O Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo.
O Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo.
Menos emoção e mais razão.
Gabriela Prioli
Harari no seu
livro, 21 Lições Para o Século 21 – que eu comecei a ler a pouco tempo – no
começo já solta uma bomba: a narrativa liberal não deu certo. Segundo ele,
existiram 3 narrativas ao longo do século 20: fascista, comunista e liberal.
Nos anos quarenta a narrativa fascista (autoritária) caiu por terra por motivos
óbvios, pois eles detonaram vidas humanas por causa de um ideal velho, ideal
que não cabia mais no mundo da época (como acontecia séculos atrás). Depois foi
a vez da narrativa entre o comunismo (encabeçado pela URSS) e o liberalismo (encabeçado pelos Estados
Unidos da America), que teve fim no começo dos anos 90 com a queda da URSS. A
questão é: o que restou?
A partir dos
anos 90 se começa ter um discurso liberal – como se o liberalismo tivesse
ganhado – e o começo da internet como centro financeiro e a derrocada do
globalização. Não globalismo, isso é coisa de gente sem noção nenhuma de
geopolítica. Mas, segundo Harari, até mesmo o liberalismo em si falhou e vimos
em toda rede a derrocada de uma critica muito mais feroz. O liberalismo falhou
porque não supriu as demandas que deveria ter suprido. Harari é mais
pessimista, ele coloca em xeque a ditadura do algoritmo e como grandes
corporações podem dominar o mundo. A meu ver, o anarquismo digital é inevitável
e muito mais rentável, pois, quem precisa do ESTADO quando você pode escolher
em que trabalhar e em que produzir conforme a demanda.
Para pessoas
que estão acostumadas com o ESTADO, a não serventia dele nas demandas
populacionais, vao gerar mais questionamento daquilo que se chama de liberdade.
Temos liberdade? Temos as nossas demandas atendidas pelo ESTADO? Não. Pessoas
com deficiência como eu, nem entraram nas prioridades da vacina. O STF (Supremo
Tribunal Federal), que deveria cuidar da lei, rejeitou que tivéssemos
prioridade. Talvez pensem que não somos
da cadeia produtiva, talvez pensem que será melhor morremos. Somos jogados,
ainda, em abismos do esquecimento, onde não temos vez.
Por isso mesmo
eu não gosto de políticos. Não gosto de burocratas. Não gosto do ESTADO como
ele se apresenta. As democracias liberais estão morrendo por causa das
corruptas resoluções, por causa que não existe liberdade total, porque não somos
nada para eles.
Amauri Nolasco Sanches Junior
Li em algum lugar que a
briga hoje não é mais entre direita ou esquerda, mas entre os fanáticos e não
fanáticos. Ou seja, no meio de uma pandemia – que num pais como o nosso vira
uma proporção muito maior – as pessoas querem ter razão sobre sua ideologia de
estimação e sobre seu politico favorito. Nos primórdios do pensamento – que
começa com Aristóteles – se dizia que tinha que haver ética pratica, que só no
discurso era coisa de gente demagoga. Isso começa com Sócrates, o inventor do
modo de, nós filósofos, filosofarmos no ocidente. Mas, a questão é, que os gregos
tinham uma outra ideia de homem, pois, Aristóteles vai colocar o homem como um
ser políte. Ou seja, pertencente a Pólis.
Depois, com os helênicos, o
homem passa a ser kósmospolite, ou seja, não há mais nenhuma polis para o homem
grego defender ou se preocupar. O homem passa a pertencer aos impérios
macedônio e depois, ao romano. E os romanos colocam o homem como persona, que
era o homem com direitos ate mesmo, depois da morte, onde seus bens poderiam
ficar com herdeiros. Se dos gregos herdamos o pensamento filosóficos, dos
romanos herdamos o direito como cidadão. Mas a nossa noção do homem interior
(interiore homoni) vem do cristianismo através de Santo Agostinho, onde o homem
só recebe a graça de Deus como seus atos. Se ser heroico para um grego e romano
era uma virtude e não tinha uma escolha, para os cristãos, a noção de
subjetividade é muito importante.
O brasil como um grande
herdeiro da cultura greco-romana e também, por ter sido – muito vagabundamente
– colonizado pelos portugueses, herdamos muita coisa do catolicismo. Todas as
religiões acabam desembocando no catolicismo, seja na ideia de pecado (o carma
espirita é uma prova disso, assim como a noção de humildade pela pobreza de
alguns protestantes) seja na ideia de castigo divino. Mas uma coisa não temos,
a ideia de subjetividade. É muito enraizado a noção de coletividade –
principalmente, que é do interesse ou vai se obter alguma coisa – enquanto modo
ideológico ou modo religioso. No fundo, o brasileiro é um povo muito mesquinho.
Parece que ele sempre quer obter vantagem daquilo que ele não poderia obter,
então, os políticos começam a não ser éticos.
Por que o Brasil fracassou?
A muito tempo – quase 70 anos – o Brasil não teve nenhum investimento dentro da
educação. Não se quis modernizar o nosso país – a elite brasileira sempre quis
ganhar dinheiro explorando as crenças e a própria pobreza do Brasil e isso é
uma visão até mesmo, pelos liberais sérios – porque assim, se tem mais dinheiro estrangeiros
entrando aqui. Ninguém quer, verdadeiramente, conservar os índios ou tirar as
pessoas das comunidades (que para mim continua sendo favelas). Ninguém quer
defender negros os mulheres – claro que esses negros e essas mulheres tem que
corresponder com o modo operandi da esquerda ciranda – mas sim, explorar o
máximo a narrativa da opressão e do abandono. O povo ainda não entendeu uma
coisa, não existe ideologias (nem esquerda e nem direita), existe apenas,
aqueles que querem que o sistema fique assim.
Nossa elite mesmo – as
famílias que a séculos dita as regras – eram apenas os cuidadores dos engenhos
de açúcar que os grandes barões e nobres “falidos” portugueses tinham aqui. No
fim, são ignorantes tanto quanto o próprio povo. E o que sobra? Quase nada. Temos
uma esquerda burra que acha que o único problema da humanidade é uma luta de
classe que nem existe, mesmo o porque, a questão de classe é uma questão de
livre iniciativa de você sair de onde está e usar o sistema ao seu favor. Eu,
como anarquista, sou contra o capitalismo brasileiro que está ai, mais não vou
ser burro como o Daniel Fraga entre outros, que peita esse sistema e sim, usar
seu próprio meio de ganhar dinheiro, gerando conhecimento. Ou seja, o modo
socrático-jesuíta para instruir um máximo número de pessoas e destruindo a
ignorância, você destroem por dentro. No outro lado, temos uma direita idiota
que acha que o liberalismo é a solução e que existe a ideia metafisica, da
meritocracia – seu equivalente na esquerda é o voluntarianismo socialista –
onde quem tem mérito consegue vencer. Onde? Explica para um moleque pobre que
ele tem que se esforçar para ser alguma coisa na vida, ou um pai de família que
foi despedido por causa da desculpa da pandemia. Além que eles acham que
empresários são todos honestos e se liberar tudo, vão seguir eticamente. A
historia de corrupção nos mostrou que não é bem assim.
Então o que fazer? A curto
prazo é cuidar para não se destruir o pouco de decência e ética-moral que resta
aqui. Mesmo o porque, eu não acredito em um “mal” como uma entidade e sim, como
uma ignorância daquilo que não se sabe. A meu ver, não existe bem ou mal,
existe a ignorância e o conhecimento. Então, para mim, o termo “cidadão de bem”
é um termo vazio. Para um grego então, seria um termo desconhecido. Cidadão (políte)
é um ser que procura a ética e segue a moral para o bem da cidade (polis), que
na essência, já é uma obrigação em si. O “bem” deve ou deveria ser, uma procura
quase metafisica da verdade, pois, o homem interior procura sua evolução e
progresso até essa “verdade”. Isso só com o conhecimento pode acontecer e
assim, só com uma educação mais eficiente poderíamos reverter isso.
Amauri Nolasco Sanches Jr
<Quando qualquer pessoa te tratar mal ou falar mal de você, lembre-se de que ela faz isso ou diz isso porque acha que é um dever agir assim. Não é possível para ela seguir ou crer naquilo que parece certo para você. Deste modo, ela acredita naquilo que parece certo para ela. Consequentemente, se ela está errada em sua opinião, ela é a pessoa que está magoada, pois ela é a pessoa que viveu enganada. Com efeito, se alguém supuser falsa uma proposição conjuntiva verdadeira, não é a proposição conjuntiva que sofre o dano, mas quem se engana. Se você partir desta visão, terá um temperamento brando para com aqueles que o caluniam. Diga em cada uma destas ocasiões: “Se assim lhe parece...”>
Amauri Nolasco Sanches Jr