quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Jesus e a pacificação do cristão ovelha

 

Bas Uterwijk @ganbrood | Instagram


Por Amauri Nolasco Sanches Júnior


'Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” Mateus 10:34

 

Quantas pessoas fazem as coisas sem se questionarem o porquê fazem aquilo? as pessoas em sua maioria, não reflete dentro daquilo que elas acreditam, porque acham ser a verdade, mas, a verdade tem que transcender a crença onde eu me espelho. Talvez, Jesus tenha dito, que as pessoas que seguem ele, devam transcender aquilo que ele representa e dizer não aos que querem dominar. O próprio Jesus disse para se conhecer a verdade, pois, a verdade iria nos libertar. Muito parecido com o “mate o buda” do Buda Shakyamuni onde não existe um mestre, o mestre é você mesmo. No resto do versículo, Jesus disse:

 

<<Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;

E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.

Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.

E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.

Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á.>>

(Mateus 10:35-39)

 

A questão é em contestar as coisas e perguntar <<o porquê?>> das coisas e pensar se aquilo é ou não certo. Aí podemos chegar a certas coisas que os <<cristãos>> sempre fizeram e caem em contradição. No canal Isto não é filosofia – com o professor Vitor Lima – analisou o vídeo do empresário que não iria entregar marmita para uma senhora, porque ela iria votar no ex-presidente Lula. Claro que existe uma questão ética nesse ponto, porque usar uma necessidade de uma pessoa por um favor, é comprar a vontade com aquilo que precisa para viver. Ele foi educado a não questionar o porquê eu tenho que fazer isso com essa senhora que pensa diferente de mim, ele está obedecendo uma ordem ideológica sem questionar. E essa a questão: por que eu tenho que obedecer porque a pessoa é da minha família? o porquê eu tenho de obedecer sem questionar?

É uma constante no nosso povo não questionar algumas coisas e outras, adaptar à realidade conforme suas crenças. A primeira faz o nosso povo obedecer sem questionar – confundindo amor por veneração – assim, pastores, padres etc., pode quererem fazer a grande maioria fazer o que eles querem e até mesmo, o poder usando crenças religiosas. Dar um carro para um pastor faz sentido? Deus dará coisas por causa disso? Me parece muito mais logico pensar, a intenção de Jesus seria muito mais moral do que material. A meu ver, a questão da verdade em Jesus era muito mais íntima do que algo fora. Do mesmo modo, o “exame da vida” socrático e somos o que pensamos de Buda Gautama, ou outras formas filosóficas e espirituais. Jesus queria que seus seguidores, fizessem um exame íntimo para ver essa “verdade”.

O filósofo Immanuel Kant (1724-1804­), fez do cristianismo algo racional – por ser protestante – onde colocou a questão moral como uma questão de escolhas e não como algo já determinado (como toda a idade média vai se colocar). O determinismo é muito presente em nossa cultura – principalmente a brasileira – porque viemos, diretamente, de uma cultura medieval e que ainda, por uns 300 anos, se catequizou com a cartilha escolástica. Kant, veio de uma cultura protestante onde nascia o iluminismo e o iluminismo não se separava do protestantismo.  Os ateus – militante como tudo aqui – acham que o racionalismo surgiu no meio não religioso, porque confundem fanatismo com religiosidade (como se confunde religião com espiritualidade), mas, surgiu com Rene Descartes que era católico. Mas, a questão kantiana da moral é uma questão de universalização da proposta moral de fazer coisas para serem exemplo – mesmo que muitos achem uma idealização. A questão que Kant achava que o ser humano era covarde e preguiçoso está no “O que é o Iluminismo?” onde responde o que seria o iluminismo para ele.

Kant diz que o ser humano não sai da sua minoridade por causa da sua acomodação, porque é muito mais comido ser um alienado e se colocar como um “coitado” do que sair e ousar saber (sapere audi). Daí vem o mais engraçado, pois, esse ousar saber vem do ponto de reflexão que Jesus também saiu que é o saber. Porque o poder – a máquina do ESTADO – não gosta de pessoas que pensam e esse “ousar” é uma rebeldia em sair do sistema e ousar questionar as narrativas. A “espada” que Jesus nos vai trazer não é um instrumento cortante de aço, mas, o conhecimento como uma arma mortal do conformismo. Assim como Jesus e outros, Kant está dizendo que o ponto moral é construir uma identidade própria e sair do mesmo. Não fazer porque os outros estão fazendo, não achar resposta no outro e sim, em si mesmo. E com isso, construir sua própria identidade. Seu próprio ser e assim, ser um indivíduo que pensa e age conforme sua própria escolha.

Ora, no momento que se sai da tutela de alguém a liberdade e a verdade aparecem naturalmente. 

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