sábado, 9 de maio de 2020

Pastor Valdomiro e a espiritualidade ‘fake’ do neojudaismo cristão




This is apparently what Jesus REALLY looked like - Daily Star



“A grandeza de alma é inseparável da grandeza intelectual, porque implica independência. Mas, sem grandeza intelectual, a grandeza de alma deveria ser contida, pois que cria a desordem, mesmo que tenha a intenção de proceder bem e de obrar com justiça.”
Friedrich Nietzsche

Já disse a minha posição espiritual e não é de hoje, que não gosto das igrejas neopentecostais que andam circulando por aí. Não gosto de partes da teologia evangélica, que remontam muito mais o judaísmo do que o cristianismo, propriamente, dito. Para começar, nada tenho contra o judaísmo, sou um grande estudioso da cabala e estou aprendendo os vários símbolos judaicos sempre. Mas, ou você segue a Jesus ou você segue o judaísmo, os dois fica um pouco desconexo. Mesmo o porquê, muitas resoluções judaicas Jesus foi contra e até desautorizou a fazer. Como o que comer, como ser ligado demais as pessoas e as coisas, como ser materialista e precisar de alguém para se ligar com Deus.

A questão é: porque raios eu preciso ir numa igreja e pagar dizimo para que tudo dê certo na sua vida? O neopentecostismo, na verdade, destruiu o o conceito da graça que é a chave do arrependimento cristão, pois, se começou a barganhar o perdão como se fosse uma mercadoria. A graça é um perdão concedido, segundo a tradição cristã, com o arrependimento verdadeiro do pecado cometido e pelo amor de Deus a sua alma. Nada disso de dar coisas ou pagar pedágio para ter graça ou para entrar no paraíso. Mesmo o porquê, não há muita lógica você querer barganhar com um Ser que é onipresente, onisciente e onipotente e sabe muito bem, o que você fez na sua vida e sabe tudo que acontece no universo e no cosmo inteiro.

Quem me lê a mais tempo, sabe que separo religião com espiritualidade, pois, a meu ver, existe uma diferença muito grande, aquelas pessoas que buscam se religar com Deus e aqueles que buscam sentir as forças criadoras de todo o universo e da realidade. Ora, a religião busca uma ligação, que segundo cada tradição, foi interrompida por causa de um pecado ou um erro primordial, ou seja, são dogmas para se seguir e ter essa ligação. Na tradição cristã, esse erro ou pecado, se originou com o pecado original do casal primordial da humanidade, Adão e Eva. Essa tradição judaico-cristã vem de tradições muito mais antigas e que, alguns judeus dizem, que muitas pessoas dentro do próprio judaísmo não levam tão a sério essa questão. Seria, uma espécie, de simbolismo.  Na verdade, há uma tradição que diz que a primeira mulher de Adão não foi Eva, mas, foi Lilith, feita do pó (não do barro) como Adão. Lilith não queria, na hora da transa, que Adão ficasse em cima dela e foi embora porque Adão não aceitou ficar em baixo. Deus vendo que ele se sentia solitário, fez Eva da sua costela.

Há varias teorias sobre essa parte da bíblia, mas, há quase um consenso, que o velho testamento (Torá), seja uma tradição de um livro muito mais antigo. Ora, Adão pode ter vindo de “Adam”, que quer dizer “homem” ou “humanidade”, remontando que Adão, na verdade, é um termo que quer dizer a humanidade. Ainda há outra possibilidade, que Adão seja um nome de uma comunidade lideradas por homens. Outra possibilidade é que Adão vem do hebraico AdaMah que significa “terra fértil”, que remontariam a questão da origem do termo como a origem da humanidade. Já Eva também tem uma discussão interessante de estudiosos sobre a origem do termo, que vem de HaVVah que tem o significado “mãe de sobrevivente”. Outro termo é HaYah que quer dizer “viver”. Os dois termos podem ter origem muito mais profundas como ser uma comunidade de humanos comandado por mulheres. Há lendas sobre comunidades assim, que remontam várias tradições e faz um certo sentido, porque são comunidades que viviam em harmonia e começaram a viver em desarmonia com o que é espiritual.

Por outro lado, há também uma grande discussão sobre os 6 dias que Deus fez um mundo, que remontam, os 6 períodos geológicos. Mas, a questão ultrapassa uma leitura literal da questão, que pode muito bem, ir mais além do que possamos ir. Mesmo o porquê, na questão de conhecer a si mesmo – atribuída aos 7 sábios da Grécia (Hellas) e usada na entrada do Oraculo de Delfos e depois pela filosofia socrática – tem um lado, também, intrínseco de uma tradição espiritual muito mais antiga. Tanto é, que a continuação da frase é que conheceremos o universo e os deuses, ou seja, cada vez que somos convidados a conhecer a si mesmo, somos levados a evoluir e enxergar uma outra realidade muito além de uma construção e um sujeito que acha que tem o aval de Deus para falar por ele.

O que é o conhecer? Um dos significados é ter consciência, ou seja, quando você tem o conhecimento de algo, a sua consciência vai saber que aquilo existe e tem um significado. O objeto do conhecer, nesse caso, é você mesmo no sentido de fazer um exame do que você é, assim, enxergar uma realidade muito diferente daquilo que estamos acostumados. O “penso, logo existo” cartesiano (o filosofo francês Rene Descartes) radicalizou o termo dizendo que temos a certeza da nossa existência, pois, podemos duvidar de tudo. Posso duvidar que exista a banda que estou ouvindo e achar que é uma musica produzida por programas de música, ou posso duvidar que possa existir uma flor chamada rosa, mas, não posso duvidar de mim que estou escrevendo esse texto.

Quando temos a certeza de uma existência e que aquilo que todo mundo diz pode ser ilusão (as sombras de algo muito maior), pode ser que nem exista, porque botamos ali o critério da dúvida. Aliás, somos os únicos animais que podemos ter consciência da realidade que nos cerca e assim, podemos perceber que além das inúmeras coisas pela ciência, há outras muito mais além do que nossa realidade possa responder. Então, essa imagem fechada, esse pacotinho pronto de um “deus” barbudo em um trono, me parece, algo muito limitado e dará vazão a uma outra realidade. O mito da caverna platônico explica muito isso. A caverna é a sociedade impondo ordens morais que nem as pessoas entendem, intelectuais tentam entender, mas, não entendem. Porém, aquele que entendem que existe uma outra realidade – o mundo das ideias de Platão era muito mais além do que esse mundo espiritual do espiritismo que se diz kardecista – são taxados de doidos, incomodam, são isolados pelo medo daqueles que se sentem confortados com aquilo. Aquilo é o limite de seus espíritos amedrontados. É o limite de pessoas limitadas. Será mesmo que precisamos nos religar?  




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