Li em algum lugar que a
briga hoje não é mais entre direita ou esquerda, mas entre os fanáticos e não
fanáticos. Ou seja, no meio de uma pandemia – que num pais como o nosso vira
uma proporção muito maior – as pessoas querem ter razão sobre sua ideologia de
estimação e sobre seu politico favorito. Nos primórdios do pensamento – que
começa com Aristóteles – se dizia que tinha que haver ética pratica, que só no
discurso era coisa de gente demagoga. Isso começa com Sócrates, o inventor do
modo de, nós filósofos, filosofarmos no ocidente. Mas, a questão é, que os gregos
tinham uma outra ideia de homem, pois, Aristóteles vai colocar o homem como um
ser políte. Ou seja, pertencente a Pólis.
Depois, com os helênicos, o
homem passa a ser kósmospolite, ou seja, não há mais nenhuma polis para o homem
grego defender ou se preocupar. O homem passa a pertencer aos impérios
macedônio e depois, ao romano. E os romanos colocam o homem como persona, que
era o homem com direitos ate mesmo, depois da morte, onde seus bens poderiam
ficar com herdeiros. Se dos gregos herdamos o pensamento filosóficos, dos
romanos herdamos o direito como cidadão. Mas a nossa noção do homem interior
(interiore homoni) vem do cristianismo através de Santo Agostinho, onde o homem
só recebe a graça de Deus como seus atos. Se ser heroico para um grego e romano
era uma virtude e não tinha uma escolha, para os cristãos, a noção de
subjetividade é muito importante.
O brasil como um grande
herdeiro da cultura greco-romana e também, por ter sido – muito vagabundamente
– colonizado pelos portugueses, herdamos muita coisa do catolicismo. Todas as
religiões acabam desembocando no catolicismo, seja na ideia de pecado (o carma
espirita é uma prova disso, assim como a noção de humildade pela pobreza de
alguns protestantes) seja na ideia de castigo divino. Mas uma coisa não temos,
a ideia de subjetividade. É muito enraizado a noção de coletividade –
principalmente, que é do interesse ou vai se obter alguma coisa – enquanto modo
ideológico ou modo religioso. No fundo, o brasileiro é um povo muito mesquinho.
Parece que ele sempre quer obter vantagem daquilo que ele não poderia obter,
então, os políticos começam a não ser éticos.
Por que o Brasil fracassou?
A muito tempo – quase 70 anos – o Brasil não teve nenhum investimento dentro da
educação. Não se quis modernizar o nosso país – a elite brasileira sempre quis
ganhar dinheiro explorando as crenças e a própria pobreza do Brasil e isso é
uma visão até mesmo, pelos liberais sérios – porque assim, se tem mais dinheiro estrangeiros
entrando aqui. Ninguém quer, verdadeiramente, conservar os índios ou tirar as
pessoas das comunidades (que para mim continua sendo favelas). Ninguém quer
defender negros os mulheres – claro que esses negros e essas mulheres tem que
corresponder com o modo operandi da esquerda ciranda – mas sim, explorar o
máximo a narrativa da opressão e do abandono. O povo ainda não entendeu uma
coisa, não existe ideologias (nem esquerda e nem direita), existe apenas,
aqueles que querem que o sistema fique assim.
Nossa elite mesmo – as
famílias que a séculos dita as regras – eram apenas os cuidadores dos engenhos
de açúcar que os grandes barões e nobres “falidos” portugueses tinham aqui. No
fim, são ignorantes tanto quanto o próprio povo. E o que sobra? Quase nada. Temos
uma esquerda burra que acha que o único problema da humanidade é uma luta de
classe que nem existe, mesmo o porque, a questão de classe é uma questão de
livre iniciativa de você sair de onde está e usar o sistema ao seu favor. Eu,
como anarquista, sou contra o capitalismo brasileiro que está ai, mais não vou
ser burro como o Daniel Fraga entre outros, que peita esse sistema e sim, usar
seu próprio meio de ganhar dinheiro, gerando conhecimento. Ou seja, o modo
socrático-jesuíta para instruir um máximo número de pessoas e destruindo a
ignorância, você destroem por dentro. No outro lado, temos uma direita idiota
que acha que o liberalismo é a solução e que existe a ideia metafisica, da
meritocracia – seu equivalente na esquerda é o voluntarianismo socialista –
onde quem tem mérito consegue vencer. Onde? Explica para um moleque pobre que
ele tem que se esforçar para ser alguma coisa na vida, ou um pai de família que
foi despedido por causa da desculpa da pandemia. Além que eles acham que
empresários são todos honestos e se liberar tudo, vão seguir eticamente. A
historia de corrupção nos mostrou que não é bem assim.
Então o que fazer? A curto
prazo é cuidar para não se destruir o pouco de decência e ética-moral que resta
aqui. Mesmo o porque, eu não acredito em um “mal” como uma entidade e sim, como
uma ignorância daquilo que não se sabe. A meu ver, não existe bem ou mal,
existe a ignorância e o conhecimento. Então, para mim, o termo “cidadão de bem”
é um termo vazio. Para um grego então, seria um termo desconhecido. Cidadão (políte)
é um ser que procura a ética e segue a moral para o bem da cidade (polis), que
na essência, já é uma obrigação em si. O “bem” deve ou deveria ser, uma procura
quase metafisica da verdade, pois, o homem interior procura sua evolução e
progresso até essa “verdade”. Isso só com o conhecimento pode acontecer e
assim, só com uma educação mais eficiente poderíamos reverter isso.
Amauri Nolasco Sanches Jr
Nenhum comentário:
Postar um comentário