"aquele que ama o mito é de alguma forma
filósofo" (Metafísica A, 2 982b 18-19).
Eu tenho uma forma “particular” de ver a religiosidade,
porque como filosofo (philosophós) tendo a ver as coisas em conceitos diferentes
como símbolos místicos das religiões de uma outra forma. Mas não sou ateu. Gosto
de pensar em uma consciência cósmica (não sabemos a sua origem e a magnitude de
sua existência), como algo que enxerga tudo e mesmo assim, não interfere em
nada. Poderíamos dizer, como os gnósticos, um “deus cego”. Por outro lado – porque
as universidades estrangeiras são muito mais sérias do que as nossas – na história
da filosofia, houve muito mais filósofos deitas (que acreditam em Deus) do que filósofos
ateus.
Sempre coloquei a religiosidade como uma materialidade, mas,
como tudo produzido por pessoas que leem muito, tenho uma visão diferente
agora. Enquanto a religiosidade seria uma ekklasias (comunidade) da unidade da
divindade, a espiritualidade seria a conexão por si mesma com a divindade. A religiosidade
seria a parte coletiva da conexão entre aquilo que é uma consciência cósmica –
como uma consagração das energias sutis dentro da perspectiva coletiva – a espiritualidade
tem a ver com a individualização dessa ligação. Os gregos antigos, ignoravam
essa “re-ligação” que as religiões monoteístas tinham e foram se desenvolvendo,
mas havia uma espiritualidade de respeitar a harmonia cósmica como existência de
uma realidade.
Por isso, sem medo de errar, há um grande engano em ter como
conceito (ou sinônimo), acusar filósofos como sendo um bando de ateus só por
serem filósofos. A origem desse tipo de preconceito sempre fica envolta de
pensamentos moralistas dentro da religião – propagadas por aqueles que não sabem
enxergar os simbolismos – que não agrega para se juntar ao divino (a consciência
cósmica), mas de um modo destrutivo e obrigatório na sua visão. Seria o mesmo
pensamento que matou a filosofa neoplatônica Hipatia, queimou a Biblioteca de
Alexandria etc.
Indo mais além, como a frase de Aristóteles sugere, o mito
como uma outra forma de contar ou teorizar a origem (arkhé) das coisas e do
mundo, não pode ser ignorado. Mesmo em tempos modernos, os filósofos se
utilizaram de formas diversas de mitos (que a modernidade e a pós-modernidade vai
colocar como ídolos ou ideologias) para construir seus conceitos e analisar
mais a fundo certos pensamentos. Néstor Luiz Cordero em seu livro “A Invenção
da Filosofia (ed. Odisseus), disse que “Como Adão e Eva, a filosofia nasceu adulta”.
Ou seja, para explicar uma concepção da filosofia, como sabedoria continua, ele
utilizou de simbolismos dentro da religião judaica.
O philo-sophós é um sujeito que busca asabedoria por amor, por respeito a verdade
que tanto procura. Um philo-sophós não tem certezas – porque as certezas acabam
doutrinando o conhecimento – se lhe perguntar se a filosofia tem serventia, ele
pergunta:o que é a serventia? Que, aliás,
o simbolismo da serventia tem sido quase como uma praga dentro do pensamento brasileiro
por causa do pensamento positivista (por um lado) e o marxista (por outro lado).
Onde o pensamento intelectual é uma atividade burguesa (ou no caso do
positivismo, a filosofia não seria uma ciência) e que o intelectualismo não serviria
para a classe trabalhadora. Mas aí que esta, analisamos o pensamento de Marx de
perto, pois, ele no ímpeto de defender essa classe se esqueceu que, no muito,
ela é trabalhadora justamente por causa da sua ignorância.
O ser humano, a meu ver, consiste em parte biológica (sentimental
e racional) onde vive dentro da realidade e como enxerga ela (com todas as suas
limitações). Outro lado é o espiritual, onde há dentro de cada um sentido para a
energia (ou centelha divina) desenvolvida com a evolução. Como e o porque, não sabemos,
assim é o papel da filosofia. A verdade da existência é a verdade da essência humana.
Bom dia.
Passando pra lembrar que no governo da Dilma petistas foram presos. No governo
Temer Lula foi preso. No governo do covarde psicopata do @jairbolsonaro o Lula foi solto e hoje está aí. Sem
dúvida o pior que já tivemos.
Danilo
Gentili
Em um programa do Meio – jornal onde uns dos donos é o
jornalista Pedro Doria – o filosofo Luiz Felipe Pondé, que é um cético político,
disse que as vezes tem a impressão que nós somos governados por delinquentes.
Ai eu concordo. Daí temos que entender a semântica de delinquente para entender
o que Pondé quis dizer com isso e entender que, a delinquência não é só quando
você quebra ou rouba aquilo que não te pertence e sim,a psicopatia da corrupção (que, sim, é uma
doença) e a manipulação de massa para instaurar o caos.
A delinquência é, geralmente, definida como uma pratica de
atividades ilegais ou antiéticas, especialmente pela juventude. Pode ser
manifestada através de varias formas, como vandalismo, roubo, agressão e outras
atividades criminosas. A questão que o Pondé levanta é que, a delinquência se
transforma em meio de se ganhar força politica, forçando o caos. E existe a
delinquência politica, já a delinquência politica seria um fenômeno que ocorre
quando indivíduos ou grupos na politica cometem atos de ilegalidade ou atos
antiéticos. Isso inclui corrupção, suborno, fraude eleitoral, abuso de poder,
lavagem de dinheiro e outros crimes que minam a integridade das instituições
politicas e a confiança publica.
E sabemos que qualquer delinquência é prejudicial dentro de
uma esfera mais publica, mas a política é muito pior. Porque é prejudicial e
pode enfraquecer a democracia, devia os recursos públicos para seu bolso e pode
perpetuar a desigualdade e a injustiça. Se deveria combater esse tipo de coisa,
mas com um povo com um QI (quociente inteligente) tão baixo, gostam de
delinquentes políticos e são fanáticos por eles. Ou por interesse de eliminar
seus problemas, ou por pura canalhice intelectual.
Essa fala do Gentili seria uma fala de um cético, uma pessoa
que realmente passaria como conservador. Mesmo porque, a meu ver, pautas morais
não são políticas, pois tem a ver com o modo de cada um foi educado ou como
vive a vida. No máximo, seria algo religioso, ou tradicionalista olavista (Olavo
de Carvalho), mas não poderíamos ser no âmbito político. A delinquência poderia
ser de ordem ética, pois, vai ser medida a partir de ato de cada um e não uma
coletividade que é a moral.
Quem achou que poderia ir para Disney com o novo
governo se enganou. Com Bolsonaro, Real afunda em relação ao Dólar, que chega a
R$ 4,11. Estagnação política do país e risco para investimentos externos
fizeram moeda estadunidense disparar.
A história do PT (Partido dos Trabalhadores) começa em 1981
com uma desculpa que iriam ser a concorrência do PDT de Leonel Brizola. Brizola
era um getulista e foi cunhado de Jango, derrubado pelos militares no golpe de
1964, com outra desculpa que ele teria medidas comunistas. Como todo militar,
as Forças Armadas sempre acharem que as medidas de Getúlio Vargas eram
comunistas, por causa da ligação com o sindicato. Como inteligência nunca foi o
forte das nossas Forças Armadas – vide o Bolsonaro e seus amiguinhos com suas
peripécias – logo acharam que Jango iria dar o golpe comunista getulista.
O varguismo sempre foi um governo trabalhista populista que
visava uma perpetuação sulista dentro do governo brasileiro. Brizola, como um
bom gaúcho que era, sabia que deveria ser o representante dessa safra mesmo
sendo político agora do RJ. Aliás, não cansamos de dizer que o governo
brizolista começou o desmonte da sociedade e da política carioca de uma forma
que, sua filha (Neuzinha Brizola) ser envolvida com drogas. Estranhamente, de
repente, um sindicalista do ABC que fazia greves para as grandes montadoras
mandarem grandes levas de trabalhares, ser dono de um partido. O presidente
eleito Luiz Inacio Lula da Silva foi um sindicalista trabalhista e já se
comparou com Vargas e fez elogios ao Hitler, mas, mesmo com esses atos, ele é
alçado como herói dos pobres. Mesmo tendo provas da corrupção do seu partido e
os gastos exorbitantes dos congressistas, dos juízes, ministros do supremo e da
primeira-dama, Rosangela Lula da Silva, o dólar e a economia vai mal por causa
de memes de redes sociais.
Sabemos que Lula cismou que quem deve ser seu herdeiro político
é o Fernando Haddad, mesmo que ele ter um poder de articulação de um gamba em
perigo. A questão é: um cara que não estudou economia – só dois meses – tem
capacidade de gerir um ministério? Se tivesse capacidade de ministrar uma
equipe competente, poderia, mesmo porque, FHC (sociólogo) foi ministro da
economia, José Serra (engenheiro) foi ministro da saúde etc. Mesmo o Haddad
tendo alguns cursos – direito, doutorado em filosofia e mestrado em economia – não
tem nenhum brio politico e por isso foi o pior prefeito da história de São
Paulo.
Muitas vezes, concordando com o filosofo Luiz Felipe Pondé, vejo que nós somos governados por delinquentes que não pensam sobre seus atos. Em gastar
muito não fazendo o básico – por isso a conta do SUS fica alta, por não fazer
saneamento, colocar transporte adequado etc. – fica espalhando teoria tola e
que nada tem de verdade, fica arrumando golpe para ganhar no tapetão (como tudo
que o brasileiro médio faz) e fortalece um dos partidos mais incompetentes.
Sim, isso aconteceu, eu estava lá, aconteceu antes da
gente entrar para palestrar, tem fotos com as faixas colocadas pelas pessoas, e
uma das faixas foi retirada, e o aluno que retirou foi até aplaudido. Triste
uma jornalista falar que sou mentiroso, sendo que eu estava la'. Em momento
algum disse que foi na hora da palestra, foi antes da mesa começar.
(Sérgio Sacani – X)
As universidades estão muito ruins, sejam elas publicas ou não,
e isso é muito verdade. Em um podcast (RedCast), o divulgador científico Sérgio
Sacani disse que foi fazer uma palestra na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),
e alunos teriam invadido e exigido que a palestra fosse feita conforme a agenda
woke. O grande problema da escolarização – não só brasileira – é que ela serve
para criar mão-de-obra e não cidadãos que tem o dever de pensar sua comunidade.
Dai chegamos a um pensamento do filosofo Pondé que, desconfia, assim como eu, de
pessoas que amam a humanidade e odeia o ser humano. Ou seja, a ideia de
humanidade é abstrata, idealizada e pode ser amada porque não tem um objeto
concreto dentro da capacidade de ter contato. Temos contato com o ser humano.
O brasileiro médio não gosta nem de ser humano e nem de
qualquer conhecimento (que possamos chamar de ciência). Porque, sem dúvida
nenhuma, o brasileiro médio não gosta de ser contrariado, pois, as pessoas
validas são aquelas que reforçam suas crenças. no que diz respeito a ciência e
afins, o brasileiro médio nunca gostou de estudar ou crescer dentro de alguma
coisa, porque sempre gostou de coisas rápidas e dê resultado. Estudos mostram
que o Brasil foi colonizado com o lema “menor esforço, mais lucro”, pois, a
terra demorava para ser arada e aí, faziam as queimadas que era uma coisa bem
mais rápida. Nisso, o brasileiro médio acha que ter status e ter dinheiro é
mais importante do que ter conhecimento. Ora, os maiores bilionário do mundo tem
coragem e tem objetivo, sem o objetivo não fazemos nada,
Outra questão é, o brasileiro médio, principalmente de
esquerda, romantiza muito a pobreza e a ignorância dentro das sociedades mais
pobres. Governos populistas usam isso para se perpetuarem no poder. Quem gosta
de viver em uma favela? Quem gosta de viver em CLT pagando meio ano de imposto?
O ESTADO – coisas que eles não explicam – brasileiro, tem uma gordura enorme e
tem bilhões ou trilhões de reais de gastos e privilégios que são desnecessários.
Universidades publicas gastam muito dinheiro em nada, em bolsa para playboy
estudar de graça, professor que muitas vezes, não tem ideia o que está
ensinando. Fora a “fabriquinha” de artigos nada a ver que só é acúmulo de
pontos no órgão responsável. E a inclusão que não é incentivada que temos que
provar uma deficiência que é muito evidente? Aliás, a meu ver, universidades
publicas tinham que ser sem vestibular, no máximo, em ordem de chamada.
Esse cancelamento do Sacani só mostra como o brasileiro médio
não gosta do conhecimento e nem de investimento científico. Porque ele acha – por
ele não tem a menor certeza – que isso não trará nenhum beneficio para ele,
mas, não é verdade. Investindo em ciência ou em outras áreas do conhecimento, vão
trazer mais capital estrangeiro, haverá mais investimento nas cidades pobres e
o país vai começar a desenvolver sua própria tecnologia, seu desenvolvimento. Mas,
a mesquinhez brasileira media, não deixa.
“CADA FRACASSO É UMA BÊNÇÃO DISFARÇADA, POIS NOS DÁ
SEMPRE UMA LIÇÃO QUE DE OUTRA MANEIRA TALVEZ NUNCA APRENDÊSSEMOS. QUASE TODOS
OS FRACASSOS SÃO APENAS DERROTAS TEMPORÁRIAS.”
(NAPOLEON HILL)
Para o horror dos filósofos acadêmicos (que não passam de
eternos estudantes), estou lendo um livro de Napoleon Hill chamado “A Lei do
Triunfo”. E ai devem estar se perguntando: o que um filosofo esta lendo um
livro de autoajuda? Aí temos que definir o que deveria ser autoajuda, porque todo
mundo que eu vejo falando de autoajuda, não explica nada. A meu ver, autoajuda são
livros que darão a você uma fórmula para seguir e ter sucesso e nesse sucesso –
que depende muito de fatores, muitas vezes, contingentes de oportunidades e
sortes – vão ter fortunas e tudo que você quiser.
Hill, pelos menos, usa a questão da “master mind”, ou seja,
a mente mestre como algo que te comandara e fara você ter confiança em si
mesmo. Mas, estou só começando o livro e não dá para ter uma visão muito geral
do livro, mas essa frase – que, na verdade, tem a ver com frases/destaques – que
podem mostrar o sucesso de muitas “webs putas” e influencers que só mostram sua
vida nos Instagram da vida. Por que pessoas acompanham vidas alheias ou consomem
fotos ou vídeos pornográficos? Vale uma analise bastante profunda e que, na
filosofia, chamamos de crítica.
Filosoficamente, não somos levados a afirmar nada, pois, um
filosofo busca sempre perguntar. Então, o que seria algo que as pessoas querem
ver na vida dos outro? Por que a indústria pornográfica ganha milhões em todos os tempos? Primeiro, desde muito tempo eu venho observando a grande vontade do
brasileiro médio, quer sempre saber da vida dos outros e acham que isso é entretenimento.
Quanto mais ignorante o povo, mas questões irrelevantes ganham destaque e tem o
efeito manada. Acho a definição de Nietzsche muito relevante: onde as pessoas
seguem cegamente as normas e comportamentos da maioria sem questionar. Ele
defendia a importância de pensar de forma independente e buscar a
autenticidade. Ou seja, as pessoas são porque as outras pessoas são e não porque
exige dentro da sua vontade, pois as pessoas não se permitem fracassar.
Já a indústria das webs putas tem
fatura de milhões. A mais conhecida, a Martina Oliveira (Beiçola do Privacy), só
em 2023, teve uma fatura de R$ 36 milhões de reais e um jogador como o Gabgoil
faturou R$ 9 milhões no mesmo período. Por que as pessoas – em sua maioria,
homens – consomem pornografia? Pornografia vem do latim “porni” que quer dizer
prostituta e “graphos” que quer dizer imagem. Ou melhor, a pornografia tem a
ver com a “imagem da prostituta” que vendia seu corpo para algo, por dinheiro e
prestígio que podem se sustentar. Mas, e as web putas que na sua maioria – pelo
menos as mais famosas – tem cursos universitários e não tem contato direto com
o cliente? Será que tem a ver com o simulacro e simulação?
O filosofo francês Jean Baudrillard, em sua análise na
sociedade contemporânea, que as representações (simulacro) se tornaram muito
mais reais do que a própria realidade. Não é à toa que pessoas vulneráveis ou
com a imagem de vulneração, comovem tanto, pois, a imagem se tornou a mensagem.
E a simulação é o processo pelo qual essas representações substituem a
realidade, ou seja, hoje não se sabe o que é realidade e o que é simulação. No caso
das “webs putas” e influenciadores, poderemos ver como a imagem e a representação
de suas vidas ou a representação de seus corpos em fotos ou vídeos, vão ficando
muito mais importantes do que a realidade em si mesmo. Essas representações acabam
criando versões idealizadas e comercializadas de si mesmo consumida pelo publico
alvo.
Mas existem outros contextos importantes – não tão enviesados
como esse – como a o caso da moça do avião Jeniffer Castro (que ganhou 2 milhões
de seguidores no Instagram) e a mulher que ficou refém na Avenida Paulista com
mais 2 milhões de seguidores. Usando a tese do Baudrillard, a representação de
pessoas que achamos que fizeram coisas que concordamos, fazem temos um efeito
manada e seguirmos pessoas. Eu, por exemplo, sigo pessoas que tenho interesse em
ver seu conteúdo, que me passa alguma coisa, porque meu critério é rigoroso.
– bacharel em filosofia,
publicidade e propaganda e TI
Quando decidi estudar filosofia, minha maior questão é entender como a cultura brasileira foi construída e hoje temos coisas quase paradoxais. Já que a filosofia tem duas partes bem interessantes entre a historia e a construção de uma cultura e também, a moldura dessa criação entre a cultura dos descobridores e nossa própria. Primeiro, a construção da cultura brasileira, tem um significado bastante único na historia. Portugal era ainda jovem quando colonizou o Brasil, e ainda tinha uma cultura medievalista mesmo no começo da era moderna. Prova disso é que enquanto a Espanha teria a ideia de uma expansão de seu território em suas colônias, Portugal estranhamente, sempre quis 5º Brasil e outras colônias, como fornecedor de matéria prima.
O Brasil foi construído em cima de uma tradição medievalista e até hoje, com seu fortes tombados pelo matrimonio histórico e a capacidade de se adaptar em diversidades, tem no mundo um medievalismo moderno. Na serie de Senna onde aparece ao mesmo tempo a ideia de um cavaleiro que leva o Brasil a vitória, conquista lindas donzelas (que não eram tão donzelas), e ao mesmo tempo, impunha justiça em exigir uma corrida justa. Nosso ponto moral sempre foi uma falta de justiça, onde um governo militar governou sob censura, corrupção e não se foi preso. Heróis do passado não foram tão heróis.
Mas a forja no Brasil de hoje é a forja de uma questão bastante interessante: o brasileiro gosta da liberdade, mas freta com ideologias militares. Mas vou além (mesmo o porquê, já encheu o saco esse negócio de militarismo), vou na questão do padre que tem o tênis esquisito e caro. Isso fica claro no medievalismo moderno: a imagem do padre (ou pastor) e imaculada e não pode ser questionada. Lembro que nos anos 90 – quando participava de uma fraternidade cristã de pessoas com deficiência – um amigo achou um absurdo brigar com um padre que estava hostilizando nosso movimento por causa de uma Kombi roubada. Mostrando como é a imagem do padre no inconsciente coletivo brasileiro.
A questão é que o brasileiro médio vai do mais alto som de “putaria” ao espiritual em poucos segundos sem medo de nada. Ao mesmo tempo que respeita as tradições espirituais – que tem uma grande diferença entre espiritualidade e religiosidade – gosta dos prazeres do mundo (mesmo que tenha a aparência de conservador tradicionalista). Por que isso? Porque existiam isso também nos feudos, que ao mesmo tempo que existiam coisas religiosas rígidas, existia bastante
– bacharel em filosofia, publicidade e propaganda e TI
No seu livro “O Pobre de Direita”, onde o sociólogo de
esquerda Jesse Souza tenta entender o porquê existe pobre de direita (porque
para eles tinha que ser todos de esquerda), escreve:
"Sua mensagem chega aos ouvidos especialmente receptivos
dos herdeiros das indústrias sujas e poluentes, como fabricantes de armas,
produtos químicos, mineração e petróleo. Esses setores, que terão lucros
crescentes a partir de estão devido a cortes de impostos e a suspensão das
pesadas multas por agressão ao meio ambiente, serão os principais financiadores
da "revolução reacionária" que passou a se chamar, como sempre de
forma cinica, de "libertarianismo."
Há uma questão interessante na crítica de Souza que reflete
bem a visão da esquerda dentro do universo libertário. Segundo o sociólogo, o
libertarianismo nasce de filhos de industriais, que ele coloca como
“herdeiros”, nas indústrias bélicas e poluentes. Mesmo se isso fosse verdade,
não sei se era verdade, existe uma ética libertaria. Se uma empresa polui, por
exemplo, segundo a filosofia libertaria, ela deve pagar pela limpeza da
poluição assumindo sua responsabilidade. Parece que a crítica dele – como um bom
brasileiro médio – não tem um aprofundamento das obras libertarias e um estudo
mais aprofundado. A visão dele é de um Paulo Kogos fosse um representante
“master”.
Voltando ao não aprofundamento das coisas, vi isso lendo o
livro de Mario de Andrade, pois me perguntei: por que o brasileiro gosta tanto
de poesia? Em um primeiro momento, podemos até fazer ligação com o modo que
fomos colonizados (com a elite mais fraca de Portugal) e como a cultura cabocla
se fez junto com as modas de viola que vem dos trovadores. Claro, que em algum
momento, houve uma migração de trovadores. Por outro lado, com o lema “menos
esforço, mais lucro”, a poesia não precisa muito de aprofundamento e a
tendencia do brasileiro médio de fazer piada com tudo. O escarnio era uma marca
muito bem-vista junto com os travadores.
O libertarianismo não é uma “revolução reacionária”, pois, é
contrarrevoluções e violência por causa do Princípio da Não Agressão (PNA); ou
seja, somos contra prejudicar outras pessoas. isso me faz refletir a critica
que o economista e filosofo Murray Rothbard sempre recebeu por organizar e
idealizar o libertarianismo norte-americano. Mesmo o porquê, mesmo a crítica do
libertarianismo com a esquerda e principalmente, o comunismo socialista, também
não via de bons olhos o conservadorismo norte-americano. Muito embora, Rothbard
teve que “abraçar” pontos dentro do conservadorismo para colocar uma certa
ordem ao movimento libertário de lá (que só tinha usuário de maconha que não
fazia nada).
Se fossem financiados por essas empresas poluentes iriam ter
esse tipo de filosofia? Muito difícil. A questão é, a grande maioria desses donos
de empresas são muitos mais conservadores de uma América que ganhou dinheiro
explorando recursos naturais, explorando petróleo, caçando animais de lá e da
África, dando entender que não iriam parar. O fato de ter libertários ou ANCAPs
reacionários – tem um monte – não quer dizer que a essência do movimento também.
Assim como há ancaps bolsonaristas, há anarquistas bolsonaristas. E nem todos
são fascistas, todos só acreditaram em uma suposta mudança que não aconteceu.
Como a esquerda/Lula, também não mudou nada a vida do brasileiro médio.
Mas, por outro lado – sendo o advogado do diabo – existem muito
anarcocapitalistas que “mancham” o movimento e isso inclui o filosofo vivo Hoppe.
Aluno de Rothbard – a pouco expulsou do movimento libertário norte-americano um
outro filosofo que se posicionou a favor de Israel – não entendeu nada que seu
professor escreveu em seus livros. Atitudes como esta, reforçam a certa critica
igual do Souza como se ele construiu um arcabouço narrativo por causa do
reacionarismo de alguns.
Bacharel em Filosofia | Publicitário | Profissional de TI
Em uma investigação bastante rigorosa – quase acadêmica – poderemos concluir que o movimento bolsonarista (que começa com a extensa campanha de Bolsonaro a presidência da republica) tem duas bases:
(1) Tem a ver com o movimento político-militar onde existe uma áurea em torno das Forças Armadas como agentes da “ordem” da ética (que o brasileiro médio, por ser religioso, tendem a confundir com moralismo barato).
(2)Um medo quase irracional de um suposto comunismo que no Brasil, como tudo por aqui, nunca conseguiu se organizar. E os caras de direita mais afoitos, o Partido da Causa Operaria (PCO), não tem força política e o PT (Partido dos Trabalhadores), que teria força política, se rendeu ao capital político.
A invasão de 8 de janeiro de 2023 (com a negação dos generais e o próprio Bolsonaro) e o ato suicida do “Tiu França” na Praça dos Três Poderes nesse ano de 2024, no coloca uma questão muito profunda da nossa cultura: o brasileiro médio é fácil se fanatizar por causa da ignorância política. Porque, em essência, a política é uma ciência e não pode ser tratada como “achismo” sem nexo nenhum. Não podemos fazer uma teoria sem uma base solida de onde eu vou tirar aquilo, se existiu ou não, qual o avanço tecnológico da época etc. E como eu gosto da teoria da práxis de von Mises – onde a economia se baseia na vontade humana – tendemos a ir onde achamos ser a verdade e acabamos sendo decepcionados. Por que será?
Antes do movimento de 8 de janeiro, havia escrito um trabalho para uma matéria no meu bacharelado em filosofia, em que comparo o movimento militar bolsonarista a uma “Desobediência Civil” do filosofo estadunidense Henry David Thoraeu com o titulo/pergunta: <<HÁ UM ANARQUISMO BOLSONARISTA REACIONÁRIO E MILITAR?>>. E essa “desobediência civil” seria bastante estranha, pois, os movimentos mais conservadores do golpe de 64, eram contra movimentos comuna-anarquistas (sendo que Israel começou com tais fazendas comunitárias). E no próprio texto, concluir que ali tinham elementos muito mais enraizados do que mera desobediência civil ou inconformismo eleitoral.
Vejamos a parte espiritual: o cristianismo. Essa visão eu tive respondendo um corte de um podcast com a Espectro Cinza (Glenda Varotto), onde ela fala que a religião é o “conforto” das pessoas. Ora na minha resposta, eu disse que tinha entendido o que ela tinha dito e concordo em parte (mesmo sendo espírita). Mas deveríamos deixar bem claro a diferença muito importante entre a religiosidade (estamos no mundo e devemos se religar com o Eterno) e a espiritualidade (o ser-no-mundo vivenciando uma experiência). E isso vai muito mais do que analises superficiais dentro de uma visão espiritualista da coisa, porque tem a ver quem você é e o que acredita.
Quando temos (ou seguimos) uma religião, estamos ritualizando a religação com o Eterno, isso pode ter um “conforto” como disse a Glenda, por razões comunitárias. Sempre digo que muitas pessoas seguem essas religiões da maioria, porque vizinhos ou familiares seguem. Já a espiritualidade tem algo muito mais profundo e como está na tradição hindu (Vedas e o Yoga) e de alguma forma, também no budismo, é o encontro com o seu “eu” verdadeiro dentro de um “falso eu”, que são personagens sociais que usamos, que pode desembocar no mal ou em uma “persona” que não somos. Em essência, o Vedas (conhecimento) e o Yoga (integração) já tem a resposta, pois, um é o conhecimento para chegarmos a integração da divinização. O budismo é a síntese da espiritualidade. O EU dentro do corpo importando só o agora.
Depois disso – como disse, uma parte do bolsonarismo é cristão e partem da teologia cristã evangélica (protestante) – as religiões ditas cristãs, que nada ensinam sobre a verdadeira doutrina de Jesus Cristo, tendem a serem religiões materialistas. A Igreja de Roma vem da tradição romana do estoicismo junto com uma religião materialista, onde se adoravam deuses em estatuas e tinham na figura do imperador, um “deus-homem”. Com a estranha conversão de Constantino I – sendo que matou a mulher e a sogra – o cristianismo se torna religião formal, daí por diante, perde sua essência espiritualista e se torna uma religião política. Ao passar do tempo, passou a ter uma teologia socrático-platônica (Santo Agostinho) e, aristotélica (Santo Tomás de Aquino).
O protestantismo – por causa que Lutero era monge agostiniano – com fortes raízes da teologia agostiniana. Lutero, como monge agostiniano, foi profundamente influenciado por Santo Agostinho e suas ideias, especialmente, na ideia da graça e a depravação moral (que o santo sabia muito bem e está em suas Confissões).
(1)A doutrina da graça onde Lutero foi influenciado pela ênfase de Agostinho como um presente gratuito do Eterno, necessária para sua salvação. Porque Agostinho teria a crença que a humanidade seria inerente ao pecado e incapaz de alcançar a salvação sem nenhuma intervenção divina.
(2)Uma das suas ideias, Lutero defendia a justificação pela fé, que foi em grande parte inspirada em Santo Agostinho em sua teologia. Lutero tinha a convicção que a fé em Jesus Cristo é o único caminho para se salvar, não as obras.
(3)Lutero também tinha uma visão crítica (contida em Agostinho) aos abusos e práticas da igreja romana. Ele se opôs veementemente as vendas de indulgencias e outras práticas que considerava corruptas e antiéticas (que sua igreja, com o passar dos séculos, ficou bem parecida).
(4)Igual Agostinho, Lutero deu grande ênfase a Bíblia como uma autoridade suprema em questões de fé e prática, o que levou traduzirem o livro sagrado para a língua local, levando mais acessibilidade aos textos a todo mundo.
Com o tempo e com práticas capitalistas – não que sou contra – e se aproximando do judaísmo, o protestantismo não vê nenhum problema (pelo menos no neopentecostalismo) em prosperar e criaram a teologia da prosperidade. Se por um lado, no seu começo, o protestantismo foi visto criticando a postura do catolicismo por causa do seu materialismo. Em outros momentos, o protestantismo, faz críticas quanto a adoração de imagem. Mas, ao decorrer dos séculos, o movimento evangélico começou a ser o que eles não gostavam e se tornaram.
Com todo esse histórico que eu mostrei dentro da historia – não inventada – das duas matrizes cristão medievais e modernas, mostram como foi moldadas a serem religiões materialistas. Então, um suicídio (como do Tiu França) tem uma essência de não esperança em um futuro que nada nos aguarda. O futuro só existe após a morte, após se deixar o corpo corruptível e virarmos a alma incorruptível. Mas, e o encontro de si mesmo? por que não uma espiritualidade mais em si mesmo?
Apesar de concordar com a Espectro Cinza na questão do “conforto”, acho que a questão religiosa tem a ver com uma questão muito mais profunda. Não tem a ver com religiões – aqui se criou o conceito de que quem não tem nenhuma é ateu, mas não é bem assim – tem a ver com o encontro de quem somos e saber dirigir nossas vida de forma ética e moral. O que o bolsonarismo é, assim como qualquer fanatismo, é uma seita, só isso.
Na minha volta ao Filosofia sobre rodas – que, quando
começou se chamava Resistencia – me deparo com uma realidade assustadora:
existem universidades sem nenhuma revista de humanas e nem de filosofia. Nós,
que fazemos filosofia – bacharelado e licenciatura EAD (Ensino a Distância) –
na Universidade Cruzeiro do Sul. Nos quatro anos que fizemos o curso – em
grupos de WhatsApp – sempre comentávamos que a universidade tanto em um âmbito acadêmico
(não teve TCC) como em um âmbito de periódicos (revista), deixou a
desejar.Por que uma universidade de
renome muito grande, só tenha uma revista de ensino de matemática, como se o
mundo acadêmico, fosse só exatas?
Essa atitude da universidade me parece uma atitude bastante
dentro do positivismo comtiano. De um modo geral, o positivismo de Comte,
enfatiza a importância das ciências exatas e naturais e tende, muitas vezes,
prioriza as metodologias cientificas rigorosas e empíricas. Nesse enfoque pode
relegar as ciências humanas em um segundo plano, considerando-as em uma matéria
menor e de menos “objetiva” ou “cientificas”. Por outro lado, sendo bastante
sincero, essa valorização excessiva desse tipo de matéria (exatas) – como vimos
o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, enfatizar mais português e
matemática – nas instituições acadêmicas pode ser vista como uma extensão dessa
mentalidade positivista (tecnológica).
Reconhecer que toda a área do conhecimento acadêmico,
incluindo a área de humanas, possuem métodos rigorosos e construções que tendem
a uma contrição significativas para a compreensão integral da realidade. Não
deveríamos em si, diferencias áreas importantes ou não dentro da academia, até
porque, a história nos diz que Platão idealizou um lugar onde possamos guardar
o conhecimento produzido. Ou seja, deveríamos buscar um equilíbrio que
reconheça e valorize uma diversidade maior entre as metodologias. As ciências
humanas e sociais oferecem retorno bem profundos sobre a condição humana,
questões éticas e culturais.
Mas, o que seria a filosofia? Não interessa a mim a agenda
woke, portanto, a filosofia é grega e pode ter componentes egípcios (africanos)
que podem ter despertado um modo além do mito. Os gregos que filosofaram –
porque nem todos gostavam de filosofia – se perguntaram “o que é isto?” como
modo de encontrar um modo mais racional de entender a realidade. Tales de
Mileto – cidade litorânea onde hoje é a Turquia – se perguntou de os corpos
serem húmidos (portanto, virem da água) ou o porquê as pedras magnetizadas
atraíam metais (cheias de deuses). E sempre a questão era o modo que ser humano
tendia a ver as coisas e entender essas coisas como modo de encontrar suas
origens, encontrar o motivo de um universo tão vasto, ter um planeta com
diversidades de coisas diferentes.
Martin Heidegger se perguntou “O que é isto – A Filosofia?”
e escreveu um excelente texto que nos faz refletir, pois, começa como uma coisa
não definida. Definir a filosofia é definir o mundo, a racionalidade, o ser
enquanto existência. A meu ver – acho que isso se encontra da fenomenologia – a
existência passa pela consciência que faz uma leitura do objeto e seu contorno.
A frase “ter uma ideia do objeto”, faz sentido quando vimos o objeto e vimos
sua forma associando hora em uma análise concreta (substantivo concreto), hora na
qualidade daquilo que se parece (adjetivo). Wittgenstein vai colocar como
sujeito (ser) e o predicado (adjetivo), graças ao exemplo das maçãs vermelhas,
pois, quando entregamos um papel ao vendedor escrito “caixote com 20 maçãs
vermelhas”, ele saberá tanto o fruto ou objeto concreto, como a qualidade do
adjetivo subjetivo.
Portanto, como dizia Deleuze e Guattari, o filosofo é um
formador de conceitos. Então, quem estuda demais ou repete conceitos dos
outros, não pode ser chamado de filosofo e, na minha interpretação, também não
há como ser professor. Daí concordo com Kant, não se ensina filosofia, se
ensina a filosofar. E como vamos filosofar sem, dentro de uma universidade, uma
revista? Mais ainda, como não produzir filosofia, se alunos não tem como
debater dentro daquilo que aprenderam ou em artigos? Em outras países o debate é
comum e muito incentivado dentro das universidades e não raro, debates entre
artigos de revistas da própria universidade.
<<"Podem falar o que quiser, mas o cara é brabo,
manda a real e tem o meu respeito". Não, imbecil, ele só entendeu que vc
tem horror a determinado segmento e tá repetindo o q vc quer ouvir. E os caras
se julgam inteligentes.>>
Essas falas são de um dos milhares de fakes
espalhados dentro do X de Ellon Musk (estou devendo um texto sobre ele), que ser
de uma pessoa covarde que não tem coragem de mostrar a cara e o nome, ou pode
ser um profissional que não pode se expor. Eticamente, quando um juiz se expõem,
por exemplo, ele tende a colocar sua imparcialidade em jogo. Indo mais além –
como dizem os ANCAPs – poderíamos dizer ser belo e moral. Mesmo que com isso
mostre verdades como está sobre Pablo Marçal.
Podemos dizer que o movimento conservador (seu
termo) começa no século 19 com François-René de Chateaubriand (1768-7848) - foi
um escritor, ensaísta, diplomata, realista e político francês que se
imortalizou pela sua magnífica obra literária de caráter pré-romântico – e foi
um movimento para restaurar o que foi destruído pela revolução francesa. Ou seja,
sua filosofia social consiste em defender a manutenção das instituições sociais
tradicionais em um contexto da cultura e da civilização. Ainda mais, podemos
dizer que o termo, associado historicamente com a direita. Mesmo que na Wikipedia
esteja: “diferentes grupos de conservadores podem escolher diferentes valores
tradicionais para preservar”, um conservador deve ter em si valores que
acredita e quer conservar.
Há um problema, um conservador kantiano - que
defende posições patrimonialista (tradicionais) de família – defende que: “A união sexual de acordo com a lei é o
casamento (matrimonium), isto é, a união de duas pessoas de sexos diferentes
para a posse por toda a vida dos atributos sexuais recíprocos.” (KANT,
E. Metafísica dos Costumes, p. 122). Este pensamento kantiano, assim como alguns
membros religiosos, se sentem afrontados com outras formas de união e de
relacionamento amoroso entre essas pessoas. Portanto, conservadores das
doutrinas morais que eles acreditam serem verdadeiras (em termos certo e errado
para vida privada, como sempre foi no Brasil).
Qual a problemática? John Rawls em seu livro Liberalismo Político, diz que a questão tem a ver que numa sociedade democrática moderna não existe uma doutrina moral absolutamente verdadeira, em razão do pluralismo, moral, religioso e filosófico. Aliás, tal perspectiva ressoa nos arts. 1º, V, 3º, IV, 5º, VI, VIII e 19, I da Constituição do Brasil. Por quê? Temos uma tradição liberal progressista muito forte, só vimos que todos os nossos hinos esta liberdade. E na nossa constituição esta o respeito com o outro, não se meter nas escolhas dos outros, não pregar condutas morais que não servem ao outro.
Portanto, em uma democracia a primeira acepção do “conservadorismo” seria a problemática. Seja num âmbito privado (portanto, não poderíamos transportar para a esfera publica como se fosse a ultima palavra em termos de valores), seja porque ninguém tem o direito de impor sua vontade moral a força. Dai temos que abrir um parênteses: as questões privadas e publicas são muito confundidas no Brasil por conta do vício muito popular de achar que amizade e parentesco tem que um se meter na vida do outro, um conservador mais cético, seria contra esse tipo de coisa. Como se eu não posso ficar junto com a minha noiva – somos cadeirantes – porque outros pais de outros deficientes não querem que seu filho veja. No mesmo modo, não querem que seus filhos vejam. Estranhamente, o brasileiro tem um conceito do influenciável que, talvez, vieram de pensamentos empiristas da tabula rasa, ou acomodação de achar que nada disso tem que acontecer por causa de ter que educar seu filho.
Nisso eu concordo com os marxistas: pautas morais não deveriam ser pautas políticas. Uma coisa é sermos contra a falta de ética na política – que isto é culpa de quererem refutar Aristóteles e relativizar ate atos éticos – outra coisa é querer impor uma visão moral de casamento, impor visões religiosas (invasões de terreiro de candomblé e umbanda etc) entre outras coisas. E Pablo Marçal é um coach, professor de coisas que não existe, pessoas vão e pagam para serem humilhadas e mentiras são contadas. Não se iluda. Como disse o fake, ele fala coisas que você acredita, coisas mais do que obvias.
Por ser um texto político, eu poderia fazer uma
reflexão sobre a famosa citação de Aristóteles – morto em 322 a. c. – sobre o
homem (ser humano) ser um animal político. Mas, estamos em um mundo moderno com
democracias liberais – mesmo que bolsonaristas digam ser tudo um bando de
esquerdista – e com pesquisas super avançadas sobre genética e antropologia,
ficamos sabendo que o ser humano é gregárioe que a sociedade é um símbolo que criou após se assentar em um lugar
(deixar de ser nômade) e ter que conviver com outros clãs bem de perto. Pode
ser que o ser humano tenha criado a aristocracia politica – por razões de abrir
mesmo mão de sua liberdade em nome da segurança e mais estabilidade – para
serem guias de um novo modo de se viver.
Cinco mil anos se passaram e chegamos a conclusão
que se teve muito mais prejuízo – claro, não só – do que um maior lucro dentro
do desenvolvimento da sociedades humano (se não, toda a humanidade). Kant nos
coloca em uma reflexão sobre a moral – o ETHOS levado a um corpo social – onde
há uma moral definida dentro de nós. Na verdade, Kant coloca a lei newtoniana
em primeiro lugar (como representasse a ciências) e a lei moral como método de
seguir uma conduta social (como representasse a parte ética e moral da
filosofia). Em uma outra passagem, o filosofo diz que não se ensina filosofia,
mas ensina a filosofar. E isso falta – em algumas análise políticas – na
analise politica hoje, ate mesmo para os conhecidos filósofos. Por quê?
O que vimos aqui é restos da segunda guerra
mundial – apesar que a revolução bolchevique foi na primeira grande guerra – e
logo depois, uma guerra de narrativa entre o comunismo soviético e o
capitalismo liberal americano (aqui vou me dar a liberdade de referir aos
estudanenses nesse termo). E vamos ser francos: os americanos não foram tão
liberais e os russos não foram tão comunistas. Na verdade, foi uma guerra fria
para se ter uma “desculpa” para o desenvolvimento tecnológico bélico e serem
potencias. Nesse interim, em uma analise histórica – de quem leu muitos livros
disso tudo – se ganhou muito dinheiro. E nisso, com vendas de armas e ditaduras
militares nos países subdesenvolvidos (que pediam dinheiro ao FMI como vassalos
dos americanos), o dinheiro entrou e entrou muito fácil. Com a reconstrução
europeia – os nazistas acabaram com a Europa – e o dinheiro emprestado, os
americanos ganharam muito. Não foi uma questão de livrar do “comunismo”. Mesmo
porque, muitos discos de música e suas capas foram censurados nos EUA, assim,
podemos dizer que os americanos nunca foram tão “liberais”.
Os governos latino-americanos sempre foram
frágeis, ora por causa de suas corrupções – já vinda das culturas latinas
europeias – ora porque não tem um histórico democrático liberal. Sempre as
nações latinas foram ou fragmentadas, ou foram regidas por reis e imperadores
que eram mais vassalos da igreja católica do que outra coisa. Por isso mesmo
que a ideia do estado laico – que os evangélicos não sabem que foram os
protestantes que inventaram – foi adotada e com ela, o Estado liberal. A questão
é: se sabe algo sobre o liberalismo? Ninguém sabe. Por isso, se tem o
entendimento de só ter liberalismo na economia, que na moral se tem o
conservadorismo. Ora, no lado moral temos o tradicionalismo e não o conservadorismo,
pois, o conservadorismo é político.
Esse tipo de confusão fazem as pessoas acharem que
todo fascista é liberal. Na história do fascismo – desde Mussolini – muitos deles
vieram do lado socialista e até mesmo, alguns dizem, que o fascismo é um
socialismo de direita. Então, qual a diferença? Qual a diferença de políticas
fascistas e socialistas? Ora, todas essas políticas ideológicas cientificas,
foram expostas e não podem ser mais apoiadas por não saber lhe dar com o
questionamento contra.
Regimes como a do Nicolás Maduro, são regimes de
caudilho – cidadãos que se proclamam dirigentes militares – como sempre se teve
em nações subdesenvolvidas. Ignorância, pobreza e analfabetismo colaboram para
serem enganados e mais empobrecidos.
Gilles Deleuze (1925-1995) disse sobre a filosofia:
““Quando alguém
pergunta para que serve a filosofia, a resposta deve ser agressiva, visto que a
pergunta pretende-se irônica e mordaz. (…) Não serve a nenhum poder
estabelecido. A filosofia serve para prejudicar a tolice, faz da tolice algo de
vergonhoso.”
E Deleuze tem razão, a filosofia não serve para nenhum poder
estabelecido. Outro filosofo – que esqueci o nome – dizia que a etimologia já mostra
o quanto a filosofia se impõem, pois, a filosofia não é amor ao poder, a
filosofia não é o amor a tolice ou ao simples conhecimento, mas, o amor a
sabedoria. O saber não é o mesmo do conhecer, o saber é algo natural do ser
humano (por isso o ser humano é o único animal de ter consciência de si mesmo).
Deleuze também fala sobre quando diz que a filosofia <<faz da tolice algo
vergonhoso>>. Por isso mesmo, a meu ver, os filósofos não deveriam ter
nem pretensões ideológicas e nem pretensões religiosas. Pois, a filosofia
denuncia a tolice do fanatismo e da pretensão de ser um líder, um filosofo
nunca é o detector dessa sabedoria.
Deleuze – em uma entrevista postada no YouTube – disse que não
existe governo de esquerda, pois, se a esquerda está no poder, ela se
transforma em situação e para de denunciar. Ora, não é uma verdade? eu sempre
aprendi que a esquerda representava mudança e a direita representava o status
quo. Ao que parece, temos conservadores que se casam várias vezes (se não tem
amante), e existem de esquerda que defendem uma identidade nacional. No Brasil,
pela falta de uma educação de verdade e leitura de bons livros, se confunde
esquerda com comunismo e direita conservadora com tradicionalismo. E ainda pior,
transformaram conservadores em defensores morais (pautas morais não são discussões
politicas) e liberais em meros pensamentos econômicos, que, sem duvida nenhuma,
é uma grande tolice.
O caso do Emilio Surita (Pânico) nessa semana tem a ver com
uma pauta não socialista – como ele mesmo deu a entender – mas, uma pauta woke
de representação. O famoso “politicamente correto”. Mas, como todo movimento, tem
sua genealogia e tem a ver com o estruturalismo e pós-estruturalismo. Porque a
direita – principalmente a olavista (Olavo de Carvalho) – fica pregando um discurso
“Vida Intelectual”, mas, na prática, se agarra em respostas fáceis dentro de
problemas muito complexos. Ora, tudo começa com a questão estruturalista,
quando o linguista Ferdinand de Saussure disse que haveria um significante e o
significado. Daí – com Claude Levy-Strauss – se propôs a investigar os
elementos culturais e da sociedade devem ser entendido em relação às estruturas
subjacentes que os sustentam. Essas estruturas são vistas como sistemas de
relações que dão sentido aos elementos individuais.
Já o pós-estruturalismo surge como uma crítica ao
estruturalismo. Muitos nomes da filosofia contemporânea fazem parte desse
movimento como Michel Foucault, Jaques Derrida e Gilles Deleuze questionaram a
ideia de estruturas fixas e universais. Eles argumentam que o significado é
sempre estável e que as estruturas são construções sociais que podem ser desconstruídas
para revelar suas contradições e complexidades. Já o desestruturalismo ou desconstrução
tem a ver com Jaques Derrida que desenvolve uma análise crítica das estruturas
de pensamento e linguagem para mostrar como elas são construídas e como podem
ser desconstruídas. Mas essa desconstrução pode revelar várias ambiguidades e
as múltiplas interpretações possíveis de qualquer texto ou discurso.
A questão é bem mais complexa do que imaginamos, pois se
devemos desconstruir qualquer discurso que tendemos ouvir, então, os discursos
do wokes podem ser desconstruídos também. Vejamos: a representação de uma deficiência,
por exemplo, tende a ser uma representação daquilo que falta dentro de uma representação
daquilo que seria perfeito. A deficiência acaba sendo estigmatizada como
inutilidade e improdutividade. O preconceito não é um ato linguístico só de representação,
seria um ato de hostilizar ou não uma pessoa diferente. A representação e o
nome (termo representativo) só é um nome, para determinar tal coisa. Não tem a
ver com inclusão. Inclusão é o respeito que se tem com o outro. O outro
representa a realidade.
A discussão sobre a pauta woke (ou politicamente correto),
tem a ver com a representação. Uma imitação pode ser considerada como uma representação
da persona da pessoa? Ou pode ser considerada como uma caricatura? Do mesmo
modo, a representação de drags queens na santa ceia não pode ser ofensivo,
porque é uma representação daquilo que pode ter um simbolismo (como a partilha
do pão [corpo] e o vinho [sangue] de Jesus o Cristo). Ai nós desconfiamos que essas
defesas tem a ver com discursos ideológicos – seja lá que lado você defenda –
onde um lado defende o outro como discurso político e não defesas de posições politicas
de tradição (qual a tradição brasileira mesmo?) ou contradição.
Nesses dias assistindo a seria O Samurai de Olhos Azuis (da Netflix)
me deparei em uma nova proposta de animação e numa nova maneira de construção de
animação. Ora, quem sabe um pouco de gráfico (por eu ser publicitário também)
com certeza os gráficos foram feitos por computação gráfica. Mas, a história é
muito bem construída e mostra um Japão invadido por europeus gananciosos no século
quinze e dezesseis, que não queriam só comercializar suas especiarias, mas,
queria também dominar o oriente (como acabaram fazendo com o capitalismo ocidental).
Isso também é mostrado na série Shogun (que ainda não vi).
Mizu é um espadachim habilidoso e achava que só isso bastava
para ser um samurai. Por ter nascido de olhos azuis em um Japão que não queria
ser colonizado – quem quer? – foi sempre hostilizado como uma aberração (como,
recentemente, se descobriu que olhos azuis é uma anormalidade do ser humano). Mas,
também, era fruto de uma violência contra sua mãe por um europeu britânico e
era uma menina, porém, sua mãe a criou como um menino. Sem spoiler (vejam a
serie na Netflix), vamos ao foco do texto: a verdade. será que a vingança de
Mizu era uma verdade universal ou subjetiva?
No livro O Problema da Verdade de Jacob Bazarian – um livro
que estou lendo em e-book no notebook – ele explora a questão da Teoria do
Conhecimento. Então, no primeiro capítulo, ele faz a seguinte pergunta: <<Qual
o motivo determinante dessa aspiração natural ao conhecimento?>>, pois,
segundo ele <<Aristóteles considerava que o desejo do saber, a
curiosidade espontânea para o conhecimento é inato do homem, isto é, inerente à
natureza humana. Ele afirmava que “ foi a admiração que moveu os primeiros
pensadores às especulações filosóficas”>>. Mas, ficaremos na pergunta,
pois, faz parte sobre a Mizu e sua vingança sobre seu nascimento. Por que temos
a aspiração de conhecer a realidade e curiosidade de conhecer mais?
Mizu por estar numa posição de “diferente” – porque não existia
japonês com olhos azuis – ela se sentia menos e tinha que aprender a arte da
espada para se sentir grande. Só que um samurai (mesmo Ronin) não era só a
katana, mas, também teria que aceitar o preceito da honra que faz parte do bushido.
O bushido é literalmente “o caminho do guerreiro” que seria um conjunto de código
de condutas e o modo de vida de um samurai (muito parecido com o Código Jedi da
saga Star Wars). Muito parecido com o conceito do cavalheirismo (dos cavaleiros
medievais), o bushido define alguns parâmetros para os samurais viverem e
morrerem com honra. Tem origem de um código moral dos samurais, enfatiza
frugalidade, fidelidade, artes marciais, mestria e honra, até mesmo a morte
(muitos optavam o suicídio do que ser capturado). O código moral foi
influenciado pelo budismo, xintoísmo e confucionismo, o bushido foi um código que
moldou toda a casta guerreira japonesa por séculos. Mesmo os ronins (samurais
sem clãs ou mestres).
Mizu só descobriu isso após Ringo – o cozinheiro sem as mãos
– dizer que ela não era um samurai de verdade, pois, não tinha honra. Só queria
uma vingança, mas, Ringo queria ser “grande” e tentou outro mestre (que
praticamente, criou Mizu). O “pai das espadas” era cego, mas muitos o
procuravam para fazer suas katanas e o fazia como ninguém. Como? O tempo da
martelada. Conhecer o som era importante para saber como fazer e moldar a espada,
como um limiar de uma vocação. Ringo, sem as mãos, era um cozinheiro habilidoso
e fazia macarrões como ninguém. Mas, gostava da ideia de se transformar em um
guerreiro, que na visão dele, era ser “grande”. Nesse caso, conhecer é superar
dificuldades de que nos encontramos. Por eu andar numa cadeira de rodas, sei como
rodar as rodas e tomar o controle. Tem pessoas que se sentam em uma cadeira e não
sabem.
O conhecimento tem a ver com a realidade (aquilo que a consciência
capta) e então, talvez, possa ter uma realidade objetiva (que existe independente
da sua consciência) e uma realidade subjetiva (que existe dependente da sua consciência).
Mizu poderia ter relavado os bullyings que sofreu, o que sua dor fez foi moldar
seu caráter em vingar e querer matar seu pai biológico. Ora, a dor fez outra
coisa, fez com que ela aprendesse a arte da katana, ser um samurai ronin, ser
habilidosa em alguma coisa. Como Ringo pode amarrar sua faca no final do braço
(no lugar da mão) e cozinhar, como o “pai das espadas” e com o barulho da
martelada saber o tempo certo de cada modelagem. A questão que nesse intuito,
sempre teremos que aprender a nos adaptar dentro daquilo que nos adaptamos
melhor.
Platão no diálogo Teeteto, Sócrates inicia o diálogo com a
pergunta: “O que é o conhecimento?”. Será que essa pergunta tem resposta? Nesse
diálogo, tudo gira na frase de Protágoras (sofista) que dizia que “o homem é a
medida de todas as coisas”. Platão pergunta através de Sócrates como um
problema: estamos falando do homem como individuo ou como espécie? Mesmo porque,
o objetivo de Platão é a alma, pois, em sua crença, o mundo em que o corpo está
é um teatro de sombras (como no Mito da Caverna). Porque, enquanto olhamos as
coisas e nos enganamos, podemos fechar os olhos e nos voltar para nós mesmos
(conhecer a si mesmo), para nossa alma. Onde Platão diz que está a realidade. Ou
seja, o filosofo grego nos diz que devemos abandonar a experiencia (o sensível).
No platonismo, a alma seria o conhecimento, pois se baseia em aspectos
universais, por outro lado, o corpo seria a doxa (o que falam de...).
Não podemos deixar de comparar o platonismo (que veio do
lado mais místico do pitagorismo) com preceitos budistas. Mas há uma diferença:
para Platão há uma realidade superior e que tudo pode ser ilusão, para Buda a ilusão
não é ruim. Ela só é vazia. Por isso o não apego aquilo que não somos nós,
porque aquilo não nos pertence e é impermanente. Mizu se iludi que matando seu
pai vai trazer paz, mas sem essa ilusão, Mizu era só mais uma mulher usada e hostilizada
por ter olhos azuis (uma aberração). Sem a ilusão Ringo era só mais um
cozinheiro. Buda, assim como Jesus Cristo (um homem são não precisa do medico),
mostra que a ilusão (assim como o sonho) não vai durar para sempre, um dia
acaba e voltamos para o real. Platão diz que o corpo é a prisão da alma.
Nesse caso, o conhecimento (episteme) tem a ver com aquilo que
queremos saber para ter certezas, ter certeza que somos humanos e não seres
aberrantes ou não humanos. Os olhos azuis de Mizu fez ela superar a condição ilusória
de tradições milenares que as mulheres não teriam habilidades, não teria meios
de guerrear e buscar sua meta. Mesmo que essa meta é a morte do seu pai, que
acredita, gerou a sua dor.
A primeira regra da
internet: não leia os comentários.
WiFi Ralph: Quebrando
a Internet
Poderemos começar com a nossa investigação com a seguinte
pergunta: o que deveria ser um comentário? Um comentário pode ser um conjunto
de várias observações que uma pessoa pode fazer sobre um determinado fato, no
nosso caso dessa análise, poderemos dizer que um comentário pode ser uma
observação sobre algo lido ou visto. E
essas observações podem funcionar como um parecer ou uma análise mais técnica
ou crítica que alguém pode fazer sobre certos assuntos em questão. Nesse caso,
um comentário pode trazer dados inéditos sobre o assunto posto ou mais
indicações relacionadas ao tópico proposto. A comunicação desse comentário pode
ser oralmente (no caso de não ser virtual ou uma resposta em vídeo de um outro
vídeo), ou escrito e nesse interim, na popularização da internet, os
comentários são mais fáceis de se propagar.
Na internet – ou o mundo virtual – houve um crescimento de
um novo fenômeno que atribui um novo significado para o comentário: o de tecer críticas
abusivas sobre pessoas (e não sobre o assunto). Uma pessoa pode até estar certa
em um assunto, mas, dependendo do seu viés religioso ou político, acaba sendo
hostilizada por isso e não por causa do assunto discutido. Nesse caso, não mais
poderíamos definir como sinônimo de comentário, uma interpretação, escolio,
nota, paráfrase etc., pois, o outro passa ser muito mais importante do que o
assunto. Porque, o outro atrapalha eu convencer os demais aos valores que me
proponho a propagar. O outro, como diria Sartre, é o inferno. Isso implica
dizer que, nesse caso, pode parecer um comentário crítico, mas, só passa a ser crítico
quando é um comentário argumentativo, onde a pessoa expõe suas observações de
modo mais critico sobre dado assunto.
Nesse contexto, a crítica filosófica tende sempre a
perguntar: estamos na era do ódio gratuito ou a era critica? Pois, uma coisa é
saber criticar argumentando certos assuntos com propriedade, nesse caso, há de
se ter conhecimento sobre o assunto proposto, do outro, com a falta de educação
tanto dos limites éticos e morais familiares, como aulas de interpretação
textual e de gramática na educação escolar; transformam as redes em não troca
de saberes, mas, um ringue de luta. Mesmo porque, o discurso de ódio se
caracteriza em uma expressão verbal ou escrita que promove hostilidade,
preconceito ou intolerância. Ele pode ser usado como uma estratégia de
manipulação e desinformação. Nesse caso, muito usado por fanáticos (de todo
tipo), a desinformação traz um viés de confirmação da sua própria crença.
No nosso caso – nessa critica filosófica – analisamos e
compreendemos questões fundamentais (profundas) das questões do mundo. E por
tentar compreender o objeto da análise, podemos dizer, que a critica filosófica
pode compreender o discurso de ódio. Ou melhor, ao fazer uma crítica
filosófica, não poderemos expressar nossa opinião pessoal (apesar que, temos várias
críticas sobre essa visão que não cabe nesse texto) e sim, com argumentos lógicos
e racionais. nesse contexto temos que
analisar se um discurso filosófico, pode ser totalmente logico ou racional. Na
verdade, a logica (para sermos rigorosos) são pontos simétricos que permeiam
dentro da realidade matemática como ponto de convergência. Análises textuais
são formas de expressão de um pensamento único e subjetivos, sempre
contextualizando algo.
Então o discurso de um comentário tem que ser
contextualizado sempre com uma linguagem clara e objetiva, como o exemplo que
recebi no vídeo na rede de vídeos curtos Kwai: << quase teve um surto no
meu coração ao ver ess>> onde a frase não foi terminada e o contexto foi escrito
confusamente. Gramaticalmente, podemos dizer que a questão não tem nem mesmo
concordância, pois o “quase teve um surto” não concorda com “no meu coração”. No
mais, filosoficamente, a questão da frase de ter um sujeito que pratica a ação
e a ação que é o predicado. Ora, voltando ao discurso de ódio (que poderíamos
dizer que é um discurso crítico do senso comum), se deve a falta dentro da escolaridade
de um senso crítico dos discursos que ouvimos por ai.
Comentário como “deficiente tem o direito de se escrever na
AACD” ou “crianças autistas devem estudar em escolas especiais, porque
atrapalham a turma”, tem um contexto especifico de singularidade temporal que
poderemos chamar de reacionarismo. Isto não é, de modo algum, um modo
conservador de pensar. Nesse interim, a crítica filosófica deve ser feita dentro
dos parâmetros singulares da cultura brasileira. Nisso, a academia de filosofia
vê com muito preconceito esse tipo de manifestação cultural virtual – que
muitos usam a teoria critica da Escola de Frankfurt para nomear como algo da
cultura pop, como se a cultura pop, não seja também detetora de alguns saberes –
e assim, abriram brechas para manifestações filosóficas nocivas como o
olavismo.
O olavismo veio do filosofo e escritor Olavo de Carvalho e
defende um regresso para algumas sabedorias antigas e a vida intelectual. Por
outro lado, seu lado polemico começa a propagar o negacionismo (a negação pura
e simples) como se a filosofia fosse um monte de “crianças birrentas”. Indagar
é diferente de negar. Negar vacinas não são um meio de indagar qual é o papel
farmacêutico dentro da saúde da humanidade, mas, devemos perguntar qual a
relação desse mercado com o capitalismo onde tudo é ganho e lucro. Perguntar é
indagar. Por outro lado, queiramos ou não em admitir, a humanidade vive hoje
muito mais do que vivia a tempos atras e muitas doenças foram quase
radicadas. O olavismo traz – importado dos Estados Unidos – teorias que
foram jogadas para atrapalhar a concorrência de um laboratório do outro, por
outro lado, negar a eficácia de uma vacina não é pressuposto de indagar das coisas
mais substanciais: qual o real papel das pesquisas medicas?
Com tudo, isso podemos dizer que o olavismo é uma
antifilosofia. Entendemos como antifilosofia, a crença que as coisas eram
melhores no passado – também observamos, em maior parte da nossa cultura, um
reacionarismo puro onde sempre havia um passado que era melhor que hoje – e que
as filosofias medievais (encabeçada pela Igreja Católica) é muito melhor do que
a contemporânea. Só que isso sim, não é filosofia. Não que os medievais não
tenham importância – como Santo Agostinho ou Tomás de Aquino – mas, o olavismo
não rompe a tradição religiosa e coloca um reacionarismo dentro do
conservadorismo que não existe. Ou seja, o problema não é o pensamento
católico, o problema é não fazer uma critica ao filósofos medievais e pensar
como eles.
Outra problemática poderemos apontar com uma questão: por
que antifilosofias apareceram, como o olavismo, na internet nos últimos tempos?
Será que as filosofias acadêmicas (com seus preconceitos) não facilitaram um
modo de escrever e analisar distanciando da maioria, como a ciência acadêmica?
São dúvidas pertinentes que tem a ver com o modo que a grande maioria enxerga a
filosofia, como algo distante e, na verdade, sempre foi assim. a história da
escrava trácia rindo do filosofo Tales de Mileto, ilustra bem isso. O filosofo
pensa tanto e está sempre olhando o céu, que não presta atenção no caminho. A
filosofia não se atem a realidade. O que você vê pode ou não ser a realidade e
nem tudo que vimos é o que parece, poderemos definir a filosofia como uma
quebra das correntes ideológicas vigentes. Então, o filosofo está bem mais familiarizado
com a realidade.
Mas, dentro da filosofia, a realidade não pode ser definida
só como um “buraco” no caminho, como no exemplo de Tales, que poderíamos cair.
Há uma fronteira muito sutil entre a realidade enquanto subjetiva e objetiva,
que se pode ter entre aquilo que existe e aquilo que imaginamos existir. Como
na frase em um grupo de filosofia na rede Facebook: <<Segundo a filosofia
tudo que não conheces não existe>>. Nessa frase, podemos nos perguntar: “segundo”
qual “filosofia”? porque o “tudo” se torna genérico ao ponto de uma aporia. A
questão é: conhecemos tudo? Temos ideia do tudo? E o “que não conheces não
existe” tem um tom de afirmação e a filosofia não trabalha com afirmações, ela
trabalha com dúvidas e duvidando, chegaremos à verdade (ou não). A séculos
atras, se conhecia só cisnes brancos e só pensava que existia cisnes brancos,
mas, quando exploraram a Australia, lá tinha cisnes negros. Então, se eu não
vejo ou percebo, não existe? Podem dizer “Ah, estamos falando em um modo da
linguagem”. Neste caso, poderemos usar a
filosofia da linguagem (ou Teoria dos Jogos) de Wittgenstein.
A famosa frase de Wittgenstein, que devemos ler direto do
livro, diz assim: << "O que pode ser dito pode ser dito claramente;
e o que não pode falar, deve se calar">>. O modo de expressão é o
modo do entendimento, sem se entender o que é dito, não se expressa nada. Nesse
caso, quando o sujeito diz <<Segundo a filosofia (aqui faltou a virgula)
tudo que não se conheces (outra virgula) não existe>> não expressa nada,
porque não esta claro qual a filosofia que diz isso e é uma afirmação (sendo estranho
para a filosofia). Segundo o filosofo austríaco-britânico, se não está claro o
que se diz diante de uma afirmação, não se diz nada. Portanto, se deve calar
diante da sua ignorância.
Há uma imagem que circula nas redes sociais – principalmente,
no X – mostrando uma foto da apresentadora Eliana segurando o logotipo da Rede
Globo com a bandeira comunista no lado esquerdo. Esta escrito:
“BOICOTE TOTAL A ESSA ESQUERDISTA DEBOCHADA, QUE
DEPOIS DE ANOS NO SBT, SAIU ESNOBANDO
TODO MUNDO E FOI PRA GLOBO LIXO, ACHANDO QUE TEM PÚBLICO PARA AUMENTAR A
AUDIÊNCIA DA TV ESTATAL OFICIAL”.
Em uma empresa que você acha que ganha menos que você acha
que deve ganhar, se troca de empresa. A questão desse escrito é ideológica politica,
porque todo mundo faz isso e ninguém diz nada. Pior, pergunte para quem compartilhou
a imagem o que seria comunismo e vamos ficar sem nenhuma resposta, pois, o povo
sempre escutou o galo cantar e nunca se soube onde ele estava cantando. E o
termo “esquerdista”, até onde eu sei, foi usado por Lenin para chamar algumas
alas que chamou de “infantis” do próprio marxismo que não se encaixavam em sua idealização
da revolução bolchevique. Ou seja, a maioria dos brasileiros não pesquisam e
acabam usando termos comunistas. Por outro lado, existe o termo “Globo lixo” –
assim como existe o termo PIG (Partido da Imprensa Golpista) criado pelo jornalista
Paulo Henrique Amorim, que a maioria dos lulopetistas usam – como destratar
algumas mídias que não se encaixam na sua ideologia politica ou religiosa.
Ora, a pessoa acha que com essa imagem o povo vai deixar de
assistir a apresentadora? Há uma diferença bastante significativa onde há um
fato (a apresentadora ir para a Rede Globo) e o que se criou como fato (ela ser
esquerdista debochada e a Globo ser estatal). São pautas bolsonaristas, assim
como, há pautas lulopetistas. E a discussão se aprofunda mais quando pensamos
em um simulacro e a simulação, pegando essa questão que tem a ver com a consciência
e o mundo que formamos através das crenças formadas pelo discurso.
A ideia (forma) se desenvolveu segundo o filosofo Jean
Baudrillard e tem a ver com a realidade onde estamos. Dizem as “lendas” do
mundo cinematográfico, que todo mundo que trabalhou no filme Matrix, tiveram de
ler esse livro (como há várias referências dele no filme) para entender a ideia
central do filme; o livro se chama Simulacro e Simulação. A ideia é simples: um
simulacro é uma cópia ou representação de algo que não possui uma realidade
original. São como imagens, símbolos ou objetos que representam elementos que
nunca existiram ou que não têm mais equivalência com a realidade. Por exemplo,
uma pintura de uma sereia ou um ícone religioso é um simulacro, pois não
representam algo concreto no mundo real. Já a simulação é a criação de algo que
não existe na realidade, mas é apresentado como se fosse real. É como uma
imitação ou encenação de um processo ou evento. Por exemplo, um filme ou um
videogame é uma simulação, pois cria um mundo fictício com suas próprias regras
e personagens.
Mas há um terceiro termo: a hiper-realidade. O filosofo
criou o termo para designar quando uma apresentação (simulacro) se torna mais
importante do que a própria realidade. no exemplo do boicote, o simulacro esta
na representação de um ato que a pessoa acha que esta fazendo pela sua causa –
a libertação do Brasil do suposto comunismo – onde a realidade se confunde com
a hiper-realidade. Nas redes sociais, as
imagens e representações – entre a “coisa” e a “representação” – que são criadas
pelos usuários pode distorcer a percepção da vida real, gerando uma busca desenfreada
pela aprovação e validação. Ou seja, todas as postagens visam reforçar as crenças
de tanto quem posta, quanto quem curti a postagem. Por que a imprensa ou
pessoas das mídias causam polemicas?
Todo reacionário é um revolucionário medroso. Ele, no fundo,
tem medo das mudanças do mundo e não se conforma com essas mudanças, por outro
lado, um revolucionário precisa de forças internas e externas para derrubar o
status quo. Ou seja, dois lados de uma mesma moeda. O reacionário tem medo das mudanças
e o revolucionário culpa o outro daquilo que não consegue mudar. E as redes
sociais – não só as redes, mas toda a internet – reforça essas crenças para
manter o funcionamento delas e ganhar com isto. Nas redes, você é o produto.
Amauri Nolasco Sanches Júnior – bacharel em filosofia, TI,
publicitário e cadeirante
Há uma discussão nos grupos de fãs de Star Wars (eu gosto,
mas não me considero fã), onde mudaram o preceito da Força, pois, as bruxas
(The Acolyte) dizem que é um fio que liga todas as coisas. Os jedis – filósofos
e guardiões da paz e da república – interpretam a força (no livro O Caminho
Jedi) como: “...a FORÇA é um campo energético criado por todas as coisas
vivas". Ou seja, não há nenhuma diferença dentro do que as bruxas
disseram, mas, tem a ver com a linguagem da questão. Porque, segundo o Mestre
Bowspritz, as células – através dos midi-chlorians – canalizam (fluem) a
energia da Força. Mesmo porque, segundo o mestre, “nós não bebemos a tigela, mas
sim a sopa que ela contém”.
Mas, existem dois conceitos básicos dela dentro da história:
a Força Viva e a Força Unificadora. Que consistem em:
– “A Força Viva é
criada através de todos os seres vivos. Quando seres morrem, um Jedi pode
sentir através da Força Viva. Quando muitos morrem de uma só vez, a perda de
energia pode chocar ou até mesmo derrubar um Jedi. Todas as habilidades
tangíveis da Força - como correr, saltar, aguçar os sentidos, mover objetos ou
acalmar emoções alheias - são técnicas pelas quais os Jedi se tornam agentes da
Força Viva.”
– “A Força Cósmica é um vasto poder cósmico e transcendente
e que determina a vontade da Força. Ao meditar com a Força Cósmica, pode-se
vislumbrar o passado e os possíveis futuros, e obter informação sobre o
destino.”
Como vimos (através da Wikipedia e confirmado aqui no O
Caminho Jedi), as bruxas não sentem a Força Viva e sim a Força Unificadora ou Cósmica.
Ainda no O Caminho Jedi:
“A Força Unificadora é um vasto poder cósmico. Vocês (os
iniciados) ainda não conseguem senti-la, mas, com paciência e reflexão, sentirão.
A Força Unificadora são as estrelas e galáxias, a superfície agitada do tempo e
do espaço. Ela é a voz que sussurra sobre seus destinos, e podem ter certeza; a
Força tem vontade própria. Dialogar com a Força Unificadora é deixar o corpo em
caráter temporário, para caminha pelo
passado ou ver o futuro. Alguns ancestrais acreditam ser possível transcender a
morte” (Jedi, O Caminho p. 36)
Ou melhor, há uma questão bastante importante quando fazemos
uma critica dentro de uma obra literária ou cinematográfica: primeiro, trazer
elementos que possam colaborar com que estamos dizendo, segundo, ter em mente
que meras opiniões não são conhecimentos e sim, achismos levados ao impulso de
responder rápido. Requer estudo e pesquisa. Mesmo com conceitos como esse de ficção
cientifica que para entender, temos que saber que seu criador George Lucas
gostava ou gosta, de filmes de samurais. Por outro lado, Lucas disse em uma entrevista
que:
“Não acho que “Guerra nas Estrelas” seja profundamente
religioso. Acho que a saga juntou todos os aspectos que a religião representa e
tentou destilar isso em uma coisa mais moderna e mais acessível em que as
pessoas possam se apegar para aceitar o fato de que há um mistério maior lá
fora.
Quando eu tinha 10 anos eu perguntei para minha mãe. “Se
existe um só Deus, por que há tantas religiões?” E desde então, eu reflito
sobre essa questão. A conclusão que eu cheguei é que todas as religiões são
verdadeiras… Elas apenas veem a mesma coisa sob diferentes aspectos.
A religião é, basicamente, um repositório para fé. A fé é
a “liga” que nos mantém juntos como uma sociedade. Fé na nossa cultura… no
nosso mundo… ou qualquer outra coisa em que estamos tentando nos apoiar. É uma
parte muito importante, eu acho… que nos permite continuar estáveis, em
equilíbrio.
Eu coloquei a Força nos filmes… para despertar um certo
tipo de espiritualidade nos jovens. É mais uma crença em Deus do que em
qualquer sistema religioso. A verdadeira questão é fazer a pergunta! Porque se
você não tem interesse suficiente nos mistérios da vida… Para fazer a pergunta
“Existe ou não um Deus?”… Para mim, essa é a pior coisa que pode acontecer. Se
perguntar a um jovem se existe um Deus, ele disser que não. Acho que você deve
ter uma opinião sobre isso.”. (Blog: Sociedade Jedi)
Amauri
Nolasco Sanches Júnior – bacharel em filosofia, TI, publicitário e cadeirante