terça-feira, 30 de março de 2021

Por que eu não gosto de políticos?

 







O Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo.

Elias Murad







Eu gosto de falar de politica, mas não gosto de politico. Aliás, colocando nesse “combo”, eu também não gosto dos burocratas. Políticos são aqueles que vendem planos que não serão executados, na sua maioria. Burocratas são técnicos que não sabem nem abrir uma latinha de refrigerante, não sabem o que o povo necessita e não sabem nada além daquilo que está em cima das suas mesas. Políticos precisam de burocratas e burocratas precisam de políticos. Nesses meus 45 amos de idade e com uma deficiência, aprendi que o discurso é igual, as maneiras de se comunicar são iguais e tudo que um politico quer é seu voto. Só isso. Pouco importa se é de esquerda ou direita – que só são agendas partidárias – e sim, aquilo que o burocrata vai dizer para ele fazer, porque ele está amarrado dentro da burocracia. Quando se tem uma deficiência, se aprende muito cedo – e quem adquiriu percebe depois – que há uma parcele da população invisível e que não ouvem nem quando o discurso é coerente. Políticos acham que não votamos, acham que não trabalhamos e acham que não temos o direito (deveres também, mas discutiremos depois) de sermos felizes. Amamos e desejamos como todo mundo. 

Sendo mais um da grande parcela da população invisível, aprendi que não somos nada dentro de qualquer ideologia. O que falam os socialistas sobre pessoas com alguma deficiência? O que falam os liberais sobre as pessoas com deficiência? Igualdade de oportunidade? Ou meritocracia? Os conservadores nem sabem que existimos. Mas, pelo que eu sei, socialistas internam pessoas com deficiência em clinicas para terem tratamento e não saem nas ruas (será que rampas são coisas de burguês?). Enquanto o liberalismo quer sempre a formula mais barata e assim, não se precisa de adaptações ou demandas de pessoas com deficiência no trabalho, mas, clinicas de aborto (isso, talvez, seja usado também no socialismo), clinicas particulares de internação. Então, qual ideologia as pessoas com deficiência deve seguir? Em 2011 minha ex-noiva, cadeirante e com paralisia cerebral, foi assediada por um motorista num serviço de vans porta-a-porta aqui em São Paulo, na gestão Serra-Kassab. Em 2015, o motorista desse mesmo serviço, deixou ela numa garoa – depois ela ficou com asma e não foi a mesma – e quebrou a minha cadeira de rodas. Escrevi um relatório (está até hoje no blog do meu movimento) e não recuaram, o prefeito era o Fernando Haddad. Isso mostra como as coisas são quando falamos de deficiência, não existe ideologia. 

Claro, existem outros milhares de exemplos, mas quis trazer dois exemplos de ideologias diferentes, para mostrar o quanto as coisas não são tão simples como direita ou esquerda. Mas por que o ser humano tem a necessidade de seguir um líder? Porque não se sabe quem é, porque começaram a dizer que o ser humano é uma construção, mas a racionalidade mostra que há sim uma construção, por outro lado, o sentimento diz o contrário. Você sente o que você é. Ou seja, não ha nenhuma construção sentimental do ser humano, pois ele é o que é. Você pode mudar ações violentas? Ações violentas são feitas dentro da racionalidade, sentimentalmente, somos seres que tendemos entender o outro. Algumas coisas são sim construções sociais – como as ações violentas que são fruto da moral de achar aquilo justo ou injusto – mas, muita coisa são apenas reflexos de exemplos e valores passados. Por isso mesmo, eu não acredito em pessoas tóxicas. Pessoas tóxicas são construídas porque tiveram uma educação para serem e você só educa o “racio” e não o sentimento, dai vem o preconceito. E ai que está, pois, o discurso do líder populista, pega no sentimento. Ele não pega na racionalidade. Por isso mesmos psicopatas são racionais, porque atos violentos, na maioria das vezes, são racionais. Se deve ter um equilíbrio ai. 

Na verdade, nosso mundo se tornou um mundo niilista. Mas não é o niilismo do senso comum de não acreditar em nada, mas o niilismo de Nietzsche em não acreditar na vida e da força geradora dela. Quando você renega a sua liberdade para um outro te guiar, você está renegando a si mesmo, ou seja, a força geradora daquilo que você é: a vida. Por isso mesmo, a vontade da potência é antifascista – alias, Nietzsche deveria odiar que sua filosofia foi parar na mão de Hitler – ou anticomunista, ou anti qualquer coisa que tenha algum poder. Mas, tem um perigo: essa entrega ao que move a vida não pode ser entregue as pessoas que não tem total entendimento com a vida, com aquilo que importa. Mesmo o porque, se não se tem uma educação dentro da liberdade ou do respeito, o sonho de quem é reprimido dentro da sociedade é reprimir. Longe de ser comunista, eu concordo com Paulo Freire. Pois, ter respeito e hierarquia não é o mesmo de reprimir. Claro, que o brasileiro é de 8 a 80, ou espanca o filho até morrer, ou deixa o filho fazer o que quiser. Não. Uma boa educação é dar o exemplo do respeito ao outro, amar o destino (amor fati) e amando o destino, você aceite e talvez até supere coisas na sua vida. 

Em toda minha vida, nenhum politico ou burocrata não me deu nada e não me incluiu dentro da sociedade. Não permitiu trabalhar. Não me permitiu casar (porque sem eu trabalhar não me deixaram casar). Não permitiu ter relacionamentos, pois o último com o agravamento da saúde da minha ex-noiva, tivemos de terminar. E não sou sonhador, o brasileiro vai ter que apanhar muito na bunda, para aprender que não se pode achar que politico é herói. Nenhum politico é herói. Políticos são escravos dos burocratas, e burocratas são escravos do sistema. No final das contas, Matrix tem toda razão.

sábado, 27 de março de 2021

O fascismo facebookiano da vantagem ideológica

 




Menos emoção e mais razão.

Gabriela Prioli





Em 399 a.c., um senhor ateniense estava num tribunal por causa de acusações de corromper a juventude com sua filosofia. Seu nome? Sócrates. Ele preferiu tomar cicuta do que negar a filosofia e a busca da verdade, que inaugurou dizendo, para nos conhecemos do que conhecer o mundo. Isso é bem simples, não podemos conhecer nada se não conhecer os nossos limites da nossa própria ignorância ou atestando nossa existência – é uma procura ontológica (porque não, metafísica) do ser enquanto ser, enquanto ente que pensa – que vai ser aperfeiçoado com o aluno de Platão (que se preocupou mais em juntar Heráclito com Parmênides), Aristóteles. Mas, o que incomodou no discurso socrático que levou o poder a condenar aquele senhor que fazia varias perguntas? A verdade. Verdade (alethéia) para o grego, não é a mesma verdade que temos, era uma verdade muito mais profunda que abarca tudo. O kosmos era a realidade como um todo. 

Mas, colocamos tudo como algo relativo, o ser humano fica sem nenhuma referencia daquilo que os gregos chamavam de ETHOS. Uns traduzem como ética e outros, como os romanos, traduziram como costumes. ETHOS era muito mais do que ética ou moral, que entendemos hoje, pois, era a alma da polis (cidade-estado) e que cada cidadão (politike) tinha o dever de passar para a geração seguinte os preceitos da sociedade. Claro, nem todo mundo tinha direito de ter uma educação e a maioria era, completamente, ignorante. A educação para todos só começa no seculo dezenove e dá uma melhorada – num tanto vagabunda em algumas nações – no século vinte, ainda, dos anos 50 em diante. Partindo para o pressuposto que a ética é a alma da polis (no nosso caso, na nação), a educação deveria ser uma prioridade e não essa educação técnica que já se mostrou ineficaz, pois, crianças e jovens, nem sabem escrever direito, mas digo da educação como melhorar as próximas gerações de ter cidadania e amar onde vive. E não adianta a escola ensinar ética, se o próprio pai ensina a ter vantagem. 

O termo vantagem sempre foi um especilho para o brasileiro ter ética, porque se há vantagem, não pode ter atos éticos. Vantagem vem do francês AVANTAGE, que quer dizer, ter proveito ou que faz diferença a favor, que por sua vez, veio de outro termo AVANT que quer dizer estar antes, ou à frente de algo ou alguém. Quando um cidadão diz que é vantagem algo, ele quer dizer que quer passar a frente de alguém ou receber algo que alguém deveria receber antes dele. As desculpas são variadas, desde políticos terem mais direito do que o cidadão, até alguns setores da própria população. Isso – como eu disse num outro texto que ninguém leu – coloca em xeque toda a democracia liberal como narrativa e nos faz perguntar se há, realmente, algum regime que possa nos dar o que precisamos. Dias desses fui bloqueado no Facebook porque eu disse o termo “idiota” que um engenheiro da programação ou um verificador, sabe (ou deveria saber) que o termo idiota pode significar que a pessoa é tola ou vaidosa. Na verdade, o termo idiota vem do grego IDIOTIKE que queria dizer uma pessoa que não se preocupava com a polis, o egoismo. Um engenheiro de programação não saber disso é o cúmulo da educação ruim que temos nas universidades, pois, são contratados daqui que cuidam dos perfis brasileiros. 

Mas, desde Platão, a democracia sempre foi um regime estranho com certas nuances de tirania, pois, dizem haver uma certa liberdade, porém, você tem que fazer dessa liberdade o que eles querem. O próprio Facebook tem uma chamada na sua entrada, dizendo que você pode falar o que você quiser. Não pode. O politicamento correto – que veio com uma leva de falácias que o preconceito acaba graças a um discurso – vem cerceando a liberdade que as pessoas têm de querer dizer o que pensa, claro, sem ser violento. Qual a diferença em dizer deficiente ou pessoa com deficiência, se a falta de respeito continua a mesma? O que importa o termo que somos chamados se nem nós somos prioridade dentro da vacinação, se está na Lei Brasileira de Inclusão? Então, as democracias liberais estão em xeque e não ha nada para colocar no lugar, porque todas falharam, todas só foram construídas em cima de opressão, seja lá qual for. E não se enganem, governos liberais matam na mesma proporção dos governos socialistas e fascistas, a única diferença é que tem um verniz de liberdade.

sexta-feira, 26 de março de 2021

#PCDVACINAJÁ – POR QUE EU VOU CAGAR NO MEU TITULO?

 


Harari no seu livro, 21 Lições Para o Século 21 – que eu comecei a ler a pouco tempo – no começo já solta uma bomba: a narrativa liberal não deu certo. Segundo ele, existiram 3 narrativas ao longo do século 20: fascista, comunista e liberal. Nos anos quarenta a narrativa fascista (autoritária) caiu por terra por motivos óbvios, pois eles detonaram vidas humanas por causa de um ideal velho, ideal que não cabia mais no mundo da época (como acontecia séculos atrás). Depois foi a vez da narrativa entre o comunismo (encabeçado pela URSS) e  o liberalismo (encabeçado pelos Estados Unidos da America), que teve fim no começo dos anos 90 com a queda da URSS. A questão é: o que restou?

 

A partir dos anos 90 se começa ter um discurso liberal – como se o liberalismo tivesse ganhado – e o começo da internet como centro financeiro e a derrocada do globalização. Não globalismo, isso é coisa de gente sem noção nenhuma de geopolítica. Mas, segundo Harari, até mesmo o liberalismo em si falhou e vimos em toda rede a derrocada de uma critica muito mais feroz. O liberalismo falhou porque não supriu as demandas que deveria ter suprido. Harari é mais pessimista, ele coloca em xeque a ditadura do algoritmo e como grandes corporações podem dominar o mundo. A meu ver, o anarquismo digital é inevitável e muito mais rentável, pois, quem precisa do ESTADO quando você pode escolher em que trabalhar e em que produzir conforme a demanda.

 

Para pessoas que estão acostumadas com o ESTADO, a não serventia dele nas demandas populacionais, vao gerar mais questionamento daquilo que se chama de liberdade. Temos liberdade? Temos as nossas demandas atendidas pelo ESTADO? Não. Pessoas com deficiência como eu, nem entraram nas prioridades da vacina. O STF (Supremo Tribunal Federal), que deveria cuidar da lei, rejeitou que tivéssemos prioridade. Talvez pensem  que não somos da cadeia produtiva, talvez pensem que será melhor morremos. Somos jogados, ainda, em abismos do esquecimento, onde não temos vez.

 

Por isso mesmo eu não gosto de políticos. Não gosto de burocratas. Não gosto do ESTADO como ele se apresenta. As democracias liberais estão morrendo por causa das corruptas resoluções, por causa que não existe liberdade total, porque não somos nada para eles.

 

Amauri Nolasco Sanches Junior

domingo, 21 de março de 2021

O BRASIL FRACASSOU

 



Li em algum lugar que a briga hoje não é mais entre direita ou esquerda, mas entre os fanáticos e não fanáticos. Ou seja, no meio de uma pandemia – que num pais como o nosso vira uma proporção muito maior – as pessoas querem ter razão sobre sua ideologia de estimação e sobre seu politico favorito. Nos primórdios do pensamento – que começa com Aristóteles – se dizia que tinha que haver ética pratica, que só no discurso era coisa de gente demagoga. Isso começa com Sócrates, o inventor do modo de, nós filósofos, filosofarmos no ocidente. Mas, a questão é, que os gregos tinham uma outra ideia de homem, pois, Aristóteles vai colocar o homem como um ser políte. Ou seja, pertencente a Pólis.

 

Depois, com os helênicos, o homem passa a ser kósmospolite, ou seja, não há mais nenhuma polis para o homem grego defender ou se preocupar. O homem passa a pertencer aos impérios macedônio e depois, ao romano. E os romanos colocam o homem como persona, que era o homem com direitos ate mesmo, depois da morte, onde seus bens poderiam ficar com herdeiros. Se dos gregos herdamos o pensamento filosóficos, dos romanos herdamos o direito como cidadão. Mas a nossa noção do homem interior (interiore homoni) vem do cristianismo através de Santo Agostinho, onde o homem só recebe a graça de Deus como seus atos. Se ser heroico para um grego e romano era uma virtude e não tinha uma escolha, para os cristãos, a noção de subjetividade é muito importante.

 

O brasil como um grande herdeiro da cultura greco-romana e também, por ter sido – muito vagabundamente – colonizado pelos portugueses, herdamos muita coisa do catolicismo. Todas as religiões acabam desembocando no catolicismo, seja na ideia de pecado (o carma espirita é uma prova disso, assim como a noção de humildade pela pobreza de alguns protestantes) seja na ideia de castigo divino. Mas uma coisa não temos, a ideia de subjetividade. É muito enraizado a noção de coletividade – principalmente, que é do interesse ou vai se obter alguma coisa – enquanto modo ideológico ou modo religioso. No fundo, o brasileiro é um povo muito mesquinho. Parece que ele sempre quer obter vantagem daquilo que ele não poderia obter, então, os políticos começam a não ser éticos.

 

Por que o Brasil fracassou? A muito tempo – quase 70 anos – o Brasil não teve nenhum investimento dentro da educação. Não se quis modernizar o nosso país – a elite brasileira sempre quis ganhar dinheiro explorando as crenças e a própria pobreza do Brasil e isso é uma visão até mesmo, pelos liberais sérios – porque assim, se tem mais dinheiro estrangeiros entrando aqui. Ninguém quer, verdadeiramente, conservar os índios ou tirar as pessoas das comunidades (que para mim continua sendo favelas). Ninguém quer defender negros os mulheres – claro que esses negros e essas mulheres tem que corresponder com o modo operandi da esquerda ciranda – mas sim, explorar o máximo a narrativa da opressão e do abandono. O povo ainda não entendeu uma coisa, não existe ideologias (nem esquerda e nem direita), existe apenas, aqueles que querem que o sistema fique assim.

 

Nossa elite mesmo – as famílias que a séculos dita as regras – eram apenas os cuidadores dos engenhos de açúcar que os grandes barões e nobres “falidos” portugueses tinham aqui. No fim, são ignorantes tanto quanto o próprio povo. E o que sobra? Quase nada. Temos uma esquerda burra que acha que o único problema da humanidade é uma luta de classe que nem existe, mesmo o porque, a questão de classe é uma questão de livre iniciativa de você sair de onde está e usar o sistema ao seu favor. Eu, como anarquista, sou contra o capitalismo brasileiro que está ai, mais não vou ser burro como o Daniel Fraga entre outros, que peita esse sistema e sim, usar seu próprio meio de ganhar dinheiro, gerando conhecimento. Ou seja, o modo socrático-jesuíta para instruir um máximo número de pessoas e destruindo a ignorância, você destroem por dentro. No outro lado, temos uma direita idiota que acha que o liberalismo é a solução e que existe a ideia metafisica, da meritocracia – seu equivalente na esquerda é o voluntarianismo socialista – onde quem tem mérito consegue vencer. Onde? Explica para um moleque pobre que ele tem que se esforçar para ser alguma coisa na vida, ou um pai de família que foi despedido por causa da desculpa da pandemia. Além que eles acham que empresários são todos honestos e se liberar tudo, vão seguir eticamente. A historia de corrupção nos mostrou que não é bem assim. 

 

Então o que fazer? A curto prazo é cuidar para não se destruir o pouco de decência e ética-moral que resta aqui. Mesmo o porque, eu não acredito em um “mal” como uma entidade e sim, como uma ignorância daquilo que não se sabe. A meu ver, não existe bem ou mal, existe a ignorância e o conhecimento. Então, para mim, o termo “cidadão de bem” é um termo vazio. Para um grego então, seria um termo desconhecido. Cidadão (políte) é um ser que procura a ética e segue a moral para o bem da cidade (polis), que na essência, já é uma obrigação em si. O “bem” deve ou deveria ser, uma procura quase metafisica da verdade, pois, o homem interior procura sua evolução e progresso até essa “verdade”. Isso só com o conhecimento pode acontecer e assim, só com uma educação mais eficiente poderíamos reverter isso.


Amauri Nolasco Sanches Jr 

terça-feira, 9 de março de 2021

O machismo evangélico e as mulheres com deficiência

 




<E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.>




Os mais radicais – aquelas que analisam de uma forma, completamente, ideológica – diz que o patriarcado (o machismo é uma ideia vitoriana) começa com essa passagem bíblica que eu coloquei. Mas eu tenho uma visão, bastante, diferente. Porque essa passagem é a consequência e não a causa de toda uma cultura, pois, a origem do patriarcado remontam um povo chamado “aryas” que vieram, como tudo indica, da Europa Central. Outros pesquisadores, dizem, que vieram da região do que se chama hoje de Irã e naquele tempo, entre Irã e Iraque, se tinha a Pérsia. O importante é salientar, que os aryas invadiram a região grega, indiana e do oriente médio e difundiu uma outra cultura, onde a mulher não era mais cultuada e as lideres perderam seu papel (muito embora, se vê no Ilíada de Homero, a submissão de Helena, mas é papo para outro texto), porque o homem deve ser o chefe, o homem deve tomar a decisão e ser o líder. Depois disso, não se foi o mesmo (embora os nórdicos tinham uma outra relação com suas mulheres, assim como, os espartanos). 

A questão vai muito a fundo. Mesmo o porquê, a questão de Deus é uma questão do qual deus tenha ganhado na batalha de deuses dos antigos hebreus, pois, muito antes do deus abraâmico (Iawé) ser proclamado como um deus único, haviam muitos deuses no pantalão hebraico. Mesmo a própria Bíblia, usa Elohim como Deus, mas Elohim é um termo para deuses , porque é no plural. Então, que deus mesmo está se referindo a Bíblia? O Deus desconhecido de todas as religiões do mundo. Deus não pode ser definido, mas o homem (como ser humano), presa de uma referência dentro de tudo para encaixar do que ele chama de realidade. Mas a questão é: o que é a realidade? Por que temos a vida e o porquê, temos a consciência dessa vida? Porque, de alguma forma, todos os livros sagrados tiveram uma história e foram escritos de forma alegórica, por causa de perseguições e tudo mais. Do mesmo modo, não há como saber (e não deveríamos discutir isso) se os fenômenos descritos na Bíblia são verdadeiros. E as escrituras sagradas – todas e de todos os tempos – não são livros de ciência, mas podemos colocar como uma metáfora científica. 

É claro que dentro desse versículo há uma questão machista e que impõem uma imagem de segregação e submissão da mulher, pois, nos estudos mais aprofundados, a primeira mulher de Adão, Lilith, era do mesmo pó que foi feito o homem. Mas, Lilith não aceitou muito bem a imposição do homem de ficar em cima dela na hora do sexo e foi embora. Casou com um demônio (alguns dizem Belzebu, outros dizem o próprio Lúcifer), mas, dai por diante, ela atormenta a humanidade por serem descendentes de Adão. Só que Deus viu que Adão ficou só e resolveu fazer a mulher dos “ossos e carne” de Adão e assim, ser um derivado dele. Adão vem de “adam” que é a terra vermelha e Eva vem de “havá” que é ser vivente, ou seja, o ser vivente que veio da terra vermelha. Como assim? Mas, a questão fica bem pior, porque a serpente convence Eva a comer o fruto do pecado. Mas, que pecado é esse? Se fosse o sexo, não se haveria descendentes – algumas seitas exotéricas defendem que existiam outros casais no Eden, mas Eva e Adão desconectaram com a parte divina que até, para ter filhos, se tinha que pedir permissão. 

Ora, enquanto a Lilith é a “vagabunda” que largou Adão e foi embora do Eden (dizem outras seitas que a serpente era ela), Eva é a traidora de Deus e ainda a sedutora que fez Adão comer o fruto do pecado. Ou seja, Adão foi uma vítima das duas, só que não. No caso da Lilith, ele poderia deixar ficar por cima, por que não? No caso da Eva ele poderia dizer não para ela, por que não? Só que isso ficou na psique humana muito forte pelo poder (porque o poder sempre usou a espiritualidade da escuridão usando o medo), e tanto é assim, que Maria Madalena era uma discípula de Jesus e Pedro começou a dizer que ela era prostituta. A imagem da mulher é de sedutora e faz o homem pecar e a culpa sempre não foi dele, ele é levado ao pecado. A igreja romana usou muito isso na idade média em diante – a religião islâmica faz de forma pior – de sempre controlar a sexualidade, por ser um concorrente direto. O ápice disso foi a era vitoriana. Mas, com a questão do luteranismo (Lutero) dele achar que não há interpretação na bíblia (com os neopentecostais e pentecostais isso ficou pior) e assim, só vale o que está escrito. E muito pior, os pentecostais e os neopentecostais, começaram a seguir muito mais o velho testamento. 

Daí, depois dessa viagem – necessária para entender – podemos dizer que, enquanto as pessoas com deficiência foram vistas pela igreja romana como incapazes e que não poderiam ter “alma” - graças a uma leitura errada platônica aristotélica – s protestantes achavam que eram demônios. A inquisição protestante foi muito pior que a da ICAR, pois colocou tudo que era diferente como algo do demônio. Não é a toa, que varias igrejas protestantes eram a favor do nazismo e no mundo inteiro, são a favor de governos fascistas ou ditatoriais (aqui apoiaram a intervenção de 64). O machismo impera lá dentro – existem relatos que muita gente mais velha seduz ou tenta seduzir meninas mais novas ou assediam meninas com deficiência – por causa dessa passagem que eu coloquei e que se colocam como cristãos. Jesus não era a favor disso. Jesus tinha sua mãe como seguidora, Maria Madalena (que os gnósticos colocam como esposa dele), tinha Marta e outras mulheres em sua volta. Além de ter salvado a mulher adultera do apedrejamento. Ora, os protestantes são mesmos cristãos ou são judeus? Deveriam tomar uma posição quanto a isso, porque o próprio Jesus disse, não podem seguir duas coisas ao mesmo tempo. 

Além do mais, há um preceito dentro do velho testamento que pessoas “defeituosas” não podem subir ao altar de Deus. Jesus fez os “defeituosos” andarem. Viram a diferença? Mas, muitas famílias seguem a risca e o povo lá dentro tem muito preconceito com as pessoas com deficiência e é muito pior quando é mulher. Mulher não tem sexualidade, mulher tem que se submeter ao homem e os irmãos têm que cuidar da honra, sendo, que a honra das irmãs dos outros eles não respeitam. Imaginem isso com uma mulher com deficiência? Onde se fazem o que querem, se ela se ofender eles viram a cara, se ela falar alguma coisa ela está errada, se ela transar ela é uma “vagabunda”. Fora que eles tem horror de estarem expostos para não estragar a sua imagem de “santos”. E muito mais, pois se a mulher com deficiência dizer não para a mãe – que muitas vezes faz chantagem emocional – ela é mal-agradecida, ela é culpada de todas as doenças e problemas que essa mãe tem. A mãe é a vítima e a mulher com deficiência que quer uma vida independente, é a culpada, é a rebelde. Do mesmo modo viam Lilith como uma “vagabunda” ou Eva como uma pecadora, pois, não se contesta sua mãe, porque se confunde contestar com veneração. 

Amauri Nolasco Sanches Júnior

domingo, 7 de março de 2021

Bolsodoria – por que não sou socialista?

 




Quero esclarecer que esse não é uma opinião ideológica – mesmo que meu blog é declaradamente, um blog anarko-resistência de todo sistema que está ai (já muito podre e velho) – mas é uma opinião daquilo que eu entendo como sociedade por viver nela 44 anos da minha vida. Aguentando rejeições. Preconceitos inúmeros (inclusive, na hora de namorar). E não podendo trabalhar porque nosso sistema capitalista, ainda, gira em torno de modo operante do começo do século 20 (anos 20), que tratavam trabalhadores braçais ou não, em máquinas e pagavam o que se achava. Ou seja, uma máquina deficiente é uma máquina com um menor salário porque trabalharão menos e consequentemente, produzirão menos. Mas será mesmo verdade? Será que produzimos menos? Pesquisas mostram que pessoas com deficiência produzem mais, porque querem mostrar que são capazes e que não são infantis como mostram a sociedade e, muitas vezes, a própria família. 

O que acontece é que temos um pensamento muito técnico e por termos esse tipo de pensamento dentro da nossa cultura – que veio da França e que se enraizou muito bem aqui – se erra em achar que indústrias um aglomerado de máquinas. Isso não procede. Mas um outro pensamento também é muito enraizado, de querer se ganhar muito rápido e não se querer investir. Alias, a cultura brasileira nunca foi construída em cima de investimentos ou planejamento, porque desde o começo, o Brasil era só uma terra de extração e não de colonização. Não se queria colonizar aqui. Acontece, que não tem jeito, o brasil tem que ser investido, enxugado, o Estado brasileiro é gordo, lento e ineficaz. Nesse conjunto, sempre os mesmos políticos vieram com um discurso de melhorar, investir em educação, investir na saúde e investir na acessibilidade. Então, veio governo de esquerda e não se fez nada quanto a isso e comecei a estudar mais a finco o que acontece com as ideologias. 

Data feita, assistindo ao documentário da Netflix, Cuba e o Cameraman (Cuba and the Cameraman), vi o que é o socialismo. Dai me veio duas questões: uma é o por que não sou socialista? E outra: cade as pessoas com deficiência de Cuba? A primeira questão tem a ver com a questão da liberdade, pois, sempre defendi a liberdade como essência do homem em ser o que ele é. Acho, seguramente, que um dos erros de Aristóteles é ter colocado o ser humano como um ser só racional. O “ser”, pelo menos a meu ver, tem a ver com uma totalidade de um objeto ou um individuo. Por exemplo, um SER humano não pode ser definido só como um ser racional, mas um SER que sente (sentimento), que é complexo e que tem o poder de escolher. Qual animal pode escolher qual atitude tomar ou qual objeto pode ser definido como importante? Então, esse SER é um conjunto que prefaz uma totalidade. Ora, um SER não pode ser definido como um simples objeto sem uma objetividade, sem uma definição dentro da realidade. Assim, o SER é muito mais do que um objeto, que pode ser definido por coisa. 

A liberdade pressupõem que tenha escolhas e temos escolhas porque temos vontades. Não porque eu estou vendo uma barra de chocolate porque vi uma propaganda, mas, porque experimentei achei gostoso e quero comer sempre que puder. O governo socialista tem o mesmo modo operante do cristianismo – que concordo plenamente com Nietzsche – ele educa ou tenta educar, o povo a não ser nada e querer muito pouco. Não se pode controlar a vontade, porque a vontade vai muito além do racional. O socialismo na sua mais tenra essência, coloca o ser humano como um ser racional e não um ser na sua totalidade. Ou seja, querem educar o ser humano em não desejar, mas ele deseja e almeja o conhecimento. Você engana bastante tempo uma sociedade, mas não vai enganar todo tempo. As necessidades chegam. O mercado negro começa a ser abastecido, porque existe uma demanda. O dinheiro não rende, então, não tem como ser reposto. As experiências socialistas vem mostrando que sem um provedor não ha uma sustentação dos programas sociais, quem nem o turismo, pode sustentar. A China, por exemplo, teve que abrir o mercado mesmo numa ditadura socialista. 

Isso remete em um outro ponto questionado: onde estão as pessoas com deficiências cubanas? Ora, sabemos muito bem que não há interesse nenhum em mostrar pessoas com deficiência num documentário como este – que, a meu ver, foi mais para mostrar o lado “humanista” do ditador Fidel Castro e assim, um documentário politico – que só mostrou pessoas da pobreza cubana, a utopia que não deu certo. Só encontrei alguma coisa, num video de um blog que mostrava crianças e jovens num programa sobre inclusão do Canal Brasil. Só que nas minhas pesquisas, deram que pessoas com deficiência são reabilitadas e socializadas. Mas, onde? Onde estão que eu não vi no documentário? Em instituições. As escolas regulares não tem pessoas com deficiência em seus quadros de alunos, não vi nenhuma nas escolas que o cameraman mostrou. Então, que inclusão o governo cubano promove? E as crianças com deficiências chinesas ou da antiga URSS? Não se sabe. Eram ou são, ditaduras que imponham modo de viver ou modo agir, isso é desumano. Como se diz, é o ódio do bem para promover uma igualdade – mesmo que de oportunidade – que obriga as pessoas a serem ou terem, o que não querem. 

Ou seja, as questões são muito mais complexas do que meras ideologias que só servem para escravizar o homem e suas escolhas. 





Amauri Nolasco Sanches Júnior

sexta-feira, 5 de março de 2021

#PCDVacinaJá – por que pessoas com deficiência não são vacinados?

 







Um amigo meu, escreveu no seu perfil do seu Facebook que está cansado de observar conselhos, que dizem defender as pessoas com deficiência, ineficazes e que com o tempo se enfraqueceram. Porque, mesmo que todo mundo sabe que na Lei Brasileira de Inclusão (LBI), esta que pessoas com deficiência é prioridade num caso de vacinação em massa, eles não se mexem. E complemento meu amigo, a questão das pessoas com deficiência, passa desapercebido da maioria. Os conselhos só servem para massa de manobra de uma esquerda atrasada no século dezenove, enquanto a direita usa esse mesmo conselho como bode expiatório para mostras as “cagadas” da alta cúpula petista. Mas vou mais longe ainda, pois, eu estava no conselho das pessoas com deficiência la nos anos 90, quando ainda o “partidão” sonhava em ser governo e o presidente desse mesmo conselho de São Paulo, usava o broche da estrela. Estrela essa que nos traiu em 2002, porque dizia que iriamos ter uma inclusão de verdade. Mentira. Empresas continuaram não contratar por causa da desculpa que não tinha gente qualificada. As ruas não tinham acesso nenhum. Não houve campanha nenhuma de conscientização das pessoas com deficiência. Continuamos, até hoje, depender de um salário-mínimo de uma previdência falida e ineficaz na sua incompetência. 

E os conselhos nisso tudo que vendiam a promessa de nos defender e eram órgãos (só se for parecido com o apêndice) que tinham o dever de levar nossas demandas para o poder publico? Nada. Diziam que não tinham poder nenhum e que não podiam interferir com tudo isso. Quem somos nós, afinal, para exigimos que conselhos municipais tenham eficácia? Eles entendem de inclusão. Dai temos que abrir um parênteses, pois, aparecem “paladinos da inclusão” que sabem o que é a essência da inclusão de verdade. Como filha de empresário do transporte do ABC, ex-BBB, ex-atleta olímpica e a lista é longa e o texto pode ficar chato. Estranhamente, eles sabem o que é ser pessoa com deficiência, nós que aguentamos a ineficácia do ESTADO brasileiro desde muito “titikinho”, não sabemos. Nós, muitas vezes, vimos nossas mães chorarem porque não podiam ver seu filho ter uma escola como todo mundo, ser aceito como todas as crianças, ser rejeitado e sabia que um dia iriamos nos apaixonar e iriamos sofrer (que é normal), mas a sociedade massacraria esse filho com deficiência. Ou seja, pouco importa para nós provar que mesmo numa cadeira de rodas vamos em baladas, vamos remar barquinhos ou podemos ser senadores da república, queremos uma porcaria de uma rampa na calçada para ir em todos os lugares. Ser deficiente com grana, você pode ir para lua. Mas, e o assalariado e o beneficiário? Pode ter um carro? Pode ter umas cadeiras de rodas bacanas? Claro que não. Mas eles vendem cadeiras de fabricantes, vendem uma imagem que não existe. Na filosofia isso se chama idealismo. 

Dai, misteriosamente, aparece a “paladina da inclusão” filiada num partido que tem muito em comum com a estrela. Aquela que não fez o que prometeu. Ainda, essa mesma paladina inventa que as pessoas com deficiência precisavam de uma secretaria e se começou ter secretarias de pessoas com deficiência em todo o Brasil. Para que? Encaminhar demandas para outras secretarias, coisas que deveriam ser feitas nos conselhos. Ou seja, criaram mais um elefante branco dentro do segmento. Do mesmo modo que inventaram o primeiro elefante branco lá nos anos 90, a Lei de Cotas de empresas que eram por causa de tetraplégicos e paraplégicos que tinham formação. E quem precisava se formar? Não era interessante fazer cotas em universidades e acessibilizar as escolas? Do mesmo modo, agora senadora da república, inventou em acessibilizar aeroportos, como se a maioria das pessoas com deficiência pudessem sair nas calçadas, pudessem ter transporte acessível, pudessem querer uma viagem com o salario que ganham dentro de uma empresa. Inventaram ter carros como se pessoas com deficiência, que nem tem dinheiro para ter e comprar uma cadeirinha sequer, pudessem dirigir. E foi se pulando etapas e aquela discussão lá traz não acabou, tem uma demanda enorme de pessoas que nunca estudaram, nunca saíram e querem trabalhar. 

Foram anos de intrigas pessoais, ideológicas e de cunho politico. Pessoas com deficiência serem explorada por instituições poderosas (hoje se estatizaram), famílias que usam para criar imagens de coitados, de mães que se acham especiais. Coisas que enfraqueceram a luta e a imagem de uma militância fraca, que quem não contrata não tem nenhuma punição, porque o segmento não tem mais voz. Perdeu a seriedade. Perdeu o momento de fazer diferente. É o menor segmento. É o pequeno mundo de bob daqueles que querem subir. Por quê? As pessoas com deficiência não se informam, só querem saber de brincadeiras e papos nada a ver. Só querem saber de sexo. Só querem saber de futilidades. E cada vez mais, a militância luta por causas que não interessam a uma grande maioria das pessoas. Daí fica nisso, uma “punhetação” que não vai para nenhum lugar. 

E agora? Vendo que nós vamos ser os últimos a serem vacinados? O que os conselhos fazem? Nada. Não tem poder nenhum para fazerem nada. E enquanto isso, pessoas morrem sufocadas, morrem nas ruas, mulheres com deficiência continuam serem presas ou estupradas, pessoas continuam não sendo contratadas. E ai? Cadê a promessa de conselhos que iriam nos defender ou secretarias que iriam recolher as demandas? Nada. Um silêncio ensurdecedor. 


quarta-feira, 3 de março de 2021

Um cadeirante critico (um escrito estoico)

 




No Manual de Epicteto (que foi escrito por seu aluno Arriano) está assim: 

<Quando qualquer pessoa te tratar mal ou falar mal de você, lembre-se de que ela faz isso ou diz isso porque acha que é um dever agir assim. Não é possível para ela seguir ou crer naquilo que parece certo para você. Deste modo, ela acredita naquilo que parece certo para ela. Consequentemente, se ela está errada em sua opinião, ela é a pessoa que está magoada, pois ela é a pessoa que viveu enganada. Com efeito, se alguém supuser falsa uma proposição conjuntiva verdadeira, não é a proposição conjuntiva que sofre o dano, mas quem se engana. Se você partir desta visão, terá um temperamento brando para com aqueles que o caluniam. Diga em cada uma destas ocasiões: “Se assim lhe parece...”> 

Gozado que sempre achei isso. As pessoas sempre me julgaram por eu pensar diferente e por eu não ir com a manada e Epicteto – através do seu aluno Arriano – está certo, todas as pessoas que te julgam acham certo fazer isso. Pois, de alguma maneira, ela não acredita no que você acredita e isso não está ao seu controle. E não tem o menor problema, porque é uma pessoa que deve ter uma mágoa muito grande, porque sempre viveu enganada dessa imagem. Ora, se alguém acha que minha sinceridade é tóxica, que eu não devo falar o que eu penso, tudo bem. Isso não quer dizer que não vou dar minha opinião. Principalmente, se essa opinião tem a ver com coisas antiéticas ou repreensões familiares, porque sempre fui criado dentro da liberdade e não dentro de tradições hipócritas. Meu pai e minha mãe me ensinaram que o que eu faço tem consequências, então, nunca ficaram no meu pé por causa de qualquer coisa que eu quisesse fazer. Mas, e as pessoas que acham que sou tóxico, será que elas tem a mesma liberdade de vestir aquilo que quer, acreditar aquilo que quiser ou ter aquilo que se quer? 

Eu fiquei triste com o afastamento dessas pessoas? Claro que sim. Pois, o problema todo poderia ter se encerrado com um NÃO dessa pessoa as chantagens emocionais da própria mãe, mas ela preferiu aderir e eu me recusei. O fato de depois terem me chamado de tóxico, não me fazem tóxico, porque eu não sou tóxico. Sou a favor das liberdades, da pessoa usar as roupas que quiser, de ir onde quiser, de fazer o que quiser. Nem mesmo eu pedia benção para minha mãe, pois ela nos ensinou que acima de tudo, o importante era o respeito que tínhamos. Então, se eu não tinha que me submeter a minha mãe (que faleceu dizendo para me cuidar), por que raios eu iria me submeter a mãe da pessoa? E sou assim em tudo na minha vida e aprendi dentro da filosofia a não me importar com aquilo que não me diz respeito, mas aquilo que eu posso mudar, minhas atitudes. 

Por isso mesmo, devemos preferir uma verdadeira tristeza do que uma falsa felicidade, pois, uma falsa felicidade vai te alegrar naquele momento, uma tristeza verdadeira vai te fortalecer. Afinal, Nietzsche deu a fórmula, porque o que não nos mata, nos fortalece. Ou seja, quando estamos felizes, nós não aprendemos com aquilo por mais que tentamos, mas quando estamos tristes ou nos achamos injustiçados, sempre nos esforçamos para entender. Mas, Nietzsche volta e diz, que não podemos olhar muito para o abismo, porque o abismo olha para você. Mas, afinal, o que é o abismo que ele está dizendo? Muitas pessoas acham, hoje em dia, que os problemas se resolvem somente bloqueando a pessoa, mas é muito fácil ter em nossa volta, quem concorda com você. E quem não concorda? E quem disse aquilo que não nos agradou? Por muito tempo eu ficava estressado com as críticas, hoje em dia não. Porque aprendi o que Epicteto disse, é uma crença dela aquilo e é o que ela apenas acha, resta nós nos conhecemos o bastante para saber que não importa. 

Dai vem a questão: como ser um cadeirante critico num mundo onde as pessoas aceitam as coisas tão facilmente? Como fugir de uma cultura que te exclui? Do mesmo modo do que ser chamado de tóxico, vocês acham que sou incapaz, é o que lhe parece.


Amauri Nolasco Sanches Jr