Por Amauri Nolasco Sanches Júnior
Quando você estuda filosofia aprende duas coisas: que o modo filosófico faz com que você pesquise, a filosofia faz seu senso crítico aumentar. Outra coisa, são conceitos que gostamos e estudamos. Platão na Grécia clássica, colocou como ideia (idea), que seria as formas dos seres – que os gregos colocavam como tudo que existe – e que seria uma cópia de formas verdadeiras que estão no mundo das ideias. A questão do conceito é algo recente, mas, não muito importante. O filósofo Gilles Deleuze dizia, que o filósofo gosta de conceitos e esses conceitos são os nomes que damos as coisas que dividem a realidade que nos cercam. Porém, a meu ver, as ideias platônicas não são diferentes do que os conceitos, pois, a questão da ideia – segundo o filósofo francês Paul Riceur – veio do termo popular (na época do filósofo grego) idea que quer dizer contorno. Ou seja, toda a ideia é um contorno daquilo que as pessoas pensam ou constroem como uma referência da realidade onde vive.
Na onde entra a ideologia? A questão da ideologia seria a mesma questão de alguns conceitos da filosofia, há vários conceitos desde quando ela foi construída como ciência. Sim, a própria Chauí mostra que, ideologia é uma espécie de “ciência das ideias” e foi construída pelo pensador e filósofo Destutt de Tracy, no séc. XIX. O conceito de ideologia muda quando Napoleão Bonaparte chama De Tracy e seus seguidores de ideólogos, assim, colocando a ideologia como uma forma de distorcer a realidade. Anteriormente, tanto na era clássica, como na idade média, ideologia eram pensamentos e ideias de uma sociedade toda. Portanto, a ideologia seria uma ciência dentro de um estudo das ideias de uma sociedade inteira.
Ou seja, há uma concepção positiva de ideologia e outra negativa. A positiva é, em um primeiro momento, a ideologia ser um conjunto de ideias que pretende explicar a realidade e as transformações sociais. Assim, nesse sentido, seria um sinônimo de doutrina ou ideário em geram e tem a função de orientar a ação social de indivíduos e de grupos. No Brasil, a ideologia tem um caráter descritivo (ela pode explicar como as coisas são de fato) e é normativa (como deveria ser). O uso dela levou a sensação de positividade de ideologia como qualquer visão de mundo ou algum pensamento filosófico. Por isso, a ideologia vai abranger toda uma esfera cultural, incluindo a ciência, e pode ser vista como um intermediário necessários entre os indivíduos.
A questão ideológica como questão indumentaria de conceitos, não está livre de se contaminar de termos ou processos que não existem. Ora, se a ideologia é um processo de desenvolvimento de um entendimento social, esse entendimento, pode ser um processo de escolhas dessa mesma sociedade. A questão é que a esquerda marxista esqueceu da forma positiva de estudo da sociedade e num modo crítico – que é valido quando essa crítica não se fanatiza – tomou como base, refutando o liberalismo (inventaram até mesmo um neoliberalismo), que só o capitalismo criou a ideologia.
Para Karl Marx, há um modo negativo da ideologia, porque ela é construída em cima de distorções de pensamento como manipulação de certas coisas dentro da luta entre classes. Tudo começa no livro que Marx escreve com seu amigo Engels, onde criticam algumas posturas de alguns filósofos alemães por fazerem a separação a produção de ideias da produção de condições sociais. Ou seja, os componentes ideológicos de superestruturas seriam formados por julgamentos necessariamente enganadores através da distorção da compreensão da realidade social. Grosso modo, há uma linguagem e um discurso que faz as pessoas se conformarem com a vida que levam e o que os governos fazem como manipulação. Logico, que isso tem a ver com os interesses burgueses de manter a classe trabalhadora – que eles chamam de proletariado – sempre em produção e onde estão. Ai que esta o problema, desde quando essa teoria se materializou, o mundo teve um governo socialista e se mostrou muito arquem do que Marx criticava dentro do capitalismo da época.
Daí está o problema da aula de ideologia da professora Marilena Chauí. Como gosto de filosofia e não de filósofos, posso analisar muito à vontade. Primeiro, a questão da ideologia dela passa muito só na visão marxista, e isso, bem ou mal, não dará uma visão a mais e ficando o problema. Mesmo o porquê, ideologia – num modo geral – tem a ver muito dentro do pensamento social. E o que ela trouxe, foi uma só visão da questão, uma questão que também foi explorada não só na URSS, mas, nos governos de esquerda incluindo do PT (Partido dos Trabalhadores) onde ela é filiada e cofundadora. Será a lista de jornalistas que criticavam o governo petista, não seria o mesmo ódio que ela disse no caso da ideologia capitalista? Stálin matar opositores para o bem dele e do partido soviético (que era comunista), era esse mesmo ódio e tinha o mesmo interesse? Temos que se opor ao Bolsonaro com dignidade e verdade, não venham com mentiras para esconder inverdades e coisas que sabemos ser argumentos que não cabem mais. Marx foi importante em sua época. A URSS provou que o poder corrompe e que o ESTADO inchado não suporta nada, nem mesmo, uma ação efetiva dentro de uma iniciativa válida.
A questão é: qual a serventia do ESTADO além de sugar tudo que temos pelo suposto bem de uma suposta felicidade? Se Marx tiver certo – de um modo ou de outro, filósofos estão – as ideologias discursam sempre quando há interesses. Isso desde quando o ser humano inventou os governos e o ESTADO como um todo, a escravização ideológica sempre foi uma amarra dentro da liberdade. Pois bem, se há um governo que quer obrigar a consumimos o que acha ser supérfluo, isso não seria interesse de ideias que não concordo? Ou que grande parcela não concorda? são questões entre aberto e que há hiatos dentro de ideias que as pessoas não sabem escolher, alguém tem que escolher por elas, e aí, tem a questão da práxis. Ou, se preferir, a tekné.
Só um parêntese, a Chauí não explicou que o marxismo – graças a frase de Marx dizendo que filósofos teriam que mudar o mundo – não gosta da intelectualidade e nem de intelectuais. Por isso mesmo, a questão marxista de que a intelectualidade tem a ver com a prática, tem um viés bastante aristotélico em dizer que a ética só pode ser praticada. Mas, se não há teoria, como haveria a prática? Para temos uma efetividade na construção de um prédio, por exemplo, se não tivermos uma planta e todo um estudo do terreno, o prédio pode cair e matar pessoas. O que se tem que entender dentro da questão de Aristóteles é uma refutação de Platão quanto a questão do mundo das ideias e a metafisica das formas.
Acontece, se queira ou não, estamos na era da técnica. Junto com a técnica se teve o avanço das tecnologias e essas tecnologias – segundo os marxistas – se começou ideologizando o mundo e o modo que as pessoas pensam. Manipulando e colocando a grande maioria em alienação – como se os governos socialistas não fizessem isso – colocando acima do bem da humanidade, em interesses. A praxiologia – ciência que estuda a razão dos atos ou ação – seria uma metodologia que tenta explicar a arquitetura logica de uma ação humana. É comum relacionar com a obra do economista Ludwig von Mises e seus seguidores da Escola Austríaca. Segundo Mises, podemos dizer que a praxiologia é o estudo dos fatores que levam um indivíduo a atingirem seus propósitos.
O que consiste? A vontade. Se eu quero escolher comer no Macdonald, quem vai dizer que é supérfluo? O ESTADO não tem que dizer nada sobre a vida das pessoas, ele deve fazer com que a vida em sociedade tem que andar, mais ou menos, com liberdade. E liberdade consiste em ter ou não vontade. Imagine uma internet aqui em São Paulo com a Telesp? Uma linha de telefone era mais cara que uma casa, que aliás, quem podia comprar até alugava. O fato é que, a ética aristotélica, tem muito a ver com a vontade e com aquilo que você aprende e se os marxistas não entenderem isso, vai ficar difícil.
Nenhum comentário:
Postar um comentário