria, moralmente, aceito um homem chamar uma mulher de “vagabunda” porque ofendeu ele dizer para o Bolsonaro “tomar no cu”? A questão é: precisava fazer tudo isso? Poderia ter dito que aquilo que eles fizeram no show dela – Sangalo e o público – era não aceito por ser tratar de um presidente da república e não precisaria xingar a cantora baiana de “vagabunda”. Ser uma coisa só pode ser percebida no seu próprio conceito, conceitos que são construídos a partir de vários valores que recebemos. Desde os gregos, seres humanos educam a próximas gerações segundo a cultura que somos inseridos e desde Platão, quem não tem uma educação solida tem tendencia de desrespeitar os outros. Ou seja, pessoas mal-educadas tendem a impor suas posições porque são levadas a adoração de um ídolo, um alicerce dentro dos seus valores. Porem, quais valores podemos esperar de um povo que não sabe ouvi aquilo que não se concorda? Por que tende ofender o outro sem fazer ofensas? Porque somos um povo passional, nossa história não nega isso.

Não se avalia as coisas de uma maneira racional, de uma maneira não “apaixonada”. Não à toa, a nossa sociedade não gosta das pessoas que não tomam um lado, que não tem uma religião específica, pois, as pessoas querem uma definição para ficarem e acharem meios de tentarem te ofender. Aí tem um outro lado, porque se eu me ofender, estou dizendo que a pessoa está certa e ela consegue o que ela quer. Claro, no caso da Ivete Sangalo, ela poderia tomar medidas judiciais contra o radialista, mas, em um momento particular não precisamos ficar nervosos.

No caso do bebê Alice – a menininha do comercial do Itaú – onde depois do comercial com a Fernanda Montenegro virou meme, a coisa fica mais dentro da ética. Daí eu pego a pergunta do site Universa (UOL) para juntos raciocinar: É permitido criar memes com a imagem de uma criança? Na reportagem que eu escrevi, eu coloco o que o advogado especialista na área diz, mas aqui vou tentar dar uma racionalizada segundo a filosofia. Alice não pode se defender porque é uma criança de 2 anos e não tem juízo para saber distinguir a realidade, portanto, isso fica a cargo da sua mãe e da justiça. Uma imagem fora de contexto pode acarretar traumas psicológicos no futuro, dependendo como ela vai lhe dar com a situação. Qual seria o valor – do mesmo modo do radialista – fazer um meme para fazer uma gracinha de adversários políticos ou religiosos? Isso não seria uma espécie de assédio moral? Alice pode crescer sem nem perceber ou lembrar que um dia fez um comercial com a Fernanda Montenegro, mas, as imagens vão ficar nas redes social. A situação parecida da coreana que virou meme e é só uma criança.

Longe de mostrar um caminho, devemos ver que a redes sociais se tornaram políticas e nocivas, que poderiam conter bastante conteúdo informativo, mas, que não pode ter solução visível.

 

Amauri Nolasco Sanches Júnior

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