domingo, 7 de março de 2021

Bolsodoria – por que não sou socialista?

 




Quero esclarecer que esse não é uma opinião ideológica – mesmo que meu blog é declaradamente, um blog anarko-resistência de todo sistema que está ai (já muito podre e velho) – mas é uma opinião daquilo que eu entendo como sociedade por viver nela 44 anos da minha vida. Aguentando rejeições. Preconceitos inúmeros (inclusive, na hora de namorar). E não podendo trabalhar porque nosso sistema capitalista, ainda, gira em torno de modo operante do começo do século 20 (anos 20), que tratavam trabalhadores braçais ou não, em máquinas e pagavam o que se achava. Ou seja, uma máquina deficiente é uma máquina com um menor salário porque trabalharão menos e consequentemente, produzirão menos. Mas será mesmo verdade? Será que produzimos menos? Pesquisas mostram que pessoas com deficiência produzem mais, porque querem mostrar que são capazes e que não são infantis como mostram a sociedade e, muitas vezes, a própria família. 

O que acontece é que temos um pensamento muito técnico e por termos esse tipo de pensamento dentro da nossa cultura – que veio da França e que se enraizou muito bem aqui – se erra em achar que indústrias um aglomerado de máquinas. Isso não procede. Mas um outro pensamento também é muito enraizado, de querer se ganhar muito rápido e não se querer investir. Alias, a cultura brasileira nunca foi construída em cima de investimentos ou planejamento, porque desde o começo, o Brasil era só uma terra de extração e não de colonização. Não se queria colonizar aqui. Acontece, que não tem jeito, o brasil tem que ser investido, enxugado, o Estado brasileiro é gordo, lento e ineficaz. Nesse conjunto, sempre os mesmos políticos vieram com um discurso de melhorar, investir em educação, investir na saúde e investir na acessibilidade. Então, veio governo de esquerda e não se fez nada quanto a isso e comecei a estudar mais a finco o que acontece com as ideologias. 

Data feita, assistindo ao documentário da Netflix, Cuba e o Cameraman (Cuba and the Cameraman), vi o que é o socialismo. Dai me veio duas questões: uma é o por que não sou socialista? E outra: cade as pessoas com deficiência de Cuba? A primeira questão tem a ver com a questão da liberdade, pois, sempre defendi a liberdade como essência do homem em ser o que ele é. Acho, seguramente, que um dos erros de Aristóteles é ter colocado o ser humano como um ser só racional. O “ser”, pelo menos a meu ver, tem a ver com uma totalidade de um objeto ou um individuo. Por exemplo, um SER humano não pode ser definido só como um ser racional, mas um SER que sente (sentimento), que é complexo e que tem o poder de escolher. Qual animal pode escolher qual atitude tomar ou qual objeto pode ser definido como importante? Então, esse SER é um conjunto que prefaz uma totalidade. Ora, um SER não pode ser definido como um simples objeto sem uma objetividade, sem uma definição dentro da realidade. Assim, o SER é muito mais do que um objeto, que pode ser definido por coisa. 

A liberdade pressupõem que tenha escolhas e temos escolhas porque temos vontades. Não porque eu estou vendo uma barra de chocolate porque vi uma propaganda, mas, porque experimentei achei gostoso e quero comer sempre que puder. O governo socialista tem o mesmo modo operante do cristianismo – que concordo plenamente com Nietzsche – ele educa ou tenta educar, o povo a não ser nada e querer muito pouco. Não se pode controlar a vontade, porque a vontade vai muito além do racional. O socialismo na sua mais tenra essência, coloca o ser humano como um ser racional e não um ser na sua totalidade. Ou seja, querem educar o ser humano em não desejar, mas ele deseja e almeja o conhecimento. Você engana bastante tempo uma sociedade, mas não vai enganar todo tempo. As necessidades chegam. O mercado negro começa a ser abastecido, porque existe uma demanda. O dinheiro não rende, então, não tem como ser reposto. As experiências socialistas vem mostrando que sem um provedor não ha uma sustentação dos programas sociais, quem nem o turismo, pode sustentar. A China, por exemplo, teve que abrir o mercado mesmo numa ditadura socialista. 

Isso remete em um outro ponto questionado: onde estão as pessoas com deficiências cubanas? Ora, sabemos muito bem que não há interesse nenhum em mostrar pessoas com deficiência num documentário como este – que, a meu ver, foi mais para mostrar o lado “humanista” do ditador Fidel Castro e assim, um documentário politico – que só mostrou pessoas da pobreza cubana, a utopia que não deu certo. Só encontrei alguma coisa, num video de um blog que mostrava crianças e jovens num programa sobre inclusão do Canal Brasil. Só que nas minhas pesquisas, deram que pessoas com deficiência são reabilitadas e socializadas. Mas, onde? Onde estão que eu não vi no documentário? Em instituições. As escolas regulares não tem pessoas com deficiência em seus quadros de alunos, não vi nenhuma nas escolas que o cameraman mostrou. Então, que inclusão o governo cubano promove? E as crianças com deficiências chinesas ou da antiga URSS? Não se sabe. Eram ou são, ditaduras que imponham modo de viver ou modo agir, isso é desumano. Como se diz, é o ódio do bem para promover uma igualdade – mesmo que de oportunidade – que obriga as pessoas a serem ou terem, o que não querem. 

Ou seja, as questões são muito mais complexas do que meras ideologias que só servem para escravizar o homem e suas escolhas. 





Amauri Nolasco Sanches Júnior

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