domingo, 21 de março de 2021

O BRASIL FRACASSOU

 



Li em algum lugar que a briga hoje não é mais entre direita ou esquerda, mas entre os fanáticos e não fanáticos. Ou seja, no meio de uma pandemia – que num pais como o nosso vira uma proporção muito maior – as pessoas querem ter razão sobre sua ideologia de estimação e sobre seu politico favorito. Nos primórdios do pensamento – que começa com Aristóteles – se dizia que tinha que haver ética pratica, que só no discurso era coisa de gente demagoga. Isso começa com Sócrates, o inventor do modo de, nós filósofos, filosofarmos no ocidente. Mas, a questão é, que os gregos tinham uma outra ideia de homem, pois, Aristóteles vai colocar o homem como um ser políte. Ou seja, pertencente a Pólis.

 

Depois, com os helênicos, o homem passa a ser kósmospolite, ou seja, não há mais nenhuma polis para o homem grego defender ou se preocupar. O homem passa a pertencer aos impérios macedônio e depois, ao romano. E os romanos colocam o homem como persona, que era o homem com direitos ate mesmo, depois da morte, onde seus bens poderiam ficar com herdeiros. Se dos gregos herdamos o pensamento filosóficos, dos romanos herdamos o direito como cidadão. Mas a nossa noção do homem interior (interiore homoni) vem do cristianismo através de Santo Agostinho, onde o homem só recebe a graça de Deus como seus atos. Se ser heroico para um grego e romano era uma virtude e não tinha uma escolha, para os cristãos, a noção de subjetividade é muito importante.

 

O brasil como um grande herdeiro da cultura greco-romana e também, por ter sido – muito vagabundamente – colonizado pelos portugueses, herdamos muita coisa do catolicismo. Todas as religiões acabam desembocando no catolicismo, seja na ideia de pecado (o carma espirita é uma prova disso, assim como a noção de humildade pela pobreza de alguns protestantes) seja na ideia de castigo divino. Mas uma coisa não temos, a ideia de subjetividade. É muito enraizado a noção de coletividade – principalmente, que é do interesse ou vai se obter alguma coisa – enquanto modo ideológico ou modo religioso. No fundo, o brasileiro é um povo muito mesquinho. Parece que ele sempre quer obter vantagem daquilo que ele não poderia obter, então, os políticos começam a não ser éticos.

 

Por que o Brasil fracassou? A muito tempo – quase 70 anos – o Brasil não teve nenhum investimento dentro da educação. Não se quis modernizar o nosso país – a elite brasileira sempre quis ganhar dinheiro explorando as crenças e a própria pobreza do Brasil e isso é uma visão até mesmo, pelos liberais sérios – porque assim, se tem mais dinheiro estrangeiros entrando aqui. Ninguém quer, verdadeiramente, conservar os índios ou tirar as pessoas das comunidades (que para mim continua sendo favelas). Ninguém quer defender negros os mulheres – claro que esses negros e essas mulheres tem que corresponder com o modo operandi da esquerda ciranda – mas sim, explorar o máximo a narrativa da opressão e do abandono. O povo ainda não entendeu uma coisa, não existe ideologias (nem esquerda e nem direita), existe apenas, aqueles que querem que o sistema fique assim.

 

Nossa elite mesmo – as famílias que a séculos dita as regras – eram apenas os cuidadores dos engenhos de açúcar que os grandes barões e nobres “falidos” portugueses tinham aqui. No fim, são ignorantes tanto quanto o próprio povo. E o que sobra? Quase nada. Temos uma esquerda burra que acha que o único problema da humanidade é uma luta de classe que nem existe, mesmo o porque, a questão de classe é uma questão de livre iniciativa de você sair de onde está e usar o sistema ao seu favor. Eu, como anarquista, sou contra o capitalismo brasileiro que está ai, mais não vou ser burro como o Daniel Fraga entre outros, que peita esse sistema e sim, usar seu próprio meio de ganhar dinheiro, gerando conhecimento. Ou seja, o modo socrático-jesuíta para instruir um máximo número de pessoas e destruindo a ignorância, você destroem por dentro. No outro lado, temos uma direita idiota que acha que o liberalismo é a solução e que existe a ideia metafisica, da meritocracia – seu equivalente na esquerda é o voluntarianismo socialista – onde quem tem mérito consegue vencer. Onde? Explica para um moleque pobre que ele tem que se esforçar para ser alguma coisa na vida, ou um pai de família que foi despedido por causa da desculpa da pandemia. Além que eles acham que empresários são todos honestos e se liberar tudo, vão seguir eticamente. A historia de corrupção nos mostrou que não é bem assim. 

 

Então o que fazer? A curto prazo é cuidar para não se destruir o pouco de decência e ética-moral que resta aqui. Mesmo o porque, eu não acredito em um “mal” como uma entidade e sim, como uma ignorância daquilo que não se sabe. A meu ver, não existe bem ou mal, existe a ignorância e o conhecimento. Então, para mim, o termo “cidadão de bem” é um termo vazio. Para um grego então, seria um termo desconhecido. Cidadão (políte) é um ser que procura a ética e segue a moral para o bem da cidade (polis), que na essência, já é uma obrigação em si. O “bem” deve ou deveria ser, uma procura quase metafisica da verdade, pois, o homem interior procura sua evolução e progresso até essa “verdade”. Isso só com o conhecimento pode acontecer e assim, só com uma educação mais eficiente poderíamos reverter isso.


Amauri Nolasco Sanches Jr 

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