Muitos que leem filosofia – muitos poucos entendem – acham que
a filosofia nasceu como uma forma sofisticada e presumidamente predominantes de
muito poucos que adoram colocá-la entre as doutrinas de mistérios. Mas, não são
nada disso. A questão desde minha tenra infância – onde fui sempre incentivado a
ler de tudo um pouco como coisas de criança e já pegava coisas de adulto – sempre
tive uma coisa de curiosidade que minha mãe sempre incentivava e nunca me podou.
Eu não ligava para os outros. Claro, havia leituras que não eram apropriadas de
crianças (como poesia adulta), por outro lado, ela não proibia leituras de
outros livros. Eu lia e folheava um livro de Freud que meu pai tinha – não me
lembro qual – por causa de um trabalho escolar que tinha que fazer. Ou, até
mesmo, o livro do Tarzan – sim, eu li o livro do rei das selvas – que ate usei
para escrever uma redação de quatro páginas (sempre tive facilidade na escrita).
De outro modo, minha escola incentivava do mesmo modo a leitura de livros e até
tive Meu Ipê Amarelo, Manual do Professor Pardal e até mesmo, li Fernão Capelo
Gaivota. Minha aptidão de ter sempre foi a curiosidade e lia de tudo sem achar
que a leitura era para se fazer alguma coisa e ate mesmo, livros exotéricos,
livros das grandes literaturas e livros de literatura nacional (confesso que
não me interessei muito).
Mas, quando eu comecei a ler filosofia (já lia e gostava e
gosto de filosofia oriental), com o primeiro livro que eu ganhei (Apologia a
Sócrates) o mundo se abriu. Com a entrada da internet – com seus fóruns e
discussões que me fizeram abrir a consciência de muitos outros escritores – a
questão da filosofia foi de um “alargamento” de pensamento e me deu um senso crítico
muito maior de ser mais seletivos. Algumas teorias caíram, vamos dizer, para a
categoria de ficção cientifica assim como, outras vão cair na categoria de
besteiras da internet. Mas, com tudo, eu ainda mantive meu olhar cético até
mesmo para algumas partes da filosofia no quesito de academismo e na ciência no
cientificismo.
Meu ceticismo acadêmico tem a ver com o problema da indução.
Há muitos problemas da filosofia, mas, um dos piores (ou o pior) é o problema
da indução porque a indução tem a ver com aquilo que você acredita ser a
verdade. Mas, como Sócrates nos mostrou, a filosofia tem que ser isenta das
suas crenças pessoais se quisermos ser isentos e encontrar a verdade. A
modernidade e a pós-modernidade nos mostrou que a verdade não existe e sim,
existem verdades subjetivas. A meu ver, essas mesmas verdades subjetivas tem a
ver com a indução, mas, por outro lado, há uma outra verdade que é a realidade última
que podemos evoluir o bastante para chegar. Resta o problema da escolha, ou
escolheremos ficar como estamos (com rupturas diversas), ou resolvemos os
problemas que assolam a humanidade. A verdade fica entre aquilo que achamos ser
uma realidade e aquilo que é de fato, pois, a realidade tem a ver com aquilo
que é (ou aparenta ser concreto).
A questão é: pode a filosofia ser isenta de fatores
ideológicos políticos ou sistemas religiosos? Não. Não se as pessoas usarem o
pseudo em lugares e modos errados, e cometer o erro de muitos acadêmicos: isto não
é filosofia. O que seria filosofia, então? Para os acadêmicos – que em muito se
distanciaram do proposito platônico – tem a ver com certos conceitos e certas
coisas que só fazem parte das leituras deles. Como eu disse em um texto no Instagram,
por eu fazer o tão sonhado bacharelado em filosofia, sou cobrado em ter conceitos
que eu não tenho. Dai há um conflito interessante em uma mensagem que recebi de
um colega: “Broh, o mais tem em redes sociais são textinhos de enem . É tão
bizarro e ele tentam expurgar dessa forma e se achando . Porra é feio e
ridículo!!!!!”.
Isso demonstra como as pessoas não estão conhecendo a
filosofia – como se o filosofo fosse um guardião de uma arca sagrada – pois,
ensinam que a filosofia de verdade só tem a ver com filosofias da certeza. Ora,
se tivemos certeza, não é filosofia. Se queira
ou não, a filosofia é a busca da verdade seja ela de um modo social (como
conhecimentos condicionados), ou a busca de conhecer nossa própria natureza. Ou
seja, o tão aclamado conhecer a si mesmo. O que seria esse “textinho de Enem”? será
que não devemos analisar textos de Enem? Como eu disse lá em cima – esse fato é
imensamente interessante – não tenho limites em ler, por exemplo, posso ler um Kant
e um Paulo Coelho. Posso ler pastores com suas doutrinas (ate mesmo a Biblia) e
posso ler revistas satanistas. Como a filosofia me deu bastante senso crítico,
eu não tenho nenhuma crença definida.
Sim, crença. A partir do momento que você não sabe da
verdade e a verdade tem que ser encontrada (essa verdade tem a ver com a
realidade), tendemos a crer em algumas verdades subjetivas. Marxistas e liberais
tendem a achar que tudo se resume a economia. Pessoas religiosas acham que a
verdade esta dentro das escrituras “sagradas” dessas religiões. Ate mesmo o ateísmo
acaba sendo uma crença, porque você acredita que a verdade só esta na matéria. Mas,
com bilhões de estrelas, com bilhões de galáxias, com teorias não provadas
ainda e que há grandes mistérios a serem desvendados, como poderemos ter alguma
certeza? A certeza acadêmica cientifica é arrogante e tem certezas de que só são
crenças subjetivas.
Amauri Nolasco Sanches Júnior
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