terça-feira, 29 de agosto de 2023

A decadência da filosofia tupiniquim de Tiburi

 



“A vitória de uma facção política é ordinariamente o princípio da sua decadência pelos abusos que a acompanham.” — Marquês de Maricá

Desde seu princípio, a filosofia ocidental – de algum modo, a filosofia oriental também – tem buscado a verdade diante da realidade e esse real (como conhecimento da certeza) iria nos dar a felicidade. A felicidade hoje do bem-estar não pode ser confundida com a felicidade antiga no Eudaimonia, pois, a felicidade do Eudaimonia (o demônio bom ou espirito) é a vida que é boa de ser vivida. Esse é o problema, a questão da felicidade enquanto bem-estar, vem ganhando destaque não só nas mídias, como nos “instagrans da vida”, como imposição da aparência estética que moças cada vez mais novas, passam pore cirurgias o que chamam de defeito. Voltamos a questão grega – lá na região Hellas – onde o belo era muito valorizado e o racional muito pouco.

Nenhuma sociedade foi e acabou sendo racional ao ponto de serem todos seres racionais e fazendo escolhas analisando a cada momento – existem situações que não existe e não pode ser assim – e nessa análise escolher o melhor. A Àgora – praça que os gregos discutiam os problemas da polis – se discutia muito mais as festas que deveriam ou não acontecer, sendo que, os homens que discutiam não eram ignorantes. A meu ver, não era o problema dos sofistas que isso se dará na Grécia e sim, sempre o povo não gostava e não gosta, se se esforçar para melhorar e ter uma visão muito melhor da realidade que se encontra, mesmo que essa realidade seja política. Protágoras – um dos sofistas mais conhecidos da Grécia clássica – dizia que "O homem é a medida de todas as coisas, das coisas que são, enquanto são, das coisas que não são, enquanto não são.".

Ou seja, o ser humano enquanto ser consciente daquilo que lhe rodeia como realidade, tem como base aquilo que existe (coisas que são) e aquilo que se faz  como conceitos ou não existem de fato (coisas que não são). Trazendo aquilo, talvez, que Descartes dois mil anos depois,  trouxe como o “eu sou”, a certeza daquilo que é enquanto “a medida de todas as coisas”, ou, a noção da realidade enquanto tal. Ora, se o ser humano tem a capacidade de perceber a realidade como um todo, por que ainda insiste em querer moldar realidades que não existem? Por que as ideologias nascem de uma necessidade – quase epidêmica em sociedades pós-modernas – de querer ter felicidade dependendo de outras pessoas enquanto modo de governar?

Se o ser humano é a “medida de todas as coisas” – enquanto consciência que percebe – ele pode perceber aquilo que lhe aprisiona e aquilo que te livra. Poderíamos colocar que o homem é um primata e enquanto tal, deve ter lideres para lhe dar rumos, mas, diferentes de nossos parentes biológicos, somos seres racionais e podemos mudar nossa realidade. Dai que as verdades não existem, pois, moldamos as verdades conforme aquilo que vimos todas as horas. Ai que mora o perigo: ideologias são moldadas dentro de realidades únicas e que nada tem a ver com aquilo que uma sociedade vive, muitas vezes. Quando se coloca o “TODO” tendemos sempre medir as realidades alheias como padrões e realidades como verdades subjetivas são únicas e pessoais.

A filosofa e escritora Marcia Tiburi é uma figura bastante enigmática dentro da filosofia acadêmica. Porque, quando eu conheci – nos cafés filosóficos da Rede Cultura lá em 2004 ou 2005 – ela falava muito de Nietzsche e como desenvolvia sua filosofia na luta contra a moral vigente. A chave virou quando Tiburi começa a atuar no movimento feminista de um modo muito mais efetivo, sendo – como qualquer movimento – que o movimento feminista brasileiro ter conceitos muito mais particulares. Ora, a meu ver, o movimento feminista como protagonista de direitos das mulheres é legitimo, o problema – para mim isso é em todas as militâncias – a contextualização única virar como uma coisa universal. Como “todo homem é igual”, “todo governo de direita é fascista”, “todo governo de esquerda é comunista”, etc, que coloca o “todo” como uma regra para situações particulares.

Em entrevista para o jornal Brasil de Fato, a filosofa disse:

“E aí fiz um lançamento desse livro em Maringá e recebemos ameaça de massacre lá, (por) pessoas do Movimento Brasil Livre (MBL), muito pouco criticado ultimamente, um movimento que tem como tática a agitação fascista. Também são (seus integrantes) especialistas em produzir criminalizações.”  (Tiburi, 2023)

 

Sabemos que o Movimento Brasil Livre (MBL) – sem defender o movimento – tem como ideologia o liberalismo, ora conservador, ora liberal no sentido da direita (bem restrito a moral abrasileirada como vimos no caso Artur do Val). Qual poderia ser a questão da professora Tiburi? O problema da indução da nossa cultura? Pois, faz algum tempo, que a Tiburi vem dizendo coisas estranhas e que nada tem a ver com uma filosofia de verdade e nem é a essência filosófica. Primeiro, que a ferramenta (digamos assim) que a filosofia nos apresenta é uma ferramenta de investigação seria e não uma arma para militantes. Aí entra minha máxima (ou meu pensamento), se é para ser igual todo mundo (a massa no geral), eu não fazia nem mesmo o ensino médio. O que significa isso? O estudo como tal, não pode ser classificado como só objeto de trabalho, mas também, de um exame muito mais detalhado da realidade como tal. Um acadêmico – usando a tradição platônica – teria o dever moral de fazer um exame detalhado do discurso político, religioso ou até filosófico, para ver se esse discurso não seria um embute e não passaria de uma moda. 

A filosofia é avessa a militância e moda, pois, quem discursa ou se parece como todo mundo, se perde na multidão. Voltamos a professora Tiburi e analisamos o que ela criou: o fascismo-liberal. Em uma analise muito mais detalhada – como manda a filosofia desde suas origens – vamos ver que o fascismo, desde seu idealizador Mussolini, nunca compactua no liberalismo. Isso deveria, de fato, fazer quem tem um estudo superior, fazer um exame histórico para saber que não existe nenhuma forma de colocar o liberalismo (seja moral ou econômico) como um modo de ditadura e repressão. Mesmo o porque, autores liberais iluministas criaram Estados laicos e criaram os direitos dos homens (a ideia do “bolsa família” é uma ideia de um liberal). A questão é o neoliberalismo que criou um liberalismo conservador onde duramente o mercado reprime muito mais a população e alguns dispositivos que o capitalismo neoliberal, consistem e foram usados (inicialmente) pelos fascistas e os nazifascistas. 

Em um exame mais elaborado, podemos afirmar – com o estudo que fizemos diante do fascismo italiano e o nazismo alemão – que quando Benito Mussolini (1883-1945), idealizou o fascismo, ele queria a volta de uma Itália romana aonde se poderia renascer a gloria de um império esquecido por muito tempo. Com isso – com ajuda de Adolf Hitler (1889-1945) que queria a pureza racial e o império de Oto II – fortalecer uma Itália devastada pela guerra e com a radio e o cinema (ainda não existia TV), uma máquina de propaganda foi criada. A corporação da propaganda – dos mesmos moldes nazifascistas – não quer dizer que algo seja nazifascista, e sim, é o que as pessoas que acreditam enxergam. A questão aqui – graças as suas crenças – são levadas ao extremo e isso molda a realidade que não existe. 

Podemos ver que, o povo brasileiro de um modo geral, não faz do estudo uma ferramenta de visão da realidade sempre enfatizando as crenças de um medo, muitas vezes, infundado que foi construído de uma ideologia. Para Karl Marx (1818-1883), a ideologia tem o significado específico e abrangente. Porque Marx via a ideologia como um conjunto de ideias, crenças e valores que são criados e promovidos pelas classes dominantes em uma sociedade. E essas ideias e crenças servem para justificar e perpetuar a estrutura de um poder existente, ocultando as contradições e desigualdades sociais. Ou seja, é um discurso que aliena as classes baixas e se diz a favor delas em nome de um ideal. Só que governos de esquerda também fazem esses discursos e por isso, Gilles Deleuze (1925-1995), disse que não existe governo de esquerda. 

A professora Tiburi deveria saber – por ser uma doutora em filosofia e artes plásticas – que a esquerda não deveria ser governo por denunciar a falta de diálogo (ainda mais em um país escravagista como o nosso), entre o povo e os nossos governantes. Como Sócrates, Platão e Aristóteles, desconfio da democracia e ainda mais, democracias representativas como a nossa, e acredito em uma democracia representativas (como as anarquias acreditam). Não sou “alarmista” como muitos e como ela, que o governo passado teríamos uma ruptura da democracia. Mesmo o porquê, era um incapacitado em governar, como não temos um presidente de verdade a muito tempo. E nem acho que "Vivemos uma ditadura miliciana", como a professora disse a alguns anos. Porque fica um discurso, mais ou menos igual, o outro lado, quando chama o PT (Partido dos Trabalhadores) de comunista e não é. 


Amauri Nolasco Sanches Jr



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