terça-feira, 30 de março de 2021

Por que eu não gosto de políticos?

 







O Brasil progride à noite, enquanto os políticos estão dormindo.

Elias Murad







Eu gosto de falar de politica, mas não gosto de politico. Aliás, colocando nesse “combo”, eu também não gosto dos burocratas. Políticos são aqueles que vendem planos que não serão executados, na sua maioria. Burocratas são técnicos que não sabem nem abrir uma latinha de refrigerante, não sabem o que o povo necessita e não sabem nada além daquilo que está em cima das suas mesas. Políticos precisam de burocratas e burocratas precisam de políticos. Nesses meus 45 amos de idade e com uma deficiência, aprendi que o discurso é igual, as maneiras de se comunicar são iguais e tudo que um politico quer é seu voto. Só isso. Pouco importa se é de esquerda ou direita – que só são agendas partidárias – e sim, aquilo que o burocrata vai dizer para ele fazer, porque ele está amarrado dentro da burocracia. Quando se tem uma deficiência, se aprende muito cedo – e quem adquiriu percebe depois – que há uma parcele da população invisível e que não ouvem nem quando o discurso é coerente. Políticos acham que não votamos, acham que não trabalhamos e acham que não temos o direito (deveres também, mas discutiremos depois) de sermos felizes. Amamos e desejamos como todo mundo. 

Sendo mais um da grande parcela da população invisível, aprendi que não somos nada dentro de qualquer ideologia. O que falam os socialistas sobre pessoas com alguma deficiência? O que falam os liberais sobre as pessoas com deficiência? Igualdade de oportunidade? Ou meritocracia? Os conservadores nem sabem que existimos. Mas, pelo que eu sei, socialistas internam pessoas com deficiência em clinicas para terem tratamento e não saem nas ruas (será que rampas são coisas de burguês?). Enquanto o liberalismo quer sempre a formula mais barata e assim, não se precisa de adaptações ou demandas de pessoas com deficiência no trabalho, mas, clinicas de aborto (isso, talvez, seja usado também no socialismo), clinicas particulares de internação. Então, qual ideologia as pessoas com deficiência deve seguir? Em 2011 minha ex-noiva, cadeirante e com paralisia cerebral, foi assediada por um motorista num serviço de vans porta-a-porta aqui em São Paulo, na gestão Serra-Kassab. Em 2015, o motorista desse mesmo serviço, deixou ela numa garoa – depois ela ficou com asma e não foi a mesma – e quebrou a minha cadeira de rodas. Escrevi um relatório (está até hoje no blog do meu movimento) e não recuaram, o prefeito era o Fernando Haddad. Isso mostra como as coisas são quando falamos de deficiência, não existe ideologia. 

Claro, existem outros milhares de exemplos, mas quis trazer dois exemplos de ideologias diferentes, para mostrar o quanto as coisas não são tão simples como direita ou esquerda. Mas por que o ser humano tem a necessidade de seguir um líder? Porque não se sabe quem é, porque começaram a dizer que o ser humano é uma construção, mas a racionalidade mostra que há sim uma construção, por outro lado, o sentimento diz o contrário. Você sente o que você é. Ou seja, não ha nenhuma construção sentimental do ser humano, pois ele é o que é. Você pode mudar ações violentas? Ações violentas são feitas dentro da racionalidade, sentimentalmente, somos seres que tendemos entender o outro. Algumas coisas são sim construções sociais – como as ações violentas que são fruto da moral de achar aquilo justo ou injusto – mas, muita coisa são apenas reflexos de exemplos e valores passados. Por isso mesmo, eu não acredito em pessoas tóxicas. Pessoas tóxicas são construídas porque tiveram uma educação para serem e você só educa o “racio” e não o sentimento, dai vem o preconceito. E ai que está, pois, o discurso do líder populista, pega no sentimento. Ele não pega na racionalidade. Por isso mesmos psicopatas são racionais, porque atos violentos, na maioria das vezes, são racionais. Se deve ter um equilíbrio ai. 

Na verdade, nosso mundo se tornou um mundo niilista. Mas não é o niilismo do senso comum de não acreditar em nada, mas o niilismo de Nietzsche em não acreditar na vida e da força geradora dela. Quando você renega a sua liberdade para um outro te guiar, você está renegando a si mesmo, ou seja, a força geradora daquilo que você é: a vida. Por isso mesmo, a vontade da potência é antifascista – alias, Nietzsche deveria odiar que sua filosofia foi parar na mão de Hitler – ou anticomunista, ou anti qualquer coisa que tenha algum poder. Mas, tem um perigo: essa entrega ao que move a vida não pode ser entregue as pessoas que não tem total entendimento com a vida, com aquilo que importa. Mesmo o porque, se não se tem uma educação dentro da liberdade ou do respeito, o sonho de quem é reprimido dentro da sociedade é reprimir. Longe de ser comunista, eu concordo com Paulo Freire. Pois, ter respeito e hierarquia não é o mesmo de reprimir. Claro, que o brasileiro é de 8 a 80, ou espanca o filho até morrer, ou deixa o filho fazer o que quiser. Não. Uma boa educação é dar o exemplo do respeito ao outro, amar o destino (amor fati) e amando o destino, você aceite e talvez até supere coisas na sua vida. 

Em toda minha vida, nenhum politico ou burocrata não me deu nada e não me incluiu dentro da sociedade. Não permitiu trabalhar. Não me permitiu casar (porque sem eu trabalhar não me deixaram casar). Não permitiu ter relacionamentos, pois o último com o agravamento da saúde da minha ex-noiva, tivemos de terminar. E não sou sonhador, o brasileiro vai ter que apanhar muito na bunda, para aprender que não se pode achar que politico é herói. Nenhum politico é herói. Políticos são escravos dos burocratas, e burocratas são escravos do sistema. No final das contas, Matrix tem toda razão.

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