domingo, 11 de setembro de 2022

Política brasileira e os conceitos inventados

  



Por Amauri Nolasco Sanches Júnior

 

Recebi no Quora:

 

<<Para você, o que é política?>>

 

No meu conceito – isso é bastante importante para a filosofia – política tem a ver com o ato de se importar com a sociedade onde se encontramos e o que convivemos. Não adianta achar que somos individuais ao ponto e viver sozinhos, somos, ao contrário que muitos pensam, animais sociais, como bem lembrou Aristóteles. Pois, o filósofo argumenta, que somos racionais e por sermos animais racionais, somos gregários. A própria convivência tem a ver com o ato político. Isso se podia ver na Grécia no tempo de Aristóteles onde quem era ativo chamavam de <<´polites>> e que não, chamavam de <<idiotes>>. Ou seja, um <<idiota útil>> tem a ver com aquele que não se importa o que acontece, uma pessoa egoísta que não tem sua própria opinião.

A maioria das pessoas daqui – por causa da nossa cultura – tem um grande problema: primeiro, confundem análises com fatos. Com a morte da rainha britânica Elizabeth II, fiz uma análise que toda essa comoção brasileira para com a morte dela tem a ver com nossa cultura medievalista dentro da vontade de ser império ainda. Não vamos ser ingênuos, tudo foi feito para a destruição dos nossos marcos históricos e o desmonte de nossas figuras históricas. Que contém seus erros, mas, foram eles que construíram o Brasil junto com o povo, a população pobre e que se começou a criar um país. Não estou defendendo nenhuma posição, não estou querendo a volta da monarquia, é um fato.

Poderíamos dizer: ora, mas então, por que nos disseram que eles fizeram o Brasil ser colonizados? Há uma narrativa bastante difundida da guerra de classes onde há uma separação entre a elite e aqueles que trabalham, mas, no Brasil as coisas aconteceram bastante diferente. A elite que se fez aqui, eram famílias que foram mandadas para cá e não queriam vir, ou viriam e iriam embora. Nunca foram. Ou seja, nossa elite nunca teve a nobreza que deveriam ter com estudo, com os filhos que mandavam estudar ou nas universidades portuguesas ou com os monges daqui mesmo. Como se era uma cultura medievalista escolástica, o homem brasileiro estudava para ter status e paa seguir nos negócios do pai. Não existia política. A política ficava a cargo a metrópoles (Portugal), onde os homens dos engenhos mandavam impostos e o produtos da sua produção.

Ora, era muito distante essa história de ficar se preocupando com assuntos da metrópole. E isso durou, mais ou menos, quando Dom João IV transforma o Brasil em capital do império onde houve uma criação da imprensa e uma transformação na educação (com universidades), e no final, o Brasil se transformou num país. Mesmo assim, nossa elite queria que Dom Pedro I não libertasse o Brasil, e fizesse o Brasil colônia para eles ganharem dinheiro. Nossa monarquia liberal nunca agradou nossa elite, porque eles queriam vender para a Europa e não perder o status de ser da realeza. Vamos ser justos: da ralé da realeza portuguesa.

No século dezenove, nossa elite era chamada em Paris de <<rastaquera>>, ou seja, gastam muito, mas, não tem nenhuma cultura. E não tem mesmo, a maioria dos surgentes, não tem nem um curso de administração. Porém, eu ache que as pessoas tem o dom e isso não tem nada a ver com essência e sim, facilidade de assimilação. Assimilar é aprender e entender aquilo que se é aprendido. Portanto, o importante não é ler milhares de livros (quantidade), mas, assimilar os poucos que ler (qualidade). Só assim, teremos uma discussão política de qualidade, pois, o mais importante não é a quantidade e sim, a qualidade daquilo. Nossa elite não tem essa qualidade, ela quer ganhar e não quer investir e promoveu o golpe militar de 1889 contra Dom Pedro II, pois, a Princesa Isabel tinha soltado os escravos e teriam eles que pagar mão de obra. Quem quer pagar mão de obra?

Com isso os positivistas foram importantes para criarem uma áurea de modernização e progresso e logo depois – como tudo no Brasil é descartado quando não serve mais para uma classe – a elite e o exército descartam os positivistas. Os marxistas vão ficar com a pauta social, os liberais a econômica e assim, o Brasil forjou um pensamento que foi eternizado <<religião e política não se discute>>. Política está em tudo e religião é uma escolha pessoal, subjetiva. 


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