sexta-feira, 5 de março de 2021

#PCDVacinaJá – por que pessoas com deficiência não são vacinados?

 







Um amigo meu, escreveu no seu perfil do seu Facebook que está cansado de observar conselhos, que dizem defender as pessoas com deficiência, ineficazes e que com o tempo se enfraqueceram. Porque, mesmo que todo mundo sabe que na Lei Brasileira de Inclusão (LBI), esta que pessoas com deficiência é prioridade num caso de vacinação em massa, eles não se mexem. E complemento meu amigo, a questão das pessoas com deficiência, passa desapercebido da maioria. Os conselhos só servem para massa de manobra de uma esquerda atrasada no século dezenove, enquanto a direita usa esse mesmo conselho como bode expiatório para mostras as “cagadas” da alta cúpula petista. Mas vou mais longe ainda, pois, eu estava no conselho das pessoas com deficiência la nos anos 90, quando ainda o “partidão” sonhava em ser governo e o presidente desse mesmo conselho de São Paulo, usava o broche da estrela. Estrela essa que nos traiu em 2002, porque dizia que iriamos ter uma inclusão de verdade. Mentira. Empresas continuaram não contratar por causa da desculpa que não tinha gente qualificada. As ruas não tinham acesso nenhum. Não houve campanha nenhuma de conscientização das pessoas com deficiência. Continuamos, até hoje, depender de um salário-mínimo de uma previdência falida e ineficaz na sua incompetência. 

E os conselhos nisso tudo que vendiam a promessa de nos defender e eram órgãos (só se for parecido com o apêndice) que tinham o dever de levar nossas demandas para o poder publico? Nada. Diziam que não tinham poder nenhum e que não podiam interferir com tudo isso. Quem somos nós, afinal, para exigimos que conselhos municipais tenham eficácia? Eles entendem de inclusão. Dai temos que abrir um parênteses, pois, aparecem “paladinos da inclusão” que sabem o que é a essência da inclusão de verdade. Como filha de empresário do transporte do ABC, ex-BBB, ex-atleta olímpica e a lista é longa e o texto pode ficar chato. Estranhamente, eles sabem o que é ser pessoa com deficiência, nós que aguentamos a ineficácia do ESTADO brasileiro desde muito “titikinho”, não sabemos. Nós, muitas vezes, vimos nossas mães chorarem porque não podiam ver seu filho ter uma escola como todo mundo, ser aceito como todas as crianças, ser rejeitado e sabia que um dia iriamos nos apaixonar e iriamos sofrer (que é normal), mas a sociedade massacraria esse filho com deficiência. Ou seja, pouco importa para nós provar que mesmo numa cadeira de rodas vamos em baladas, vamos remar barquinhos ou podemos ser senadores da república, queremos uma porcaria de uma rampa na calçada para ir em todos os lugares. Ser deficiente com grana, você pode ir para lua. Mas, e o assalariado e o beneficiário? Pode ter um carro? Pode ter umas cadeiras de rodas bacanas? Claro que não. Mas eles vendem cadeiras de fabricantes, vendem uma imagem que não existe. Na filosofia isso se chama idealismo. 

Dai, misteriosamente, aparece a “paladina da inclusão” filiada num partido que tem muito em comum com a estrela. Aquela que não fez o que prometeu. Ainda, essa mesma paladina inventa que as pessoas com deficiência precisavam de uma secretaria e se começou ter secretarias de pessoas com deficiência em todo o Brasil. Para que? Encaminhar demandas para outras secretarias, coisas que deveriam ser feitas nos conselhos. Ou seja, criaram mais um elefante branco dentro do segmento. Do mesmo modo que inventaram o primeiro elefante branco lá nos anos 90, a Lei de Cotas de empresas que eram por causa de tetraplégicos e paraplégicos que tinham formação. E quem precisava se formar? Não era interessante fazer cotas em universidades e acessibilizar as escolas? Do mesmo modo, agora senadora da república, inventou em acessibilizar aeroportos, como se a maioria das pessoas com deficiência pudessem sair nas calçadas, pudessem ter transporte acessível, pudessem querer uma viagem com o salario que ganham dentro de uma empresa. Inventaram ter carros como se pessoas com deficiência, que nem tem dinheiro para ter e comprar uma cadeirinha sequer, pudessem dirigir. E foi se pulando etapas e aquela discussão lá traz não acabou, tem uma demanda enorme de pessoas que nunca estudaram, nunca saíram e querem trabalhar. 

Foram anos de intrigas pessoais, ideológicas e de cunho politico. Pessoas com deficiência serem explorada por instituições poderosas (hoje se estatizaram), famílias que usam para criar imagens de coitados, de mães que se acham especiais. Coisas que enfraqueceram a luta e a imagem de uma militância fraca, que quem não contrata não tem nenhuma punição, porque o segmento não tem mais voz. Perdeu a seriedade. Perdeu o momento de fazer diferente. É o menor segmento. É o pequeno mundo de bob daqueles que querem subir. Por quê? As pessoas com deficiência não se informam, só querem saber de brincadeiras e papos nada a ver. Só querem saber de sexo. Só querem saber de futilidades. E cada vez mais, a militância luta por causas que não interessam a uma grande maioria das pessoas. Daí fica nisso, uma “punhetação” que não vai para nenhum lugar. 

E agora? Vendo que nós vamos ser os últimos a serem vacinados? O que os conselhos fazem? Nada. Não tem poder nenhum para fazerem nada. E enquanto isso, pessoas morrem sufocadas, morrem nas ruas, mulheres com deficiência continuam serem presas ou estupradas, pessoas continuam não sendo contratadas. E ai? Cadê a promessa de conselhos que iriam nos defender ou secretarias que iriam recolher as demandas? Nada. Um silêncio ensurdecedor. 


4 comentários:

  1. gostei do seu texto. Na verdade se houvesse uma uniao seria mais facil lutar.Eu lutei sozinha por 4 anos para que meu filho tivesse seus direitos preservados dentro da escola. Foi dificil, sozinha nao tem voz...mas nao desisti. Briguei, corri atras ,movi mundos e fundos
    Uma pequena vitoria diante de tantos desafios...ouvi muitos NAOS bem grandes e redondos, mas fui em frente.Na maioria, algumas maes , estao cansadas, outras descrentes, outras desistiram e mais algumas acreditam que as coisas tem que cair do ceu.NADA se conquista sem luta e o que vem sem nao tem valor...

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  2. Parabéns Amaury pelo desabafo .... parece que voçê estava lendo a minha mente e utilizou as palavras que eu utilizaria . Sou tetraplégico e vejo minha família se desesperar querendo preservar a minha integridade e rezando para eu conseguir URGENTIMENTE a vacina. Desespero e preocupação para não precisar me internar e consequentemente morrer .É regra,NÃO, mas a probabilidade é imensa ,pois só tenho 49% / 50% de capacidade pulmonar e utilizo ventilação mecánica .temos que reinvidicar mesmo , pois é a nossa vida que esta em jogo .

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    1. Exatamente Vandré, nossa vida que está sempre em jogo...obrigado pelo seu depoimento

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