quinta-feira, 27 de junho de 2019

Relacionamento das pessoas com deficiência e a idolatria familiar



Sim, eu sei de onde venho! Insatisfeito como o fogo, ardo para me consumir. Aquilo que toco torna-se chama, e em carvão aquilo que abandono. Sou fogo, com certeza!
Friedrich Nietzsche
Amauri Nolasco Sanches Junior

Queiramos ou não, um relacionamento com duas pessoas com deficiência sempre foi difícil. Ainda mais, quando essas duas pessoas são cadeirantes. Dois aspectos devem ser analisados nesse escopo: a idolatria familiar e a sexualidade das pessoas com deficiência. Pois, eu acho, que as pessoas com deficiência são tão levados a imagem de inúteis ou fracassados, que tem um sentimento de dependência. A idolatria das pessoas com deficiência com a família, sempre parte do sentimento de dependência e o medo de não ter ajuda para qualquer coisa.
Na verdade, a idolatria sempre vem numa cultura decadente onde os fracos sempre dominam os fortes, aqueles que não se submetem a cultura da decadência. Toda cultura decadente renega a vida, renega seus verdadeiros valores para colocar os valores dos fracos, aqueles que invejam os que caem do abismo dançando. Todo moralismo vem da decadência dos verdadeiros valores humanos e tudo começa com o cristianismo na idade média, onde deveríamos ser castos e puros para irmos para o Céu sem nenhum pecado. Agora podemos perguntar: o que é o pecado? Será mesmo, Deus que criou todo o cosmo – com todas as galáxias, planetas e seres vivos – vai se importar com condutas humanas que só se referem ao ser humano? Qual o critério de se achar digno – porque querem botar pensamentos na infinita consciência do Eterno – de se colocar como criterioso das faltas humanas? O pecado é a dominação do instinto humano em vez de educar, coloca medo de um futuro que pode e não pode. Sempre é o “tu deves” ou “tu não deves”.
Um sujeito que sabe da sua dignidade e sabe da sua convicção – que não é maria-vai-com-as-outras – sabe dos valores que o regem e então, sabe que não deve fazer. Nietzsche tinha uma frase ótima para isso que era: “O que diz sua consciência? – ‘torne-se aquilo que você é’””. Exatamente. Se você sabe o que você é, não procura o reconhecimento alheiro e sabe do que os valores que te regem. Eu não vou em puteiros, por exemplo, porque sei que não é o valor que me rege e não gosto desse tipo de ambiente. Não gosto das músicas da maioria, porque eu sei o que gosto e não vou ouvir por causa do reconhecimento dos outros. Nas redes sociais está todo mundo a procura de reconhecimento, seja com deficiência ou sem deficiência. Acontece, que a idolatria é uma submissão a decadência da consciência moral em que, se sentindo fraco, tem que se apoiar no mais forte.
Devemos amar a família e não idolatrar ele. Isso é culpa da nossa cultura latina – que veio da romana – de sempre querer os familiares perto. Também, de achar que a família é uma instituição e não de indivíduos autônomos que voluntariamente, podem cuidar ou não, por amor a pessoa. Lá fora é bem assim. Por isso mesmo a inclusão foi muito mais fácil – também tem a questão da educação exemplar – porque não se tem uma cultura do apego e da idolatria. A questão é: será que as pessoas com deficiência não alimentam isso? Será que uma parte da cultura capacitista da nossa cultura não é alimentada por causa da idolatria para não perder o conforto? Dai vai muito além, porque temos duas culturas bem significativas.
A sexualidade da mulher é um tabu ainda – vide o pai da moça que matou a família do ator – porque temos ainda uma cultura machista. O fraco acha que é forte criando uma cultura dominadora, mas, nessa história toda, a mulher é a mais forte. A título de exemplo, eu não fiquei ofendido porque a gamer (sei lá, como se refere) falou que “todo homem é um lixo”, porque eu sei que não sou. Assim como, as feministas chamarem todos os homens de estupradores em potencial, pois, eu não sou e sei muito bem, que nunca estupraria nenhuma mulher. Quem sabe da sua natureza, não se ofende com pequenas coisas. Diante disso, a mulher com deficiência é pior ainda, pois, a subproteção vai sempre atrapalhar como mulher. Não é só com a mulher. O homem com deficiência – até mesmo, com homossexualismo – tem esse tipo de coisa, ele alimenta isso e a a família dá um monte de coisa para alimentar o seu conforto. Tenho muitos amigos assim.
A sexualidade esquecida porque temos uma cultura que trata as pessoas com deficiência como se fosse crianças. Por outro lado, por termos uma cultura machista, a mulher é muito mais vigiada do que o homem. Mulheres com deficiência não podem fazer nada, suas irmãs podem ir na balada ou transar até cansar. Ou seja, a infantilização das pessoas com deficiência e muito mais no lado da mulher, onde há uma subproteção mais significativa. Só de falar desse assunto, só de viver esse assunto, gera milhares de especilhos para ficarem nervosos. Somos tratados como crianças crescidas com deficiência. Mas, milhares de amigos casaram, viveram milhares de dificuldades e venceram. Sempre tem a ver com a quebra do paradigma dessa conduta, paradigmas esses que nunca foram a realidade, nunca deveriam ser regra nenhuma. Só é humano demasiado humano.

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