Bas Uterwijk @ganbrood | Instagram |
'Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer paz, mas espada” Mateus 10:34
Quantas pessoas fazem as coisas sem se questionarem o porquê
fazem aquilo? as pessoas em sua maioria, não reflete dentro daquilo que elas
acreditam, porque acham ser a verdade, mas, a verdade tem que transcender a crença
onde eu me espelho. Talvez, Jesus tenha dito, que as pessoas que seguem ele,
devam transcender aquilo que ele representa e dizer não aos que querem dominar.
O próprio Jesus disse para se conhecer a verdade, pois, a verdade iria nos
libertar. Muito parecido com o “mate o buda” do Buda Shakyamuni onde não existe
um mestre, o mestre é você mesmo. No resto do versículo, Jesus disse:
<<Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra;
E assim os inimigos do homem serão os seus familiares.
Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.
E quem não toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim.
Quem achar a sua vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á.>>
(Mateus 10:35-39)
A questão é em contestar as coisas e perguntar <<o porquê?>>
das coisas e pensar se aquilo é ou não certo. Aí podemos chegar a certas coisas
que os <<cristãos>> sempre fizeram e caem em contradição. No canal
Isto não é filosofia – com o professor Vitor Lima – analisou o vídeo do empresário
que não iria entregar marmita para uma senhora, porque ela iria votar no ex-presidente
Lula. Claro que existe uma questão ética nesse ponto, porque usar uma
necessidade de uma pessoa por um favor, é comprar a vontade com aquilo que
precisa para viver. Ele foi educado a não questionar o porquê eu tenho que
fazer isso com essa senhora que pensa diferente de mim, ele está obedecendo uma
ordem ideológica sem questionar. E essa a questão: por que eu tenho que
obedecer porque a pessoa é da minha família? o porquê eu tenho de obedecer sem
questionar?
É uma constante no nosso povo não questionar algumas coisas
e outras, adaptar à realidade conforme suas crenças. A primeira faz o nosso
povo obedecer sem questionar – confundindo amor por veneração – assim, pastores,
padres etc., pode quererem fazer a grande maioria fazer o que eles querem e até
mesmo, o poder usando crenças religiosas. Dar um carro para um pastor faz
sentido? Deus dará coisas por causa disso? Me parece muito mais logico pensar, a
intenção de Jesus seria muito mais moral do que material. A meu ver, a questão da
verdade em Jesus era muito mais íntima do que algo fora. Do mesmo modo, o “exame
da vida” socrático e somos o que pensamos de Buda Gautama, ou outras formas filosóficas
e espirituais. Jesus queria que seus seguidores, fizessem um exame íntimo para
ver essa “verdade”.
O filósofo Immanuel Kant (1724-1804), fez do cristianismo
algo racional – por ser protestante – onde colocou a questão moral como uma questão
de escolhas e não como algo já determinado (como toda a idade média vai se
colocar). O determinismo é muito presente em nossa cultura – principalmente a
brasileira – porque viemos, diretamente, de uma cultura medieval e que ainda,
por uns 300 anos, se catequizou com a cartilha escolástica. Kant, veio de uma
cultura protestante onde nascia o iluminismo e o iluminismo não se separava do protestantismo.
Os ateus – militante como tudo aqui –
acham que o racionalismo surgiu no meio não religioso, porque confundem fanatismo
com religiosidade (como se confunde religião com espiritualidade), mas, surgiu
com Rene Descartes que era católico. Mas, a questão kantiana da moral é uma questão
de universalização da proposta moral de fazer coisas para serem exemplo – mesmo
que muitos achem uma idealização. A questão que Kant achava que o ser humano
era covarde e preguiçoso está no “O que é o Iluminismo?” onde responde o que
seria o iluminismo para ele.
Kant diz que o ser humano não sai da sua minoridade por
causa da sua acomodação, porque é muito mais comido ser um alienado e se
colocar como um “coitado” do que sair e ousar saber (sapere audi). Daí vem o
mais engraçado, pois, esse ousar saber vem do ponto de reflexão que Jesus também
saiu que é o saber. Porque o poder – a máquina do ESTADO – não gosta de pessoas
que pensam e esse “ousar” é uma rebeldia em sair do sistema e ousar questionar
as narrativas. A “espada” que Jesus nos vai trazer não é um instrumento cortante
de aço, mas, o conhecimento como uma arma mortal do conformismo. Assim como Jesus
e outros, Kant está dizendo que o ponto moral é construir uma identidade própria
e sair do mesmo. Não fazer porque os outros estão fazendo, não achar resposta
no outro e sim, em si mesmo. E com isso, construir sua própria identidade. Seu próprio
ser e assim, ser um indivíduo que pensa e age conforme sua própria escolha.
Ora, no momento que se sai da tutela de alguém a liberdade e
a verdade aparecem naturalmente.
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