"A democracia não
é um sistema que garante o paraíso na terra, mas é o sistema que impede que o
inferno se instale."
LEANDRO KARNAL
Não me interessa aqui ficar escrevendo biografias e datas, mesmo
o porquê, o nome de Regina Duarte dispensam qualquer coisa. Quem não viu uma novela
dela? Por outro lado, vou bem mais além, a atriz Regina Duarte é de um tempo
que ser ator global era um status interessante para carreira de um ator ou uma
atriz, porque valorizava sua carteira. Então, as entrevistas eram para exaltar esses
artistas e valorizar, em alguns casos ate demais, o trabalho que eles faziam
dentro das novelas. Afinal, eram tempos “sombrios” que só se podia ver novela e
as que o governo queria que víssemos. E ainda, ate a pouco tempo, muitas
entrevistas eram combinadas e eram amenas e não tinham esse confronto dentro
das mídias tradicionais. Hoje, veio dos Estados Unidos e outros países, uma
categoria de entrevista de debate (ideias diferentes) e confronto. Muitas pessoas
acham que são opiniões dos entrevistadores, mas, é uma nova categoria que não vai
embora só porque vai machucar o coraçãozinho do seu político de estimação. Politicamente,
sou um desobediente civil.
Na vergonhosa entrevista, na última quinta-feira (7), dela na
CNN Brasil – que não entendi se a Regina estava atuando ou estava drogada ou
sei lá o que – mostrou uma geração muito ressentida de não ter mudado o país
com várias lutas e pensamentos, muitas vezes, muito bem construídas. Acontece,
que enquanto os militares governavam – no regime militar – e repetia a paranoia
que existia uma leva de comunista conspirando, a esquerda de fato, começou a
emparelhar as universidades e os meios de comunicação. Os próprios militares não
eram tão de direita, pois, eles começaram a criar empresas estatais e começaram
a burocratizar o governo, criando um pensamento de um estado forte. Ora, tivemos
uma hiperinflação por causa das inúmeras dividas, não se acabou com corrupção e
o coronelismo no nordeste (muito pelo contrário, muitos nordestinos foram para
o sul e o sudeste sendo explorados e marginalizados), não se parou o movimento
socialista/comunista.
A meu ver, estamos vendo, muito mais, um reacionarismo do
que um crescimento ao conservadorismo. O termo reacionário tem um vinculo muito
estreito com o termo revolucionário, porque os dois são a margem do fluxo
temporal, sempre desvalorizando o presente para invocar um passado nostálgico (reacionário)
para um devir idealizado (revolucionado). Para um reacionário, só vale aquilo
que aconteceu no passado, ele tem o momento nostálgico. Eu sempre vi esse lado
do nosso povo, preferir um aquaplay do que um X-Box ou um Atari do que um PS4. E
isso não é só no campo do videogame, no rock, por exemplo, as musicas de bandas
consagradas antigas tocam mais do que as novas. Essa coisa quase orgástica pelo
nostálgico vem do que os pesquisadores chamam de efeito Chaves. O seriado “Chavo
del Oto” reprisa a muitos anos com a mesma dublagem, mas, se você mudar a
dublagem, as pessoas não conseguem ver e descartam episódios desconhecidos. O Aquaplay
tem o mesmo efeito de divertimento do X-Box, mas, as pessoas tem aquela
epifania nostálgica de preferir um Aquaplay, porque elas lembram da infância gostosa
no sofá da sua casa com o papai e a mamãe.
É fácil ver com a Regina Duarte sempre apela para a infância
e nunca uma postura dentro da vida adulta, uma vida que não valeu a pena. Estamos
diante de um governo reacionário, onde se confunde com o conservador, mas, o
conservadorismo tem em seu cerne, o ceticismo politico sempre focado naquilo
que se chama de reais valores. Acho que aqui se confundiu duas coisas, o campo
moral religioso não é conservadorismo, pois a moral religiosa fundamentalista,
ela é moralista. A moral é uma serie de condutas para se viver em sociedade e o
moralismo é a imposição de uma determinada conduta moral (isso vimos muito nas igrejas
evangélicas) para caber dentro daquilo que você acredita. Muito do que se
acredita ser o cristianismo de verdade, são apenas devaneios teológicos de
igrejas caça niqueis neopentecostais. Ou, o neojudaismo (acho que inventei esse
termo), de outras igrejas evangélicas que não sabem se seguem o judaísmo (velho
testamento) ou o cristianismo de fato (os quatro evangelhos no novo
testamento). Por outro lado, não existe liberal na economia e conservador nos
costumes, porque ou você é liberal ou você é conservador, não existe nenhuma
ideologia de ser um liberal conservador.
Só haverá jeito, quando tivemos uma educação de verdade e incentivar
os mais jovens a lerem e se instruírem mais para não depositarem suas esperanças
nem em políticos sem vergonha e nem em religiões medíocres e que usar a fé para
fins políticos.
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